O trigo é uma cultura de grande importância econômica e alimentícia, pois faz parte da dieta de praticamente toda a população mundial. Tendo em vista essa importância, preparamos um artigo que irá abordar sobre as fases do trigo, permitindo que o agricultor entenda todo esse processo de desenvolvimento.
Acompanhe!
O trigo é um dos cereais mais consumidos do mundo, junto com o milho e o arroz, situação que torna esse alimento um ingrediente básico na mesa de várias famílias de diversos países.
Atrás apenas do milho, a produção mundial do cereal em 2020 foi de 773 milhões de toneladas, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).
Por ser um alimento básico, utilizado na produção de diversos produtos, o trigo é visto como uma cultura rentável e economicamente estável.
Preparamos este artigo para te ajudar a entender melhor sobre as fases dessa cultura que tem uma grande importância mundial.
Origem do trigo
O trigo é uma gramínea (família Poaceae), herbácea com metabolismo C3. Seu centro de origem e domesticação é o chamado “Centro médio-oriental”, mais especificamente entre os rios Tigre e Eufrates, no “crescente fértil” na antiga Mesopotâmia.
Assim, os primeiros relatos de domesticação do trigo datam de 9.500 a.C. Ele evoluiu de uma gramínea ancestral silvestre comum com outros cereais.
No Brasil, o trigo chegou provavelmente em 1534 com Martim Afonso de Souza, que o introduziu na capitania de São Vicente, no que seria parte de São Paulo hoje.
A adaptação do trigo ao clima brasileiro foi tão rápida e eficiente, que outras regiões do país também começaram a desenvolver suas próprias culturas.
Principais classificações do trigo
O trigo é uma cultura que pode ser classificada de acordo com algumas variáveis que são:
- Espécie;
- Época de plantio (trigo de inverno ou de primavera);
- Dureza dos grãos;
- Tipo de farinha a serem produzidas.
Quanto à espécie do grão, temos 3 espécies, sendo elas Trigo comum (Triticum aestivum L.); Trigo “Durum” (Triticum turgidum L.); Trigo Einkorn (Triticum monococcum L.). Vamos falar abaixo sobre cada uma delas.
Trigo comum (Triticum aestivum L.)
Essa é a espécie mais cultivada no mundo, sendo utilizada para a fabricação de pães. O trigo comum representa 80% da produção mundial, incluindo o Brasil.
Outra espécie bem semelhante ao trigo comum é o T. compactum – ou trigo clube – bastante usado na fabricação de bolos e bolachas não crocante, pois possui menos glúten.
Trigo “Durum” (Triticum turgidum L.)
Essa espécie tem alto conteúdo de glúten, conferindo maior firmeza após cozimento do grão.
O trigo “durum” dá origem à semolina (resultado da moagem incompleta de cereais), sendo por isso indicado para massas, triguilho e cuscuz, além de alguns tipos de pães.
Trigo Einkorn (Triticum monococcum L.)
Considerado como uma espécie ancestral, o Einkorn pode ter dado origem às espécies de trigo cultivadas atualmente.
Embora ainda seja cultivado em regiões específicas do mundo, essa espécie tem despertado interesse por produzir um glúten menos alergênico, sendo adotado para ser uma boa alternativa para os celíacos.
Fases de desenvolvimento do trigo
O ciclo de desenvolvimento do trigo pode ser dividido em três fases: vegetativa, reprodutiva e enchimento de grãos.
Em cada uma das fases, estádios específicos determinam acontecimentos importantes na formação do rendimento de grãos, sob o ponto de vista tanto da quantidade quanto das características de qualidade tecnológica (classificação comercial dos grãos).
(Fonte: Sementes Webber,2019)
O ciclo da cultura de trigo é dividido em 5 fases:
- Plântula: fase em que ocorre a germinação da semente, isto é, a emergência da plantinha na superfície (5 a 7 dias). A partir das emergências dá-se a fase de plântula com o aparecimento das 3 primeiras folhas verdadeiras (12 a 16 dias);
- Perfilhamento: abrem-se as folhas e surgem os perfilhos (7 a 8 unidades). Esta fase dura 15 a 17 dias;
- Alongamento: nessa fase há o aparecimento do primeiro nó do colmo, a planta cresce, aparece a folha – bandeira (última da planta). Esta fase dura 15 a 18 dias, sendo que no final dá-se o emborrachamento;
- Espigamento: emergência completa da espiga, floração, frutificação e início de enchimento dos grãos. Dura entre 12 e 16 dias;
- Maturação: término de enchimento dos grãos, maturação do grão, folhas e espiga secam. Esta fase dura 30 a 40 dias.
Fundamentalmente temperatura, luz e água condicionam a adaptação do trigo a diversas regiões. As variedades de trigo indicam as suas exigências de clima. Em linhas gerais as necessidades são:
- Para emergência
- Temperatura no solo em torno de 15ºC, umidade em torno de 120mm. (50-200mm.).
- Até o perfilhamento
- Temperatura entre 8 e 18ºC, umidade de 55mm./mês (30 a 80mm.).
- Fim do perfilhamento ao espigamento
- Temperatura entre 8ºC e 20ºC e chuvas mensais em 40mm
Fatores afetam o desenvolvimento do trigo
Entenda a seguir o que você precisa fazer para garantir o bom desenvolvimento, rendimento e produtividade da sua lavoura de trigo.
Época de semeadura
A época de semeadura do trigo pode variar conforme o município. Por isso, o recomendado é considerar o zoneamento para a cultura.
Arranjo das plantas
O arranjo da cultura de trigo consiste em como as plantas devem ser distribuídas, considerando a combinação de populações de plantas com o espaçamento entre linhas.
Nesse sentido, a área pode ser modificada pela variação desses dois fatores, o que define a área disponível para cada planta de trigo na lavoura.
Densidade de semeadura
A densidade a ser adotada na cultura de trigo deve considerar a indicação para cada cultivar e região produtora, conforme indicação técnica das instituições de pesquisa e/ou dos obtentores das cultivares.
Espaçamento e profundidade de semeadura
Em relação ao espaçamento, recomenda-se uma distância entre linhas de 17 cm. O máximo é de 20 cm. Já a profundidade de semeadura, por sua vez, deve variar de 2 cm a 5 cm.
Solo
Assim como os demais fatores, a escolha do solo utilizado no plantio também é fundamental. Sendo assim, considere locais com textura média (argiloso e arenosos), profundos, drenados, férteis, pH 6,0, saturação de bases entre 40 e 60%, em áreas planas ou com pouco declive.
Você também deve evitar solos cascalhentos e áreas sujeitas a encharca mento. Já em solos do cerrado, será necessário corrigir a acidez e praticar adubação.
Correção e adubação
Quando se trata de nutrição, o trigo é relativamente exigente.
Desse modo, a cultura necessita de elementos minerais como Nitrogênio (N), Fósforo (P²O²), Potássio (K²0), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Enxofre (S), Boro (B), Cloro (CI), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo) e Zinco (Zn). Dentre esses, os mais requeridos são o Nitrogênio e o Fósforo.
A partir dos resultados e recomendações da análise de solos, têm-se indicações para uso de corretivos de solo (calcário dolomítico ou magnesiano) e fertilizantes diversos.
Irrigação
Geralmente, a exigência de água pelo cultivo do trigo, ao longo do ciclo, depende do seu potencial de produção. Em média, produz-se 8 kg de grãos por milímetro de lâmina de água aplicado.
Dessa forma, para obter uma produtividade de 4.800 Kg/ha de grãos, por exemplo, será necessário uma lâmina de 600 mm de água ao longo do ciclo;
Agora, quanto aos métodos de irrigação para pequenas e médias áreas, as sugestões são:
- Irrigação por aspersão: com conjunto motobomba, tubos e aspersores ou com mangueiras e aspersores;
- Irrigação por superfície: com sulcos em contorno, paralelos às linhas (fileiras) de trigo, tubos janelados levam a água aos sulcos.
Controle de pragas e doenças
Normalmente, a praga mais comum na cultura de trigo é a Broca-do-colo, também conhecida como lagarta-elasmo ou por Elasmopalpus lignosellus, seu nome científico.
Umas das doenças mais comuns nessa cultura é a helmintosporiose (mancha-foliar do trigo), causada pelos fungos Bipolaris sorokiniana (Sacc.in Sorok) Schoem (forma assexuada) e Cochliobolus sativus (Ito e Kurib) Drechs.ex.Dast (forma sexuada).
A helmintosporiose pode aparecer em qualquer fase do ciclo do trigo. Geralmente, os fungos se estabelecem nas folhas, colmo, espigas, grãos e sistema radicular. Com isso é indispensável o monitoramento nas lavouras.
Colheita
A colheita do trigo deve ser feita entre 110 e 120 dias após o plantio. Para reconhecer o momento ideal, observe se a planta atende as seguintes características:
- Coloração amarelada (típica de palha);
- Espiga está começando a dobrar;
- Grãos de trigo estão duros e resistentes à unha.
Conclusão
Como acompanhamos no artigo, a cultura do trigo vai além do prato do brasileiro. Embora não seja produzido em todo país, o trigo é consumido por quase todo território nacional, portanto, a demanda interna não é suprida pela produção. Assim, importamos metade do trigo consumido por aqui.
Neste artigo podemos observar a importância das fases de desenvolvimento do trigo, e os cuidados que precisamos tomar para não afetar essas fases.
E aí, conseguiu entender sobre as fases do trigo? Se você gostou desse conteúdo e te ajudou e esclareceu suas dúvidas. Comente e compartilhe em suas redes sociais!
Escrito por Michelly Moraes.