A conservação do solo busca o equilíbrio ecológico em geral do sistema produtivo. É necessário levar em conta que a resiliência natural das propriedades solo, sendo que por si só é muito lenta.
A complexidade dos processos de degradação dos solos deve-se aos inúmeros fenômenos biológicos e físico-químicos envolvidos. Por este motivo, a conservação do solo pode ser conceituada como um conjunto de ações. Que visam proporcionar o restabelecimento das condições de equilíbrio e sustentabilidade existentes anteriormente em um sistema natural.
Nesse artigo vamos aprofundar mais esse assunto e conhecer a importância desse tema para o agronegócio brasileiro.
Importância da conservação do solo
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura FAO, os solos agrícolas do mundo vêm se degradando a uma taxa de 0,1% ao ano.
Esses estudos apontam a perda de cinco milhões de hectares de terras aráveis por ano devido as más práticas agrícolas, secas e pressão populacional.
Além desses fatores, inúmeras ações antrópicas de exploração inadequada dos recursos naturais, como a retirada da vegetação nativa e falta de planejamento de conservação do solo.
Para se ter o perfeito entendimento da importância da conservação do solo, é necessário a reconhecer que o solo é vivo. Ele é composto por microorganismos, insetos e pequenos mamíferos. A função deles no solo é a ciclagem de nutrientes, tornando o solo saudável, e também na entrada de ar e água no solo.
A ciclagem de nutrientes é de extrema importância para o solo e as plantas, ela devolve todos os nutrientes que a ela foram investidos quando viva.
Com a porosidade, quando chove parte da água infiltra-se na terra e vai penetrando até encontrar uma camada impermeável.
Quanto mais poroso for o solo, melhor é a sua estrutura, infiltrando mais água sofrendo menores chances de erodir.
Há várias práticas que auxiliam a conservação do solo, são elas: rotação de culturas, plantio de adubos verdes, sistema plantio direto, entre outros.
Mas quais benefícios que alcançamos por conservar o solo? Confira a seguir!
Benefícios da conservação do solo
Primeiramente, a conservação do solo, é um conjunto de práticas, que contribuem com processos aleloquímicos que podem realizar o controle de doenças e favorecer os ciclos biológicos do solo.
Além disso, proporciona uma série de benefícios econômicos, ambientais e sociais, auxiliando reestruturação do solo com agregados. Disponibilizando matéria orgânica, dessa forma, incrementando fertilidade do solo.
Nesse sentido, podemos destacar 10 benefícios que a conservação do solo traz:
- Melhora das condições físico-químicas do solo;
- Aumento da atividade biológica, da estabilidade da estrutura do solo;
- Aumento da matéria orgânica;
- Eliminação ou redução das operações de preparo do solo;
- Redução do uso de herbicidas;
- Redução do uso inseticidas e fungicidas;
- Aumento da produtividade das lavouras,
- Eficiência no uso de fertilizantes;
- Maior disponibilidade de água no solo, pela maior infiltração da água das chuvas;
- Redução de solos erodidos.
Então, como alcançar essa estrutura em solos agrícolas e intemperizados, como é caso do solo brasileiro?
Há várias práticas conservacionistas que auxiliam o produtor nessa árdua tarefa, vamos conferir algumas práticas que são grandes aliadas para alcançar esse resultado.
Rotação de culturas
Essa técnica, consiste em utilizar o método de alternância de diferentes cultivos, levando a melhorias dos atributos químicos, biológicos e físicos do solo, com redução da degradação do meio ambiente, além de uma maior produtividade.
As espécies são selecionadas de acordo com alguns critérios, como possuir diferente suscetibilidade a pragas e doenças e apresentar necessidades nutricionais diferentes.
Uma vez adotada, a rotação de culturas, reduz de forma eficiente os impactos ambientais causados pela monocultura. Que é produção agrícola de apenas uma cultura, que causa a degradação física, química e biológica do solo e o desenvolvimento de pragas.
Cobertura com palhada
A palhada é formada pelos restos do plantio colhido anteriormente. Os galhos, folhas e raízes são triturados e pulverizados de volta ao solo.
Desse modo, a palhada ajuda a reduzir a erosão do solo, ajuda a manter a temperatura ideal para as plantas, aumenta disponibilidade de água no solo.
Uma ótima opção de palhada, são os adubos verdes. Que ao absorverem os nutrientes do solo. Contribuem para a redução das perdas por lixiviação, amenizando os impactos da agricultura. Trazendo maior fertilidade aos solos agrícolas e sustentabilidade ao sistema de produção.
Sistema de plantio direto
O sistema plantio direto (SPD) é uma forma de manejo sustentável dos sistemas de produção agrícola. Sendo o mais indicado para o manejo dos solos tropicais, como é no caso dos solos brasileiros.
O SPD é bastante utilizado como uma forma de produzir alimento sem causar tanta exaustão no solo.
Dessa forma, o principal objetivo desse sistema é promover a conservação do solo, evitando, assim, seu esgotamento e equilibrando o sistema produtivo.
A adubação verde
A adubação verde melhora a fertilidade do solo, porque mobiliza os nutrientes das camadas mais profundas, os deixando disponíveis para o próximo cultivo da cultura de interesse econômico.
Desse modo, os adubos verdes, ao absorverem os nutrientes do solo, contribuem para a redução das perdas por lixiviação.
Assim, o uso da adubação verde é uma forma viável de amenizar os impactos da agricultura. Trazendo maior fertilidade aos solos agrícolas e sustentabilidade ao sistema de produção.
O plantio em curvas de nível
O plantio em curvas de nível, por sua vez, consiste na produção utilizando linhas de diferentes altitudes, respeitando, assim, o contorno natural do terreno.
De modo geral, essa é a medida mais básica voltada à conservação do solo. Além disso, ela se opõe diretamente ao chamado plantio “morro abaixo”, que, por outro lado, pode intensificar a erosão.
Da mesma forma, outras técnicas similares, como o terraceamento (formação de terraços) e o plantio em faixas com diferentes tipos de cobertura vegetal, também podem ser empregadas. Aliás, essas práticas podem ser combinadas ao plantio em curvas de nível, tornando a conservação do solo ainda mais eficiente.
Consequentemente, essa técnica auxilia significativamente na redução da erosão dos diferentes tipos de solos causada pelo impacto das gotas de chuva. Caso contrário, quando o plantio dessa forma não é adotado, os danos podem ser consideráveis.
Conservação do solo na realidade do produtor rural
A conservação do solo compreende várias observações do campo agronômico. E essas observações diferenciam processos e fatores de degradação do solo e de como controlar esse processo.
Dessa forma, as ações e interações químicas, físicas e biológicas que afetam a capacidade do solo e, consequentemente, a sua produtividade devem sempre ser levadas em consideração pelo produtor.
Além disso, vimos neste artigo que a qualidade do solo, bem como sua capacidade de manter o crescimento vegetal, depende de diversos fatores. Entre eles, destacam-se a agregação, a atividade de microrganismos, a matéria orgânica, a capacidade de retenção de água, a taxa de infiltração e a disponibilidade de nutrientes.
Por essa razão, dentro desse contexto, a avaliação da qualidade do solo torna-se essencial para monitorar sua conservação e, quando necessário, promover sua recuperação. De fato, esse é um dos grandes temas da ciência do solo atualmente.
Ademais, diversas metodologias têm sido empregadas para avaliar a qualidade do solo. No entanto, cabe ao produtor, antes de tudo, analisá-las e, posteriormente, adequá-las à sua realidade.
Escrito por Juliana Medina.