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Plantas daninhas: aprenda tudo de uma vez!

Plantas daninhas: aprenda tudo de uma vez!

O conceito de plantas daninhas se baseia na sua indesejabilidade em relação a uma atividade humana.

Na verdade, “uma espécie de planta só deve ser considerada daninha se estiver direta ou indiretamente prejudicando uma determinada atividade humana”, como, por exemplos, plantas interferindo no desenvolvimento de culturas comerciais como: soja, milho, algodão, café, plantas tóxicas em pastagens, dentre outras.

 

Plantas Daninhas: Aprenda tudo de uma vez!

 

Numa cultura, por exemplo, em determinado período do ciclo, qualquer espécie que vier a afetar a produtividade e, ou, a qualidade do produto produzido ou interferir negativamente no processo da colheita é considerada daninha.

 

MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS

 

Prejuízos causados por plantas daninhas

 

Prejuízos diretos

    • Reduzem a qualidade do produto comercial (tubérculos de tiririca se desenvolvendo dentro tubérculos de batata, etc.)
    • São responsáveis pela não-certificação das sementes e mudas de culturas, quando estas são colhidas junto com sementes de determinadas espécies de plantas daninhas proibidas (arroz-vermelho (Oryza sativa); mudas cítricas produzidas em viveiro infestado com tiririca (Cyperus rotundus).
    • Podem intoxicar animais domésticos, quando presentes em pastagens. (cafezinho, Palicourea marcgravii), dentre outras que podem causar a morte de animais.)
    • Algumas espécies exercem o parasitismo em fruteiras, milho e plantas ornamentais, entre outras. São exemplos a erva-de-passarinho (Phoradendron rubrum) em citros e a erva-de-bruxa (Striga lutea) em milho.

Outras espécies de plantas daninhas podem ainda reduzir o valor da terra, como a tiririca (Cyperus rotundus) e a losna-brava (Artemisia verlotorum).

Estas, quando presentes em áreas com culturas que apresentam pequena capacidade competitiva, como as olerícolas de modo geral, os parques e os jardins, têm o custo de controle muito elevado, tornando-se inviável economicamente.

 

Prejuízos indiretos

As plantas daninhas podem ser hospedeiras alternativas de organismos nocivos a espécies vegetais cultivadas os quais podem causar doenças, como o mosaico-dourado do feijoeiro, mosaico da cana-de-açúcar, etc.

Mais de 50 espécies de plantas daninhas hospedam nematoides dos gêneros Meloydogyne e Heterodera (nematoides do cisto da soja).

Algumas espécies, além dos prejuízos diretos que causam às culturas, podem, ainda, prejudicar ou mesmo até impedir a realização de certas práticas culturais e a colheita.

São exemplos destas espécies a corda-de-viola (Ipomoea grandifolia, Ipomoea aristolochiaefolia, Ipomoea purpurea e outras desse gênero).

Estas diminuem a eficiência das máquinas e aumentam as perdas durante a operação da colheita até mesmo quando em infestação moderada nas lavouras.

Capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), carrapicho-de-carneiro (Acathospermum hispidum), arranha-gato (Acassia plumosa) e outras plantas espinhosas podem até impedir a colheita manual das culturas.

Espécies de plantas daninhas podem ser responsáveis pela criação de condições propícias ao desenvolvimento de organismos vetores de doenças ou de animais peçonhentos como cobras, aranhas e escorpiões.

As plantas daninhas, também, são inconvenientes em áreas não-cultivadas: áreas industriais, vias públicas, ferrovias, refinarias de petróleo.

Causam, também, problemas sérios em ambientes aquáticos, onde podem dificultar o manejo da água, aumentando o custo da irrigação. Prejudicando a pesca, dificultando a manutenção de represas, o funcionamento de usinas hidrelétricas, etc.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Estabelecimento e propagação das plantas daninhas

As plantas daninhas podem ser disseminadas por diversos meios. Vários são os diásporos, pelos quais as plantas podem perpetuar-se tanto por via seminífera como por via vegetativa.

Por outro lado, a disseminação das plantas daninhas pode ser feita por vento, água, animais, incluindo o homem, que se constitui num grande disseminador de tais plantas.

Todavia, o estabelecimento de uma espécie daninha envolve os aspectos ecológicos da agregação e migração, além da competição pelos recursos do meio.

A propagação vegetativa é um mecanismo de sobrevivência de grande importância nas plantas daninhas perenes.

Os propágulos podem ser raízes, rizomas, tubérculos, etc., que apresentam duas características essenciais: dormência e reservas alimentícias.

Desse modo, certas espécies como Sorghum halepense e Cynodon dactylon, que apresentam, além de sementes, reprodução vegetativa por meio de rizomas e estolões, respectivamente. São mais competitivas por possuírem como atributo elevada capacidade reprodutiva.

Um tipo particular de disseminação vegetativa é a dita auxócora onde partes vegetativas das plantas em estádio avançado de desenvolvimento se destacam da planta mãe formando novos indivíduos, podendo ser por caules rastejantes, rizomas, bulbos, rebentos ou raízes.

O solo agrícola é um banco de sementes de plantas daninhas contendo entre 2.000 e 50.000 sementes/m2/10 cm de profundidade.

Do total dessas sementes, em um dado período, apenas 2 a 5% germinam; as demais permanecem dormentes.

Por isso, uma avaliação da composição florística de uma área em uma única época do ano não representa o potencial de infestação desta área.

Certas espécies necessitam de condições especiais para germinarem.

Isso pode ocorrer pela simples movimentação do solo, que pode expor as sementes à luz (mesmo por frações de segundos), provocar mudança nos teores de umidade, na temperatura e na composição atmosférica do solo ou até mesmo acelerar a liberação de compostos estimulantes da germinação, como os nitratos

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

Competição entre plantas daninhas e culturas

Para germinar, crescer e reproduzir-se, completando seu ciclo de vida, toda planta necessita de água, luz, calor, gás carbônico, oxigênio e nutrientes minerais em quantidades adequadas.

À medida que a planta se desenvolve, esses fatores do ambiente podem se tornar limitados, agravados pela presença de outras plantas no mesmo espaço. Que também lutam pelos mesmos fatores de crescimento, gerando, assim, uma relação de competição entre plantas vizinhas, sejam da mesma espécie ou de espécies diferentes.

Em ecossistemas agrícolas, a cultura e as plantas daninhas desenvolvem-se juntas na mesma área.

Radosevich et al. (1996) dividem os fatores do ambiente que determinam o crescimento das plantas e influenciam a competição em “recursos” e “condições”.

Recursos são os fatores consumíveis, como água, gás carbônico, nutrientes e luz.

A resposta das plantas aos recursos segue uma curva-padrão: é pequena se o recurso é limitado e é máxima quando o ponto de saturação é atingido, podendo declinar se houver excesso do recurso (ex: toxidez devido a excesso de Zn no solo).

Condições são fatores não diretamente consumíveis, como pH do solo, densidade do solo, que exercem extrema influência sobre a utilização dos recursos pelas plantas.

A condição pode limitar a resposta da planta tanto pela carência quanto pela abundância, até que um nível ideal seja alcançado.

Todavia, a competição somente se estabelece quando a intensidade de recrutamento de recursos do meio pelos competidores suplanta a capacidade do meio em fornecer aqueles recursos. Ou quando um dos competidores impede o acesso por parte do outro competidor, como acontece, por exemplo, em condições de sombreamento.

 

Métodos de controle de plantas daninhas

 

 

A escolha do método de controle das diversas espécies de plantas daninhas presentes na área de interesse deve levar em conta as condições locais de mão-de-obra e de equipamentos, sem se esquecer dos aspectos ambientais e econômicos.

Os métodos de controle abrangem desde o arranque das plantas com as mãos até o uso de sofisticados equipamentos de microondas para exterminar as sementes no solo.

As possibilidades de controle de plantas daninhas incluem os métodos preventivo, cultural, mecânico, biológico e químico.

No entanto, para sustentabilidade dos sistemas agrícolas, é importante a integração das medidas de controle observando-se as características do solo, do clima e aspectos socioeconômicos do produtor.

Para adoção de qualquer medida de controle, o meio no qual as plantas daninhas se encontram, deve ser tratado como um ecossistema capaz de responder a qualquer mudança imposta. Dessa forma, não se limitando à aplicação de herbicidas ou uso de qualquer outro método isoladamente.

Além disso, procurar-se-á incentivar a melhoria da qualidade de vida, tanto do agricultor diretamente envolvido, como de toda população que será beneficiada pela cadeia produtiva.

 

Controle preventivo

 

Controle Preventivo de Plantas Daninhas

 

O controle preventivo de plantas daninhas consiste no uso de práticas que visam prevenir a introdução, o estabelecimento e, ou, a disseminação de determinadas espécies-problema em áreas ainda por elas não infestadas.

Estas áreas podem ser um país, um estado, um município ou uma gleba de terra na propriedade.

Em níveis federal e estadual, há legislações que regulamentam a entrada de sementes no país ou estado e sua comercialização interna.

Nestas legislações encontram-se os limites toleráveis de semente de cada espécie de planta daninha e também a lista de sementes proibidas por cultura ou grupo de culturas.

Em nível local, é de responsabilidade de cada agricultor ou cooperativas, prevenir a entrada e disseminação de uma ou mais espécies daninhas, que poderão se transformar em sérios problemas para a região.

Em síntese, o elemento humano é a chave do controle preventivo.

A ocupação eficiente do espaço do agroecossistema pela cultura diminui a disponibilidade de fatores adequados ao crescimento e desenvolvimento das plantas daninhas, podendo ser considerado uma integração entre a prevenção e o método cultural.

As medidas que podem evitar a introdução da espécie numa área podem se resumir: utilizar sementes de elevada pureza; limpar cuidadosamente máquinas, grades e colheitadeiras; inspecionar cuidadosamente mudas adquiridas com torrão e também toda a matéria orgânica (esterco e composto) proveniente de outras áreas; limpeza de canais de irrigação; quarentena de animais introduzidos; etc.

Deve-se também observar com rigor as legislações federais e estaduais que regulamentam a entrada de sementes e propágulos no país ou estado e sua comercialização interna.

Diversas espécies que atualmente são sérios problemas em alguns biomas brasileiros foram introduzidas sem a observância dessas legislações.

A falta dos cuidados do controle preventivo tem causado ampla disseminação das mais diversas espécies.

 

Controle cultural

 

Controle Cultural de Plantas Daninhas

 

O controle cultural consta do conjunto de práticas que garante rápida emergência, além do bom crescimento e desenvolvimento das culturas.

Deste modo, o controle cultural consiste na utilização de práticas como: excelente preparo do solo ou dessecação da vegetação no caso do plantio direto, sementes de alta qualidade genética, fisiológica e sanitária, bom manejo da água e do solo, como rotação de culturas, espaçamento adequado a cultivar utilizada, uso de coberturas verdes, etc.

Essas práticas contribuem para reduzir o banco de sementes de espécies daninhas. Objetiva, então, em usar as próprias características ecológicas das culturas e das plantas daninhas. Visando beneficiar o estabelecimento e desenvolvimento das culturas.

 

Rotação de culturas

Cada cultura agrícola geralmente é infestada por espécies daninhas que possuem exigências semelhantes às da cultura ou apresentam os mesmos hábitos de crescimento; exemplos: capim-arroz (Echinochloa sp.), em lavouras de arroz; apaga-fogo (Alternanthera tenella), em lavouras de milho; mostarda, em lavouras de trigo; e caruru-rasteiro (Amarantus deflexus), em cana-de-açúcar.

Algumas espécies são de difícil controle químico em determinas culturas como a maria-pretinha (Solanum americanum) e o joá-de-capote (Nicandra physaloides) nas culturas de tomate e batata.

Estas espécies são tolerantes ao metribuzim que é o único registrado para o controle de espécies dicotiledôneas nessas culturas.

Em todos esses casos, a rotação quebra o ciclo de vida das espécies daninhas, impedindo seu domínio na área.

Quando são aplicadas as mesmas técnicas culturais seguidamente, ano após ano, no mesmo solo, a interferência destas plantas daninhas aumenta muito.

Quando o principal objetivo é o controle de plantas daninhas, a escolha da cultura em rotação deve recair sobre plantas com hábito de crescimento e características culturais bem contrastantes.

 

Variação do espaçamento

A variação do espaçamento entre linhas ou da densidade de plantas na linha pode contribuir para a redução da interferência das plantas daninhas sobre a cultura. Dependendo da arquitetura das plantas cultivadas e das espécies infestantes.

 

Tecnologias que agregam qualidade à pulverização

 

A redução entre linhas geralmente proporciona vantagem competitiva à maioria das culturas sobre as plantas daninhas sensíveis ao sombreamento.

Nesse caso, com a redução do espaçamento entre fileiras, desde que não exceda o limite mínimo, há aumento da interceptação de luz pelo dossel das plantas cultivadas.

Esse efeito é dependente de fatores como o tipo da espécie a ser cultivada, características morfofisiológicas dos genótipos, espécies de plantas daninhas presentes na área e época e condições climáticas no momento de sua emergência, além das condições ambientais.

Balbinot e Fleck (2005), trabalhando com cultivares de milho, verificaram que à medida que o espaçamento entre fileiras foi reduzido, o aumento em produtividade foi dependente da infestação de plantas daninhas e da cultivar avaliada.

 

Coberturas verdes

As coberturas verdes são culturas geralmente muito competitivas com as plantas daninhas.

Tremoço, ervilhaca, azevém anual, nabo, aveia e centeio são usadas na região Sul do Brasil.

Nas regiões subtropicais predominam mucuna-preta, crotalárias, guandu, feijão-de-porco e lab-labe.

O principal efeito é a redução do banco de sementes aliado à melhoria das condições físico-químicas do solo. Entretanto, estas plantas podem possuir também poder inibitório sobre outras e podem reduzir as infestações de algumas espécies daninhas após a dessecação ou serem incorporadas ao solo, devendo ser bem escolhidas para cada caso.

A presença da cobertura morta cria condições para instalação de uma densa e diversificada microbiota no solo. Principalmente na camada superficial com elevada quantidade de microrganismos responsáveis pela eliminação de sementes dormentes por meio da deterioração e perda da viabilidade.

 

Controle mecânico

 

Controle Mecânico de Plantas Daninhas

 

São métodos mecânicos de controle de plantas daninhas o arranque manual, a capina manual, a roçada, e o cultivo mecanizado.

O arranque manual, ou monda, é o método mais antigo de controle de plantas daninhas.

Ainda hoje é usado para o controle em hortas caseiras, jardins e na remoção de plantas daninhas entre as plantas das culturas em linha, quando o principal método de controle é o uso de enxada.

 

Capina manual

A capina manual feita com enxada é muito eficaz e ainda muito utilizada na nossa agricultura, principalmente em regiões montanhosas, onde há agricultura de subsistência, e para muitas famílias, esta é a única fonte de trabalho.

Contudo numa agricultura mais intensiva, em áreas maiores, o alto custo da mão-de-obra e a dificuldade de encontrar operários no momento necessário e na quantidade desejada fazem com que este método seja apenas complementar a outros métodos. Devendo ser realizado quando as plantas daninhas estiverem ainda jovens e o solo não estiver muito úmido.

Em pomares e cafezais, a roçada, manual ou mecânica, é um método muito importante para controlar plantas daninhas, principalmente em terrenos declivosos, onde o controle da erosão é fundamental.

O espaço das entrelinhas das culturas é mantido roçado e, por meio de outros métodos de controle, a fileira de plantas, em nível, é mantida no limpo.

Também em terrenos baldios, beiras de estradas e pastagens a roçada é um método de controle de plantas daninhas dos mais importantes.

 

Cultivo mecanizado

O cultivo mecanizado, feito por cultivadores tracionados por animais ou tratores, é de larga aceitação na agricultura brasileira, sendo um dos principais métodos de controle de plantas daninhas em propriedades com menores áreas plantadas.

As principais limitações deste método são:

  • Dificuldade de controle de plantas daninhas na linha da cultura;
  • Baixa eficiência: quando realizado em condições de chuva (solo molhado), é ineficiente para controlar plantas daninhas que se reproduzem por partes vegetativas.

No entanto, todas as espécies anuais, quando jovens (2-4 pares de folhas), são facilmente controladas em condições de calor e solo seco.

O cultivo quebra a relação íntima que existe entre raiz e solo, suspende a absorção de água e expõe a raiz às condições ambientais desfavoráveis.

Dependendo do tamanho relativo das plantas cultivadas e daninhas, o deslocamento do solo sobre a linha, através de enxadas cultivadoras especiais, pode causar o enterrio das plântulas e, com isso, promover o controle das plantas daninhas na linha.

 

Controle físico

 

Controle Físico de Plantas Daninhas

 

Inundação

Em solos planos e nivelados, a inundação é um efetivo método de controle de plantas daninhas, como nos tabuleiros de arroz.

Espécies perenes de difícil controle, como tiririca (Cyperus rotundus), grama-seda (Cynodon dactylon), capim-kikuio (Penisetum clandestinum), além de muitas espécies anuais, são erradicadas sob inundação prolongada.

A inundação não apresenta efeito sobre as plantas daninhas que se desenvolvem em solos encharcados, como o capim-arroz (Echinochloa sp.).

Esta prática causa a morte das plantas sensíveis, em virtude da suspensão do fornecimento de oxigênio para suas raízes.

Os fatores limitantes deste método, na maioria dos casos, são o custo do nivelamento do solo e a grande quantidade de água necessária para sua implantação. Contudo constitui importante método de controle de plantas daninhas utilizado na cultura do arroz irrigado.

 

Cobertura do solo

A cobertura do solo com restos vegetais em camada espessa ou com lâmina de polietileno é método eficiente de controle das plantas daninhas.

É restrito a pequenas áreas de hortaliças, entretanto não é recomendado em áreas infestadas com tiririca e trevo.

 

Plantio direto

No plantio direto a cobertura do solo com restos vegetais da cultura anterior é de grande utilidade.

Este sistema de plantio é usado em extensas áreas de soja, milho e trigo.

A cobertura provoca menor amplitude nas variações e no grau de umidade e da temperatura da superfície do solo. Estimulando a germinação das sementes das plantas daninhas da camada superficial de solo, que são posteriormente mortas devido à impossibilidade de emergência.

A cobertura morta ainda pode apresentar efeitos alelopáticos úteis no controle de certas espécies daninhas, além de outros efeitos importantes sobre as culturas implantadas na área.

 

Solarização

Outra técnica é a solarização, que é um processo caro e inviável em grandes áreas.

Está deve ser feita 60 a 75 dias antes do plantio, nos meses mais quentes do ano, utilizando filme de polietileno sobre a superfície do solo.

Provoca aumento de temperatura e, em solo úmido, as sementes das plantas daninhas germinam e morrem em seguida, devido à temperatura excessivamente alta principalmente até 5 cm de profundidade.

A queima das plantas daninhas jovens com lança-chamas é uma técnica de uso limitado no Brasil, em razão do custo do combustível.

Todavia, já foi utilizada em algodão utilizando adaptação de queimadores especiais em cultivadores tratorizados, para uso dirigido nesta cultura.

Nos Estados Unidos essa prática foi bem empregada nas culturas do sorgo e do algodão até a década de 1960, quando foi abandonada devido ao aumento no preço dos combustíveis fósseis e ao surgimento dos herbicidas seletivos para as diversas culturas (SEIFERT; SNIPES, 1998).

Pode ser usada cinco após o semeio e antes da emergência das plantas de cebola.

Em ambientes aquáticos o controle das plantas daninhas usando altas temperaturas – denominados de controle térmico – constituem alternativa de integração de manejo visando complementar o controle mecânico, principalmente em reservatórios de água.

Marchi et al. (2005), obtiveram controle eficiente das espécies aquáticas Eichhornia crassipes, Brachiaria subquadripara, Pistia stratiotes e Salvinia auriculata.

O uso do lança-chamas depende de vários fatores, como temperatura, tempo de exposição e consumo de energia.

Para Ascard (1997) a temperatura necessária para causar morte foliar pode variar de 55 a 94 oC.

Em trabalho realizado por Rifai et al. (2003), a melhor velocidade para eficiente controle das plantas daninhas por lança-chamas foi de 1 a 4 km por hora.

 

Controle biológico

 

Controle Biológico

 

O controle biológico consiste no uso de inimigos naturais (fungos, bactérias, vírus, insetos, aves, peixes, etc.) capazes de reduzir a população das plantas daninhas, reduzindo sua capacidade de competir.

Isso é mantido por meio do equilíbrio populacional entre o inimigo natural e a planta hospedeira.

Deve também ser considerada como controle biológico a inibição alelopática de plantas daninhas (assunto discutido em módulo à parte).

No Brasil, o controle biológico de plantas daninhas com inimigos naturais não tem sido, até o momento, praticado com fins econômicos.

Para que este tipo de controle seja eficiente, o parasita deve ser altamente específico, ou seja, uma vez eliminado o hospedeiro, ele não deve parasitar outras espécies.

De modo geral, a eficiência do controle biológico é duvidosa quando ele é usado isoladamente, porque controla apenas uma espécie e outra é favorecida. O que é uma tendência normal em condições de campo.

 

Plataforma Agropós

 

A pesquisa com controle biológico de plantas daninhas envolve etapas sucessivas:

  1. Seleção de espécies de plantas daninhas a serem controladas.
  2. Seleção de inimigos naturais mais eficientes.
  3. Estudo e avaliação da ecologia dos vários inimigos naturais.
  4. Determinação da especificidade dos hospedeiros.
  5. Acompanhamento da introdução e do estabelecimento do agente biocontrolador no campo.
  6. Avaliação da efetividade em diferentes épocas do ano, a fim de correlacionar os níveis de infecção com a redução da densidade populacional do hospedeiro.

No Brasil, isolados de Fusarium graminearum vêm sendo estudados como agente de controle biológico de Egeria densa e de Egeria najas, plantas aquáticas que causam problemas em reservatórios de hidrelétricas.

Já se sabe que o fotoperíodo influencia a eficiência de controle das espécies de plantas daninhas pelo fungo, e temperaturas acima de 30 C° têm proporcionado melhor controle das plantas daninhas citadas.

Alguns produtores do Brasil têm usado carneiros para controlar plantas daninhas em lavouras de café.

No entanto, algumas espécies não possuem boa palatabilidade sendo recusadas durante o pastejo.

O uso de tilápias, carpas e outros peixes herbívoros é possível para controle de outras plantas aquáticas.

Miyazaki e Pitelli (2003) verificaram controle de até 100% das espécies aquáticas Egeria densa, Egeria najas e Ceratophyllum demersum pelo pacu (Piaractus mesopotamicus).

Em resumo o controle biológico apenas é eficiente quando associado a outros métodos de controle e deve ser recomendado para espécies de plantas daninhas de controle comprovadamente difícil por métodos mecânicos e, ou, químico ou quando se pretende evitar o uso herbicidas.

 

Controle químico

 

Controle Químico de plantas daninhas

 

Atualmente os objetivos das pesquisas em nível mundial na área da Ciência das Plantas Daninhas consistem em utilizar a biotecnologia no desenvolvimento de culturas tolerantes a herbicidas.

A expectativa era de redução do comércio mundial de herbicidas.

Entretanto, devido a utilização repetida, numa mesma safra e ano, de herbicidas altamente eficientes e com grande espectro de ação ocorreu o inverso; aumento sistemático do uso de herbicidas na última década.

Isto se explica pela disseminação das espécies tolerantes aos herbicidas de grade uso e principalmente ao aparecimento da resistência de plantas daninhas a herbicidas.

A grande aceitação do uso de herbicidas pelos produtores grandes e pequenos deve-se ao fato de o controle químico das plantas daninhas proporcionar vantagens.

 

Vantagens:

  1. Menor dependência da mão-de-obra, que é cada vez mais cara, difícil de ser encontrada no momento certo, na quantidade e qualidade necessária.
  2. Mesmo em épocas chuvosas, o controle químico das plantas daninhas é mais eficiente.
  3. É eficiente no controle de plantas daninhas na linha de plantio e não afeta o sistema radicular das culturas.
  4. Permite o cultivo mínimo ou plantio direto das culturas.
  5. Pode controlar plantas daninhas de propagação vegetativa.
  6. Permite o plantio a lanço e, ou, alteração no espaçamento, quando for necessário.

É importante considerar que todo herbicida é uma molécula química que tem que ser manuseada com cuidado, havendo perigo de intoxicação do aplicador, principalmente. Pode ocorrer também poluição do ambiente.

Há necessidade de mão-de-obra especializada para aplicação dos herbicidas, sendo essa a causa de cerca de 80% dos problemas encontrados na prática.

O conhecimento da fisiologia das plantas, dos grupos aos quais pertencem os herbicidas, da tecnologia de aplicação, das características físicas e químicas do solo e das condições climáticas é fundamental para o sucesso do controle químico das plantas daninhas.

Os riscos de uso existem, mas se a recomendação e aplicação forem acompanhadas por um profissional capacitado para tal fim podem perfeitamente serem controlados e evitados.

O emprego do controle químico de plantas daninhas deve ser feito juntamente com outras práticas de controle, sendo a de maior importância o controle cultural. Uma vez que este possibilita as melhores condições de desenvolvimento e permanência das culturas, cabendo ao controle químico apenas auxiliar quando necessário.

O emprego do controle químico como único método pode levar ao desequilíbrio ao desequilíbrio no sistema de produção.

Portanto, o herbicida é uma ferramenta muito importante no manejo integrado de plantas daninhas, desde que utilizado no momento adequado e de forma correta.

Pós-graduação Fitossanidade

Empresas vão investir US$ 1 bilhão para combater descarte incorreto de plásticos

Empresas vão investir US$ 1 bilhão para combater descarte incorreto de plásticos

plástico

Cerca de 80% dos resíduos plásticos nos oceanos começa como lixo nas cidades e a maioria chega por meio dos rios. A estimativa é que 90% dos resíduos plásticos que chegam pelos rios aos oceanos vêm dos 10 maiores rios no mundo – oito na Ásia e dois na África. Os números são de uma pesquisa da Ocean Conservacy.

Diante deste cenário, 29 empresas globais dos setores de plástico e bens de consumo lançaram nesta quarta-feira (16) uma aliança visando implementar soluções para a eliminação do descarte de material plástico no meio ambiente, especialmente nos oceanos.

A AEPW – Alliance to End Plastic Waste (Aliança para o Fim dos Resíduos Plásticos) está destinando mais de US$ 1 bilhão a esse objetivo, com a meta de investir US$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos.

A Aliança irá desenvolver e implementar soluções que minimizem os resíduos plásticos e promovam destinos sustentáveis para plásticos usados, gerando uma economia circular em torno desses resíduos.

“Todos concordam que o lugar dos resíduos plásticos não é nos oceanos ou em qualquer lugar do meio ambiente.

Este é um desafio global sério e complexo que exige ações rápidas e forte liderança.”, afirma David Taylor, Presidente e CEO da Procter & Gamble ((P&G), e presidente da AEPW. “Eu convoco todas as empresas, grandes ou pequenas e de todas as regiões e setores, a se juntarem a nós”, complementou.

“A história nos mostrou que ações coletivas e parcerias entre a indústria, governo e ONGs podem entregar soluções inovadoras para um desafio global como esse”, comenta Bob Patel, CEO da LyondellBasell, e vice-presidente da AEPW. “O problema dos resíduos plásticos é visto e sentido em todo o mundo. Ele deve ser combatido, e acreditamos que a hora de agir é agora”.

Projetos previstos

A Aliança é uma organização sem fins lucrativos e ao anunciar o investimento também ressaltou o pacote de medidas previsto.

Entre os projetos, há parcerias com prefeituras para sistemas integrados de gestão de resíduos em grandes áreas urbanas com baixa infraestrutura; promoção de modelos de negócios e empreendedores que trabalhem pela prevenção de plásticos no oceano e pela gestão de resíduos e reciclagem e a criação de um banco de dados global, aberto e científico, para dar suporte a projetos de gestão de resíduos globalmente.

O grupo ainda afirma irá fazer investimentos adicionais nos próximos meses. Gerenciamento de resíduos, reciclagem, reutilização de plásticos, educação e engajamento de governos, empresas e comunidades e limpeza de áreas com concentração de resíduos plásticos estão entre as prioridades.

Confira abaixo as empresas que são membros fundadores da Aliança: Braskem, BASF, Berry Global, Chevron Phillips Chemical Company LLC, Clariant, Covestro, CP Group, Dow, DSM, ExxonMobil, Formosa Plastics Corporation USA, Henkel, LyondellBasell, Mitsubishi Chemical Holdings, Mitsui Chemicals, Nova Chemicals, OxyChem, PolyOne, Procter & Gamble, Reliance Industries, SABIC, Sasol, Suez, Shell Chemical, SCG Chemicals, Sumitomo Chemical, Total, Veolia e Versalis (Eni).

“Pouco e atrasado”

Sobre a fala de Bob Patel nem todos concordam. Apesar de ser claro que é preciso fazer algo, talvez as medidas não sejam tão eficazes como se espera. “Este anúncio da indústria é muito pouco, muito atrasado”, afirma Dianna Cohen, CEO da Plastic Pollution Coalition. Para ela, mais do que reciclar é preciso trabalhar na redução -, o que é um grande desafio para as companhias que compõem a aliança: a brasileira Braskem, BASF e a Shell estão entre membros fundadores.

“A produção de plásticos deverá aumentar em 40% na próxima década. A reciclagem não resolve o problema, e o plástico descartável está preenchendo nossos cursos d’água, oceanos e meio ambiente.

Essas empresas globais devem tomar medidas para reduzir a produção de plástico.

Precisamos desligar a torneira. Como o capitão Charles Moore (umadas maiores referências no tema lixo marinho) costuma dizer, sem redução, o investimento em reciclagem e limpeza é como esvaziar uma banheira transbordante com uma colher de chá”, comenta Dianna.

Aprenda a fazer solução que combate pulgões em laranjeiras!

Aprenda a fazer solução que combate pulgões em laranjeiras!

(Foto: Ernesto de Souza / Editora Globo)

 

A solução feita de detergente e óleo para eliminar pulgão em laranjeira tem uma receita simples. Em volume igual para cada produto, misture um detergente neutro com óleo vegetal. No momento de utilizar o inseticida caseiro, é importante diluir em água a 2%. Se tiver um pulverizador de 20 litros, adicione 400 mililitros da solução em 19,6 litros de água. Aplique a mistura na fruteira.

Como plantar laranja
Saiba o que causa ressecamento em laranjas
Por que as laranjas ficam manchadas e acabam caindo do pé antes de amadurecer?

Por Globo Rural.

 

avanços no manejo de praga

Extrativistas mapeiam açaizais na Reserva Chico Mendes

Extrativistas mapeiam açaizais na Reserva Chico Mendes

 Durante três meses populações tradicionais identificaram pés de açaí nativo e aprenderam como organizar a produção e a comercialização do fruto com a participação das associações locais.

Três mil açaizais nativos da espécie Euterpe precatoria Mart. identificados e localizados pelos extrativistas da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes no município de Epitaciolândia (AC) somam juntos uma previsão de 21 toneladas para a safra de 2019. Este foi o resultado apresentado, no início de dezembro, no encontro final da atividade “Serviços técnicos para mapeamento participativo de populações nativas de açaí-solteiro na Resex Chico Mendes”, realizada pelo Bem Diverso no Território da Cidadania de Alto Acre Capixaba.

O mapeamento busca ajudar as populações tradicionais de parcela da Resex Chico Mendes localizada no município de Epitaciolândia a organizar a produção do açaí nativo para venda, com a parceria da Associação dos Moradores e produtores da Resex Chico Mendes, em Brasileia e Epitaciolândia (AMOPREBE), da Embrapa Acre, de gestores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e de técnicos da Universidade Federal do Acre (UFAC).

“Temos a oportunidade de a produção do açaí nativo das comunidades tradicionais vir a ser um produto essencial para a economia dos extrativistas”, declarou a engenheira agrônoma e coordenadora da atividade pela UFAC, Professora Andréa Alechandre.

A atividade de campo para a localização geográfica dos pés de açaí durou cerca de um mês e resultou no mapa com a indicação de cerca de 3 mil açaizais, cerca de 100 por produtor. Os dados colhidos também apresentam uma estimativa para a safra de 2019, que começa com a colheita em no mês de maio até meados de agosto.

“Trabalhamos com uma previsão de estoque de 21 toneladas de fruto, o que daria uma renda de R$ 40 mil, nos valores atuais”, sistematizou a Andréa Alechandre. Ela ainda explicou que a previsão tem como base metade dos pés de açaí, “pois na floresta não é garantido que todas as árvores frutifiquem todos os anos”.

Açaí-solteiro e o fortalecimento das comunidades tradicionais

As atividades de formação do mapeamento começaram há três meses a partir da definição dos núcleos de base, grupos familiares extrativistas interessados em comercializar o açaí. Foram formados seis núcleos num somatório de trinta famílias produtoras, que localizaram e identificaram os pés de açaí, com auxílio do GPS, após treinamento em oficinas de mapeamento coletivo.

O analista da Embrapa Acre Daniel Papa acompanhou as atividades em campo e ressaltou que a utilização dos equipamentos de GPS na fase de mapeamento do pés de açaí não foi o principal desafio. “Muitos extrativistas já conhecem a tecnologia, encontrada na maioria dos celulares atualmente. Para os participantes, o que mais chamou atenção foi a valorização do trabalho de campo, levando em consideração o conhecimento local dos produtores”, explicou .

A atividade ainda promoveu capacitação voltada a estimativa de estoque e planejamento da produção e comercialização de frutos do açaí com a participação das associações locais; além de oficina de boas práticas de manejo com utilização de equipamentos de coleta sem escalada.

Segundo Alechandre, o principal avanço foi o envolvimento das famílias para a que houvesse um novo impulso para organização da venda da produção local. “Ao mostrar o atual cenário de comercialização do fruto, o preço praticado no mercado e a capacidade de produção local observamos o estímulo dos produtores a retomarem as atividades. Existem outras famílias que querem se envolver no trabalho e as que já fizeram seu mapeamento querem aumentar o número de açaizais mapeados”.

A espécie Euterpe precatoria Mart. também é conhecida como açaí-do-amazonas, açaí-da-mata ou açaí-de-terra-firme. Nativo da região oeste da Amazônia brasileira – com predomínio nos estados do Acre, Rondônia e sul do Amazonas -, o açaí-solteiro ainda é encontrado no Peru e na Bolívia. O açaí da região possui um único caule, chamado de estipe pelos pesquisadores, e é diferente da espécie encontrada nos estados Pará, Amapá e no Maranhão, a Euterpe oleracea Mart.. A  principal característica deste é o que os especialistas chamam de perfilhamento ou brotação: o estipe da palmeira multiplica-se rapidamente e dá origem a vários outros caules na mesma planta.

Saiba mais sobre o Projeto Bem Diverso.

Por Embrapa.

Pesquisa identifica pimenteira-do-reino livre de vírus

Pesquisa identifica pimenteira-do-reino livre de vírus

Cientistas conseguem obter pimenta-do-reino 100% livre de vírus ->

 

 

 

 

 

 

Dois vírus estão disseminados em praticamente todas as lavouras de pimenta do Brasil. Eles comprometem a fotossíntese, inibem o crescimento da planta e, consequentemente, sua produtividade. Recentemente, pesquisadores da Embrapa encontraram um material 100% sadio que deverá dar origem a uma nova cultivar livre dos microrganismos.

“Os vírus não matam a planta, até mesmo porque eles se beneficiam dela, mas impedem seu crescimento pleno, fazendo com que seu tamanho e sua produtividade sejam muito aquém da sua capacidade. Uma planta livre de vírus consegue expressar toda sua potencialidade”, afirma Oriel Lemos, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (PA).

Pará responde por metade
da produção nacional

A identificação e o desenvolvimento de uma cultivar livre de vírus representam um grande passo na pipericultura paraense. O estado do Pará é o maior produtor nacional de pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) com quase 40 mil toneladas em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que só o estado é responsável pela metade da produção brasileira, que naquele ano foi de quase 80 mil toneladas.

Durante muito tempo, a fusariose ou a podridão-das-raízes, causada pelo fungo Fusarium solani f. sp. piperis, foi considerada o maior problema da pimenteira-do-reino no estado do Pará. “Mesmo assim, com boas práticas, manejo adequado e o uso de cultivares recomendadas, é possível produzir mudas sem a doença”, conta o pesquisador.

Já a virose é um problema silencioso, pois os sintomas podem aparecer gradativamente ao longo da vida do pimental e aos poucos vão deixando sequelas, como a diminuição do tamanho das plantas e, consequentemente, a redução na produtividade. E é crônico, pois toda muda produzida de uma matriz infectada carrega a carga viral. Para a virologista Alessandra de Jesus Boari, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, a virose é um problema maior do que se imagina. “Muitos produtores ainda não sabem reconhecer a planta doente no campo”, completa.

Busca por um material sadio

O trabalho se iniciou na década de 1990. Após um processo de seleção de plantas no campo, foi identificado um material com características diferenciadas. O passo seguinte foi a germinação in vitro das sementes dessa planta em laboratório, o que resultou na seleção das dez plantas mais vigorosas e sadias. Elas foram clonadas, garantindo assim que as mudas produzidas pelo processo de micropropagação mantivessem fidelidade às matrizes.

“As mudas clonadas foram levadas para a área de um produtor e duas plantas de um mesmo clone se destacaram e foram multiplicadas por cerca de dez anos. O desenvolvimento dessas plantas no campo vem sendo acompanhado detalhadamente”, conta Oriel Lemos.

Os clones das melhores plantas apresentaram o entrenó maior que as cultivares tradicionalmente utilizadas no campo, o que permite a melhor frutificação nos ramos e facilita a colheita. Eles têm maturação dos frutos mais homogênea e apresentam espigas sem falhas de frutos. Seu rendimento ficou em 33% na secagem da pimenta, enquanto as plantas tradicionais apresentam rendimento de 28%. Além disso, os novos clones se adaptam melhor ao período de estiagem. Todas essas características foram herdadas da planta original.

Mas o que mais chama a atenção de pesquisadores e produtores é que esse material é livre de vírus, ou seja, 100% sadio. Ele dá origem a uma nova cultivar de pimenteira-do-reino a ser lançada em 2019 pela Embrapa. Atualmente, o material está sendo cultivado em áreas de produtores no município de Baião, no nordeste paraense.

Problema silencioso

Fernando Albuquerque produz mudas de pimenteira-do-reino há cerca de 30 anos no município de Castanhal, no nordeste do Pará, e vende para todas as regiões do estado. Segundo ele, o principal obstáculo hoje é produzir uma muda de qualidade. “A pesquisa da Embrapa já avançou muito nesse sentido. A fusariose é um problema que pode ser controlado com boas práticas e manejo adequado, mas os vírus ainda não sabemos como eliminar da planta. Esse é o nosso maior problema”, conta o produtor.

O levantamento de viroses na pimenteira-do-reino no estado do Pará evidenciou a presença de dois vírus: o Piper yellow motte virus (PYMoV) e o Cucumber mosaic virus (CMV). Segundo a pesquisadora Alessandra J. Boari, há ainda um terceiro vírus que está em processo de sequenciamento genético em uma parceria da Embrapa com a Universidade Nacional de Brasília (UnB) e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

De acordo com a pesquisadora, o PYMoV é o mais disseminado, e não somente no Pará. “Nas lavouras de Minas Gerais, Espírito Santo e da Bahia esse vírus também já foi encontrado”, alerta. Ela explica ainda que o vírus PYMoV pode ser transmitido pela cochonilha, que tem sua maior importância em viveiros de mudas. Mas como a pimenteira-do-reino é propagada por meio de estacas, a disseminação desse vírus ocorre principalmente por meio do uso de mudas infectadas provenientes de matrizes doentes.

As plantas adoecem

Os sintomas variam de acordo com as cultivares utilizadas no campo, mas de uma forma geral, o vírus causa a redução do tamanho das folhas e o mosaico de cores, no qual as folhas perdem a uniformidade da cor verde e apresentam manchas amarelas, comprometendo assim, entre outros processos, a fotossíntese da planta, o que culmina na menor produtividade de frutos de pimenta.

Os vírus afetam o desenvolvimento da planta como um todo ao longo do tempo. “As folhas ficam pequenas, deformadas e com mosaico, reduzindo o processo de fotossíntese e consequentemente levando à diminuição da produção. E não há remédios para a eliminação dos vírus”, resume a cientista.

Isso tudo tem um agravante, segundo a pesquisadora: a carga viral passa de “planta-mãe para filha”. Portanto, toda muda produzida a partir de estaca de uma planta doente já carrega o vírus consigo. Esse processo de adoecimento da planta e da perpetuação da carga viral ao longo das gerações tem o nome de degenerescência.

O agricultor João Benedito Gomes Cantão, do município de Mocajuba, vem perdendo produção ano após ano. “Eu faço poda manual e consigo manter o pimental produzindo mesmo com a fusariose, mas com a virose não tem jeito. Já recorri a outras cultivares para tentar produzir melhor”, afirma.

A Embrapa já desenvolveu sete cultivares de pimenteira-do-reino que atualmente são utilizadas em todas as lavouras brasileiras. Porém as viroses, segundo Alessandra J. Boari, vêm provocando mudanças significativas nos campos de produção.

A cultivar de pimenteira-do-reino mais plantada na região era a BRS Cingapura. Com a ocorrência das viroses essa realidade vem mudando e os plantios estão sendo paulatinamente substituídos por outras cultivares, como a BRS Bragantina, também desenvolvida pela Embrapa. “As plantas de Bragantina, apesar de também terem o vírus PYMoV, não mostram sintomas e possivelmente apresentam mais tolerância a esse vírus”, ressalta a pesquisadora.

Porém, mesmo após a disponibilização do novo material livre de vírus aos produtores, é preciso cuidado para evitar a infecção tanto no campo quanto nos viveiros de mudas. “Atualmente, os vírus estão em todos plantios. Por isso, os produtores devem priorizar boas práticas de manejo e adquirir mudas de viveiristas credenciados pelo Ministério da Agricultura”, alerta o pesquisador Oriel Lemos. Dessa forma, é possível ter um pimental sadio, mais produtivo e com menores custos de produção.

Por Embrapa.