O georreferenciamento é uma tecnologia amplamente utilizada pelo setor agrícola. Além disso, ele é uma exigência para a regularização de propriedades rurais e, portanto, se tornou essencial para a implantação da agricultura de precisão.
A principal finalidade dessa tecnologia é determinar a exata posição geográfica de um imóvel rural, assim como o tamanho de sua área. Para isso, realiza-se um mapeamento que identifica os vértices do perímetro e os conecta ao sistema geodésico brasileiro.
Profissionais capacitados em topografia, certificados tanto pelo CREA quanto pelo INCRA, devem realizar esse processo. Além disso, com o uso dessa tecnologia, é possível determinar a localização precisa da propriedade dentro de uma área, sem qualquer dúvida.
Desde 2016, o INCRA adota esse método como uma maneira de garantir a legalidade das propriedades rurais. Além disso, ele se tornou imprescindível para a obtenção da Certidão de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR).
Portanto, continue a leitura para entender melhor como esse recurso contribui para a agricultura de precisão e quais são as vantagens que ele oferece para a produtividade agrícola.
Como fazem o georreferenciamento?
É possível fazer o georreferenciamento de propriedades agrícolas de diferentes formas, dependendo do tipo e do tamanho da propriedade, por exemplo.
Locais de difícil acesso demandam métodos diferenciados de análise, como os veículos aéreos não tripulados (drones) para a realização da leitura. Já em áreas em que profissionais podem circular sem nenhuma dificuldade, é mais comum o uso do GPS de mão.
Em ambos os casos, ao fazer a leitura, desenvolvem-se mapas que consideram os pontos levantados e os cálculos do tamanho da propriedade.
Utilização do georreferenciamento
O georreferenciamento também é amplamente utilizado para atribuir coordenadas reais em imagens aéreas, como as de satélites ou coletadas por aeronaves tripuladas e não tripuladas (VANTS). Nesse caso, é necessário coletar pontos de controle em campo.
Embora, os pontos de controle devem possuir coordenadas reais, geralmente obtidas via GNSS. Você deve alocar esses pontos em locais de fácil identificação na imagem, como o cruzamento entre duas estradas ou um determinado canto de uma cerca.
Outra característica desejável em relação aos pontos de controle, é que devem estar bem distribuídos na área de estudo, e assim garantir que toda imagem apresente elevada qualidade de georreferenciamento.
O georreferenciamento só se torna útil se a imagem tiver qualidade de mapa.Se a imagem não possuir representação ortogonal, ou seja, isenta de deslocamentos radiais, deve-se aplicar a ortorretificação apropriada a essa imagem antes do georreferenciamento.
A criação de pirâmides é desejável em situações em que se trabalha com arquivos raster de elevada dimensão e há necessidade de alterar o nível de zoom com frequência. Dessa forma, as pirâmides melhoram o desempenho de exibição do raster.
Além disso, elas são uma versão redesenhada do raster original e podem conter muitas camadas (Figura abaixo). Cada camada sucessiva é redesenhada em uma escala 2:1 (ESRI, 2018).
Exemplo de dois níveis de pirâmides feitas a partir do Raster original.
Entrada e saída de dados
As funções para entrada e saída de dados são os meios pelos quais um SIG se comunica com o mundo exterior. Dentre os principais dispositivos para entrada de dados geográficos citam-se:
- GNSS (sistemas de posicionamento global por satélite);
- Estação total (levantamentos topográficos);
- Scanner (formato raster);
- Mesas digitalizadoras (formato vetorial);
- Mouse (digitalização em tela);
- Teclado (digitação manual de coordenadas).
Identificação dos pontos do georreferenciamento
Para realizar o georreferenciamento, você precisa identificar bem os pontos de controle distribuídos na região. A seguinte expressão informa o número de pontos necessários para o georreferenciamento de acordo com a ordem da transformação. No entanto, em geral, quanto maior a quantidade de pontos coletados, melhor a precisão do georreferenciamento, especialmente em imagens aéreas, onde identificar a posição exata dos pontos de controle na imagem pode ser complicado.
De acordo com a fórmula anterior, para uma transformação de 1ª ordem é necessário no mínimo três pontos de controle. Em imagens que já tenham qualidade de mapa apenas a transformação de 1ª ordem deve ser suficiente para georreferencia-la. Em determinadas situações, em que distorções mais complexas estão presentes, pode ser necessário aplicar transformações de ordens superiores (ex: 2ª ordem, 3ª ordem, splines). Caso isso aconteça, muitas vezes recomenda-se classificar a imagem como inadequada para aplicações em SIG e buscar outra fonte de dados.
Para o georreferenciamento de prudentopolis.tif, utilizou-se a transformação de 1ª ordem (Figura 45). Assim, os parâmetros das funções (uma função para coordenada x e outra para y) de transformação são obtidos ajustando-se, por meio de mínimos quadrados, as unidades de mapa (metros, quilômetros) em relação às unidades de visualização em tela (pixels).
Representação da transformação de 1ª ordem.
Em que:
x = contagem de colunas no espaço da imagem.
y = contagem de linhas no espaço da imagem.
x’= valor horizontal no espaço de coordenadas.
y’ = valor vertical no espaço de coordenadas.
A = tamanho horizontal da célula em unidades de mapa.
B = termo de rotação.
C = valor de x’ no centro da célula superior esquerda.
D = termo de rotação.
E = tamanho vertical negativo das células em unidades de mapa.
F = valor de y’ no centro da célula superior esquerda.
Georreferenciamento na agricultura de precisão
A agricultura de precisão tem como objetivo adotar medidas de manejo partindo do princípio de que o ambiente onde são cultivadas as lavouras não são uniformes. Para isso, analisa peculiaridades de cada região, propriedade e tipo de cultura.
Um dos princípios da agricultura de precisão é o georreferenciamento em regiões estratégicas, que pode ser realizado tanto por meio de GPS quanto com o auxílio de drones. Nesse sentido, os especialistas levantam pontos de amostragem para permitir sua localização espacial. Com a confecção de mapas inteligentes, eles conseguem monitorar de perto a evolução (ou regressão) de uma praga, por exemplo.
Do mesmo modo, é possível usar o georreferenciamento para obter amostras de solo em pontos demarcados. Além disso, essa tecnologia permite calcular a produtividade de uma área. Assim, os especialistas armazenam, interpretam e cruzam esses dados com outras informações para gerar ações diferenciadas em cada ponto da propriedade, como a aplicação em taxa variável.Isso permite que a agricultura de precisão trate os problemas sem excessos ou déficits.
Vantagens para a gricutura
Entretanto, apesar de muitos produtores enxergarem a exigência do georreferenciamento como um entrave burocrático, a verdade é que esse método pode trazer diversos benefícios para gestão da propriedade rural, tais como:
- Melhoria na mobilidade no campo já que, conhecendo a propriedade é preciso fazer um melhor aproveitamento da área;
- Aumento do controle da lavoura e produtividade a partir de um planejamento mais preciso;
- Melhoria na gestão do agronegócio, sem a necessidade de estar presente fisicamente na propriedade;
- Maior lucratividade uma vez que se elimina os desperdícios de insumos;
De forma geral, o georreferenciamento tem muito a acrescentar na gestão de um negócio rural. No entanto, é preciso que ele seja feito por um profissional capacitado para tanto.