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Trapoeraba: veja o controle dessa planta daninha!

Trapoeraba: veja o controle dessa planta daninha!

Você sabe o que é trapoeraba? Neste artigo vamos entender o que é e como realizar um controle eficiente dessa planta daninha, além de conhecermos algumas espécies mais comuns. Venha comigo, não fique de fora.

Acompanhe!      

 

Trapoeraba: veja o controle dessa planta daninha! 

 

O que é trapoeraba?

Trapoeraba é o nome mais comum de plantas daninhas da família botânica denominada Commelinaceae. Essa planta pode afetar a produtividade em praticamente todo tipo de cultura, com elevada capacidade competitiva por recursos (luz, água e nutrientes) ou competir por espaço.

Suas espécies possuem ainda alto teor de água no caule, o que pode dificultar, em muito, a colheita de grãos. Podem também hospedar insetos que prejudicam o pleno desenvolvimento da lavoura.

Basicamente, quatro são as espécies mais comuns de trapoeraba no Brasil, abaixo vamos falar de algumas delas.

 

Fitossanidade

 

Principais características da trapoeraba

A trapoeraba é uma planta daninha anual e pode alcançar até 40 cm de altura. No campo, ela é facilmente identificada pela sua distinta coloração, ou seja, as folhas e os caules são roxos, ao passo que as flores apresentam coloração rosa, roxa ou azul.

As diferentes tonalidades variam conforme as diferentes espécies. Além disso, a trapoeraba tem preferência por locais com solos encharcados e ricos nutricionalmente. Entretanto, ela pode resistir a longos períodos de seca, caso segmentos das suas ramificações sejam deixados no solo.

Desta forma, a trapoeraba permanece em estado de “dormência” até que as condições ambientais se tornem favoráveis ao seu desenvolvimento, período em que ela rebrotará. E consequentemente, dará origem a novas plantas.

 

Quais são os prejuízos da erva daninha?

Os problemas que a erva daninha causa podem variar de acordo com os seguintes aspectos: espécie da erva daninha, sensibilidade da cultura atacada e quantidade de dano que a erva daninha pode causar. Em geral gera alguns prejuízos como;

  • Competitividade por recursos limitados;
  • Acréscimo no custo de produção;
  • Obstáculo na hora da colheita;
  • Redução da qualidade do produto;
  • Atração de outras pragas;
  • Aumento da possibilidade de doenças;
  • Liberação de produtos químicos da erva daninha em decomposição;
  • Redução do valor de venda.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a erva daninha causa 95 bilhões de dólares de prejuízo para a produção global de alimentos. Além disso, um problema com plantas daninhas pode gerar uma perda de até 70% do cultivo.

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

Principais espécies de trapoerabas no Brasil

Entre as principais plantas daninhas infestantes das áreas agrícolas brasileiras, pode-se destacar;

 

Trapoeraba (Commelina benghalensis)

É uma planta anual, no entanto, pode ocorrer perenização por alastramentos sucessivos. A reprodução dessa espécie ocorre, geralmente, por sementes, mas pode haver a produção de rebentos a partir de gemas caulinares, que podem formar novas plantas.

A trapoeraba apresenta dois tipos de sementes, as aéreas e as subterrâneas, fenômeno denominado anficarpia. As sementes aéreas podem ser carregadas para outras áreas, enquanto as sementes subterrâneas podem favorecer para que a trapoeraba se perpetue.

 

Trapoeraba (Commelina difusa)

Essa é a espécie mais frequente em quase todo o Brasil, infestando principalmente aqueles cultivos perenes. Prefere solos mais férteis, que apresentem boa umidade e semi-sombreados.

Suas folhas apresentam lâminas que lembram uma gramínea, já os rizomas são ausentes.

 

Trapoeraba (Commelina erecta)

Também infesta cultivos perenes, porém é uma espécie menos frequente no Brasil. Preferem solos férteis, com boa umidade. Tem por característica ser bastante suscetível a geadas e ao cultivo mecânico do solo.

Erva prostrada ou ereta, extremamente ramificado, chegando a medir até 40 cm de comprimento. Folhas alternas, sem pecíolo, com formato variando de elíptico a linear, com 0,6 a 1,8 cm de largura e 3 a 9 cm de comprimento.

Inflorescência do tipo cincino, pétalas azuis. Fruto do tipo cápsula. Cresce espontaneamente em diferentes áreas, desde áreas altamente antropizadas até em bordas de matas.

 

Danos causados pela trapoeraba

De modo generalizado, as plantas daninhas causam danos as culturas principais através da interferência. O processo de interferência pode ocorrer de duas formas:

Interferência direta: ocorrem devido a competição entre plantas daninhas e a cultura principal por recursos necessários ao desenvolvimento (água, luz e nutrientes). Além de, alelopatia e parasitismo, podendo atrapalhar também as operações de colheita e tratos culturais.

Interferência indireta: pode acontecer de várias formas, mas principalmente, quando as plantas daninhas atuam como hospedeiras alternativas de pragas e doenças.

Sendo assim, para a trapoeraba este cenário não é diferente. Existem diversos relatos na literatura científica do potencial de interferência causado pelas diferentes espécies desta planta em culturas de interesse agrícola. Dentre os quais, podemos citar:

A inibição por alelopatia de C. benghalensis, sobre a germinação de sementes de soja. A capacidade de C. benghalensis para servir como fonte de inóculo para o vírus da leprose dos citros.   Habilidade para servir como hospedeira intermediária de nematoides (Meloidogyne incognita).

Interferência causada pelas espécies C. benghalensis e C. erecta no desenvolvimento de mudas de café. Neste caso, a trapoeraba retardou o desenvolvimento do diâmetro do caule, número de folhas, altura e peso da biomassa seca aérea e radicular.

 

Trapoerabas em produção de sementes

Nas áreas destinadas a produção de sementes, especialmente, de pastagens como a Brachiaria spp., a trapoeraba se torna uma verdadeira dor de cabeça. Isto ocorre em função da semelhança entre as sementes de trapoeraba e as sementes de braquiária.

Durante o beneficiamento das sementes de Brachiaria spp. na UBS, os métodos convencionais que promovem a separação das sementes das impurezas não são eficientes para separar as sementes de braquiária das sementes de trapoeraba.

Por isso, quando o volume de contaminação das sementes de braquiária com trapoeraba é muito alto, os lotes destas sementes não podem ser comercializados.

Dessa forma, a melhor saída é manejar de forma definitiva estas plantas daninhas das lavouras, seja ela destinada a produção de sementes, de grãos, frutos etc.

 

Plataforma Agropós

 

Manejo e controle da trapoeraba

Alguns trabalhos mostram que a trapoeraba é uma planta tolerante ao glifosato, principalmente quando este é usado com maior frequência. Essa limitação ocorre por limitações impostas na absorção e translocação do herbicida.

Assim, o emprego inadequado do glifosato para controlar a trapoeraba, em seus diferentes estádios fenológicos, pode promover gasto desnecessário (dose demasiadamente elevada nos estádios iniciais) ou mesmo resultar em baixa eficiência no controle (estádios mais avançados).

Com isso, o controle pode ser via herbicidas pós-emergentes e herbicidas pré-emergentes. Veja um exemplo do controle desta planta daninha nas culturas da soja e do milho.

 

Controle via herbicidas pós-emergentes

O controle eficiente desta planta daninha via uso de herbicidas em pós-emergência depende, sobretudo, do estádio de desenvolvimento das plantas-alvo.

A eficácia dos herbicidas é maior quando aplicados em plantas jovens, até 4 folhas. Assim que a planta se desenvolve mais o controle cai e podem ser necessárias aplicações sequenciais de diferentes herbicidas.

Outro ponto importante a ser considerado é a tecnologia de aplicação utilizada. Estas são plantas que têm menor capacidade de absorção, por isso devemos seguir os princípios básicos para uma aplicação eficiente.

Carfentrazone – Oferece ótimo controle em pós-emergência desta planta daninha, principalmente quando ela tem até 4 folhas, geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato). 2,4 D – Quando em estádios iniciais (até 4 folhas), tende a ser eficiente no controle desta planta daninha.

 

Controle via herbicidas pré-emergentes

Além do controle via herbicidas pós-emergentes, há a possibilidade de uso de herbicidas com ação pré-emergente.

Flumioxazin: Esse é um herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, sendo utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato ou 2,4 D).

Sulfentrazone: Também é um herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Esse herbicida é utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D).

 

Controle da trapoeraba na pós-emergência das culturas de soja e milho

Na pós-emergência da soja, pode ser utilizado chlorimuron. Se a soja for RR, há a possibilidade de realizar aplicações sequenciais de glifosato.

Já para a pós-emergência do milho, pode-se usar a Atrazina, quando esta tem até 4 folhas. Quando a planta estiver com 2 a 6 folhas, pode-se aplicar o Nicosulfuron na pós-emergência do milho.

 

Conclusão

A trapoeraba possui cada vez mais importância em nossa agricultura. Sua interferência nas lavouras pode ser direta ou indireta, com ambas podendo comprometer a produtividade.

Por isso é preciso conhecer a fisiologia desta planta daninha para que possamos realizar um manejo e controle eficiente da sua presença em lavouras.

Neste controle, o estádio de aplicação e uso da correta tecnologia de aplicação são determinantes na eficiência de controle desta daninha. Em caso de dúvidas o ideal e consultar um profissional da área.

Escrito por Michelly Moraes.

Fitossanidade

Herbicida glifosato: vantagens e desvantagens!

Herbicida glifosato: vantagens e desvantagens!

O herbicida glifosato é o mais utilizado no mundo inteiro, e cumpre um papel indispensável na agricultura. Neste artigo vamos abordar tudo sobre esse herbicida. Como sua importância, vantagens e desvantagens, sua ação no meio ambiente.

Não fique de fora, venha conhecer melhor sobre esse assunto!

 

Herbicida glifosato: vantagens e desvantagens!

 

O que é herbicida glifosato?

O herbicida glifosato trata-se de um princípio ativo. Isto é, uma molécula desenvolvida na fabricação de produtos químicos.

Inicialmente, o glifosato surgiu na indústria farmacêutica e também chegou a ser usado para limpar metais. Porém, se popularizou nos herbicidas da Monsanto, que hoje pertence à Bayer.

O herbicida à base de glifosato é aplicado nas folhas de plantas daninhas. Aquelas que nascem espontaneamente no meio das lavouras e prejudicam a produção agrícola. Ele bloqueia a capacidade da planta de absorver alguns nutrientes.

Neste artigo vamos destaca a importância desse herbicida no setor agrícola e algumas desvantagens do produto, além de conhecer a ação do produto no ambiente.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

A importância do herbicida glifosato para agricultura brasileira

A importância do glifosato no campo rural está relacionado com a eficiência e a otimização que o produto proporciona. Além de possibilitar o plantio direto, ele gera economia tanto no tempo para arar o solo como no uso do maquinário para tal atividade.

Outro importante ponto a ser ressaltado, é que o produto não contém concorrentes no mercado. Portanto, caso banido, a sua substituição não é simples.

O uso do herbicida glifosato possibilitou o crescimento econômico rural em vários países no mundo. A tecnologia no campo faz com o que terras muito arenosas desenvolvessem alimentos de qualidade e em grande quantidade

 

Vantagens e desvantagens no uso do glisofato

Abaixo vamos citar as principais vantagens e desvantagens do uso do herbicida glifosato, confira;

Entre as principais vantagens do glifosato

  • Baixo teor em agentes químicos, o que torna seu uso muito mais seguro do que qualquer outro produto do mercado.
  • Inibi diferentes espécies de ervas daninhas em um curto prazo. Portanto, ele se classifica como versátil e de alto rendimento.
  • Em termos ecológicos, o glifosato é considerado uma agricultura sustentável. O produto não é volátil não muda sua forma física quando atinge o solo.
  • Baixo custo, portanto, acessível para muitos tipos de públicos.

Entre as principais desvantagens do glifosato

  • Não ser completamente ecológico;
  • O uso em excesso e de maneira incorreta pode ocasionar danos ao meio ambiente e afetar a safra do produtor.
  • Surgimento de ervas daninhas resistentes ao herbicida

Vale ressaltar que uma vez que os limites permitidos pelos órgãos responsáveis pelo controle do produto são excedidos. Pode provocar danos para a agricultura ao invés de gerar benefícios.

 

Ação do herbicida glifosato na planta

Uma das mais importantes características do glifosato é sua rápida translocação das folhas da planta tratada para as raízes, rizomas e meristemas apicais. Esta propriedade sistêmica resulta na destruição total de plantas invasoras.

Quando o glifosato é aplicado sobre as plantas ocorre, inicialmente, uma rápida penetração. Seguida por uma longa fase de lenta penetração. A duração dessas fases depende de fatores, incluindo espécie, idade, condições ambientais e concentração do glifosato e surfatante.

O glifosato é móvel no floema e é rapidamente translocado por todas as partes da planta, mas tende a se acumular nas regiões meristemáticas

Os sintomas comuns observados após a aplicação de glifosato são clorose foliar seguida de necrose. Outros sintomas foliares são: enrugamento ou malformações (especialmente nas áreas de rebrotamento) e necrose de meristema e também de rizomas e estolões de plantas perenes.

Em contraste com muitos herbicidas de contato, os sintomas fitotóxicos de danos pelo glifosato geralmente desenvolvem-se lentamente. Com a morte ocorrendo após vários dias e mesmo semanas.

 

Plantas tolerantes ao glifosato

Algumas plantas daninhas são tolerantes ao glifosato, ou seja, são de difícil controle. É diferente de resistência, pois a tolerância ao herbicida ocorre sem que a planta nunca tenha entrado em contato com o produto.

Diferente de resistência, na qual biótipos de plantas daninhas resistentes ao herbicida são selecionados.

Lembrando que biótipos são um grupo de indivíduos com genética parecida, mas um pouco diferenciada da maioria dos indivíduos da população de plantas. Ou seja, a tolerância é uma característica natural da espécie.

Alguns exemplos de espécies tolerantes ao glifosato são:

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

O comportamento do herbicida glifosato no meio ambiente

Abaixo vamos brevemente abordar o comportamento do herbicida glifosato quando presente no ambiente, levando em consideração sua presença no solo, água e ar.

 

Presença no solo

O solo é um sistema aberto e de grande complexidade, constituído por minerais, matéria orgânica, microrganismos, água e ar, sendo que a variação de um desses componentes pode provocar alterações nos demais.

A sorção do glifosato no solo ocorre em duas fases, sendo a primeira delas praticamente instantânea, contribuindo com a retenção de mais de 90% do total aplicado, e a segunda um pouco mais lenta.

Todavia, a fase lenta foi quantificada em aproximadamente 10 minutos, tanto no solo sob plantio direto como sob plantio convencional. A adsorção reduz a concentração dos herbicidas na fração solubilizada do solo, removendo parte de sua ação potencial.

O resultado é observado pelo decréscimo da disponibilidade biológica, na aceleração da velocidade de degradação química ou, simplesmente, devido ao retardamento do movimento de lixiviação.

 

Presença na água

Os herbicidas podem causar riscos ao meio ambiente quando são transportados para a superfície das águas, porque são tóxicos a flora e prejudiciais a fauna. Para o glifosato as principais vias de dissipação na água são por degradação microbiológica e a união com sedimentos.

O glifosato não se degrada rapidamente na água, mas em presença da microflora da água o glifosato se decompõem e eventualmente em dióxido de carbono.

A persistência de glifosato em água é mais curta que sua persistência em solo. As formulações de glifosato são completamente solúveis em água por se dispersar rapidamente e não se acumular em altas concentrações no perfil hídrico.

O glifosato se dissipa em águas superficiais rapidamente por ser adsorvido pelos sedimentos e degradado por microrganismos.

 

Presença no ar

A presença de glifosato no ar é pouco provável, já que, os diferentes sais de glifosato não têm pressão de vapor significativa e perdas na superfície tratada para atmosfera são pequenas.

Entretanto, gotículas podem estar presentes no ar e é a razão mais provável de que se detecte glifosato junto com outros agrotóxicos, como na agua da chuva.

 

Efeito sobre organismos terrestres

O glifosato é considerado ligeiramente tóxico, mas não apresenta bioconcentração é considerado um produto de toxicidade menor que o glifosato.

Mesmo em concentrações baixas, podendo matar peixes e causar desenvolvimento retardado em minhocas.

Em outros casos, como mamíferos pequenos e pássaros, o glifosato atua indiretamente reduzindo a vegetação que provê comida e abriga animais.

 

Cuidados na aplicação do herbicida glifosato

Como qualquer outro agrotóxico, o glifosato é um produto químico cuja venda e aplicação são regulamentadas por lei.

Até mesmo os representantes do agronegócio reconhecem que, se aplicados sem os devidos cuidados, os agrotóxicos fazem mal especialmente ao trabalhador agrícola.

As dicas se aplicam não apenas ao glifosato, mas também a outros agroquímicos disponíveis no mercado. Antes do uso, os agricultores devem ler com atenção o rótulo contido nas embalagens dos produtos para conferirem as recomendações do fabricante.

 

Equipamentos de proteção individual

Equipamentos de proteção individual

 

No momento de preparação e aplicação, é indispensável o uso de equipamentos de proteção individual, como óculos de segurança, luvas, máscaras de proteção respiratória, botas de borracha e macacão de algodão. O uso de pulverizadores em boas condições também é recomendado.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Entende-se que o herbicida glifosato é muito importante, senão essencial, para a agricultura atual, especialmente no Brasil devido à importância do plantio direto.

No entanto, é necessário que nós estejamos atentos à sua utilização: usar somente quando necessário, conhecendo a formulação e dose correta e com rotação de outros herbicidas.

É importante ressaltar que a aplicação do glifosato é preciso ter alguns cuidados, pois esse produto é considerado toxico, e para que o agricultor não venha ter problemas de saúde é de extrema importância seguir as recomendações. Em caso de dúvidas o ideal é consultar um profissional da área.

Escrito por Michelly Moraes.

 

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Principais doenças do café: diagnose e controle!

Principais doenças do café: diagnose e controle!

O café possui uma grande importância para o Brasil. Pois, além de sermos o maior produtor mundial, somos também o maior exportador e o segundo maior consumidor de café. No entanto, varias doenças do café podem acometer a cultura durante o seu ciclo de vida.

As principais doenças do café são:

  1. Ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix)
  2. Cercosporiose (Cercospora coffeicola)
  3. Manchas de phoma (Phoma spp.)
  4. Mancha aureolada (Pseudomonas syringae garcae)
  5. Nematoide das galhas (Meloidogyne)
  6. Mancha de Ascochyta (Ascochyta spp)
  7. Mancha anular do cafeeiro (Coffee ringspot virus – CoRSV)

Essas podem ser causadas por fungos, bactérias, nematoides e vírus.

As doenças do café podem reduzir em até 20 % a produção e serem limitantes para o cultivo da cultura. Por tanto, é necessária uma correta diagnose, para que um controle eficiente seja realizado.

A seguir, veremos como identificar e controlar as principais doenças do cafeeiro. Confira!

 

Principais doenças do café: diagnose e controle!

 

Ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix)

Causada pelo fungo Hemileia vastatrix, a ferrugem é considerada a doença do café mais importante do cafeeiro, no Brasil.

A doença está amplamente distribuída em todas as regiões produtoras de café no Brasil e pode comprometer até 35% da produção nacional.

O sinal característico do fungo é a presença de uma massa pulverulenta de esporos de cor amarela ou laranja, na face abaxial da folha. À qual corresponde uma mancha clorótica na face adaxial.

E a disseminação desses esporos ocorre principalmente pelo vento e respingos da água de chuva

A doença inicialmente ataca as folhas da saia do cafeeiro, evoluindo para o ápice da planta, causando desfolha.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Os prejuízos além de ocorrem na produção atual, afeta também a produção do ano seguinte, pois prejudica o crescimento dos ramos.

O desenvolvimento da doença é favorecido por alta umidade, baixa luminosidade (condição típica de plantios adensados) e temperaturas amenas.

Devido ao alto potencial de dano causado pela doença. É aconselhável que sejam adotadas medidas preventivas de controle.

Uma das alternativas é a utilização de cultivares resistentes ou tolerantes, no momento da implementação do cafezal.

Como medidas de controle cultural podem ser adotados maiores espaçamentos, realização de podas e desbrotas, visando o maior arejamento da lavoura.

Já o controle químico deve ser adotado quando a ferrugem no cafezal atingir um nível de 5% de incidência. Para isso, é importante a realização do monitoramento da doença do café no campo.

 

Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Essa doença, dependendo da região, também é conhecida como olho pardo, mancha parda, mancha circular ou olho de pombo.

O seu agente causal é o fungo Cercospora coffeicola, que está presente em mudas nos viveiros e plantas no campo, atacando folhas e frutos.

Os sintomas nas folhas são manchas circulares de coloração castanha clara a escura, com o centro branco. Envolvido na maior parte das vezes por um halo amarelado, gerando um aspecto de olho.

Já nos frutos, os sintomas são lesões deprimidas e de cor escura que pode levar a maturação precoce dos grãos verdes.

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

A cercosporiose gera a deterioração da bebida do café, por causar processos fermentativos indesejáveis devido a presença do fungo.

O desenvolvimento da doença é favorecido por alta umidade e luminosidade, nutrição desequilibrada (principalmente desequilíbrio nitrogênio/potássio), má formação do sistema radicular.

O controle da cercosporiose pode ser cultural ou químico ou, uma associação de ambos.

Já o controle cultural pode ser bastante eficiente, no entanto, deve ser adotado desde a fase de viveiro até o campo.

E pode ser realizado com a instalação do viveiro em local arejado e bem drenado, controle da irrigação, preparo do substrato com o teor de nutrientes bem equilibrados e controlar a insolação.

Já no campo as medidas envolvem fazer as correções de solo necessárias, utilização do espaçamento adequado (para evitar o excesso de insolação), evitar irrigação excessiva e manter a adubação equilibrada.

O controle químico pode ser realizado através de fungicidas sistêmicos ou protetores aplicados via foliar. Tanto nos viveiros como no campo.

 

Manchas de phoma (Phoma spp.)

Causada pelo fungo Phoma spp. essa doença do café ataca folhas, flores, frutos novos e ramos do cafeeiro.

Os sintomas são manchas escuras causando deformações nas bordas do limbo foliar. E nos ramos é possível observar lesões deprimidas e escuras, que levam a seca dos ramos produtivos, gerando o abortamento dos frutos novos.

Essa doença é de rápida disseminação e sua ocorrência se dá tanto em viveiros como no campo.

As condições favoráveis para o desenvolvimento da doença são longos períodos chuvosos, temperaturas amenas, altitude superior a 900 m e excesso de adubação nitrogenada,

Para o controle da Mancha de phoma recomenda-se, a implantação de quebra ventos na lavoura. Evitar o excesso de adubação nitrogenada. Controlar irrigação e espaçamento adequado.

Além das práticas culturais, o controle químico também pode ser realizado de forma curativa ou preventiva. Principalmente durante a formação dos frutos.

 

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv. garcae)

A mancha aureolada ou crestamento bacteriano do cafeeiro, é causada pela fitobactéria Pseudomonas syringae pv. garcae, e sua ocorrência se dá tanto em viveiros quanto no campo.

Os sintomas típicos da bacteriose são lesões de coloração parda, circundada por um halo amarelado. Ocorre, ainda, a queima e morte dos ramos de cafeeiros jovens.

As condições que favorecem o aparecimento da mancha aureolada são, clima frio e úmido, ventos constantes e danos mecânicos que podem ser causados pela colheita, chuva de granizo e pelo ataque de insetos.

A infecção da bactéria causadora da mancha aureolada na planta ocorre por meio de aberturas naturais ou causadas por ferimentos.

As medidas de controle devem ter caráter preventivo, devido a inexistência de produtos químicos eficientes no controle de bacterioses de plantas.

Portanto, as medidas de controle mais indicadas são, aquisição de mudas sadias, instalação de quebra ventos e maior espaçamento entre as plantas, para se evitar acumulo de umidade por longos períodos.

 

Nematoide das galhas (Meloidogyne spp.)

O gênero de nematoides de maior importância para a cafeicultura é o Meloidogyne spp., atualmente 17 espécies de Meloidogyne já foram descritas infectando cafeeiro.

A espécie Meloidogyne exigua, não é a mais agressiva, no entanto é a responsável pelos maiores prejuízos aos cafezais brasileiros, devido a sua grande disseminação.

Por outo lado, as espécies M. incognita e M. paranaensis, apesar de ocorrem com menor frequência, são mais agressivas.

A reprodução dos fitonematoides no cafeeiro pode ocorrer durante todo o período da lavoura no campo, no entanto, no período de chuvas, a taxa de reprodução do nematoide é maior.

Meloidogyne spp. são conhecidos pela formação de galhas nas raízes. O que causa deficiência na absorção e translocação de nutrientes para o resto da planta. Provocando sintomas como amarelecimento e nanismo das plantas.

Uma vez instalada em uma área, a erradicação do nematoide é praticamente impossível. Portanto, o ideal é evitar a sua entrada na área de cultivo.

Para isso medidas como, obtenção de mudas sadias, limpeza de máquinas e implementos, controle de plantas invasoras e utilização de cultivares resistes, deve ser adotadas.

 

Mancha de ascochyta (Ascochyta spp)

A mancha de Ascochyta é causada pelo o fungo Phoma tarda e apresenta como sintomas manchas de cor marrom com anéis concêntricos nas folhas.

Temperaturas amenas (entre 15 a 25° C) são ideias para o desenvolvimento da doença.

As formas de controle recomendadas para a mancha de Ascochyta são as mesmas utilizadas para o controle da mancha de phoma.

 

Mancha anular do cafeeiro (Coffee ringspot virus – CoRSV)

A mancha anular do cafeeiro é uma das doenças do café causada pelo vírus Coffee ringspot vírus (CoRSV) que tem como vetor o ácaro Brevipalpus phoenicus.

Essa doença já foi relatada nas principais regiões produtoras de café no Brasil e pode ocorrer tanto em folhas como em frutos do cafeeiro.

Os sintomas típicos da doença são manchas cloróticas nas folhas, em forma de anéis concêntricos. E nos frutos, principalmente no estagio de cereja, ocorrem manchas cloróticas, salientes e irregulares.

Os fatores responsáveis pelo aumento desta virose no campo. São períodos prologados de estiagem e aumento da população do ácaro vetor.

Por tanto, o manejo integrado da mancha anular baseia-se principalmente no monitoramento e controle do ácaro B. phoenicus.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Neste artigo conhecemos as principais doenças do café, os sintomas e formas de controle.

No entanto, dependendo da região de cultivo, outras doenças do café podem ser consideradas como principais, devido a frequência em que ocorrem.

Por tanto, é fundamental realizar o monitoramento constante da lavoura. E consultar um profissional qualificado para identificar corretamente a doença.

Escrito por Pollyane Hermenegildo.

Pós-graduação Fitossanidade

[WEBINAR] Manejo Integrado de Plantas Daninhas.

[WEBINAR] Manejo Integrado de Plantas Daninhas.

Nesse webinar foram discutidas alternativas para que seja possível realizar o controle das plantas daninhas com eficiência, garantido a sustentabilidade ambiental, econômica, social e segurança alimentar dos produtos a serem colhidos. Assista gratuitamente!

A compactação do solo agrícola: veja!

A compactação do solo agrícola: veja!

Você sabe o que é a compactação do solo, e o quanto isso afeta a produtividade nas culturas? Neste artigo você irá descobrir tudo e aprender algumas técnicas para recuperação desses solos impactado.

 

compactação do solo

 

A compactação do solo é o aumento da densidade do solo e a redução da sua porosidade, que se dá quando ele é submetido a um grande esforço ou a uma pressão contínua.

A compactação é causada pela ação do homem ao manejar o solo utilizando máquinas e implementos de maneira inadequada. Por ser uma medida quantitativa com razoável sensibilidade e de fácil determinação.

Esse problema vem se agravando nos últimos, os efeitos do preparo do solo sobre sua estrutura dependem da intensidade de revolvimento ou trânsito, tipos de equipamentos utilizados, manejo dos resíduos vegetais, manejo de animais e condições do solo no momento do preparo.

 

 

Efeitos da compactação do solo

Os efeitos da compactação estão diretamente relacionados com redução significativa da produtividade das culturas, as plantas não conseguem absorver os nutrientes em função do mau desenvolvimento radicular, há a redução dos espaços livres do solo que diminuem a quantidade de oxigênio, acarretando em um baixo desenvolvimento da planta.

Difusão de oxigênio, temperatura e resistência mecânica afetam diretamente na emergência das plântulas e desenvolvimento das mesmas.

A água é fundamental para o crescimento vegetal, entretanto, mais importante do que seu conteúdo é seu potencial no solo. Isto é, a energia com que o solo retém a água e que, consequentemente será a energia necessária para que esta água seja removida pelas raízes.

A compactação dificulta o desenvolvimento das raízes, resultando em menores raízes e consequente menor absorção de nutrientes e exploração de água no solo

As raízes respiram consumindo oxigênio e emitindo gás carbônico, para que este metabolismo vegetal seja eficiente, são necessárias trocas gasosas entre as raízes e a atmosfera. Fenômeno conhecido como aeração do solo e associado à porosidade e estruturação do solo.

Efeito da compactação do solo

 

Dimensões da compactação do solo

Para entender e poder agir na compactação, é preciso uma caracterização completa em 3 dimensões, veja abaixo;

Localização:  avaliar quais áreas da lavoura sofrem com a compactação e quais não sofrem.

Intensidade: é a medida quantitativa mais direta da compactação. Dentre os vários métodos usados para sua determinação, destaca-se o do anel volumétrico. Possuindo bordas cortantes e volume conhecido geralmente 50 cm3.

Infiltração de água: a taxa de infiltração de água no solo, que serve como indicação de sua condutividade hidráulica, é influenciada por outros fatores do solo. Tais como a formação de crostas na superfície que provocam sensível diminuição na quantidade de água que penetra no perfil.

A condutividade hidráulica serve, então, como medida comparativa para avaliação da compactação, usando o mesmo solo e a mesma quantidade de água.

Profundidade: para as plantas e para a estrutura do solo, é muito diferente uma camada compactada a 20 cm ou a 35 cm.

 

Solos no Brasil

 

Identificação de áreas compactadas

 

Abertura de trincheiras

Essa não é uma tarefa fácil, pois requer a abertura de trincheiras na área operação laboriosa, que demanda bastante esforço físico e baixo rendimento operacional. Se considerarmos que deve ser feita em diversos pontos da lavoura.

 

Penetrômetro

O penetrômetro é um equipamento que está sendo usado atualmente visando o manejo do solo e a prática da agricultura de precisão. Principalmente devido ao problema de compactação e redução da porosidade do solo, o que afeta de sobremaneira o crescimento das plantas

Os penetrômetros permitem avaliações pontuais de resistência ao longo do perfil do solo. Sendo a resistência à penetração expressada pelo índice de cone, que nada mais é do que uma unidade de pressão. ou seja, a força registrada (kg) dividida pela área da base do cone, expressada em kg cm², kPa (quilopascal) ou MPa (megapascal).

A interpretação dos dados coletados com uso de penetrômetros deve respeitar alguns fatores que influenciam sua leitura, uma vez que a resistência à penetração e a umidade do solo são dependentes e apresentam variação inversamente proporcional.

 

Controle de compactação do solo

 O controle de compactação do solo é indispensável e importante para agricultura. Não basta que o solo adquira boas propriedades e preciso alguns cuidados como:

 

Controle de tráfego maquinário

 

Controle de tráfego maquinário

 

É uma técnica viável, o uso de piloto automático para auxiliar na definição dos rastros onde será feito o tráfego controlado durante toda condução da lavoura.

Essa técnica limita a área compactada e mantém o restante da lavoura livre do problema de compactação do solo e de amassamento de plantas. Essa técnica limita a área compactada e mantém o restante da lavoura livre do problema de compactação do solo e de amassamento de plantas.

 

Controle de tráfego animal 

A compactação do solo com o pisoteio animal, é agravada pela remoção da vegetação pelo pastejo. Pode diminuir a taxa de infiltração, aumentar a erosão e reduzir o crescimento radicular das plantas.

É importante ressaltar que essa compactação depende da classe do solo e o teor de umidade, da taxa de lotação animal.

No entanto é indispensável o cuidado desses tráfegos de animais em áreas de recuperação. Onde o recomendado e adotar algumas técnicas de manejo para evitar essa compactação direta no solo em que deseja cultivar.

 

Controle de tráfego animal 

 

Manejo da compactação do solo

A melhor forma de manejo da compactação do solo é evitar que ela surja na propriedade. Isso só é possível com algumas práticas como:

 

Subsolagem

Primeiramente é preciso entender a diferença entre o subsolador e o escarificador.  Embora tenham funções parecidas, o subsolador atinge profundidades de até 80 cm ao romper camadas compactadas do solo. Já o escarificador, tem como função primordial a preparação do solo.

A subsolagem é um processo agrícola que mobiliza o solo para quebrar as camadas compactadas ou adensadas. Faz parte da preparação para que ele possa receber mudas e sementes.

Com o uso de um subsolador agrícola. É possível quebrar camadas do subsolo que podem restringir o crescimento de raízes.

Para realizar o uso do subsolador é preciso conhecer as características do solo trabalhado. E devem ser considerados fatores como a compactação existente, estrutura e textura do solo, além de plantas de cobertura e teor de água.

Isso porque, quanto menor for a umidade do solo, maior a eficiência da subsolagem. Com uso o subsolador agrícola melhora a aeração do solo e reduz os riscos de erosão.

 

Grades

A gradagem tem o objetivo de romper blocos de terra e nivelar o terreno. Pouco antes do plantio deve ser feita nova gradagem com o objetivo de controlar plantas daninhas e preparar o nivelamento do terreno para a sulcação.

 As grades pesadas têm substituído o arado devido ao maior rendimento operacional. E, também, em decorrência da facilidade de transporte e menor necessidade de regulagem

 Lembrando que o excesso dessas práticas também pode apresentar alguns efeitos negativos. Pois podem acarretar maiores chances de erosão hídrica.

 

Rotação de culturas

Um dos pilares do sistema plantio direto é a diversificação de culturas. E existem basicamente quatro modalidades que o produtor pode usar para diversificar o seu sistema de produção

A rotação de cultura é considerada a mais benéfica para o produtor evitar a compactação do solo. O princípio básico é alternar espécies diferentes na mesma estação do ano.

Principais objetivos

 

Plataforma Agropós

 

Remediando a compactação do solo

A melhor forma de manejo da compactação do solo é evitar que ela surja na propriedade. Isso só é possível com um efetivo sistema de rotação de culturas e com o controle de tráfego de máquinas e animais na área.

Segundo Jandrey (2016), em relação ao controle de tráfego, existem pesquisas que comprovam as vantagens do ajuste da bitola de todos os implementos para rodar sempre pelo mesmo rastro, embora não seja simples, é uma técnica viável, e se apoia no uso de sistema de georreferenciamento (RTK) e uso de piloto automático para auxiliar na definição dos rastros onde será feito o tráfego controlado durante toda condução da lavoura.

Essa operação rompe a camada compactada, abrindo espaço para infiltração de água no perfil do solo. É uma prática que demanda muito esforço e tem custos altos. Pois a demanda de potência e de tração é muito alta.

 

Conclusão

A compactação é caracterizada quando temos o aumento de densidade e a diminuição da porosidade do solo. Pois oferece resistência ao pleno desenvolvimento do sistema radicular das plantas e reduz o fluxo ascendente de água no solo quando da ocorrência de estiagem, não disponibilizando água em suficiência para as plantas.

Com isso, as culturas não conseguirão explorar todo o potencial do solo. Irão crescer menos, e consequentemente produzirão menos.

Para o problema da compactação do solo, o recomendável realizar a prevenção, acompanhando de perto o estado físico do solo. Através de análises que detectem os primeiros sinais de compactação utilizando penetrômetro e avaliação visual do sistema radicular, praticar a rotação de culturas, priorizar sistemas de culturas que agregam matéria orgânica ao solo.

Escrito por Michelly Moraes.