A broca do café é, sem dúvida, considerada uma das pragas de maior impacto econômico para a cafeicultura brasileira. Nesse sentido, algumas medidas simples podem ser adotadas pelo produtor para, assim, evitar prejuízos significativos e impactos negativos na qualidade do café.
Além disso, é importante destacar que, ao implementar essas medidas, o produtor contribui para a manutenção da saúde da lavoura. Agora, vamos conhecer melhor essa praga e entender quais ações podem ser tomadas, dessa forma, para seu controle, com o objetivo de evitar a queda da produtividade da sua lavoura.
O que é a broca do café?
A broca do café (Hypothenemus hampei) é um besouro que, por sua vez, apresenta fêmeas adultas que medem aproximadamente 1,7mm de comprimento e 0,7mm de largura. Essas fêmeas, especificamente, atacam a coroa do fruto, perfuram os grãos e, em seguida, depositam seus ovos.
Consequentemente, as larvas que nascem desses ovos se alimentam dos grãos de café, o que, inevitavelmente, danifica ou destrói completamente os grãos. Vale destacar que essa praga tem sua origem na África, assim como o cultivo do café, sendo observada, pela primeira vez, no Brasil em 1913, no estado de São Paulo.
Desde então, sua disseminação pelas regiões cafeeiras do país ocorreu de maneira bem acelerada, tornando-se, assim, uma das principais pragas que acometem a lavoura de café.
Broca do café: prejuízos na produção
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as perdas em peso podem chegar a 20% em momentos de alta infestação.
Assim como, havendo também, perda na qualidade devido ao aumento do número de grãos brocados, o que deprecia o produto durante a classificação física.
Essa praga é considerada importante, uma vez que ela ataca os frutos em qualquer estágio de maturação, inclusive grão já seco, causando grandes prejuízos na produtividade da lavoura.
Comportamento da broca do café
Primeiramente, a broca sobrevive e se multiplica entre uma safra para outra, nos frutos que ficam na planta ou no solo.
Os machos da broca sobrevivem dentro dos frutos, tendo a função de apenas de fecundar as fêmeas. As fêmeas vivem em torno de 156 dias e ao serem fecundadas saem em busca dos frutos para colocar seus ovos.
Porém, os frutos na fase que apresentam em torno de 86% de umidade não apresentam condições favoráveis para o desenvolvimento de suas larvas, pois as sementes encontram-se com elevada umidade.
Dessa forma, a fêmea apenas realiza uma marcação nos frutos e após 50 dias quando as condições já estão favoráveis para o desenvolvimento das larvas, as brocas voltam nesse mesmo fruto e realizam a postura.
Como monitorar broca do café
Claro! Aqui está a versão com as frases modificadas:
Para que o controle da broca seja eficiente, você deve iniciá-lo na época correta e realizar amostragens periódicas dos frutos nos diversos talhões da lavoura, começando pelas partes mais baixas e úmidas.
Nesse contexto, recomenda-se iniciar o monitoramento da broca entre novembro e janeiro, aproximadamente três meses após a grande florada de outubro, quando os primeiros frutos broqueados nas rosetas se tornam visíveis. Após esse período inicial, o acompanhamento deve ser mantido até abril.
Durante esse intervalo, é possível realizar o monitoramento de duas maneiras: por meio da contagem dos frutos danificados ou, alternativamente, utilizando armadilhas. Ambas as abordagens oferecem informações valiosas para o manejo adequado da praga. Dessa forma, o acompanhamento contínuo possibilita a identificação precoce e o controle eficiente da infestação.
Você realiza a contagem dos frutos avaliando 20 plantas/hectare, em “zigue-zague”, como demonstrado na figura abaixo.
Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
Para avaliar as plantas, comece coletando uma amostra de 100 frutos por planta. Em seguida, conte os grãos brocados e não brocados.
No monitoramento por armadilha, recomenda-se o uso de uma armadilha por hectare, equipada com cairomônio, um semioquímico essencial nas interações entre os insetos. Essa substância atrai as pragas, facilitando a captura e o monitoramento da sua população.
Em relação ao controle, ele será necessário caso o percentual de frutos brocados ultrapasse 3% no método de contagem. Além disso, o controle deve ser adotado sempre que a média de insetos adultos por armadilha exceder 100.
Dessa forma, com o uso dessas estratégias, é possível determinar o momento adequado para a intervenção, garantindo a eficiência do manejo. Consequentemente, o controle oportuno contribui para a redução dos danos causados pela broca e assegura uma colheita mais saudável.
Condições que favorecem a praga
A ocorrência de chuva no inverno, os cultivos adensados, baixa incidência de luz e pouco arejamento são condições que favorecem o desenvolvimento dessa praga.
Qualquer manejo que visa à alteração dessas condições será benéfico no controle da broca do café.
Por isso que é de suma importância o conhecimento de um controle eficiente da praga. Agora veremos como realizar esse controle na sua lavoura de café.
Controle da broca do café
Atualmente, para o controle da broca do café, o mais utilizado é o controle químico, porém não tem apresentado boa eficiência e vem causando problemas de resistência e desequilíbrio do meio ambiente.
Por isso, a utilização do manejo integrado de pragas (MIP) se torna mais eficiente. Essa é uma estratégia de controle múltiplo que se fundamenta no monitoramento das populações para tomada de decisão adequada.
Dessa forma, a utilização do controle biológico, cultural e químico torna-se uma ferramenta eficaz no controle de pragas nas lavouras cafeeiras.
Vejamos cada uma das maneiras de controle da broca do café separadamente.
Controle biológico
O controle biológico é um método de combater pragas agrícolas através da utilização de seus inimigos naturais, que podem ser insetos predadores, parasitoides e microrganismos (fungos, bactérias ou vírus).
Os fungos entomopatogênicos são agentes de controle de inúmeras pragas, como a broca do café.
Dentre os diferentes agentes de controle natural da broca está o fungo Beauveria bassiana, existem vários estudos descrevendo a eficiência desse fungo no combate da broca em campo.
Logo, uma imagem demonstra como o fungo infecta a broca do café.
Controle químico convencional
Como o ataque da broca não se distribui uniformemente, recomenda-se o controle apenas para os talhões em que a infestação da praga já tenha atingido 3 a 5%.
Agindo dessa forma, evitam-se gastos desnecessários com mão de obra e inseticida, como também, tem-se uma diminuição dos problemas relacionados ao uso do produto.
Mesmo após a aplicação do inseticida, o monitoramento deve continuar, e quando a infestação alcançar o nível de controle, pulverizar novamente, respeitando o período de carência do produto usado.
Para a execução do controle químico se deve obedecer alguns cuidados, são eles:
- Usar equipamento de proteção individual (EPI);
- Utilizar produtos registrados no MAPA;
- Fazer rotação de princípio ativo;
- Respeitar a dose recomendada e período de carência.
Controle cultural
Considerado o mais eficiente método de controle da broca do café, o controle cultural realizado de forma adequada, consegue alcançar resultado bastante positivo no controle da praga.
Onde podemos destacar as seguintes formas de manejo:
- Plantio do cafeeiro em espaçamentos que permitam maior arejamento e penetração de luz, condições essas que são desfavoráveis à praga, além de permitir a circulação de pulverizadores acoplados a tratores.
- Eliminação de cafezais velhos e abandonados, nos quais a broca encontra abrigo e se multiplica livremente.
- A colheita deve ser sempre iniciada nos talhões que apresentem os cafeeiros mais infestados, a fim de que sejam evitados maiores prejuízos.
- Por fim, deve ser realizada de uma colheita bem feita, evitando que fiquem frutos nas plantas e no chão, em que a broca poderá sobreviver na entressafra.
Contudo, deve ser realizado um repasse na lavoura, se necessário, para evitar a sobrevivência dessa praga e que passe para os frutos novos da próxima safra.
Controle comportamental
Esse controle ocorre por meio de armadilhas alternativas, que podem ser facilmente construídas com garrafas PET. Nesse contexto, você pode preparar a substância que atrai os insetos com a mistura de 1:3 de etanol e metanol, à qual se adiciona 1% de ácido benzoico.
Para garantir a eficácia do controle, recomenda-se que você utilize 30 armadilhas por hectare. Nesse sentido, você deve substituir a substância atraente a cada duas semanas.
Consequentemente, esse tipo de controle se mostra mais eficaz quando utilizado em propriedades menores.
Importância do controle da broca do café
Neste artigo, discutimos a broca do café, considerada uma das pragas mais prejudiciais à cafeicultura brasileira. O manejo adequado é essencial.
Estudos recentes apontam que a maneira mais eficaz de controlar a broca do café é por meio do manejo integrado de pragas (MIP). Essa estratégia combina diferentes formas de controle, com base no monitoramento das populações para decisões adequadas.
Espero que essas informações ajudem a melhorar o manejo de sua lavoura. Com isso, você poderá alcançar resultados excepcionais de produtividade e qualidade do café.
Deixo abaixo um vídeo produzido pelo Sistema FAEMG com as principais informações sobre a broca do café que provoca perdas na produção cafeeira. Assista!
Escrito por Juliana Martins Medina.
