Trapoeraba: veja o controle dessa planta daninha!

Trapoeraba: veja o controle dessa planta daninha!

Você sabe o que é trapoeraba? Neste artigo vamos entender o que é e como realizar um controle eficiente dessa planta daninha, além de conhecermos algumas espécies mais comuns. Venha comigo, não fique de fora.

Acompanhe!      

 

Trapoeraba: veja o controle dessa planta daninha! 

 

O que é trapoeraba?

Trapoeraba é o nome mais comum de plantas daninhas da família botânica denominada Commelinaceae. Essa planta pode afetar a produtividade em praticamente todo tipo de cultura, com elevada capacidade competitiva por recursos (luz, água e nutrientes) ou competir por espaço.

Suas espécies possuem ainda alto teor de água no caule, o que pode dificultar, em muito, a colheita de grãos. Podem também hospedar insetos que prejudicam o pleno desenvolvimento da lavoura.

Basicamente, quatro são as espécies mais comuns de trapoeraba no Brasil, abaixo vamos falar de algumas delas.

 

Fitossanidade

 

Principais características da trapoeraba

A trapoeraba é uma planta daninha anual e pode alcançar até 40 cm de altura. No campo, ela é facilmente identificada pela sua distinta coloração, ou seja, as folhas e os caules são roxos, ao passo que as flores apresentam coloração rosa, roxa ou azul.

As diferentes tonalidades variam conforme as diferentes espécies. Além disso, a trapoeraba tem preferência por locais com solos encharcados e ricos nutricionalmente. Entretanto, ela pode resistir a longos períodos de seca, caso segmentos das suas ramificações sejam deixados no solo.

Desta forma, a trapoeraba permanece em estado de “dormência” até que as condições ambientais se tornem favoráveis ao seu desenvolvimento, período em que ela rebrotará. E consequentemente, dará origem a novas plantas.

 

Quais são os prejuízos da erva daninha?

Os problemas que a erva daninha causa podem variar de acordo com os seguintes aspectos: espécie da erva daninha, sensibilidade da cultura atacada e quantidade de dano que a erva daninha pode causar. Em geral gera alguns prejuízos como;

  • Competitividade por recursos limitados;
  • Acréscimo no custo de produção;
  • Obstáculo na hora da colheita;
  • Redução da qualidade do produto;
  • Atração de outras pragas;
  • Aumento da possibilidade de doenças;
  • Liberação de produtos químicos da erva daninha em decomposição;
  • Redução do valor de venda.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a erva daninha causa 95 bilhões de dólares de prejuízo para a produção global de alimentos. Além disso, um problema com plantas daninhas pode gerar uma perda de até 70% do cultivo.

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

Principais espécies de trapoerabas no Brasil

Entre as principais plantas daninhas infestantes das áreas agrícolas brasileiras, pode-se destacar;

 

Trapoeraba (Commelina benghalensis)

É uma planta anual, no entanto, pode ocorrer perenização por alastramentos sucessivos. A reprodução dessa espécie ocorre, geralmente, por sementes, mas pode haver a produção de rebentos a partir de gemas caulinares, que podem formar novas plantas.

A trapoeraba apresenta dois tipos de sementes, as aéreas e as subterrâneas, fenômeno denominado anficarpia. As sementes aéreas podem ser carregadas para outras áreas, enquanto as sementes subterrâneas podem favorecer para que a trapoeraba se perpetue.

 

Trapoeraba (Commelina difusa)

Essa é a espécie mais frequente em quase todo o Brasil, infestando principalmente aqueles cultivos perenes. Prefere solos mais férteis, que apresentem boa umidade e semi-sombreados.

Suas folhas apresentam lâminas que lembram uma gramínea, já os rizomas são ausentes.

 

Trapoeraba (Commelina erecta)

Também infesta cultivos perenes, porém é uma espécie menos frequente no Brasil. Preferem solos férteis, com boa umidade. Tem por característica ser bastante suscetível a geadas e ao cultivo mecânico do solo.

Erva prostrada ou ereta, extremamente ramificado, chegando a medir até 40 cm de comprimento. Folhas alternas, sem pecíolo, com formato variando de elíptico a linear, com 0,6 a 1,8 cm de largura e 3 a 9 cm de comprimento.

Inflorescência do tipo cincino, pétalas azuis. Fruto do tipo cápsula. Cresce espontaneamente em diferentes áreas, desde áreas altamente antropizadas até em bordas de matas.

 

Danos causados pela trapoeraba

De modo generalizado, as plantas daninhas causam danos as culturas principais através da interferência. O processo de interferência pode ocorrer de duas formas:

Interferência direta: ocorrem devido a competição entre plantas daninhas e a cultura principal por recursos necessários ao desenvolvimento (água, luz e nutrientes). Além de, alelopatia e parasitismo, podendo atrapalhar também as operações de colheita e tratos culturais.

Interferência indireta: pode acontecer de várias formas, mas principalmente, quando as plantas daninhas atuam como hospedeiras alternativas de pragas e doenças.

Sendo assim, para a trapoeraba este cenário não é diferente. Existem diversos relatos na literatura científica do potencial de interferência causado pelas diferentes espécies desta planta em culturas de interesse agrícola. Dentre os quais, podemos citar:

A inibição por alelopatia de C. benghalensis, sobre a germinação de sementes de soja. A capacidade de C. benghalensis para servir como fonte de inóculo para o vírus da leprose dos citros.   Habilidade para servir como hospedeira intermediária de nematoides (Meloidogyne incognita).

Interferência causada pelas espécies C. benghalensis e C. erecta no desenvolvimento de mudas de café. Neste caso, a trapoeraba retardou o desenvolvimento do diâmetro do caule, número de folhas, altura e peso da biomassa seca aérea e radicular.

 

Trapoerabas em produção de sementes

Nas áreas destinadas a produção de sementes, especialmente, de pastagens como a Brachiaria spp., a trapoeraba se torna uma verdadeira dor de cabeça. Isto ocorre em função da semelhança entre as sementes de trapoeraba e as sementes de braquiária.

Durante o beneficiamento das sementes de Brachiaria spp. na UBS, os métodos convencionais que promovem a separação das sementes das impurezas não são eficientes para separar as sementes de braquiária das sementes de trapoeraba.

Por isso, quando o volume de contaminação das sementes de braquiária com trapoeraba é muito alto, os lotes destas sementes não podem ser comercializados.

Dessa forma, a melhor saída é manejar de forma definitiva estas plantas daninhas das lavouras, seja ela destinada a produção de sementes, de grãos, frutos etc.

 

Plataforma Agropós

 

Manejo e controle da trapoeraba

Alguns trabalhos mostram que a trapoeraba é uma planta tolerante ao glifosato, principalmente quando este é usado com maior frequência. Essa limitação ocorre por limitações impostas na absorção e translocação do herbicida.

Assim, o emprego inadequado do glifosato para controlar a trapoeraba, em seus diferentes estádios fenológicos, pode promover gasto desnecessário (dose demasiadamente elevada nos estádios iniciais) ou mesmo resultar em baixa eficiência no controle (estádios mais avançados).

Com isso, o controle pode ser via herbicidas pós-emergentes e herbicidas pré-emergentes. Veja um exemplo do controle desta planta daninha nas culturas da soja e do milho.

 

Controle via herbicidas pós-emergentes

O controle eficiente desta planta daninha via uso de herbicidas em pós-emergência depende, sobretudo, do estádio de desenvolvimento das plantas-alvo.

A eficácia dos herbicidas é maior quando aplicados em plantas jovens, até 4 folhas. Assim que a planta se desenvolve mais o controle cai e podem ser necessárias aplicações sequenciais de diferentes herbicidas.

Outro ponto importante a ser considerado é a tecnologia de aplicação utilizada. Estas são plantas que têm menor capacidade de absorção, por isso devemos seguir os princípios básicos para uma aplicação eficiente.

Carfentrazone – Oferece ótimo controle em pós-emergência desta planta daninha, principalmente quando ela tem até 4 folhas, geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato). 2,4 D – Quando em estádios iniciais (até 4 folhas), tende a ser eficiente no controle desta planta daninha.

 

Controle via herbicidas pré-emergentes

Além do controle via herbicidas pós-emergentes, há a possibilidade de uso de herbicidas com ação pré-emergente.

Flumioxazin: Esse é um herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, sendo utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato ou 2,4 D).

Sulfentrazone: Também é um herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Esse herbicida é utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D).

 

Controle da trapoeraba na pós-emergência das culturas de soja e milho

Na pós-emergência da soja, pode ser utilizado chlorimuron. Se a soja for RR, há a possibilidade de realizar aplicações sequenciais de glifosato.

Já para a pós-emergência do milho, pode-se usar a Atrazina, quando esta tem até 4 folhas. Quando a planta estiver com 2 a 6 folhas, pode-se aplicar o Nicosulfuron na pós-emergência do milho.

 

Conclusão

A trapoeraba possui cada vez mais importância em nossa agricultura. Sua interferência nas lavouras pode ser direta ou indireta, com ambas podendo comprometer a produtividade.

Por isso é preciso conhecer a fisiologia desta planta daninha para que possamos realizar um manejo e controle eficiente da sua presença em lavouras.

Neste controle, o estádio de aplicação e uso da correta tecnologia de aplicação são determinantes na eficiência de controle desta daninha. Em caso de dúvidas o ideal e consultar um profissional da área.

Escrito por Michelly Moraes.

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