Principais doenças do café: diagnose e controle!

Principais doenças do café: diagnose e controle!

O café possui uma grande importância para o Brasil. Pois, além de sermos o maior produtor mundial, somos também o maior exportador e o segundo maior consumidor de café. No entanto, varias doenças do café podem acometer a cultura durante o seu ciclo de vida.

As principais doenças do café são:

  1. Ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix)
  2. Cercosporiose (Cercospora coffeicola)
  3. Manchas de phoma (Phoma spp.)
  4. Mancha aureolada (Pseudomonas syringae garcae)
  5. Nematoide das galhas (Meloidogyne)
  6. Mancha de Ascochyta (Ascochyta spp)
  7. Mancha anular do cafeeiro (Coffee ringspot virus – CoRSV)

As doenças do café podem reduzir em até 20 % a produção e serem limitantes para o cultivo da cultura. A seguir, veremos como identificar e controlar as principais doenças do cafeeiro. Confira!

 

Principais doenças do café: diagnose e controle!

 

Ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix)

Causada pelo fungo Hemileia vastatrix, a ferrugem é considerada a doença do café mais importante do cafeeiro no Brasil. De fato, a doença está amplamente distribuída em todas as regiões produtoras de café no país, podendo comprometer até 35% da produção nacional.

O sinal característico do fungo é, portanto, a presença de uma massa pulverulenta de esporos de cor amarela ou laranja, na face abaxial da folha. Isso corresponde a uma mancha clorótica na face adaxial, indicando a presença da infecção.

Além disso, a disseminação desses esporos ocorre principalmente por meio do vento e dos respingos da água de chuva, fatores que contribuem para a rápida propagação da doença. Dessa forma, o controle da ferrugem do café exige medidas preventivas e corretivas eficazes para evitar perdas significativas na produção.

A doença inicialmente ataca as folhas da saia do cafeeiro, evoluindo para o ápice da planta, causando desfolha.

 

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Prejuízos Causados

Os prejuízos causados pela doença, além de ocorrerem na produção atual, também afetam significativamente a produção do ano seguinte, pois prejudicam diretamente o crescimento dos ramos. Além disso, o desenvolvimento da doença é fortemente favorecido por fatores como alta umidade, baixa luminosidade — condição típica de plantios adensados — e temperaturas amenas, criando um ambiente propício para seu avanço.

Devido ao alto potencial de dano causado pela doença, é altamente aconselhável que sejam adotadas, o quanto antes, medidas preventivas de controle. Assim, uma das alternativas mais eficazes consiste na utilização de cultivares resistentes ou tolerantes já no momento da implementação do cafezal, o que reduz significativamente os riscos futuros.

Como medidas de controle cultural, podem ser adotadas práticas como o uso de maiores espaçamentos, a realização frequente de podas e desbrotas, tudo isso visando garantir um maior arejamento da lavoura e dificultar o avanço da doença. Dessa forma, cria-se um ambiente menos favorável para a sua propagação.

Já o controle químico, por sua vez, deve ser implementado apenas quando a ferrugem no cafezal atingir um nível de 5% de incidência. Para isso, é essencial a realização periódica do monitoramento da doença do café no campo, assegurando que a aplicação de defensivos ocorra no momento mais adequado e eficaz.

Cercosporiose (Cercospora coffeicola) é outra doença relevante que, dependendo da região, também é conhecida como olho pardo, mancha parda, mancha circular ou olho de pombo. O seu agente causal é o fungo Cercospora coffeicola, que pode ser encontrado tanto em mudas nos viveiros quanto em plantas no campo, atacando principalmente folhas e frutos.

Os sintomas nas folhas são manchas circulares de coloração castanha clara a escura, com o centro branco, envolvidas na maior parte das vezes por um halo amarelado, gerando um aspecto característico de “olho”. Já nos frutos, os sintomas se manifestam como lesões deprimidas e de cor escura, que podem levar à maturação precoce dos grãos verdes, comprometendo a qualidade da produção.

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A cercosporiose gera a deterioração da bebida do café, por causar processos fermentativos indesejáveis devido a presença do fungo.

O desenvolvimento da doença é favorecido por alta umidade e luminosidade, nutrição desequilibrada (principalmente desequilíbrio nitrogênio/potássio), má formação do sistema radicular.

O controle da cercosporiose pode ser cultural ou químico ou, uma associação de ambos.

E pode ser realizado com a instalação do viveiro em local arejado e bem drenado, controle da irrigação, preparo do substrato com o teor de nutrientes bem equilibrados e controlar a insolação.

Já no campo as medidas envolvem fazer as correções de solo necessárias, utilização do espaçamento adequado (para evitar o excesso de insolação), evitar irrigação excessiva e manter a adubação equilibrada.

O controle químico pode ser realizado através de fungicidas sistêmicos ou protetores aplicados via foliar. Tanto nos viveiros como no campo.

 

Manchas de phoma (Phoma spp.)

A mancha de Phoma, causada pelo fungo Phoma spp., afeta folhas, flores, frutos novos e ramos do cafeeiro, comprometendo seu desenvolvimento e produtividade. Nesse sentido, os principais sintomas incluem manchas escuras que provocam deformações nas bordas do limbo foliar. Além disso, nos ramos, surgem lesões deprimidas e escuras, que resultam na seca dos ramos produtivos e no abortamento dos frutos novos.

A doença, por sua vez, se dissemina rapidamente e pode ocorrer tanto em viveiros quanto no campo. Seu desenvolvimento é favorecido, especialmente, por períodos prolongados de chuva, temperaturas amenas, altitudes superiores a 900 metros e excesso de adubação nitrogenada, criando, assim, um ambiente ideal para sua propagação.

Para um controle eficaz, recomenda-se, primeiramente, a implantação de quebra-ventos na lavoura, o manejo adequado da adubação nitrogenada e o controle da irrigação e do espaçamento entre as plantas, a fim de evitar a proliferação do fungo. Além dessas práticas culturais, o controle químico pode ser adotado de forma curativa ou preventiva, sendo, portanto, especialmente importante durante a formação dos frutos, quando a doença pode causar danos mais significativos.

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv. garcae)

A mancha aureolada ou crestamento bacteriano do cafeeiro é causada pela fitobactéria Pseudomonas syringae pv. garcae, e sua ocorrência pode ser observada tanto em viveiros quanto no campo.

Os sintomas típicos dessa bacteriose incluem lesões de coloração parda, circundadas por um halo amarelado, além da queima e morte dos ramos de cafeeiros jovens. Esses sinais são indicativos da agressividade da doença.

As condições que favorecem o aparecimento da mancha aureolada incluem clima frio e úmido, ventos constantes e danos mecânicos causados pela colheita, chuva de granizo e até mesmo pelo ataque de insetos. Além disso, é importante notar que a infecção da bactéria causadora da mancha aureolada na planta ocorre por meio de aberturas naturais ou causadas por ferimentos, como os resultantes de práticas inadequadas.

Dado que não existem produtos químicos eficientes no controle de bacterioses de plantas, as medidas de controle devem ter um caráter preventivo. Portanto, as práticas mais indicadas incluem a aquisição de mudas sadias, a instalação de quebra-ventos e o aumento do espaçamento entre as plantas. Essas ações são essenciais para evitar o acúmulo de umidade por longos períodos, o que facilita o desenvolvimento da doença.

Nematoide das galhas (Meloidogyne spp.)

O gênero de nematoides de maior importância para a cafeicultura é o Meloidogyne spp., atualmente 17 espécies de Meloidogyne já foram descritas infectando cafeeiro.

A espécie Meloidogyne exigua, não é a mais agressiva, no entanto é a responsável pelos maiores prejuízos aos cafezais brasileiros, devido a sua grande disseminação.

Por outo lado, as espécies M. incognita e M. paranaensis, apesar de ocorrem com menor frequência, são mais agressivas.

A reprodução dos fitonematoides no cafeeiro pode ocorrer durante todo o período da lavoura no campo, no entanto, no período de chuvas, a taxa de reprodução do nematoide é maior.

Meloidogyne spp. são conhecidos pela formação de galhas nas raízes. O que causa deficiência na absorção e translocação de nutrientes para o resto da planta. Provocando sintomas como amarelecimento e nanismo das plantas.

Uma vez instalada em uma área, a erradicação do nematoide é praticamente impossível. Portanto, o ideal é evitar a sua entrada na área de cultivo.

Para isso medidas como, obtenção de mudas sadias, limpeza de máquinas e implementos, controle de plantas invasoras e utilização de cultivares resistes, deve ser adotadas.

 

Mancha de ascochyta (Ascochyta spp)

A mancha de Ascochyta é causada pelo fungo Phoma tarda e manifesta-se por meio de manchas marrons com anéis concêntricos nas folhas, comprometendo o desenvolvimento da planta.

O clima exerce um papel fundamental na disseminação da doença, sendo que temperaturas amenas, entre 15°C e 25°C, favorecem seu avanço.

Para o manejo eficaz da mancha de Ascochyta, recomenda-se adotar as mesmas estratégias de controle aplicadas contra a mancha de Phoma, garantindo, assim, a redução dos danos e a proteção da lavoura.

Mancha anular do cafeeiro (Coffee ringspot virus – CoRSV)

A mancha anular do cafeeiro é uma das doenças do café causada pelo vírus Coffee ringspot vírus (CoRSV) que tem como vetor o ácaro Brevipalpus phoenicus.

Os sintomas típicos da doença são manchas cloróticas nas folhas, em forma de anéis concêntricos. E nos frutos, principalmente no estagio de cereja, ocorrem manchas cloróticas, salientes e irregulares.

Os fatores responsáveis pelo aumento desta virose no campo. São períodos prologados de estiagem e aumento da população do ácaro vetor.

Por tanto, o manejo integrado da mancha anular baseia-se principalmente no monitoramento e controle do ácaro B. phoenicus.

 

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Conclusão

Neste artigo, conhecemos detalhadamente as principais doenças do café, bem como seus sintomas e as formas mais eficazes de controle.

Portanto, para garantir uma produção saudável e evitar prejuízos significativos, é fundamental realizar o monitoramento constante da lavoura, assegurando a detecção precoce de qualquer problema.

Escrito por Pollyane Hermenegildo.

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