A mancha de phoma do cafeeiro é uma doença fúngica que ocorre em vários países do mundo. Sendo uma importante doença que ataca folhas, flores, frutos e ramos do cafeeiro. Neste artigo irá entender mais sobre a doença, sua relação com o clima e como controlá-la.
Acompanhe!
Que as doenças tiram o sono dos cafeicultores não é novidade: existem inúmeras e que ocorrem em vários estágios da lavoura.
Além da conhecida ferrugem, temos algumas doenças que podem causar danos na flora do cafeeiro, dentre elas, a mancha de phoma.
A mancha de phoma é uma das principais doenças que atacam a florada do café, mas seu monitoramento e controle deve começar ainda antes desse período. Preparamos esse artigo, para explicar tudo sobre a doenças do seus danos até o controle.
Mancha de phoma e a produtividade
Para o produtor rural, a etapa da floração, que acontece entre os meses de setembro e outubro, é um dos períodos mais importantes para a produção do grão.
É nesse momento que o cafeicultor mede o potencial produtivo da lavoura e define as ações preventivas de controle das doenças fúngicas, como a mancha-de-phoma (Phoma tarda).
Nos períodos mais frios do ano causa danos graves na planta, na qualidade dos grãos e na rentabilidade da safra.
Geralmente o aparecimento do fungo acontece no período de inverno, se estendendo até o início da primavera, que coincide, também, com a florada da lavoura de café.
Considerada uma doença fúngica de muita preocupação para o produtor rural por conta do seu grande potencial de perda produtiva tanto na safra corrente como na safra futura, a mancha-de-phoma pode gerar até 50% de perdas da produção.
Condições favoráveis à mancha de phoma
A mancha de phoma é disseminada por respingos de chuva/irrigação e é favorecida por temperaturas amenas e alta umidade. Portanto, regiões mais altas e amenas apresentam mais problemas.
Isso não significa dizer que a doença não pode ocorrer em situações de baixa altitude, já que, se as condições favoráveis ocorrerem, a doença pode se manifestar. Mas que condições são essas?
- Temperaturas próximas a 18℃;
- Alta umidade;
- Ventos frios.
Períodos prolongados com essas condições, associados ao ataque de pragas e danos de geada podem favorecer a ocorrência da phoma, mesmo em locais mais baixos ou até em viveiros.
Danos causados pela mancha de phoma
A mancha de phoma pode causar danos significativos em diferentes partes da planta, com sintomas distintos. A seguir, apresentamos as principais áreas afetadas e seus sintomas:
Folhas
Os fungos responsáveis pela mancha de phoma atacam principalmente as folhas mais jovens, localizadas na ponta dos ramos. Em menor frequência, podem ser observados sintomas no segundo par de folhas. O ataque é caracterizado por manchas irregulares de coloração negra, com diâmetro entre 0,5 e 2,0 cm. Inicialmente, as manchas surgem nas bordas do limbo foliar, que, com o tempo, se tornam enrugadas e necrosadas.
Ramos
A doença penetra nos ramos através das aberturas causadas pela queda das folhas nos primeiros cinco nós. Quando infectado, o ramo começa a secar do ápice para a base, resultando em uma queda significativa das folhas. Com o avanço da doença, o ramo se torna completamente seco. Outro sintoma característico é o superbrotamento, devido à morte das extremidades dos ramos, o que leva ao surgimento de uma grande quantidade de ramos laterais.
Flores e frutos
O ataque da phoma também pode afetar as flores, causando a queda de botões florais e flores. Nos frutos, a doença pode afetar qualquer fase de desenvolvimento. Quando atacados, os frutos tornam-se negros e mumificados. Em frutos já formados, são observadas pontuações negras, que correspondem às frutificações do patógeno.
Como controlar a mancha de phoma?
O controle da mancha de phoma deve começar pela adoção de uma série de medidas culturais que tem como objetivo prevenir a instalação da doença e facilitar o controle químico, quando este for empregado.
Sabemos que, em regiões muito favoráveis, o controle químico por si só não controla satisfatoriamente a doença.
Algumas medidas preventivas
Os viveiros devem ser formados em locais bem drenados e protegidos contra ventos frios e dominantes. Além disso, é fundamental controlar a irrigação, evitando o excesso de umidade no viveiro, o que poderia contribuir para o desenvolvimento de doenças. Para garantir um melhor desenvolvimento das plantas, recomenda-se aumentar o espaçamento entre elas, permitindo maior arejamento, o que, consequentemente, ajuda a reduzir a severidade da doença.
A escolha da área para implantação de uma lavoura de café é, sem dúvida, um dos fatores mais importantes. Nesse sentido, deve-se evitar áreas desprotegidas, como os topos dos morros, que são mais suscetíveis aos ventos fortes e frios, que podem agravar as condições para o surgimento de doenças. Portanto, uma análise cuidadosa da localização é essencial para garantir o sucesso da lavoura.
Em lavouras adultas, especialmente aquelas situadas em regiões onde a doença pode ter um caráter epidêmico, é imprescindível adotar medidas de proteção. Nesse caso, a instalação de quebra-ventos provisórios pode ser uma estratégia eficaz para minimizar os danos causados pelos ventos intensos. Dessa forma, é possível proteger a plantação e evitar o agravamento do quadro.
Outro aspecto relevante é a adubação equilibrada das plantas. Manter o equilíbrio nutricional é crucial, pois evita o esgotamento dos ramos produtivos, o que poderia abrir portas para a entrada do fungo. Assim, a aplicação de fertilizantes de maneira controlada contribui para a saúde geral da lavoura e para a prevenção de doenças.
Controle químico
É indispensável e deve-se recomendar de forma preventiva para lavouras com boas perspectivas de produção, especialmente em locais com chuvas contínuas e temperaturas baixas durante o período de florescimento e início da frutificação.
O produtor deve iniciar as aplicações de fungicidas logo após as primeiras chuvas (geralmente no mês de setembro) e continuar até novembro/dezembro, caso as condições favoráveis (umidade, frio e temperatura média abaixo de 20º C) persistam.
O produtor deve realizar as pulverizações a cada 30 dias, focando principalmente na proteção dos botões florais e dos frutos em formação.
Qual produto utilizar?
- Dentre os fungicidas sistêmicos: seis marcas pertencem ao grupo químico dos triazóis sendo que 5 produtos tem o tebuconazol como ingrediente ativo e um produto a base de metconazol; duas marcas pertencem ao grupo das estrobilurinas, sendo azoxytrobina o ingrediente ativo; três marcas pertencem a diferentes grupos como anilida (boscalida); um benzimidazol (tiofanato metilico) e um fosfonato. (fosetil).
- Dentre os protetores: duas marcas comerciais pertencem ao grupo químico dos cúpricos, tendo o hidróxido de cobre como o único ingrediente ativo registrado para o controle da mancha de phoma; duas marcas pertencem ao grupo químico do dicarboximida (iprodione) e quatro marcas comerciais pertencem a diferentes grupos químicos tais como triazinilanilina (anilazina); uma guanidina (iminoctadina); uma isoftonitrila (clorotalonil) e um organoestânico (acetato de fentina).
Como aplicar?
Geralmente, 4 a 5 aplicações são realizadas. Mas a frequência de aplicações depende de monitoramento, do residual do fungicida e das condições de cada lavoura.
Aplicações com as flores presentes podem atrapalhar atingir o alvo adequadamente. Por essa razão, as aplicações pré e pós-florada (quando as pétalas já caíram) são capazes de atingir e proteger os botões florais e os chumbinhos mais facilmente.
É preciso evitar a aplicação com as flores presentes. Pois as pétalas impedem que o fungicida atinja o alvo adequadamente.
Conclusão
Como acompanhamos ao longo do texto, um grupo de fungos chamado Phoma causa a mancha de Phoma, presente nas principais regiões produtoras de café do Brasil.
Esses fungos são favorecidos por temperaturas amenas e alta umidade relativa. Portanto, ocorrem com maior frequência em plantios adensados e em altitudes mais elevadas.
Apresentamos algumas formas de controle preventivo para ajudar o agricultor a combater essa praga que impacta diretamente sua produtividade e lucro.
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Escrito por Michelly Moraes.