Você sabe realizar uma amostragem de solo corretamente? Neste artigo você encontrará todas as informações, além de saber a importância da avaliação da fertilidade do solo para o agricultor. Venha comigo!
A amostragem de solo é o método que permite conhecer, antes do plantio, a necessidade e a capacidade do solo em suprir e disponibilizar os nutrientes que as plantas precisam para se desenvolverem.
O agricultor tem a necessidade de enriquecer o solo e repor os nutrientes para garantir o bom desenvolvimento na cultura desejada. No entanto, fazer qualquer aplicação aleatória de fertilizantes não significa que estará suprindo de fato a demanda da cultura. Por isso, é necessário saber a carência nutricional do solo.
Com tudo se a coleta da amostragem do solo não for bem feita, o resultado analítico não indicará as reservas reais do solo. Os insumos recomendados e aplicados não alimentarão adequadamente a cultura e a produção obtida seguramente deverá ser menor do que a produção planejada ou desejada.
Benefícios da amostragem de solo
A realização da amostragem e da análise de solo trazem diversos benefícios ao produtor, dentre eles:
- O aumento da produtividade, por meio da identificação de nutrientes ou fatores químicos que estão abaixo do nível ou limitando o crescimento das plantas;
- O uso eficiente e em quantidades adequadas de fertilizantes para os diferentes tipos de solos e culturas, evitando o desperdício e a aplicação desnecessária;
- A redução de custos com fertilizantes, corretivos e agrotóxicos;
- E a maior lucratividade.
5 passos para coletar amostras do solo
Para a amostragem de solo, primeiramente deve-se reconhecer a existência de variabilidade espacial na área a ser amostrada. E assim escolher a estratégia de pontos de coleta. A qualidade da amostragem é extremamente importante. Pois é a principal fonte de informações para correções de solo (aplicação de calcário, por exemplo) e para adubações das culturas que sucederão na área.
Para realização da correta amostragem do solo, alguns questionamentos frequentes devem ser considerados;
1. Divisão e seleção de glebas
A divisão e seleção de glebas é fundamental para sucesso na coleta de amostras. A área total (heterogênea) pode ser dividida em glebas (homogêneas) delimitadas e dimensionadas de acordo com alguns aspectos de maior relevância. Uma vez que se entende que normalmente as áreas não são homogêneas.
Dentre esses aspectos, têm-se: coloração e textura do solo, relevo, histórico de manejo, matéria orgânica, nível de nutrientes, cobertura vegetal e produtividade.
Exemplo de separação de glebas e caminhamento em zigue-zague para coleta.
(Fonte: Agropós, 2020)
Dentro de cada gleba, deve-se realizar a extração de amostras simples, retiradas em pontos representativos da área, através de um caminhamento em zig-zag. Ressalta-se que antes da coleta é necessário a retirada da vegetação ou partes mais superficiais do solo.
2. Época da amostragem de solo.
As amostras apresentam resultados distintos conforme a época do ano. Assim, não é indicado realizar a coleta em períodos excedentes ou de stress hídrico. Pela dificuldade de amostragem em solos muito secos ou encharcados.
Solos extremamente molhados são difíceis de coletar e misturar às amostras; portanto, é melhor esperar a drenagem dos solos antes da amostragem. Por outro lado, solos muito secos são normalmente difíceis de realizar as amostras. Não se deve esquecer que a umidade do solo não afeta os resultados do teste, uma vez que as amostras são secas antes de serem analisadas.
De maneira geral, os campos podem ser amostrados em qualquer momento após a colheita ou antes do plantio. Evitando-se amostrar imediatamente depois de aplicações de adubos ou calcário, porque essas amostras não representam a fertilidade real do solo.
3. Quais ferramentas utilizar para a amostragem de solo?
A amostra pode ser feita com diversas ferramentas, tais como: enxadeco ou enxadão, pá reta, tubo tipo sonda de amostragem, trados (Holandês, caneco, etc.), pá de jardinagem entre outros.
Em qualquer caso é sempre necessário a sub amostras sejam retiradas de maneiras uniformes em volume e profundidade desejada para que não ocorra uma sub ou superestimação dos atributos do solo dentro de um mesmo talhão.
Exemplos de ferramentas utilizadas para amostragem de solo (Fonte: Agropós 2020)
Na imagem podemos observar tipos de trados da esquerda para direita: tipo rosca, calador, holandês, caneco, sonda. No centro: furadeira adaptada para coleta de solo e a direita: quadriciclo adaptado para coleta de solo.
Retire cerca de 300 g de terra do balde e transfira para uma caixinha de papelão apropriada ou saco de plástico limpo. Essa porção de terra (amostra composta) será enviada ao laboratório. Jogue fora o resto da terra do balde e recomece a amostragem em outra área.
4. Como coletar as amostras
As amostras devem ser retiradas separadamente em cada talhão homogêneo, caminhando-se ao acaso em zigue-zague na área, para formar a amostra composta.
O número de amostras simples não deve ser inferior a 10 pontos por talhão homogêneo, sendo ideal em torno de 20 pontos. Não se deve coletar amostras próximas a casas, galpões, brejos, voçorocas, caminhos de pedestres, formigueiros etc., evitando introduzir erros na amostragem.
As amostras podem ser simples e compostas: Amostra simples deve ter o mesmo volume de solo e coletadas na mesma profundidade, e posteriormente homogeneizadas para a formação de uma amostra coma das glebas. Além disso, são coletadas aleatoriamente dentro de uma área homogênea, normalmente utilizadas apenas para a realização da classificação de solo.
Amostras compostas são formadas a partir da união de diversas amostras simples, coletadas aleatoriamente, em área homogênea e enviadas ao laboratório.
Profundidade das amostras
A profundida de cada amostra simples varia com o tipo de cultivo, manejo do solo e objetivo da avaliação:
- 0 a 10 Centímetros: culturas anuais sob sistema de plantio direto após o 6 cultivo consecutivo adubado em linha, manutenção de pastagens formadas e campo natural sem revolvimento do solo.
- 0 a 20 Centímetros: culturas perenes (fruteiras, café, cravo-da-índia, dendê, seringueira etc.); culturas anuais, formação de culturas perenes e de pastagens, com sistema convencional de preparo do solo. E até o 6 cultivo anual consecutivo, sob sistema de plantio direto, adubado em linha.
- 0 a 40 e 40 a 60: antes do primeiro plantio na área, a amostragem de camadas mais profundas do solo objetiva detectar a ocorrência de barreiras físicas (pedregosidade, compactação) ou químicas (toxidez de alumínio, deficiência de nutrientes). Que impedem o crescimento radicular em profundidade, limitando a absorção de nutrientes e água.
Amostragem de subsolo
O subsolo é um item importante a ser analisado, pois nele pode estar presente o excesso de acidez, que prejudica o desenvolvimento das raízes e dos nutrientes. Cabe ressaltar o cuidado necessário para não se misturar a amostragem do subsolo com a da superfície.
Utilizando-se um trado, preferencialmente, coleta-se a amostra numa profundidade de 20 a 40 centímetros. Isso é feito em 2 etapas.
Primeiramente, é coletada a amostra dentro dos primeiros 20 cm de profundidade. Em seguida, o trado é aprofundado até que se chegue a 40 cm e, então, seja coletada a nova amostra.
Após a coleta das 20 a 30 amostras elas são misturadas com bastante cuidado, para formar uma mistura homogênea. Em seguida, uma porção de 250 ml (1/4 de um litro) é retirada da mistura.
5. Envio das amostras ao laboratório
Após a homogeneização e formação das amostras compostas, essas devem ser embaladas com sacos plásticos para evitar contaminação. Identificadas corretamente e enviadas ao laboratório de sua confiança.
É importante informar que erros na amostragem não podem ser corrigidos no laboratório. Por isso é necessário seguir corretamente os procedimentos descritos e principalmente evitar contaminações durante a coleta, secagem, embalagem e transporte das amostras.
E extremamente importante que os formulários sejam devidamente preenchidos. Já que servirão para ajudar na interpretação dos resultados da análise e na recomendação de calagem e adubação. Além de manter um histórico de uso das áreas.
Recomendação de adubação e calagem
Após a coleta e análise do solo, para a recomendação de calcário e fertilizantes químicos ou orgânicos é necessário a comparação dos resultados da análise com valores recomendados para a cultura de interesse.
Com a análise química do solo é possível estabelecer correções nutricionais do mesmo. E com isso, promover a melhoria e manutenção da fertilidade do solo. Levando a um aumento expressivo na produtividade das culturas e qualidade de alimentos.
Além do fornecimento dos nutrientes, a análise do solo, é fundamental para uma correta correção do PH do solo. Permitindo, assim, uma melhor disponibilidade dos nutrientes para as plantas.
Conclusão
Portanto a amostragem do solo é a base para o uso racional, sustentável e econômico dos solos. Por meio da recomendação correta de fertilizantes e corretivos. Que, por sua vez, serão responsáveis por parte considerável da produtividade da cultura de interesse.
A partir de uma amostragem correta do solo, é feita a análise dos atributos químicos. Uma técnica de rotina utilizada para avaliação de sua fertilidade. Onde irá identificar a carência nutricional do solo onde deseja cultivar.
Escrito por Michelly Moraes.