(31) 9 8720 -3111 contato@agropos.com.br
Manejo Integrado de Pragas: aprenda a atilizar!!!

Manejo Integrado de Pragas: aprenda a atilizar!!!

Você conhece o Manejo Integrado de Pragas?  Saiba mais sobre este sistema e como ele pode te ajudar a ter plantas mais saudáveis!

 

Manejo Integrado de Pragas: Por que adotá-lo na sua lavoura?

FONTE: Adaptado de Entomological Society of America’s

 

O que é o Manejo Integrado de Pragas (MIP)?

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é essencialmente uma tomada de decisão e que se leva em conta não somente a eliminação da praga e o lucro, mas também os custos e benefícios a longo prazo para o meio ambiente e a sociedade em geral.

Mesmo se você fizer tudo certo ao implantar uma cultura, as pragas aparecerão inevitavelmente e causarão prejuízos ao final da safra. Mas o que são pragas?

No sentido amplo, pragas são organismos capaz de causar danos às plantas, seus produtos e subprodutos.

Podem ser microrganismos (como fungos, bactérias, nematoides, vírus), plantas daninhas, ou insetos. Juntos, eles chegam a causar 40% de perdas nos cultivos.

Estima-se que só os insetos considerados pragas causem perdas anuais de US$ 12 bilhões para a economia brasileira.

Assim, é necessário adotar medidas para diminuir estas perdas. Neste texto falaremos sobre os insetos-praga.

Durante muitos anos, as medidas adotadas para controle destes organismos eram baseadas exclusivamente na utilização de inseticidas.

O seu uso abusivo trouxe consequências negativas ao longo dos anos. Neste contexto, foi criado o conceito de manejo integrado de pragas.

Ao contrário do que muitos pensam, o manejo integrado de pragas não é algo novo.

Desde a década de 1920, entomologistas já recomendavam o controle do bicudo do algodoeiro através da combinação de plantas tolerantes e queima de restos da cultura.

Assim, o uso de inseticidas só era recomendado quando a população da praga atingia níveis insuportáveis.

De uma maneira mais ampla, pode-se conceituar o MIP como a combinação vantajosa de mais de um tipo de método para manter as pragas em nível aceitável.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Componentes do Manejo Integrado de Pragas (MIP)

 

Avaliação do agroecossistema

De forma simplificada, a avaliação do agroecossistema consiste em se conhecer a lavoura e os principais insetos que ocorrem nela.

Isso inclui saber o estágio de desenvolvimento que as plantas se encontram, pois algumas pragas incidem em determinado estágio com maior intensidade.

As condições climáticas influenciam a incidência de pragas. Em temperaturas maiores, ocorrem mais ciclos do inseto durante a safra, fazendo com que sua população seja maior.

A maioria dos insetos presentes em um determinado campo de cultivo não causam dano algum àquela cultura, sendo assim não são considerados praga.

Inclusive podem ser benéficos, quando auxiliam no controle populacional das pragas – estes são os chamados inimigos naturais.

Espécies que raramente causam prejuízos à cultura são consideradas pragas secundárias.

No entanto, algumas poucas espécies presentes na cultura estão em nível populacional alto e causam danos frequentemente, sendo então consideradas como pragas-chave.

Assim, a atenção deve ser voltada ao monitoramento dessas espécies, pois os dados deste monitoramento é que fornecerão a base para a estratégia de manejo a ser adotada.

 

Monitoramento

O monitoramento deve ser realizado periodicamente e permite estabelecer os níveis populacionais de equilíbrio, de controle e de dano econômico dos insetos.

Ou seja, devem ser realizadas frequentes amostragens com o objetivo de saber se a população é alta suficiente para causar nado.

O nível de equilíbrio é quando a população não sofre grandes variações ao longo do tempo.

Já o nível de controle é quando a população atinge um nível que é necessário adotar medidas de controle a fim de evitar prejuízos e o nível de dano econômico, que é a menor densidade populacional capaz de causar perdas econômicas significativas ao agricultor.

O nível de controle varia para diferentes pragas em uma mesma cultura ou mesmo para uma mesma praga incidindo em diferentes culturas.

As medidas de controle adotadas demoram um tempo até que surjam efeitos. Assim, o controle deve ser realizado antes do nível populacional alcançar o nível de dano econômico.

No gráfico abaixo, podemos observar que, quando medidas não são adotadas no momento correto a população da praga ultrapassa o nível de dano econômico, causando prejuízos.

 

Nível de controle no (MIP)

FONTE: AGROPÓS

 

Tomada de decisão e controle

No MIP, quando se utiliza dados de monitoramento das pragas, é possível efetuar a tomada de decisão, onde leva-se em consideração a relação custo/benefício do controle de pragas.

Como dito no início deste texto, o manejo integrado de pragas preconiza a adoção de mais de um método para controle de pragas em uma cultura.

Dentre estes métodos estão o controle cultural, controle biológico, resistência genética, controle legislativo, métodos genéticos e controle químico.

Vamos conhecer um pouco sobre cada um desses métodos?

 

Métodos de controle no Manejo Integrado de Pragas

 

Controle biológico

O controle biológico consiste em controlar as pragas por meio do uso de seus inimigos naturais e pode ser natural, clássico ou artificial.

No controle biológico natural são utilizados os inimigos naturais já existentes no ecossistema.

Isso pode ser feito pela preservação de matas nativas próximas aos cultivos ou pela utilização de inseticidas seletivos.

Nesse controle o foco é controlar pragas exóticas e para isso são introduzidos inimigos naturais por algumas vezes no local, como medida de controle a longo prazo.

O controle biológico artificial consiste da criação massal e aplicação de inimigos naturais em grande quantidade, ou seja o que faz com que este tipo de controle tenha ação mais rápida, semelhante a inseticidas químicos.

O controle biológico é uma técnica que apresenta diversas vantagens, como especificidade, fazendo com que um agente introduzido no agroecossistema não tenha efeitos danosos a outros insetos benéficos, controle duradouro.

o inimigo natural pode se estabelecer formando uma população estável naquele cultivo, não poluir o meio ambiente e alimentos, dentre outras.

A utilização comercial de produtos biológicos para o controle de insetos vem se tornando cada vez mais frequente, decorrente das exigências do mercado.

 

Controle cultural

O controle cultural ou manipulação do ambiente de cultivo é um método preventivo que deve ser considerado como a primeira linha de defesa contra as pragas e nada mais é do que a adoção de práticas culturais típicas da cultura, com o objetivo de desfavorecer o desenvolvimento de insetos-praga.

Diversas estratégias podem ser utilizadas na manipulação do ambiente de cultivo, dentre essas merecem destaque:

 

Destruição de restos culturais

Esta medida visa controlar pragas que sobreviveriam a entressafra em restos culturais, servindo como fonte de infestação para a safra seguinte. É muito adotada na cultura do algodoeiro, com o objetivo de manejar o bicudo.

 

Uso de sementes e mudas sadias

Esta medida visa evitar a introdução de insetos que se disseminam através de sementes e mudas, como ocorre com a lagarta rosada do algodoeiro.

 

Preparo do solo

O preparo do solo por meio da aração e gradagem promove o enterrio de pragas localizadas na superfície do solo ao mesmo tempo que favorece a exposição de insetos localizados a profundidades maiores à incidência de radiação solar e ao ataque de inimigos naturais, como pássaros.

 

Espaçamento entre plantas

Plantios mais adensados, com espaçamento menor entre plantas tendem a criar um microclima mais desfavoráveis a certos insetos, como por exemplo, o bicho-mineiro em café. Além disso, promovem facilitam a colonização de fungos entomopatogenicos, favorecendo a adoção do controle biológico.

 

Modificação da época de colheita

Na maioria das vezes não é viável modificar totalmente a época de colheita de uma cultura. No entanto, em alguns casos, como de infestação por broca do café, recomenda-se colher primeiro os talhões mais afetados.

 

Controle legislativo

As medidas de controle legislativos são leis, portarias e decretos, quer federais, estaduais ou mesmo municipais, que obrigam ao cumprimento de determinadas medidas de controle.

 

Quarentena

Tem o objetivo evitar a entrada de pragas exóticas e sua disseminação.

 

Medidas obrigatórias de controle

São medidas que tem execução determinada por legislação e o produtor deve adotar. Um exemplo é o estabelecimento de data limite para destruição dos restos culturais para controle do bicudo do algodoeiro.

 

Legislação do uso de agentes e métodos de controle

Neste exemplo estão enquadrados a obrigatoriedade do receituário agronômico e a lei dos agrotóxicos. Além da legislação acerca dos organismos transgênicos no Brasil.

 

Resistência de plantas

Algumas plantas possuem a capacidade natural de impedir ou suportar e se recuperar de injurias causadas por insetos praga. Esta característica herdável é chamada de resistência genética.

Pesquisadores trabalham na seleção e multiplicação destas plantas naturalmente resistentes por meio de métodos clássicos ou de engenharia genética, para obtenção de cultivares comerciais.

Dessa forma, atualmente estão disponíveis cultivares resistentes a diversas pragas que causam prejuízos.

Sempre que for possível, a resistência genética deve ser um método adotado, pois possui vantagens como facilidade de adoção, especificidade, baixo custo, harmonia com o ambiente, além de ser compatível com outras medidas de controle.

 

Métodos químicos

Consiste na aplicação de substancias químicas para prevenir ou destruir pragas. São os conhecidos defensivos agrícolas, com ênfase nos inseticidas.

O controle químico tem sido um método indispensável no manejo integrado de pragas (MIP), pois em algumas situações é a única medida pratica quando a população aproxima-se do NDE.

Quando aplica-se inseticidas com o mesmo mecanismo de ação por repetidas safras, há o risco de seleção de insetos resistentes, fazendo com que com o passar do tempo a praga não seja mais controlada pelo produto.

Sendo assim, deve-se rotacionar inseticidas com diferentes mecanismos de ação. Existem diversos produtos registrados para as principais pragas agrícolas.

Ao utilizar esta medida, o produtor deve optar por inseticidas seletivos, que tenham pouco efeito sobre os inimigos naturais.

Além disso, é importante estar atento à tecnologia de aplicação, para garantir a dose e cobertura correta.

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

Métodos comportamentais

Os insetos utilizam odores para sua defesa, seleção de plantas, acasalamento, entre outros processos.

No controle comportamental, são utilizadas substancias ou organismos para alterar o comportamento da praga. Essas substancias podem ser feromônios, atraentes ou repelentes, por exemplo.

Os feromônios são substâncias utilizadas para comunicação entre indivíduos da mesma espécie e podem ser utilizados tanto para detecção e monitoramento de pragas, quanto para o controle.

São utilizados para detectar os primeiros voos da mosca das frutas, por exemplo.

No monitoramento, são distribuídas armadilhas contendo feromônios para verificar se uma praga atingiu o nível de controle, como no caso da mariposa Grapholita molesta em cultivos de pessegueiros.

No MIP, são utilizadas armadilhas contendo feromônios para atração e posterior coleta dos insetos.

Além disso, os feromônios podem ser utilizados para confundimento durante o período de acasalamento reduzindo o a probabilidade dos machos encontrarem as fêmeas.

 

Plataforma Agropós

 

Porque adotar o Manejo Integrado de Pragas (MIP)?

Otimização de recursos, conservação do ambiente e economia. Essas são as principais vantagens em adotar o manejo integrado de pragas na sua lavoura,

Ao diminuir o uso de inseticidas o MIP além de diminuir os custos, torna a lavoura mais saudável.

O MIP, que preconiza a adoção de diversas medidas, permite que o agroecossistema esteja em equilíbrio.

O resultado é: produtos de maior qualidade e maior produtividade.

 

Conclusão

Num ecossistema artificial, como as lavouras agrícolas, não se deve esperar a ausência de pragas, elas ocorrerão.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um sistema que visa controlar essas pragas utilizando-se de diferentes métodos aplicados nos momentos adequados.

Dentre estes métodos estão os biológicos, comportamentais, culturais, de resistência, legislativos e químicos.

Para adoção do MIP não existe um pacote pronto. Cada caso deve ser analisado, através de um programa de monitoramento com amostragens periódicas.

No entanto, se aplicado corretamente o MIP trará vantagens econômicas e ambientais para sua lavoura. Gostou de saber mais sobre Manejo Integrado de Pragas? Acompanhe nossos posts e mantenha-se atualizado!

 

Pós-graduação Fitossanidade

Cana-de-açúcar: a potência do Brasil!

Cana-de-açúcar: a potência do Brasil!

A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) é originária da Nova Guiné. De lá, a planta foi para a Índia, se difundindo pelo mundo.

Os árabes introduziram seu cultivo no Egito no século X e pelo Mar Mediterrâneo, em Chipre, na Sicília e na Espanha. Credita-se aos egípcios o desenvolvimento do processo de clarificação do caldo da cana e um açúcar de alta qualidade para a época.

 

cana de açúcar

 

O açúcar era consumido por reis e nobres na Europa. Que a adquiriam de mercadores monopolistas, que mantinham relações comerciais com o Oriente, a fonte de abastecimento do produto.

Portugal, por sua posição geográfica, era passagem obrigatória para as navios carregadas de mercadorias.

Isso estimulou a introdução da cana-de-açúcar na Ilha da Madeira (Portugal). Que foi o laboratório para a cultura de cana e de produção de açúcar que mais tarde se expandiria com a descoberta da América.

 

 

Como a cana-de-açúcar veio para o Brasil

O ciclo da cana-de-açúcar, foi um período da história do Brasil Colônia compreendido entre os século XVI e XVIII.

O açúcar representou a primeira grande riqueza agrícola e industrial do Brasil. Devido à grande adaptabilidade da cana em nosso clima e solo, durante muito tempo, foi a base da economia colonial.

Oficialmente, foi Martim Affonso de Souza que depois de aproximadamente após 30 anos da chegada dos portugueses em solo brasileiro. É que trouxe a primeira muda de cana ao Brasil. E iniciou seu cultivo na Capitania de São Vicente. Mas foi no Nordeste, principalmente nas Capitanias de Pernambuco e da Bahia, que os engenhos de açúcar se multiplicaram.

No final do século XVI, o Brasil já era considerado o maior produtor e fornecedor mundial de açúcar. Com um artigo de melhor qualidade que o procedente da Índia e uma produção anual estimada em 6.000 toneladas. Cerca 90% das quais eram exportadas para Portugal e distribuídas na Europa.

A descoberta do ouro no final do século XVII nas Minas Gerais retirou do açúcar o primeiro lugar na geração de riquezas. Cuja produção se retraiu até o final do século XIX.

 

Nutrição Mineral de Plantas: Macronutrientes.

 

Cana: para que serve?

A cana-de-açúcar é uma cultura semi-perene (5 anos ou mais), pertencente à família Poaceae, a mesma do milho.

A cana possui com perfilhamento abundante e produz de 4 a 12 colmos. Com altura entre 3 e 5 metros e presenta sistema radicular fasciculado e relativamente grande.

Possui alta eficiência fotossintética (C4), grande produção de biomassa, oferece alto controle da erosão do solo. Com grande valor econômico baseado no teor de açúcar e biomassa.

Com cana dois produtos essenciais para a economia mundial: o açúcar, parte indispensável da alimentação humana. E o álcool, utilizado nas bebidas alcoólicas como a cachaça ou como combustível para veículos, também conhecido como etanol.

Outro uso da cana-de-açúcar em muitas regiões do Brasil é como bebida in natura, conhecida como caldo de cana ou garapa. Através do seu processamento, na maioria das vezes artesanal, pode ser obtido com o caldo de cana o melado, açúcar mascavo e rapadura.

 

Sub produtos da cana-de-açúcar

Da cana-de-açúcar pode ser aproveitado praticamente tudo, pois os subprodutos e resíduos podem ser utilizados na alimentação humana e animal, na fertilização de solos e na geração de energia.

Dentre os subprodutos e resíduos, destacam-se: bagaço, melaço (ou mel final), torta de filtro, vinhaça, óleo fúsil, álcool bruto, levedura seca.

 

Métodos de plantio

Propagação da cana-de-açúcar ocorre através de gemas (vegetativa).

A fase do plantio é constituída das seguintes operações: eliminação da soqueira (ou limpeza do terreno, se for o caso de uma área nova), subsolagem, calagem, gradagem ou aração, terraceamento, sulcação, adubação, distribuição de mudas, cobrimento de mudas, pulverização de herbicida e quebra de sulco.

O ciclo produtivo é em média de seis anos com cinco cortes. As principais tecnologias com potencial de contribuição para a produtividade e durabilidade da cana-de-açúcar estão associadas com o melhoramento genético, controle de pragas, as técnicas de plantio, os tratos culturais e a colheita do milho.

 

Melhoramento genético X cana-de-açúcar

O melhoramento genético é um dos principais fatores agronômicos que podem contribuir com o aumento da produtividade. Onde, são desenvolvidas variedades de cana-de-açúcar que garanta a produção e rentabilidade ao setor sucroalcooleiro.

A escolha da variedade é uma questão crítica e possui um grande efeito na performance da cultura. A escolha deverá ser norteada pelo potencial produtivo da variedade, capacidade de rebrota, resistência a pragas e doenças, tipo de solo, viabilidade local e duração do ciclo.

Outra maneira de fazer uma boa escolha é garantir o cultivo de variedades da cana-de-açúcar com diferentes estágios maturação. Para fornecer opções mais amplas de épocas de colheita e então maximizar a produtividade ao longo da safra.

 

Produtividade da cana-de-açúcar no Brasil

O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de produção de e exportação de etanol e açúcar do mundo. A constante procura por combustíveis renováveis que substituam o petróleo e não sejam tão nocivos ao meio ambiente. Torna a cana-de-açúcar uma cultura de importância mundial na busca da sustentabilidade.

 

Plataforma Agropós

 

O total de etanol de cana produzido no Brasil é superior a 31 bilhões de litros/ano com mais de 80% sendo usados no setor de transporte, principalmente para consumo doméstico e vendido como etanol puro ou misturado com a gasolina.

De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), foi divulgado em março de 2020, o Brasil deve produzir 642,7 mil toneladas de cana-de-açúcar na safra 2019/2020. Resultado representa um crescimento de 3,6% em relação à safra anterior.

Segundo o levantamento, cerca de 65% do total será destinado à produção de etanol distribuídos nos subprodutos anidro e hidratado – e 35% para açúcar.

 

Produtividade no Brasil

Fonte: Conab

 

Conclusão

A cana-de-açúcar é considerada uma das grandes alternativas para o setor de biocombustíveis devido ao grande potencial na produção de etanol e seus respectivos subprodutos.

Além da produção de etanol e açúcar, os subprodutos da cana tem grande importância econômica. Como na geração de energia, auxiliando no aumento da oferta e redução dos custos. Contribuindo para ampliar a sustentabilidade do setor.

Escrito por Juliana Medina.

Gafanhotos: A Praga que Assusta o Mundo

O impacto da praga de gafanhotos que atinge mais de 10 países

O Paquistão declarou emergência nacional em fevereiro devido a nuvens gafanhotos que vêm destruindo plantações no leste do país. Um dia depois, a Somália anunciou o estado excepcional pelo mesmo motivo.

Esta é a pior infestação em 27 anos no Paquistão, segundo autoridades, e a pior em 25 anos na Somália, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

Pelo menos outros nove países do Oriente Médio, Ásia e da região do chifre africano também têm áreas tomadas pelos insetos, como Arábia Saudita, Irã, Etiópia, Sudão e Índia.

11,9 milhões é o número de pessoas em condição de severa insegurança alimentar na Somália, Etiópia e Quênia, de acordo com a FAO. Esses são três dos países mais atingidos pela infestação.

4.850 km² é a área atingida pelos gafanhotos na Somália, Etiópia e Quênia, de acordo com a FAO, até 29 de janeiro. A área equivale a mais de três cidades de São Paulo.

Localidades com nuvens de gafanhoto em janeiro de 2020

 

LOCALIDADES COM NUVENS DE GAFANHOTO EM JANEIRO DE 2020 Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/02/06/O-impacto-da-praga-de-gafanhotos-que-atinge-mais-de-10-pa%C3%ADses © 2020 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.

 

Por que o gafanhoto é tão destrutivo

Essas infestações não são novidade na região e em outros lugares do mundo. O temor com relação aos gafanhotos aparece em livros religiosos como o Corão e a Bíblia.

As nuvens que atingem os países desde 2019 são formadas por uma espécie conhecida como gafanhoto do deserto, encontrada geralmente nas regiões semi-áridas e áridas da África, Oriente Médio e Ásia. Durante surtos como o atual, os insetos avançam para áreas com mais diversidade vegetal.

Cada gafanhoto dessa espécie pode consumir o próprio peso de comida em um dia. Uma nuvem de 1 km² pode ter até 80 milhões de insetos, e os agrupamentos podem chegar a ter centenas de quilômetros quadrados, o que torna o estrago avassalador.

35 mil é o número de pessoas que poderiam ser alimentadas em um dia com o que uma nuvem de gafanhotos de 1 km² consome no mesmo período, de acordo com a FAO.

 

https://agropos.com.br/pos-graduacao-em-avancos-no-manejo-integrado-de-pragas/

 

192 milhões de kg é quanto de vegetação uma nuvem de gafanhotos média pode destruir em um dia, de acordo com a National Geographic.

Os animais se reproduzem com muita facilidade, e levam duas semanas até um novo ovo chocar. Após isso, é preciso dois a quatro meses para atingir a fase adulta. Ao todo, os gafanhotos vivem até cinco meses. Nesse ritmo, estimativas da FAO apontam que o número de insetos pode crescer 500 vezes até junho de 2020.

Diferentemente de muitas outras pestes, que atingem tipos específicos de alimento, os gafanhotos não fazem distinção do que consomem. Quando não há mais comida, eles se tornam canibais.

Em busca de mais alimento, e com a ajuda do vento, eles podem percorrer de 5 a 130 km em um dia. Dessa forma, em pouco tempo os insetos poderão chegar à Uganda e ao Sudão do Sul, dois países vizinhos que estão entre os mais pobres do mundo.

Em infestações do passado, nuvens de gafanhotos com origem na África já chegaram até o Reino Unido e o Caribe.

A contribuição da mudança climática

Um dos principais fatores para a propagação dos gafanhotos é abundância de água, porque eles só põem ovos em solo úmido. Dessa forma, quando uma chuva forte atinge o deserto, os insetos se acasalam intensamente, desovando cerca de 1.000 ovos por metro quadrado de solo.

Com maior número, os insetos deixam de se deslocar e passam a se reunir em bandos, o que também gera uma mudança morfológica: ficam maiores e, assim, consomem mais alimento.

Em maio e outubro de 2018, chuvas fortes e ciclones assolaram a região sudeste da Península Arábica. Cientistas atribuem o fenômeno à crise climática. Segundo eles, a frequência das chuvas vem crescendo desde 2014 devido a alterações no sistema geofísico IOD (do inglês, Dipolo do Oceano Índico), que controla o transporte de calor na região do Oceano Índico.

Só em 2019, foram oito ciclones no leste da África. Se a tendência continuar, novos surtos de gafanhotos podem atingir a região no futuro. O impacto do IOD também teve reflexos nas queimadas que têm atingido a Austrália desde o segundo semestre de 2019.

Segundo um estudo publicado na Nature em 2014, com o crescimento das emissões de carbono na atmosfera, a frequência IODs com essas características passaria de 1 a cada 17,3 anos para 1 a cada 6,3 anos. O cientista climático Roxy Koll Mathew, do Instituto Indiano de Meteorologia Tropical, alerta que o aquecimento das águas do oceano é outro elemento que contribui para a maior frequência do fenômeno.

Chuvas no leste da África

Chuvas no leste da africa

Segundo Guleid Artan, do Centro de Previsão e Aplicações Climáticas, se a ameaça não for contida até o próximo plantio e estação de chuvas, que começa em março, safras recém-plantadas poderão ser destruídas antes mesmo que tenham chances de crescer.

Alguns dos países afetados ou vizinhos a eles passam por processos políticos conturbados, o que dificulta ainda mais o controle da praga. É o caso do Iêmen, que passa por uma guerra civil desde 2015, e da Somália, onde um conflito se estende desde 1991. O Sudão do Sul, que faz fronteira com a Etiópia, também enfrenta uma crise desde 2013.

 

O que pode ser feito para combater a infestação

Normalmente, é possível prever com um mês de antecedência a direção das nuvens de gafanhotos. Com esses dados, governos e organizações internacionais podem munir a população de pesticidas e estabelecer operações de controle aéreo, ao mesmo tempo em que estudam métodos para quebrar a densidade das nuvens.

A ONU já alocou cerca de US$ 10 milhões para o esforço, mas a FAO calcula que será preciso US$ 70 milhões para que a campanha tenha sucesso. Entre 2003 e 2005, outra invasão de gafanhotos custou mais de US$ 2,5 bilhões em perdas de colheita para 20 países do norte da África.

 

mosca branca

 

Um método de biocontrole a partir de um fungo também está sendo estudado. Segundo o oficial sênior de previsão de gafanhotos da FAO Keith Cressman, há uma espécie que atua apenas em determinados tipos de gafanhotos que pode ser mais efetiva e menos prejudicial à natureza do que pesticidas. A melhor prevenção, segundo cientistas, ainda é acompanhar os focos iniciais para combatê-los antes que cresçam e se alastrem.

Fonte: Nexo

O controle da formiga cortadeira no Brasil

As formigas cortadeiras são consideradas pragas por atacarem plantas em áreas de reflorestamento, pastagens e cultivos agrícolas. As formigas cortadeiras (Atta sexdens, Atta laevigata e Acromyrmex spp.) podem causar severas desfolhas em mudas ainda mesmo nos viveiros. Quando não controladas, após a transferência das mudas para o campo, retardam o desenvolvimento e podem causar até morte de plantas.

Neste texto serão abordados os principais aspectos do controle desta importante praga florestal além da polêmica sobre o uso da Sulfluramida, principal componente químico utilizado nos formicidas.

Tipos de controle

Na literatura são descritos três tipos de controle, são eles:

  • Controle Cultural: trata-se de quatro diferentes práticas.
  • Movimentação do solo nos locais dos formigueiros, principalmente no caso das quenquéns, pois seus formigueiros são bastante superficiais;
  • Revestimento do caule com um cone de proteção (confeccionado com plástico ou câmara de ar), a 30 cm do solo, com a parte mais larga voltada para baixo, tem dado resultados por impedir a subida das formigas;
  • Uso de garrafas de plástico (refrigerantes) para proteger plantas jovens e mudas recém-plantadas; e
  • Cultivo próximo ao pomar de plantas repelentes como: batata-doce, gergelim, rim de boi e algumas euforbiáceas.
  • Controle Biológico

Os predadores naturais das saúvas são: aves, sapos, rãs, tatus, tamanduás, lagartos, lagartixas, besouros dos gêneros Canthon e Taeniolobus, formigas dos gêneros SolenopsisParatrechina e Nomamyrmex, além de mosca da família Phoridae.

  • Controle Químico

O controle químico é instrumento importante e, muitas vezes, imprescindível no controle das formigas cortadeiras. As técnicas mais comuns de controle empregadas são as iscas tóxicas e a termonebulização, por apresentarem boa eficiência de controle. Contudo, existem vários produtos disponíveis no mercado, como: pós-secos, líquidos, gases.

As iscas à base de bagaço de laranjas, óleos essenciais e cobre atuam por ingestão e são de ação retardada, características essenciais para garantir a dinâmica de contaminação da colônia. Devem ser colocadas próximos às bocas dos formigueiros e junto dos carreiros. É o método de controle mais comum e eficiente.

Isca formicida

O controle químico por meio do uso de iscas é o mais utilizado no Brasil e o principal produto utilizado é a isca formicida granulada. Este produto apresenta como principais vantagens a facilidade de aplicação, o alto rendimento operacional, alta eficiência e condições econômicas favoráveis.

O formicida é uma mistura de produtos químicos que pode ser apresentar na forma de isca, que é um produto granulado que a formiga leva para o interior do formigueiro como se fosse mais um alimento. O efeito lento das iscas faz com que as formigas sejam envenenadas em doses baixas ou mínimas, sem perceberem. Caso contrário, elas parariam de levar o alimento para dentro da colônia e a eficiência do produto seria mínima.

Um dos desafios da efetividade da isca tóxica é simular o alimento das formigas. Elas são sensíveis e muito especializadas na sua alimentação e sabem evitar aquilo que não faz bem para elas e sua colônia. Por isso, o elemento atrativo da isca, um de seus principais constituintes, tem que ser os próprios componentes da sua alimentação.

As Iscas a base de Sulfluramida

A sulfluramida é um princípio ativo que forma parte de diversos inseticidas de ação lenta sob a forma de iscas com componentes atrativos para as formigas principalmente.

Por questões de segurança e estratégia biológica ela é utilizada em pequenas doses. A quantidade dela presente em qualquer inseticida é regulamentada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) através de monografias disponíveis na internet. O número de CAS é 4151-50-2, cuja sigla em inglês é PFOSA.

Nas iscas, a sulfluramida é absorvida junto com o óleo usado na sua composição por uma glândula localizada na cabeça do inseto. Isso provoca a morte, ao inibir a produção de energia nas mitocôndrias, estruturas celulares responsáveis por essa função no organismo da formiga.

No mercado existe por exemplo a isca formicida ATTA MEX-S, que possui como ingrediente ativo a SULFLURAMIDA (N-ethylperfluorooctane – 1- sulfonamide), apresentando características como: ausência de odor, ação de forma lenta, atuando diretamente na mitocôndria das formigas, rompendo o fluxo de prótons, evitando assim, a formação de ATP, onde a formiga fica sem energia e morre.

A polêmica em torno da Sulfluramida

Apesar do produto ser regulamentado deve-se sempre ter em mente que sempre há possibilidade de efeitos residuais no ambiente em concentrações ainda nocivas para o meio ambiente e isto tem gerado diversos debates sobre o uso deste componente químico aqui no Brasil.

Em maio deste ano os representantes dos governos presentes na 9ª Conferência das Partes da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes aprovaram a continuidade da utilização da sulfluramida e não estabeleceram prazos limites para seu uso.

Ambientalistas afirmam que quando a sulfluramida se degrada no solo transforma-se em PFOS (sulfato de perfluorooctano), uma substância tóxica bioacumulativa, que pode persistir no meio ambiente por centenas de anos. Assim, o seu uso contribui para contaminação da água e do solo, acumulando-se nos alimentos.

O Brasil é o principal produtor mundial de sulfluramida, substância que já não é mais fabricada nos Estados Unidos, na Europa e que, ainda este ano, teve produção interrompida também na China.

Nos últimos anos, como o uso de PFOS foi eliminado na maior parte do mundo, a indústria brasileira de sulfluramida cresceu. Em 2008, o país produziu cerca de 30 toneladas do pesticida. Em 2015, ano das estimativas mais recentes, a produção havia crescido para 40 a 60 toneladas.

http://materiais.agropos.com.br/webinar-recuperacao-de-areas-degradadas

Um mal “necessário”?

Os inseticidas são substâncias utilizadas para o controle dos insetos considerados pragas, obtendo como benefício direto o aumento da produtividade agrícola e bem estar humano.

A necessidade no aumento da produtividade torna praticamente imprescindível o uso de inseticidas como forma de proteger as plantações das mais diferentes culturas desde o cultivo, crescimento, armazenagem até o transporte.

A Abraisca (Associação Brasileira das Empresas Fabricantes de Iscas Inseticidas), associação comercial que representa os principais fabricantes do agrotóxico no Brasil, insiste que a sulfluramida é necessária “para garantir a segurança das pessoas e do meio ambiente”.

Enquanto grupos ambientalistas apontam que há maneiras de matar formigas cortadeiras que não envolvem a criação de resíduos tóxicos persistentes, o grupo industrial insiste que não existem alternativas eficazes para a sulfluramida.

Vemos que ainda há, contudo, pouca conscientização sobre os benefícios e malefícios deste composto. Como o uso da sulfluramida cresceu, estudos apontam um aumento expressivo de contaminação por PFOS no país.

Entre 2004 e 2015, a produção de sulfluramida resultou em até 487 toneladas de PFOS sendo liberadas no meio ambiente – uma porção considerável. Enquanto isso, o PFOS, que permanece indefinidamente no meio ambiente, tem aparecido cada vez mais no solo, plantas, águas costeiras e rios no Brasil.

 

Fonte: Mata Nativa