Dendrometria e inventário florestal são ferramentas e áreas do conhecimento indispensáveis para os que desejam trabalhar com recursos florestais, podendo ser aplicados para os mais variados objetivos.
A dendrometria e seus sinônimos (dasometria, silvimensuração, medição florestal, mensuração florestal e silvimetria) se tratam da mesma área do conhecimento que apresenta ferramentas para a obtenção dados de espécies florestais.
Com esses dados é possível realizar a estimação de recursos florestais de um único indivíduo ou população, seja para fins comerciais ou de pesquisa.
E com acrescente escassez de recursos florestais faz se ainda mais necessário o uso de técnicas e métodos de mensuração de maior precisão, sejam eles madeireiros ou não madeireiros.
Então, seja para um empreendimento florestal a ser implantando ou auxiliar nos processos de comercialização de recursos florestais a dendrometria e os inventários florestais são necessários.
Assim se você quer entender ou relembrar o que é a dendrometria e sua relação com inventários florestais, não deixe de conferir esse texto na íntegra.
O que é dendrometria?
Dendrometria é um ramo da ciência florestal que surge da necessidade humana de medir, estimar e determinar quantitativamente os recursos florestais de uma área.
Onde a própria etiologia do termo aponta para isso, onde dentro referente a árvore e metria é referente a medida.
Quando falamos de dendrometria é indispensável ou recomendo estar em dia com conceitos básicos de matemática e estática.
Assim como saber os aspectos básicos e importantes da biologia da espécie vegetal que se deseja estudar, pois isso contribui tanto para os trabalhos de campo quanto para a formulação das questões do que se deseja avaliar.
Com os objetivos traçados e trabalhando de forma interdisciplinar com essas áreas do conhecimento podemos adequar os parâmetros a serem medidos e suas respectivas técnicas de amostragem.
Alguns desses métodos de amostragem que podem ser utilizados na dendrometria e nos inventários florestais serão abordos em textos futuros.
Mas, mesmo assim vou apresentar aqui duas medidas bem conhecidas e importantes para muitos trabalhos que envolvem a dendrometria e os inventários florestais.
Essas medidas são conhecidas pelas siglas DAP e DAB, onde a primeira é referente ao diâmetro da altura do peito e para o caso da segunda sigla o (B) refere se a basal.
Nesses dois casos com o próprio nome da medida já dá para ter uma ideia de como e onde ela tem que ser tirada.
O que é inventário florestal?
Em uma visão mais simples podemos dizer que inventários florestais são uma ferramenta de “contagem de árvores” em uma dada área.
Mas, inventario florestal é um conceito e ferramenta muito além disso e está fortemente associado a dendrometria.
Assim os inventários florestais podem ser melhor entendidos pela junção das técnicas de coleta de dados quanto aos recursos florestais em uma determinada área. Sejam dados de caráter quantitativos e qualitativos.
Podendo assim facilmente responder perguntas relacionados ao o que tem e quanto tem de recurso floresta na área de interesse.
Para a realização um inventário florestal é necessário se aplicar os conhecimentos e técnicas da dendrometria.
Mas adicionalmente para isso também é importante se ter alguns conhecimentos previstos da área de estática.
Desde coisas mais simples como a definição de uma amostra, repetições mínimas, separação em bloco, até processo mais cuidados e refinados de processamento dos dados.
Pois, estimar qualquer parâmetro que seja é algo que está sujeito a uma série de erros cometidos logo no momento da amostragem.
Sendo o conceito de amostram muito importante para viabilidade de muitas metodologias. Já imaginou ter que literalmente contar todas as árvores de uma área muito extensas, certamente levaria muito tempo.
Mas nada vai adiantar também se sua amostra não for significativa do todo da população que se deseja analisar.
Importância e aplicações da dendrometria e de inventários florestais
Com os avanços de pesquisas e tecnologias nessas duas áreas, os inventários já não se limitam a estimativa de volume de madeira que pode ser aproveitado.
Podem cada vez mais ser aplicada junto a outras áreas do conhecimento, como estudo de conservação, fluxo gênico, biologia reprodutiva, manejo ecológico de recursos florestais, entre outras.
Um inventário florestal deve ser realizadoperiodicamente sendo essencial para o planejamento das atividades a serem realizadas em uma floresta.
Assim como, a importância da dendrometria também está ligada pode estar relacionada a outras áreas do conhecimento. Como a fotogeometria, foto-interpretação, geoprocessamento, silvicultura e o próprio inventário florestal.
O Brasil possui papel de destaque com a crescente preocupação relacionada a questões das mudanças climáticas, como o desmatamentona Amazônia, destruição de ecossistemas e perda da biodiversidade.
O que faz das ferramentas presentes na dendrometria e nos inventários florestais fortes aliadas na mitigação de tais impactos ambientas.
Também em melhores tomadas de decisões eco-sustentáveis.
Conclusão
Espero que após a leitura desse artigo tenha ficado mais claro do que se trata a dendrometria e um inventário florestal, assim como a relação entre eles.
Além de ter conferido as outras áreas possíveis de se aplicar os conceitos e ferramentas da dendrometria e de inventário florestal.
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O inventário florestal consiste no uso de fundamentos da teoria de amostragem para a determinação ou estimativa das características quantitativas ou qualitativas da floresta.
Desde já é uma das atividades mais importantes. Afinal é por meio dele que se avalia o estoque de madeira existente. Dando suporte para tomada de decisões estratégicas e de planejamento das atividades de exploração e do manejo propriamente dito.
Tais como: espécies a explorar, intensidades e ciclos de corte, tratamentos silviculturas a serem conduzidos, necessidade de plantios de enriquecimento.
Portanto, para obtenção de resultados, o inventário florestal conta com as inovações tecnológicas. Absorvendo rapidamente estas novidades. Além de tornar os trabalhos de inventários mais rápidos e precisos.
Representam uma boa economia de recursos financeiros. Tanto para as indústrias como para os profissionais autônomos.
O que é inventário florestal?
Inventário florestal é a aplicação de técnicas de medição para se obter informações das espécies existentes numa determinada área. Com ele se obtém informações a respeito da cobertura vegetal e exprime características qualitativas e quantitativas de espécies distribuídas em florestas.
Um inventário florestal completo pode fornecer várias informações, dentre elas:
Estimativa de área;
Descrição da topografia;
Mapeamento da propriedade;
Descrição de acessos;
Facilidade de transporte da madeira;
Estimativa da quantidade e qualidade de diferentes recursos florestais;
Estimativa de crescimento (se o inventário for realizado mais de uma vez).
Os inventários florestais podem ser classificados em diversos tipos de acordo com seus objetivos, abrangência, forma de obtenção dos dados, abordagem da população no tempo e grau de detalhamento dos seus resultados. De acordo com a descrição a seguir:
Objetivos do inventário florestal
Inventário de cunho tático: são inventários realizados para atender a demanda de uma empresa florestal. Tais como conhecimento da dinâmica da floresta, elaboração de plano de manejo e exploração florestal.
Inventário de cunho estratégico: são utilizados para instruir o poder público na formulação de políticas de conservação. Desenvolvimento e uso dos recursos florestais.
Quanto à abrangência no inventário florestal
Inventário florestal nacional: são inventários extensivos que cobre um país inteiro. Visa fornecer as bases para a definição de políticas florestais e para a elaboração de planos de desenvolvimento e uso das florestas.
Inventário florestal regional: realizado em grandes áreas. Tem como objetivo embasar planos estratégicos de desenvolvimento regional. Adoção de medidas para preservarespécies e também estudos de viabilidade para empresas florestais
E o inventário florestal de área restrita: no geral, têm a finalidade de determinar o potencial florestal para utilização imediata ou embasar a elaboração de planos de manejo. Fundamentais para uma extração legal.
Quanto a obtenção de dados no inventário florestal
Amostragem: constituem a grande maioria dos inventários florestais. Através deste inventário, observam-se apenas uma parte da população e obtém-se uma estimativa dos seus parâmetros. A qual traz consigo um erro de amostragem.
Geralmente é utilizado em grandes populações. Especialmente quando os resultados devem ser obtidos no menor espaço de tempo. Pelo menor custo e com a precisão desejada.
Tabela de produção: constitui a base do manejo florestal. Pois expressa o comportamento de uma espécie ao longo do tempo. Em um determinado sítio, submetida a um regime de manejo definido, desde a implantação até o final da rotação.
Neste método são apresentadas as estimativas dos parâmetros dendrométricos das árvores e dos povoamentos de uma espécie. Por sítio e idade, para um determinado sistema de manejo.
Dessa maneira, pode-se avaliar uma floresta a partir da identificação do sítio, espécie e idade, obtendo-se as informações necessárias diretamente na tabela de produção.
Trabalhos realizados em campo: após o planejamento no qual são definidos os objetivos. Os parâmetros mais importantes do Inventário Florestal e o tipo de amostragem a ser realizado. Parte-se para a execução que compreende a interpretação de imagens e os trabalhos de campo.
Nos trabalhos de campo, as equipes devem ser convenientemente preparadas para a realização de tarefas como a localização das unidades de amostras. E a obtenção das variáveis de interesse.
As mais frequentes variáveis obtidas em campo são:
Altura: a altura considerada é a comercial, que vai da base da árvore até a primeira bifurcação significativa. Esta informação pode ser obtida por meio de qualquer instrumento baseado em relações trigonométricas, como Haga, Blume-Leis e outros.
Diâmetro: o diâmetro é tomado a 1,30 m do solo. Podendo ser obtido por meio de um aparelho chamado suta ou por uma fita diamétrica.
Distância: pode ser empregada a metodologia do Vizinho Mais Próximo (VMP). Que consiste em considerar as distâncias das árvores a pontos pré-determinados e aplicar os processos de mensuração e identificação àquelas que estão mais próximos deles.
Deve-se considerar as árvores mais próximas por classes de diâmetro. Que permitirá melhores inferências sobre a estrutura vertical da floresta.
É necessário medir a distância que vai do centro às árvores mais próximas. Tal distância pode ser medida com trena, sendo importante para o cálculo que cada árvore ocupa dentro do espaço amostral.
Sanidade aparente: diz respeito ao aspecto externo da árvore em que se avalia a qualidade do fuste o qual poderá apresentar características indesejáveis como ataque de insetos, apodrecimentos, ocos ou deformações.
Resultados detalhados
Inventário exploratório: este tipo de inventário é aplicado em geral em grandes áreas em nível de estado ou país.
Inventários florestais de reconhecimento: fornecem informações generalizadas que permitem identificar e delimitar áreas de grande potencial madeireiro. Detectar áreas que sejam passíveis de uso indireto (recreação, lazer), indicar áreas com vocação florestal, dentre outros.
E os inventários florestais de semi detalhe: Este tipo de levantamento é realizado com base nos resultados do inventário florestal de reconhecimento. Sendo suas principais características:
fornece estimativas mais precisas relacionadas aos parâmetros da população florestal;
ter escala compatível com o nível de informações que se quer obter;
permitir a definição de áreas para exploração florestal através de talhões de tamanhos variáveis normalmente entre 10 e 100 ha.
Inventário florestal nacional
O Brasil ocupa aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais cerca de 55% são cobertos por florestas.
Essas florestas têm importância ambiental e socioeconômica para o país. Assim como para o planeta, pela sua contribuição global na oferta de serviços ambientais. Tais como a conservação da biodiversidadee o sequestro de carbono.
Em nível nacional, o uso e a conservação dos recursos florestais são de importância estratégica para o país
Nesta forma o Inventário Florestal Nacional – IFN é uma ação coordenada pelo Serviço Florestal Brasileiro, que visa à produção de informações estratégicas sobre os recursos florestais do país.
Trata-se de um levantamento de dados em campo, em nível nacional. Que trará um conjunto de informações que contribuirão na formulação de políticas públicas e projetos de uso, conservação e recuperação dos recursos florestais.
O IFN está sendo implementado progressivamente em partes do território nacional.
O objetivo principal do IFN
O objetivo principal do IFN é produzir informações sobre as florestas naturais e plantadas, a cada cinco anos. Para subsidiar a formulação de políticas públicas, visando ao uso, à recuperação e à conservação dos recursos florestais.
Os trabalhos de implementação do Inventário Florestal Nacional visam ao cumprimento do Código Florestal, Artigo 71 da Lei Nº 12.651 de maio de 2012. Que preconiza que “A União, em conjunto com os Estados, Distrito Federal e os Municípios, realizará o Inventário Florestal Nacional. Para subsidiar a análise da existência e qualidade das florestas do País, em imóveis privados e terras públicas”.
O IFN produzirá informações sobre aspectos como a estrutura e composição das florestas, estoques de madeira, biomassa e carbono, saúde e vitalidade. Assim como sobre os padrões de mudança desses aspectos ao longo do tempo, pela comparação das estimativas obtidas de medições sucessivas.
Essas estimativas servirão para apoiar a formulação de políticas nacionais e regionais, com base em dados atualizados e confiáveis. Para ajudar a identificar estratégias e oportunidades para o uso sustentável dos recursos florestais e para manter a sociedade informada sobre a situação das florestas do país.
Principais tipos de inventários florestais
Existem vários tipos de inventário florestal, sendo eles classificados como;
Inventário florestal convencional: o tipo mais comum de inventário, é realizado apenas para obtenção do volume total de madeira (estoque);
Inventário florestal continuo: é realizado anualmente em plantios comerciais com objetivo de analisar as mudanças ocorridas na floresta durante certo período de tempo. Permitindo determinar a idade técnica de colheita e gerar dados de modelagem de crescimento e da produção florestal.
Este procedimento faz uso exclusivo de parcelas permanentes, ou seja, ano a ano as mesmas árvores são mensuradas em cada realização do inventário, captando com precisão as mudanças ocorridas na floresta.
Inventário florestal qualitativo: é realizado para avaliar a qualidade dos plantios efetuados pela empresa responsável pela implantação das florestas. Neste caso a amostragem é feita em linha com idade próxima aos 3 meses, obtendo-se o índice de sobrevivência das mudas.
A altura também pode ser um indicador da qualidade do plantio, sendo está avaliada entre 9 a 12 meses. Plantios mais homogêneos apresentam menor variabilidade entre as alturas.
Inventário de sobrevivência: realizado logo após o plantio para identificar a taxa de sobrevivência das mudas e determinar se existe a necessidade da realização de um replantio ou outros tratos silviculturas.
Inventário pré-corte: é realizado antes da colheita florestal, com alta intensidade amostral objetivando determinar o estoque de madeira com maior precisão.
No caso de empresas é realizado nos talhões definidos pelo plano de corte, porém pode ser realizado em toda a floresta, principalmente para produtores rurais que pretendem comercializar a madeira com base nas informações obtidas através deste inventário.
Inventário para planos de manejo sustentável: extremamente necessário para a elaboração de um Plano de Manejo de florestas inequiâneas, possui alto grau de detalhamento.
Inovações tecnológicas no inventário florestal
Nos últimos anos diversas novidades tecnológicas vêm sendo apresentadas permitindo que os inventários florestais sejam realizados de forma mais ágil e eficiente.
Alguns exemplos dessas tecnologias são o uso de tabletes na coleta de dados em campo, aplicativos para coleta de dados, sensores, sistema de monitoramento online e inteligência artificial.
Especialistas afirmam que mesmo investindo em equipamentos e tecnologias. Os custos da medição do inventário acabam ficando entre 20% e 50% mais baratos que o método convencional devido a agilidade que se consegue alcançar no inventário florestal.
Tablets na coleta de dados em campo
Diversas empresas florestais utilizam tablets ao invés da tradicional prancheta. Atualmente existem no mercado tablets robustos como o Tab Active 2 da Samsung. Que possuem maior durabilidade em campo, baterias com mais capacidade e resistência à quedas, exposição ao sol, chuva, lama e poeira.
Aplicativos para coleta de dados
Os aplicativos de coleta ajudam a prevenir erros pois são otimizados para interpretar os dados que são inseridos pelos operadores, visto que são considerados os valores das medições anteriores para que não seja possível a inserção acidental de medidas absurdas.
Desta forma, o sistema “aprende” baseado nas informações da população qual o range de dados esperado, evitando ainda no campo, que dados errados sejam coletados.
Sensores
Boa parte da tendência tecnológica consiste na utilização de sensores de diversos tipos, colocados no campo e conectados com a internet. Também usa-se drones e até dados de satélites para obter informações da floresta.
Essas tecnologias funcionam de maneira autônoma, ou podem ser controladas remotamente. E ainda possuem taxas de atualização da informação muito maiores. Com dados semanais, diários e, em certos casos, diversas vezes no mesmo dia.
Sistemas de monitoramento online
Integram diversas ferramentas, como as citadas acima, numa plataforma para acompanhamento online. Esses sistemas podem combinar dados de maneira a criar uma visão geral do ativo florestal para que o gestor possa monitorar o andamento das equipes que estão em campo. O desenvolvimento das árvores, gerar relatórios técnicos, planejar intervenções, entre outras atividades, sem a necessidade de se locomover até a floresta.
Inteligência artificial
Redes neurais artificiais (RNAs) são sistemas massivos e paralelos, compostos por unidades de processamento simples que computam determinadas funções matemáticas (Braga et al., 1998).
Utilizando um conjunto de exemplos apresentado, as RNAs são capazes de generalizar o conhecimento assimilado para um conjunto de dados desconhecidos.
Elas têm, ainda, a capacidade de extrair características não explícitas de um conjunto de informações que lhes são fornecidas como exemplos.
Um projeto de redes neurais consiste em pré-processamento, processamento e, por fim, um pós-processamento dos dados.
Os problemas tratáveis por meio de redes neurais podem ser divididos em três tipos principais:
Aproximação de função
Classificador de padrões
Agrupamento de dados
Um exemplo de aplicação dessas inovações é a empresa Eldorado Brasil, uma indústria que tem adotado modernas práticas de mercado ao utilizar a inteligência artificial no inventário florestal. A companhia iniciou testes com a tecnologia de Redes Neurais Artificiais (RNA) no inventário florestal, permitindo estimativas quantitativas e qualitativas das árvores de eucalipto, de maneira mais eficiente e precisa.
Desenvolvido pela Eldorado a partir de um convênio com alunos de doutorado e pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, a empresa está utilizando RNA para três aplicações principais: redução de tempo na medição da altura de árvores, da forma das árvores e no número de parcelas de inventário por área de plantio.
Com isso diminuíram o custo na coleta de informações e melhoraram a assertividade das estimativas geradas.
Observando as ferramentas citadas acima como um todo, tem-se um cenário em que um sistema online para monitoramento do ativo florestal, que permite gerar ordens de serviço, e conta ainda com o uso de tabletes robustecidos, beneficia tanto a um gestor quanto um operário em campo, que tem acesso a uma ferramenta digital para agilizar seu trabalho.
Como elaborar um projeto de inventário florestal
O inventário florestal nacional tem abrangência sobre todo o território brasileiro, para reportar informações sobre os recursos florestais. O projeto está estruturado em cinco componentes. Sendo eles:
Profissional;
Tabela de produção
Coleta no campo;
Processamento de dados;
Interpretação de dados e escrita;
Profissional
É importante ter um profissional habilitado para tal. Uma vez que o inventário florestal não é simples como pode parecer no primeiro momento.
Os profissionais requisitados são os engenheiros florestais. Mas há casos específicos em que engenheiros agrônomos e biólogos também podem fazê-lo, onde se especializam na área através de uma pós-graduação.
Análise da área
É importante o objetivo do seu inventário estar bem claro. E um inventário florestal com o objetivo de corte raso na área?
Vou fazer um plano de manejo ou alguma outra atividade extrativista sustentável?
Qual a fitofisionomia da área (cerrado, floresta amazônica, etc)?
Tem bons acessos à área-alvo?
O que a legislação me solicita?
Uma boa análise da área perpassa pela coleta de dados secundários (disponíveis em outros meios) e dados primários (coletados).
Portanto, recomenda-se que o profissional contratado tenha conhecimentos em SIG/Geoprocessamento. Para maior assertividade do planejamento.
Lembrando que o mapeamento permitirá as estimativas envolvendo diferentes tipologias florestais e suas respectivas áreas. Sendo de extrema importância para o monitoramento da cobertura florestal.
Tabela de produção
Constitui a base do manejo florestal, pois expressa o comportamento de uma espécie ao longo do tempo. Em um determinado sítio, submetida a um regime de manejo definido, desde a implantação até o final da rotação.
Neste método são apresentadas as estimativas dos parâmetros dendrométricos das árvores e dos povoamentos de uma espécie, por sítio e idade, para um determinado sistema de manejo.
Dessa maneira, pode-se avaliar uma floresta a partir da identificação do sítio, espécie e idade, obtendo-se as informações necessárias diretamente na tabela de produção.
Amostragem
Após o planejamento no qual são definidos os objetivos, os parâmetros mais importantes do Inventário Florestal e o tipo de amostragem a ser realizado. Parte-se para a execução que compreende a interpretação de imagens e os trabalhos de campo.
Essa fase, serão necessários os equipamentos de campo (fita métrica, suta, hipsômetro, prancheta, GPS, máquina fotográfica, etc), vestimenta adequada ao clima/localidade e veículo para deslocamento.
Nos trabalhos de campo, as equipes devem ser convenientemente preparadas para a realização de tarefas como a localização das unidades de amostras, e a obtenção das variáveis de interesse. As mais frequentes variáveis obtidas em campo são:
Altura: a altura considerada vai da base da árvore até a primeira bifurcação significativa. Esta informação pode ser obtida por meio de qualquer instrumento baseado em relações trigonométricas. Como Haga, Blume-Leis, dentre outros.
Diâmetro: o diâmetro é tomado a 1,30 m do solo, podendo ser obtido por meio de um aparelho chamado Suta ou por fita diamétrica.
Distância: pode ser empregada a metodologia do Vizinho Mais Próximo (VMP). Que consiste em considerar as distâncias das árvores a pontos pré-determinados e aplicar os processos de mensuração e identificação àquelas que estão mais próximos deles.
Deve-se considerar as árvores mais próximas por classes de diâmetro. Que permitirá melhores inferências sobre a estrutura vertical da floresta. É necessário medira distância que vai do centro às árvores mais próximas, sendo que essa distância pode ser medida com trena.
Processamento dos dados
É importante saber qual a ferramenta você utilizará para processar estes dados. Sendo algumas das opções disponíveis sendo elas;
Editores de planilhas sendo o mais comum o Microsoft Excel, os editores de planilhas são importantes por facilitarem a digitação dos dados coletados em campo e inserção das fórmulas estatísticas;
Software Mata Nativa é o software que realiza todos cálculos de inventário florestal e análise fitossociológica, com aplicação efetiva em todos os biomas brasileiros.
Além do software ele possui uma versão para dispositivos móveis. Que agiliza a coleta de dados em campo e elimina o processo de digitação das fichas de campo. Diminuindo o tempo de elaboração do projeto e consequentemente reduzindo o custo do inventário florestal.
O software permite, dentre muitas análises, realizar diagnósticos qualitativos e quantitativos de formações vegetacionais, análises fitossociológicas completas, elaborar inventários e planos de manejo, monitorar a floresta através de inventários contínuos acompanhando o crescimento e desenvolvimento das espécies e analisando as características de valoração e exploração florestal.
Treesoftware empresa com soluções que englobam a área de inventário florestal. A empresa também possui solução mobile, facilitando a vida de quem atua no campo.
Interpretação dos dados e escrita no inventário florestal
A coleta de dados no inventário florestal é um processo minucioso que quando realizado através de anotações em fichas de campo. Requer tempo, tanto para anotações quanto para digitalização dos dados obtidos.
A interpretação dos dados é um profissional habilitado ter sido contratado é o diferencial. Pois neste momento será feita toda a interpretação dos dados colhidos e processados. Seguido da escrita, na qual irá descrever detalhadamente o que os dados significam. E como eles devem ser aplicados para se alcançar o objetivo definido logo no início do projeto.
Conclusão
Dessa forma, entende- se que o processo de inventário florestal é realizado de maneira amostral. Ou seja, são delimitadas frações da floresta, também chamadas de parcelas amostrais. E a partir destas parcelas, é realizada a coleta das informações de todas as árvores que estiverem dentro da área delimitada.
As informações coletadas como o diâmetro a altura do peito (DAP) e a altura total das árvores servirão posteriormente de entrada em modelos matemáticos e estatísticos para obtenção de diversas variáveis de interesse florestal. Dentre elas o volume das árvores em m³, que depois serão extrapoladas para o ativo como um todo.
Portanto são de extrema importância., pois são eles que ditam quão saudável está o crescimento florestal, bem como a taxa de rentabilidade do ativo.
Logo, isto significa que quanto mais informações forem obtidas em campo. Maior será o conhecimento do gestor ou investidor acerca de seu ativo. Fazendo com que intervenções na florestas ocorram de maneira mais precisa, efetiva e assertiva.
Assim, como a maior parte das inferências sobre o ativo florestal. Acontecem em cima de informações coletadas em campo. Torna-se imprescindível realizar um bom treinamento das equipes de coleta, e ao mesmo tempo garantir que tais equipes estejam equipadas com as melhores tecnologias e instrumentos de medição.
As formações naturais abrigam uma grande diversidade de espécies animais e vegetais, sendo assim, são de importância significativa no âmbito social, ambiental e econômico. As florestas se caracterizam por possuir uma biodiversidade significativa e uma complexidade oriunda de diversos mosaicos vegetais decorrentes de mudanças temporais e locais dos ambientes. Além dos recursos naturais disponíveis, muitos são os serviços ecossistêmicos gerados por esses ambientes, que também são fonte de produtos madeireiros e não madeireiros, fornecendo subsídios necessários para as comunidades que vivem no entorno.
Para mensurar os recursos disponíveis é empregado o inventário florestal fornecendo um conjunto de informações, que se enquadram em características quantitativas e qualitativas. As métricas quantitativas subsidiam análises como a estrutura horizontal e vertical, potencial produtivo, fitossociologia, estoque de carbono, entre outros. Em relação as métricas quantitativas podemos abordar sobre florística, sanidade, características edafoclimática, atributos funcionais, entre outros. Nesse sentido, qual a importância de se conhecer os atributos funcionais das espécies em uma floresta?
O que são os Atributos Funcionais?
O manejo adequado de uma floresta propicia a conservação dos recursos presentes, bem como a prestação dos serviços ecossistêmicos, e neste contexto, os atributos funcionais vêm sendo utilizados como base para o entendimento da influência dos organismos e comunidades biológicas. Estes atributos são considerados como ferramentas que subsidiam a descrição e o entendimento das alterações que ocorrem em uma comunidade. Assim, uma característica funcional pode ser em função da resposta que o organismo dá pelo ambiente (característica resposta) ou pelos efeitos que provoca nos serviços ecossistêmicos (característica de efeito).
Os atributos funcionais são conceituados como características de um organismo que são ditas como relevantes no que diz respeito às respostas ao ambiente. Tais características estão associadas com o crescimento, reprodução e sobrevivência de um indivíduo e assim, influem diretamente nas taxas de dinâmica e possibilidades de existência e coexistência de uma ou mais populações. Em relação as espécies vegetais, os atributos funcionais podem ser características morfológicas, ecofisiológicas, fenológicas, genéticas, bioquímicas e de regeneração. Estes atributos estão associados a duas estratégias: aquisitiva, que refere ao mecanismo de maximização dos recursos e conservativa, que se refere a maximização na eficiência do uso dos recursos.
Coleta de dados
A obtenção dessas informações é realizada com a coleta de maneira especifica para cada característica. Por exemplo, alguns são classificados por meio da literatura, outros podem ser coletados em campo, com a mensuração de folhas, caule, raízes, madeira. Dentre os atributos mais comuns, temos: o hábito das plantas (árvore, arbusto ou erva), altura, área foliar específica, deciduidade, densidade da madeira, massa de semente, espessura da casca, modo de dispersão e polinização. Contudo é importante se observar qual objetivo de coletar determinada característica, sendo que cada atributo tem uma resposta em determinado ambiente. A exemplo, a massa de sementes está relacionada a sobrevivência da espécie e a área foliar a capacidade fotossintética.
O dimensionamento dos efeitos dos atributos nos processos e serviços ecossistêmicos é definido pela diversidade funcional. Tal parâmetro está intrinsecamente relacionada com o desempenho e a preservação dos processos ecológicos de uma determinada comunidade. Assim, áreas que exibem uma alta diversidade funcional tendem a apresentar uma maior resistência, resiliência e consequentemente produtividade. Para exemplificar, considerando duas comunidades (A e B) com o mesmo número de espécies: se todas as espécies vegetais em A forem dispersas por aves, enquanto em B forem dispersas por mamíferos, aves, lagartos e pelo vento, apesar de ambas possuírem o mesmo número de espécies, B será mais diversa por apresentar espécies funcionalmente diferentes no que se refere ao tipo de dispersão.
Formas de medição da Diversidade Funcional
A diversidade funcional pode ser medida de forma categórica ou contínua, sendo que a diferença entre as alternativas está atrelada com a quantidade de informações e forma que é empreendida. As medidas categóricas são consideradas como as mais comuns e são dadas em função de grupos funcionais que estão representados na comunidade. Em relação as medidas contínuas, estas se diferem das categóricas por não considerar os grupos funcionais e sim o espaço n-dimensional que cada espécie ocupa. Assim, as medidas contínuas podem ser de dois tipos: medidas que consideram uma característica funcional ou que considera vários atributos funcionais ao mesmo tempo.
Cite-se, os parâmetros mais empregadas são: Diversidade de atributos funcionais (FAD) que é designada como a soma da distância das espécies na comunidade; riqueza funcional (Fric) que refere-se ao volume que uma espécie ocupa no espaço funcional; uniformidade ou equitabilidade funcional (Feve) que está relacionado com a distribuição da abundância ocupada pelo nicho, em outras palavras, é o somatório da distância da árvore que liga os pontos no espaço tridimensional; divergência funcional (Fdiv) que representa a dissimilaridade funcional em valores de característica que existe dentro de uma comunidade, isto é, considerando o centro da gravidade pesado pela abundância será representado pelo desvio da distância média; dispersão funcional (FDis) que é definido como a distância no espaço funcional, deslocada pelo centroide da espécie mais abundante.
Apesar de existirem muitos estudos sobre esse tema, muitas vezes, pouco se sabe do papel funcional em determinado ambiente ou local. Por isso, é relevante que se aborde sobre a temática e que na realização do inventário florestal sejam levantadas essas informações. Tais características, permitem conhecer a função que determinada espécie exerce sobre o seu habitat e como esse atributo pode mudar no decorrer do tempo.
Você sabe quais são os 4 maiores motivos de mortalidade no inventário de qualidade. O plantio é o primeiro passo em campo para se estabelecer uma floresta, tanto de produção quanto de proteção ou recuperação de áreas degradadas, portanto, todos os cuidados devem ser dados a esta etapa para evitar futuros problemas e gastos desnecessários.
O inventário de qualidade, realizado de 7 a 15 dias após plantio, é o primeiro ponto de controle que o a floresta recebe. Nele busca-se avaliar a qualidade do plantio e quantificar o índice de mortalidade presente, visando estabelecer zonas necessárias de replantio, garantindo assim uma floresta homogênea no futuro.
O replantio é necessário quando o índice de mortalidade ultrapassa o critério de sobrevivência estabelecido, ou seja, o replantio será necessário caso o índice de mortalidade justifique a operação de replantio. Na prática se realiza replantio quando no período de 15 a 30 dias após o plantio, o índice de mortalidade ultrapassar 5%.
1 – Qualidade e sanidade das mudas
As mudas utilizadas devem possuir parâmetros morfológicos (altura; diâmetro; pares de folhas; raízes novas) adequados para que elas sobrevivam as condições adversas do campo, bem como capacidade de rápido estabelecimento.
As características morfológicas variam de acordo com as espécies, sendo necessário observar os parâmetros para cada espécie. Contudo, de forma geral utilizam-se os seguintes parâmetros, 20-30 cm de altura; 3-4 mm de diâmetro, pelo menos um par de folhas maduras e com raízes novas aparentes. É importante ressaltar que devem ser observadas as relações entre altura e diâmetro, evitando mudas muito altas e com diâmetro muito estreito, o que causa uma instabilidade da muda resultando no tombamento da mesma.
Outra característica fundamental é a escolha de mudas de saudáveis. Evitem mudas com murchas, manchas enegrecidas, pústulas amareladas, estreitamentos na base do coleto, pois estas podem estar com sintomas de doenças bióticas e/ou abióticas. A presença dessas doenças prejudica o potencial de sobrevivência em campo.
2 – Erros no plantio
São erros ocasionados por falta de perícia na hora de se executar o plantio. Os principais erros neste momento são:
Erros na abertura de covas: A cova (ou berço) é o local onde a muda será plantada. É utilizada como uma área de solo preparada, ou seja, revolvida e livre de impedimentos para o crescimento inicial das raízes da muda. Caso a cova seja muito rasa, não comportará a muda de maneira adequada.
Contato da raiz com o adubo: Quando se utiliza a adubação de plantio aplicada no fundo da cova e caso o adubo utilizado seja salino, se faz necessário evitar o contato direto do adubo com a raiz da muda. O contato do adubo com a raiz causa a murcha e seca da planta, pois o adubo por ser salino, cria uma zona de concentração de solutos que aliado com a permeabilidade da membrana plasmática das células faz com que a água presente na planta seja drenada pelo efeito de osmose. Logo o adubo em alta concentração em contato com a raiz das plantas causam morte por dessecação. Evita-se isso misturando o adubo com o solo presente na cova.
Plantar torto: A técnica correta de plantio requer que a muda seja colocada reta e no centro da cova, evitando assim deformações no sistema radicular e que ela encontre resistência de crescimento em qualquer direção. Outro erro comum é “afogar” o coleto (enterrar a parte entre o caule e o início das raízes). Essa região é muito ativa biologicamente e sensível a mudanças de temperatura, quando se enterra dificulta assim a troca gasosa e aumenta a temperatura no tecido causando prejuízos ao crescimento da muda.
3 – Seca
A melhor época para o plantio é durante as estações chuvosas e quentes, pois a irradiação do sol e a disponibilidade de água são fundamentais para realizar a fotossíntese e os processos fisiológicos. Outro componente ambiental que influencia na eficiência das reações químicas é a temperatura, quanto mais elevada, maior será a atividade enzimática. Logo o verão e a primavera do hemisfério Sul são as estações do ano que as plantas mais crescem. Entretanto, é comum ouvir na prática o termo “Veranico”, que significa uma estiagem (falta de chuvas) no meio das estações chuvosas.
Os veranicos são especialmente prejudiciais para a sobrevivência das mudas em campo, pois com as elevadas temperaturas e solo seco, a planta atua como um “canudo”, pois com a atmosfera com baixa umidade cria um elevado potencial hídrico, retirando assim a umidade das plantas através da transpiração e evaporação, e a planta por consequência drena do solo a água disponível. Caso não chova, ou não haja irrigação, a planta pode chegar a um estado de murcha permanente, no qual é irreversível, pois foram rompidas estruturas importantes para a sobrevivência da planta.
Portanto, para se evitar a seca algumas medidas podem ser tomadas:
Plantar na estação chuvosa: Observar a previsão climática e plantar em dias que há uma elevada chance de precipitação.
Criar uma bacia: Criar uma pequena bacia de contenção de água ao redor das mudas, para aumentar a eficiência de percolação (entrada de água no solo) ao redor da muda.
Irrigação: Caso o clima não esteja favorável, ou o plantio passou por um veranico, é imperativo a irrigação a fim de se evitar altas taxas de mortalidade. Recomenda-se 5 litros de água por planta, sendo realizada a cada 2/3 dias.
Utilizar gel hidroretentor (hidrogel): O hidrogel, ou gel de plantio, possui a capacidade de aumentar a retenção de água próximo a raiz das plantas, sendo que esta fica mais facilmente disponível para o consumo da planta. Esta tecnologia facilitou muito o plantio em estações secas do ano, já que o uso do hidrogel reduz a frequência de irrigação.
É importante ressaltar que o uso do hidrogel sem as devidas irrigações não é recomendado, uma vez que ele possui somente a função de reter a água próximo do sistema radicular, logo é necessário fazer as irrigações.
4 – Ataque de insetos
A maior praga nos plantios florestais é a formiga cortadeira. Durante todo a ciclo das culturas florestais as formigas são constantemente uma ameaça de danos econômicos exigindo rondas e controles frequentes a esses insetos. Contudo é durante o plantio e o primeiro ano da cultura que os maiores danos podem ser observados, pois um pequeno formigueiro pode cortar (no ato de forragear as folhas) diversas mudas em questões de horas.
Esse ataque é mais voraz em mudas por duas grandes razões, o pequeno porte e por consequência um menor número de folhas, e por serem tenras e mais atrativas para as formigas. Portanto a recomendação é que o combate a formigas seja realizado antes do preparo da área e adote a politica de zero formigueiros durante o plantio e meses seguintes, a ponto de evitar que haja danos e mortalidade de mudas.
O combate pode ser realizado de diversas maneiras, sendo o mais usual a aplicação de iscas granuladas nos carreiros e olheiros de alimentação, sendo que este método é muito eficiente na eliminação de formigueiros todos os portes. É importante ressaltar que o combate é necessário nas áreas de entorno do plantio também.
Outro grande problema é o ataque de cupins, os quais causam danos no sistema radicular e no coleto das mudas, prejudicando a absorção de água e nutrientes, bem como seu transporte. O combate ativo é extremamente dificultado, uma vez que as espécies de cupins problemáticas normalmente constroem suas colônias no subterrâneo. Logo é recomendado que as mudas utilizadas para o plantio passem por um tratamento com cupinicida ainda em viveiro, sendo o sistema radicular tratado com a solução, dessa forma evitando o ataque as mudas.
Uma metodologia automatizada permite realizar em três horas a medição de volumes de madeira em florestas que, de forma manual, levaria três semanas para ser realizada. Aplicável a diferentes demandas do manejo de florestas, a tecnologia desenvolvida pela Embrapa possibilita o uso de drones para fazer inventário de florestas, coletando dados em grandes extensões. A partir de combinações de imagens aéreas sequenciais é possível obter modelos 3D de alta precisão, com maior rapidez e baixo custo, para diferentes finalidades. A metodologia já auxilia técnicos do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) no monitoramento de concessões.
O uso de drones no manejo florestal é uma tendência do processo de automação do setor, iniciado há mais de uma década, e que ganhou celeridade com a chegada das geotecnologias para o planejamento da atividade. Segundo o pesquisador da Embrapa AcreEvandro Orfanó, as geotecnologias viabilizaram tarefas que não eram realizadas em função das dificuldades de acesso ou por serem excessivamente demoradas e onerosas.
O volume de toras é calculado quase automaticamente
“O mapeamento de florestas de forma manual é demorado e de alto custo. Com o uso de drones para fazer inventário de florestas, o procedimento poderá ser realizado em minutos, com investimentos reduzidos e resultados altamente confiáveis. É possível fazer um diagnóstico de diferentes aspetos do manejo florestal, em uma escala de centímetros, e visualizar detalhes antes impensáveis”, afirma o cientista.
As pesquisas para desenvolvimento da metodologia com drones iniciaram em 2015 com o objetivo de encontrar uma alternativa tecnológica para calcular o volume de madeira extraído da floresta (cubagem das toras), com redução da morosidade e incertezas do levantamento tradicional, problemas comuns no ramo madeireiro em diversas localidades da Amazônia.
Os testes em campo aconteceram em pátios de estocagem de empresas do Acre e Rondônia, sempre comparando com o método manual. Foram testados diferentes níveis de ajuste da metodologia automatizada de levantamento de estoques de madeira, para avaliar o grau de precisão das informações sobre a produção.
Para medir a madeira estocada, o drone sobrevoa os volumes empilhados e captura imagens que possibilitam obter medidas precisas de cada tora. Inicialmente a metodologia foi testada em mil metros cúbicos de madeira, em Rio Branco (AC). No método tradicional, cinco técnicos trabalharam durante sete dias para medir as toras, com uso de trena, anotar o diâmetro, o comprimento e calcular o volume individualmente.
“Com o uso de drone, a medição foi feita em apenas dez minutos, com diferença de meio porcento nos quantitativos apurados. Esse resultado representou um salto na atividade, por reduzir drasticamente o tempo de trabalho, com margem de erro quase zero”, conta Orfanó.
Os testes realizados na Floresta Nacional do Jamari (RO), em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão responsável pelo monitoramento de florestas manejadas em regime de concessão pública, confirmaram a eficiência da metodologia com drone na cubagem de madeira.
Para calcular a volumetria de 25 mil metros cúbicos, o equivalente a aproximadamente 800 caminhões de madeira em toras, foram necessários 16 minutos de sobrevoo e três horas de processamento das informações coletadas. “Manualmente, a atividade demandaria 21 dias de trabalho com, no mínimo, três profissionais”, diz o pesquisador.
Tecnologia agiliza vistorias florestais
Atualmente, o Brasil possui um milhão de hectares de floresta em regime de concessão pública, localizados nos estados de Rondônia e Pará, operacionalizados por meio de 17 contratos que produzem 175 mil metros cúbicos de madeira por ano, conforme dados do SFB. Essa produção é registrada pelas concessionárias no Sistema de Cadeia de Custódia da instituição.
De acordo com José Humberto Chaves, gerente de monitoramento e auditoria florestal do SFB, o uso de drones para fazer inventário de florestas proporcionou um salto na agilidade do processo de vistoria nos pátios de estocagem das concessionárias, com ganhos significativos em produtividade nas rotinas de monitoramento.
“Na medição tradicional, tínhamos dificuldade para fazer uma amostragem significativa da produção. A cada vistoria de três dias conseguíamos medir cerca de 150 toras. Com a metodologia com drone medimos o pátio inteiro, com até 24 mil metros cúbicos de madeira, em poucas horas de trabalho e conseguimos confrontar o resultado com a produção declarada pelas empresas no nosso sistema de rastreabilidade com maior segurança”, ressalta.
Na opinião do gestor, realizar o processo de cubagem de madeira com drone otimizou o tempo de trabalho e simplificou a atividade, que agora pode ser realizada por apenas uma pessoa, com redução de gastos com mão de obra e mais qualidade das informações geradas. “Com isso, as equipes de monitoramento têm mais tempo para atuar em outras operações de campo, como a instalação de parcelas permanentes e checagem da qualidade das estradas. Adotar a metodologia com drone trouxe vantagem também para as concessionárias, uma vez que a medição da madeira nos pátios de estocagem pode ser feita a qualquer tempo, sem a necessidade de interrupção das rotinas da empresa”, acrescenta.
Como a metodologia funciona
A metodologia com drone funciona com apoio de receptores GNSS (Sistema de Navegação Global por Satélite) instalados em solo e por meio de softwares específicos de processamento. As fotos aéreas produzidas por esses equipamentos são processadas e interpretadas com uso da fotogrametria digital, técnica que permite extrair formas, dimensões e posição dos objetos fotografados, já utilizada em projetos aeroespaciais, automobilismo, medicina e outras áreas.
Algoritmos de identificação de características das imagens constroem uma nuvem de pontos tridimensional do objeto sobrevoado, de onde são extraídas informações de volume, no caso de pilhas de madeira. “Para a programação dos planos de voo são usados parâmetros de sobreposição frontal, lateral e altura de voo adequados aos objetivos dos levantamentos aéreos e, ao assumir a função autônoma, o drone coleta os dados previamente definidos. A execução de levantamentos aerofotogramétricos com drones requer autorização de voo pela Agencia Nacional de Aviação Civil (Anac)”, esclarece Orfanó.
As alternativas de uso da tecnologia vão desde pacotes empresariais que exigem drones de alto padrão associados a computadores potentes que custam entre R$ 15 mil e R$ 200 mil, até versões simplificadas que utilizam um drone de baixo custo para o sobrevoo e enviam as imagens coletadas para uma nuvem de dados na internet, administrada por empresas de tecnologia, nas quais são processados e remetidos para o computador. “Independentemente da versão utilizada, a análise é feita a partir dos dados coletados, com base nos objetivos previstos. Por isso é importante programar bem o plano de voo para garantir a precisão das informações”, recomenda o pesquisador.