Café: como essa Cultura Ganhou o Mundo?

Café: como essa cultura ganhou o mundo?

O café (Coffea sp.) é uma planta originária do continente Africano, das regiões altas da Etiópia (Cafa e Enária), podendo ser a região de Cafa responsável pela origem do nome café. É uma planta de sub-bosque, no qual o nome também é dado ao fruto, à semente, à bebida e aos estabelecimentos que a comercializam.

Da Etiópia, o café foi levado para a Arábia por mercadores, onde a planta e o produto foram grandemente difundidos.

Logo depois passou a ser consumido outros países europeus e posteriormente todo o continente. Com a colonização, o grão chegou às Américas e assim em todo mundo.

 

café

 

História do café no Brasil

Após se difundir pela Europa, o café chegou em território brasileiro pelo estado do  Pará. Em Belém do Pará, a cultura não foi muito difundida, foi levada para o Maranhão e Bahia, posteriormente chegou ao Rio de Janeiro, espalhando-se pela Serra do Mar e Vale do Paraíba. De São Paulo, foi para Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná.

No Brasil, o desenvolvimento da cultura confunde-se com a própria história do País devido a sua grande importância econômica e social.

No Brasil, até a política se rendeu ao café, com a chamada “política do café com leite”, onde, os estados mais poderosos política e economicamente eram São Paulo e Minas Gerais.

Esse fenômeno de alternância no poder logo recebeu a denominação de “política do café com leite”, exatamente porque o café representava a oligarquia paulista, e o leite, a mineira.

A partir do Século XIX, o Brasil passou a ser considerado exportador de café com exportações contínuas do produto, provenientes do Vale do Paraíba-SP, Araxá-MG e Goiás, o país chegou a ser responsável pela metade do abastecimento mundial.

 

 

Produção no Brasil

No Brasil, existem duas espécies de café que são comumente cultivadas, Arábica (Coffea arabica) e Robusta (Coffea canephora). Ambos apresentam inúmeras variações, todos com aromas e sabores especiais.

 

Café arábica

É a espécie mais difundida no Brasil, principalmente no que diz respeito às variedades de café especial, com maior sabor e qualidade.

É uma planta de altitude e, por isso, a maior parte do Café Arábica produzido no país se concentra nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e parte do Espírito Santo.

 

Café robusta

Cultivado principalmente no Espírito Santo e em Rondônia. É também mais resistente à pragas e doenças. Ele é muito utilizado para fabricar o café liofizado, o famoso café solúvel.

 

Estados produtores de café

Fonte: Agrobrasil Cofee

 

No Brasil a produtividade média fica em torno de 25 sacas/ha, sendo que o Brasil responsável por cerca de 30% do total da exportação mundial de café, ocupando o 1º lugar.

 

Pragas e doenças no café

O café fica sob risco de danos e perdas de produtividade devido ao grande número de pragas e doenças. O café arábica é particularmente suscetível comparado com espécies mais vigorosas de café robusta.

As folhas, troncos e galhos são atacadas por larvas minadoras, cochonilhas e ácaros. Brocas atacam troncos e também bagas, sendo que os nematoides danificam raízes. Outras doenças que causam perdas de produtividade incluem.

  • Hemileia vastatrix, ferrugem foliar, que leva a queda prematura de folhas, reduzindo significativamente a produtividade do ano seguinte.
  • Cercospora coffeicola, mancha de olho pardo (ou cercosporiose) que também ataca bagas, tornando-as não comercializáveis.
  • Outra importante doença fúngica no café é Mycena Citricolor (Olho de Galo), que é caracterizada pelo aparecimento nas folhas lesões circulares esbranquiçadas.

 

Nutrição do café

As maiores produtividades de café são obtidas em solos bem drenados, sem limitação hídrica, ricos em nutrientes e matéria orgânica. A adubação do solo é essencial para manter altos níveis de produtividade.

As necessidades de fertilizantes são menores durante a fase de crescimento, normalmente nos primeiros dois anos. Nesse estágio é importante evitar uso excessivo de N, pois pode haver um desequilíbrio entre o desenvolvimento da parte aérea e o radicular.

As taxas de aplicação de nutrientes são maiores durante o pico de produtividade dos frutos do café, normalmente do terceiro ano em diante. Nesse estágio, a exportação de nutrientes pela produtividade é maior.

Com muitas plantações sendo cultivadas em áreas montanhosas e sujeitas a alta precipitação, a erosão superficial e perdas de nutrientes podem se tornar grandes desafios.

O uso de resíduos vegetais, retornando a polpa e restos de poda, ajuda a reciclar nutrientes, porém a aplicação de fertilizantes ainda é necessária para suprir a exigência das plantas do café. Uma prática comum é o uso de aplicações frequentes de fertilizantes, principalmente nitrogênio e potássio, ao longo da safra, para manutenção do crescimento.

 

Produtividade

Algumas práticas simples aliadas com controle de pragas e doenças, juntamente com o solo equilibrado, são essências para uma maior produtividade do cafeeiro, podendo destacar também algumas práticas no manejo:

  • O retorno da palha do café ou composto produzido a partir da polpa e resíduos ao campo serve como cobertura para conservar a umidade do solo e também para fornecer matéria orgânica e ciclar nutrientes.
  • A manutenção de raízes fortes e crescimento vigoroso por meio de um bom manejo fitossanitário, garante também o máximo enchimento dos grãos e produtividade.
  • A poda regular é essencial para modelar a estrutura das plantas e promover o crescimento de novos ramos com grande número de frutos. Ao mesmo tempo, um barrado aberto é essencial para assegurar uma maturação homogênea.

 

Nutrição Mineral de Plantas Macronutrientes.

 

Cultivo

No Brasil, a principal modalidade de cultivo do café é a pleno sol. Porém, em algumas regiões o cultivo em Sistemas Agroflorestais (SAFs) vem tornando uma alternativa para aumentar a diversidade vegetal junto aos cafeeiros.

No SAFs, as espécies arbóreas promovem alterações no microclima que podem favorecer a produção do cafeeiro.

Em terrenos ou solos acidentados, é aconselhável fazer o plantio em curvas de nível, pelas vantagens que essa técnica apresenta. Quando for necessária a renovação da lavoura, podemos fazer a poda ou o seu arrancamento e substituição por mudas selecionadas e, quando possível, diminuindo o espaçamento entre as plantas.

Os espaçamentos entre as linhas de plantio de cafeeiros a pleno sol influenciam no seu crescimento quanto a altura e diâmetro da copa. O mesmo pode aplicar quando se tem uma lavoura cafeeira sombreada, causando os efeitos próximos ao adensamento das plantas em um cultivo “solteiro”.

Isso pode influenciar também na altura dos ramos, estes ficando maiores e o diâmetro da copa e número de nós dos ramos plagiotrópicos menores.

 

 

Conclusão

A cultura do café veio para o Brasil e sua adaptabilidade ao nosso clima garantiu que seu cultivo se tornasse um dos impulsionadores da exportação Brasileira e alavancando o agronegócio, assumindo o primeiro lugar.

O café é uma bebida é extremamente apreciada por todo mundo. Adentrando em casas de todas as classes sociais, gostos e formas de preparo.

O cultivo do café exige preparo do solo, controle de pragas e doenças e boas práticas no manejo para que a lavoura atinja todo o seu potencial produtivo.

Há dois principais sistemas de cultivos do café, podendo dentro deles ter outras variações, são eles a pleno sol (solteiro) ou consorciado com outras espécies vegetais, como árvores, formando o SAF, com principal objetivo de aumentar a diversidade vegetal dos sistemas e a renda do produtor.  Não existe a forma correta ou errada, mas sim um entendimento do que se busca com a produção da lavoura.

 

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