Manejo Integrado de Pragas: aprenda a atilizar!!!

Controle biológico: como ter lavouras mais rentáveis!

Com você tem acompanhado aqui no blog, muitas são os insetos – praga e patógenos que podem incidir nas lavouras, causando perdas. Hoje falaremos sobre o controle biológico desses organismos.

Medidas culturais e genéticas são adotadas no estabelecimento da lavoura, mas muitas vezes são insuficientes para evitar que epidemias surjam e levem os agricultores ao uso indiscriminado de agrotóxicos.

A sociedade demanda cada vez mais por medidas de controle alternativas ao uso de agrotóxicos sintéticos pois, embora eficientes na maioria dos casos, podem levar a uma série de problemas.

Neste contexto, surge como alternativa promissora o Controle Biológico de pragas e doenças. Você sabe o que é controle biológico?

 

Controle Biológico: como ter lavouras mais sustentáveis e rentáveis!

 

O que é controle biológico?

O termo “controle biológico” foi usado pela primeira vez para se referir aos inimigos naturais de alguns insetos-praga. Desde então, esse tema tem sido amplamente estudado.

Define-se controle biológico como o uso de um ou mais organismos para regular uma população. Nesse contexto, esses organismos podem incluir, por exemplo, insetos predadores e parasitoides, no caso de outros insetos, ou microrganismos como vírus, bactérias e fungos, para o controle de insetos-praga e patógenos.

Portanto, o controle biológico é uma estratégia importante, pois utiliza a interação natural entre organismos para reduzir o impacto de pragas e doenças, sem a necessidade de produtos químicos.

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Parasitóide

Parasitoide é um organismo que parasita um hospedeiro e completa o seu ciclo de vida matando este hospedeiro. Os adultos são de vida livre, mas as larvas parasitam outros insetos. A maioria dos inimigos naturais deste grupo são das ordens Hymenoptera e Diptera.

Os parasitoides mais utilizados para o controle de insetos-praga são as vespas Cotesia e Tricogramma, controlando pragas importantes como a lagarta do cartucho em milho e a broca da cana, por exemplo.

 

Predadores

Predadores são insetos de vida livre e que apresentam comportamento predatório, se alimentando de outros insetos. Requerem um grande número de presas para completar o seu ciclo de vida.

Os insetos predadores pertencem principalmente às ordens Hymenoptera, Diptera, Coleoptera e Hemiptera, sendo a joaninha um exemplo clássico de inseto predador. Ela preda diversas pragas, dentre elas vários pulgões que atacam espécies de interesse agronômico.

 

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Patógenos

São microrganismos que causam doenças em insetos praga, vivendo esse alimentando destes, levando-os à morte. Neste grupo estão incluídos fungos, bactérias e vírus. O fungo Beauveria e os vírus do gênero Baculovirus, muito utilizados para controle de lagartas, estão nessa classe de organismos.

Microrganismos patogênicos às plantas são controlados por outros microrganismos, como fungos, bactérias e vírus. Esses microrganismos podem agir controlando doenças em parte aérea ou doenças de solo.

Sem dúvida, os agentes de controle biológico de doenças mais utilizados pertencem ao gênero fúngico Trichoderma e ao gênero bacteriano Bacillus. Trichoderma é um gênero de fungos habitante de solo, que pode controlar outros fungos por diferentes mecanismos.

Parasitismo, competição e antibiose são os principais mecanismos de controle biológico de patógenos. No parasitismo um organismo obtém parte ou todo do seu alimento às custas do outro organismo.

Na competição, um dos organismos é mais eficiente em aproveitar os recursos do meio. Eles competem entre si por agua, luz, nutrientes, espaço, oxigênio, dentre outros.

Já a antibiose é o mecanismo no qual um organismo produz substancias que tem efeitos danosos ao outro. Essas substancias podem ser voláteis ou não.

 

Tipos de controle biológico

O controle biológico de pragas pode, portanto, ser dividido em três tipos: natural, clássico e artificial. Vamos, então, entender mais sobre cada um deles?

No controle biológico natural, são utilizados os inimigos naturais já existentes no ecossistema. Isso pode ser feito, por exemplo, pela preservação de matas nativas próximas aos cultivos ou pela utilização de inseticidas seletivos, que não afetam os inimigos naturais.

Já no controle biológico clássico, o foco é controlar pragas exóticas. Para isso, são introduzidos inimigos naturais em algumas ocasiões no local, como uma medida de controle a longo prazo, visando a sustentabilidade do ecossistema.

Por fim, o controle biológico artificial consiste na criação massal e aplicação de inimigos naturais em grande quantidade. Dessa forma, esse tipo de controle tem uma ação mais rápida, sendo, portanto, semelhante à ação dos inseticidas químicos, mas com benefícios ambientais.

Vantagens do controle biológico na agricultura

Os inimigos naturais usados como agentes de controle biológico não deixam resíduos nos alimentos, garantem a segurança do agricultor e do consumidor e ainda preservam a biodiversidade. Não contaminam os alimentos e ambiente.

 Além disso, o uso de agentes diminui o risco de seleção de organismos resistentes, como ocorre no controle químico. A ausência de período de carência entre a liberação do inimigo natural e a colheita é outra vantagem notável do controle biológico.

 

Regulamentação de agentes

A Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, regulamenta os agentes de controle biológico, assim como os agrotóxicos de origem química.

Para obter o registro desses produtos, as empresas devem submetê-los à Anvisa, ao MAPA e ao Ibama. No entanto, diferentemente dos demais produtos dessa lei, os agentes de controle biológico passam por uma avaliação específica.

Durante esse processo, as autoridades avaliam a qualidade biológica, a eficiência e os impactos na saúde humana, entre outros critérios. Além disso, diferentemente dos pesticidas químicos, esses produtos são registrados com base no alvo biológico, e não na cultura onde serão aplicados.

 

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Mercado de biológicos

Nos últimos anos, tanto a nível mundial quanto no Brasil, vem aumentando significativamente o número de produtos biológicos registrados para o controle de doenças e pragas, o que demonstra uma tendência crescente nesse setor.

Além disso, segundo o Ministério da Agricultura, no último ano, o mercado brasileiro de defensivos biológicos cresceu mais de 70%. Esse percentual, por sua vez, supera consideravelmente o crescimento apresentado pelo mercado internacional, que ficou em apenas 17%.

Outro fator relevante é que o clima tropical e o cultivo diversificado do nosso país nos colocam em uma posição privilegiada, tornando, assim, possível a adoção dessa estratégia em lavouras de diversas culturas. Dessa forma, essa abordagem atende aos anseios da população por uma agricultura cada vez mais sustentável.

 

Conclusão

Sempre que possível, recomendamos adotar o controle como parte do Manejo Integrado, pois oferece inúmeras vantagens. Esse mercado, em plena expansão no Brasil e no mundo, tem impulsionado uma agricultura mais sustentável.

Escrito por Nilmara Caires.

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