As pragas da soja são organismos que reduzem a produção das culturas, seja por atacá-las, por serem transmissores de doenças ou por reduzirem a qualidade dos produtos agrícolas. Neste post vamos abordar as principais pragas e como combatê-las em sua cultura.
Acompanhe, e não fique de fora!
A cultura da soja no Brasil é atacada por inúmeros insetos todos os anos, causando muitos prejuízos ao setor produtivo. O controle tardio e uso incorreto de produtos são a combinação perfeita para causar perdas ao bolso do produtor.
Durante o ciclo de cultivo da soja, muitas plantas daninhas, pragas e doenças podem afetar a produtividade das lavouras.
Mesmo no estádio reprodutivo de desenvolvimento, é preciso estar atento para a manutenção do potencial produtivo que foi obtido pela cultura desde sua emergência. Neste artigo vamos abordar as principais pragas da cultura da soja e como manejá-las.
As 9 principais pragas da soja
São inúmeras as pragas da soja que podem atacar as plantações que, se não forem controladas, podem resultar na perda total das lavouras. Saiba um pouco mais sobre as principais pragas que ocorrem com maior incidência:
- A lagarta da soja (Anticarsia gemmatallis)
- A lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda)
- Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
- Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)
- Mosca branca (Bemisia sp.)
- Percevejo castanho (Scaptocoris spp.)
- Bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus)
- Ácaros verde (Mononychellus planki)
- Corós (Phyllophaga cuyabana)
Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)
A lagarta-da-soja é uma das principais pragas da cultura e possui hábitos noturnos. Durante o dia, no entanto, permanece em áreas sombreadas para se proteger.
Inicialmente, as lagartas apresentam coloração verde-clara e possuem quatro pares de pernas no abdômen, sendo duas vestigiais. Além disso, sua identificação é mais simples do que a da lagarta Helicoverpa, pois conta com três linhas longitudinais claras no dorso.
Entretanto, em condições de pouco alimento ou altas infestações, torna-se de coloração mais escura. Em relação às fases de ataque, a incidência ocorre, principalmente, no início da cultura e durante a floração, exigindo, assim, atenção redobrada.
Danos
Inicialmente, os danos causados por essa praga manifestam-se como raspagens em pequenas áreas das folhas. Contudo, à medida que as lagartas crescem, passam a se alimentar de partes maiores da folha, deixando grandes “buracos” ou, em alguns casos, consumindo-a por completo.
Além disso, a desfolha pode chegar a 100% se a lagarta-da-soja não for monitorada e controlada corretamente. Por isso, a adoção de medidas de manejo preventivas e corretivas é essencial para evitar perdas na lavoura.
Controle
Antes de tudo, é fundamental monitorar constantemente a lavoura para identificar os primeiros sinais da praga. O controle deve ser realizado assim que houver, em média, 40 lagartas grandes por pano-de-batida.
Além disso, quando a desfolha atingir 30% antes da floração e 15% assim que surgirem as primeiras flores, é preciso agir rapidamente para minimizar os danos. Dessa forma, o impacto sobre a produtividade será reduzido significativamente.
Lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda)
A lagarta-do-cartucho é uma espécie canibal e, por isso, geralmente são encontradas poucas lagartas por planta.
Sua coloração varia entre marrom, verde ou preta. Tem, na cabeça, uma listra que se inicia em Y invertido, que facilita muito a sua identificação.
Com um ciclo de vida completado em 30 dias e o número de ovos podendo variar de 100 a 200 por postura/fêmea (totalizando uma média de 1.500 a 2.000 ovos colocados por uma única fêmea).
Danos
Essa espécie penetra no colmo, criando galerias, e causa danos consumindo as folhas. Depois do segundo ou terceiro ínstar, começam a fazer buracos nas folhas, alimentando-se do cartucho e deixando uma grande quantidade de excrementos na planta.
Controle
O manejo da lagarta-do-cartucho deve iniciar com a dessecação da cultura de cobertura para a produção de palha no Sistema Plantio Direto (SPD). Se, durante o plantio for observada a presença de lagartas, deve ser realizada a aplicação de inseticidas para evitar redução do stand de plantas.
Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
A lagarta-elasmo geralmente é cíclica, mas os surtos em soja têm sido frequentes, principalmente em solos arenosos e em anos com estiagem prolongada, na fase inicial das lavouras. O período de ataque começa logo após a germinação da soja, podendo estender-se por 30 a 40 dias.
Muitas vezes o inseto já está presente na área antes da instalação da cultura, sendo necessário ter conhecimento de possíveis infestações em lavouras vizinhas e levar em conta a ocorrência de período de estiagem prolongada.
Danos
Quando pequenas, as lagartas alimentam-se raspando o parênquima foliar. À medida que crescem, perfuram um orifício na planta ao nível do solo construindo aí uma galeria ascendente que vai aumentando de comprimento e largura com o crescimento da lagarta e o consumo de alimento.
Controle
Os solos sob sistema de semeadura direta, por geralmente reter mais umidade, têm menores problemas com a praga. Áreas sem coberturas e que sofreram com fogo na entressafra tendem a apresentar maiores danos por favorecer o desenvolvimento das lagartas.
Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)
No Brasil, a espécie tem se tornado um sério problema fitossanitário na cultura da soja, com vários surtos ocorrendo isolados ou associados à lagarta-da-soja.
Seus ovos são globulares, medem cerca de 0,5 mm de diâmetro e apresentam coloração creme-clara logo após a oviposição e marrom-clara próximo à eclosão. O desenvolvimento embrionário se completa em torno de 2,5 dias.
Danos
As lagartas atacam as folhas, raspando-as enquanto são pequenas, ocasionando pequenas manchas claras; à medida que crescem, ficam vorazes e destroem completamente as folhas, podendo danificar até as hastes mais finas.
Controle
O controle químico desta lagarta quando ocorrendo só ou associada à lagarta-da-soja, deve ser feito quando forem encontradas, em média 40 lagartas grandes por pano de batida, ou se a desfolha atingir 30% até o final do florescimento, ou 15%, tão logo apareçam as primeiras flores. Recomenda-se o uso de produtos registrados para a cultura.
Mosca branca (Bemisia sp.)
A mosca branca, Bemisia tabaci, é um inseto sugador comum em diversas culturas. Embora seja chamada de “mosca”, trata-se de um inseto com características distintas.
Os adultos medem 0,8 mm de comprimento e, embora pareçam ter uma coloração geral branca, apresentam asas brancas e corpo amarelo. Sob condições climáticas favoráveis, o ciclo de vida da mosca branca varia de duas a quatro semanas, o que possibilita a produção de até 15 gerações por ano.
Danos
Primeiramente, os insetos causam danos por sua ação toxicogênica. No entanto, os maiores prejuízos ocorrem devido à transmissão de viroses, principalmente durante o florescimento.
Em culturas como o feijoeiro, a mosca branca transmite o vírus do mosaico dourado e o vírus do mosaico anão. Dessa forma, sua presença é especialmente prejudicial nesse período crítico da cultura.
Controle
Tratamento de sementes com inseticidas carbamatos sistêmicos ou sistêmico granulado no sulco de plantio ou, ainda, pulverizar com fosforados sistêmicos. Uso de armadilhas de cor amarela ajudam a diminuir número de adultos na área.
Percevejo castanho (Scaptocoris spp.)
Percevejo-castanho-da-raiz (Scaptocoris castanea) é um inseto que apesar de ter ocorrência em todo Brasil, no entanto, tem causado frequentes danos a lavoura da região dos cerrados. Essa praga aparece devido ao período chuvoso.
Muitos produtores tem dificuldades de identificá-lo, pois o inseto se aprofunda no solo e no momento do plantio pode estar em profundidades superiores a 30cm.
É uma praga polífaga, isto é, pode atacar diversas culturas como sorgo, milho, soja, algodão e pastagens.
Danos
Ninfas e adultos provocam danos ao possuírem hábito subterrâneo e ao sugarem a seiva das raízes. Esse ataque causa atrofiamento radicular e subdesenvolvimento das plantas.
Controle
O fungo Metarhizium anisopliae apresenta bons resultados no controle biológico. No manejo cultural, a aração e a gradagem expõem os insetos aos predadores e esmagam ninfas e adultos. Entre as técnicas disponíveis, a aração com arado de aiveca demonstra maior eficiência no controle do percevejo-castanho.
Bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus)
O tamanduá ou bicudo-da-soja apresenta difícil controle e tem causado danos significativos às lavouras em vários municípios do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Desde 1984, essa praga tem se intensificado, principalmente em áreas de cultivo mínimo e semeadura direta.
Danos
Primeiramente, o adulto raspa o caule e desfia os tecidos no local do ataque, prejudicando o desenvolvimento da planta. Além disso, quando a população é alta e ocorre na fase inicial da cultura, o dano torna-se irreversível, fazendo com que as plantas morram, podendo, assim, haver perda total de parte da lavoura.
Por outro lado, quando o ataque acontece mais tarde e as larvas se desenvolvem na haste principal, formando galhas, a planta pode quebrar facilmente pela ação do vento e das chuvas, comprometendo ainda mais a produção.
Controle
Acima de tudo, a rotação de culturas é a técnica mais eficiente para o seu manejo, mas deve ser sempre associada a outras estratégias, como plantas-iscas e controle químico na bordadura da lavoura.
Além disso, resultados recentes de pesquisas têm mostrado que há um reduzido percentual de plantas mortas e danificadas e, consequentemente, maior produtividade ao final do período de rotação soja-milho-soja, especialmente quando comparado ao monocultivo de soja.
Ácaro-verde (Mononychellus planki)
Os ácaros são importantes pragas em culturas como algodão, citros, feijão e hortaliças. No entanto, em soja, ocorrem esporadicamente, embora possam atingir populações elevadas e causar danos à cultura.
Além disso, a disseminação do ácaro ocorre pelo vento. Em situações adversas de alimentação e ambiente, os ácaros se penduram por fios de teia e são transportados pelas correntes de ar até outras plantas hospedeiras, ampliando sua infestação.
Danos
Normalmente, esses insetos são encontrados na face inferior das folhas, onde removem o conteúdo citoplasmático das células por meio de seu estilete, comprometendo, assim, o desenvolvimento normal da planta.
Controle
Para evitar prejuízos, devem ser realizadas amostragens nos talhões em que, na safra anterior, foram observados ataques severos da praga, bem como na entressafra.
Além disso, a rotação de cultura, utilizando, por exemplo, milheto, Crotalaria juncea ou mucuna-preta, é uma excelente opção de controle, reduzindo significativamente a incidência da praga.
Corós (Phyllophaga cuyabana)
Os corós são larvas escarabeiformes, ou seja, possuem corpo recurvado em forma da letra “C” e apresentam coloração geral branca, com cabeça e pernas (três pares) marrons.
Além disso, as espécies rizófagas que ocorrem no milho podem atingir de 4 a 5 cm de comprimento quando totalmente desenvolvidas.
Principalmente na safrinha, em lavouras instaladas em semeadura direta sobre a resteva da soja, os danos são mais acentuados. Entretanto, em áreas anteriormente cultivadas com poáceas (gramíneas), a população do inseto geralmente é elevada, aumentando os riscos de perdas na produção.
Danos
Os corós causam danos principalmente ao destruir plântulas, puxando-as para dentro do solo ou impedindo seu desenvolvimento por falta de raízes, levando à morte. Algumas plantas adultas que resistem ao ataque tornam-se pouco produtivas.
O nível de dano crítico dessa praga ocorre a partir de 5 larvas por metro quadrado, exigindo monitoramento constante.
Controle
O controle biológico utiliza fungos entomopatogênicos, como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, além de parasitóides da ordem Diptera, que regulam naturalmente a população da praga.
O preparo do solo com implementos de disco atua como uma alternativa eficiente de controle cultural da larva. Essa prática gera um efeito mecânico sobre as larvas, que, por possuírem corpo mole, ficam expostas à radiação solar e aos inimigos naturais, especialmente pássaros.
O controle químico pode incluir o tratamento de sementes ou a pulverização de inseticidas registrados para a cultura. A aplicação no sulco de semeadura aumenta a eficiência no manejo da praga.
Conclusão
Vimos neste artigo as quatro principais pragas da soja que podem causar danos no momento do plantio como; corós, percevejos-castanhos-da-raiz, lagarta-elasmo entre outros.
Para todas elas é muito importante fazer o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Fazer o monitoramento vai evitar gastos desnecessários com insumos.
Cada praga tem sua peculiaridade, mas, caso necessário, o tratamento de sementes vai contribuir muito para seus controles. Em caso de dificuldade no controle o recomendado é chamar um especialista da área.
Escrito por Michelly Moraes.