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Mancha de phoma: principais formas de controle!

Mancha de phoma: principais formas de controle!

A mancha de phoma do cafeeiro é uma doença fúngica que ocorre em vários países do mundo. Sendo uma importante doença que ataca folhas, flores, frutos e ramos do cafeeiro. Neste artigo irá entender mais sobre a doença, sua relação com o clima e como controlá-la.

Acompanhe!

 

Mancha de phoma: principais formas de controle!

 

Que as doenças tiram o sono dos cafeicultores não é novidade: existem inúmeras e que ocorrem em vários estágios da lavoura.

Além da conhecida ferrugem, temos algumas doenças que podem causar danos na flora do cafeeiro, dentre elas, a mancha de phoma.

A mancha de phoma é uma das principais doenças que atacam florada do café, mas seu monitoramento e controle deve começar ainda antes desse período. Preparamos esse artigo, para explicar tudo sobre a doenças do seus danos até o controle.

 

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Mancha de phoma e a produtividade

Para o produtor rural, a etapa da floração, que acontece entre os meses de setembro e outubro, é um dos períodos mais importantes para a produção do grão.

É nesse momento que o cafeicultor mede o potencial produtivo da lavoura e define as ações preventivas de controle das doenças fúngicas, como a mancha-de-phoma (Phoma tarda).

Nos períodos mais frios do ano causa danos graves na planta, na qualidade dos grãos e na rentabilidade da safra.

Geralmente o aparecimento do fungo acontece no período de inverno, se estendendo até o início da primavera, que coincide, também, com a florada da lavoura de café.

Considerada uma doença fúngica de muita preocupação para o produtor rural por conta do seu grande potencial de perda produtiva tanto na safra corrente como na safra futura, a mancha-de-phoma pode gerar até 50% de perdas da produção.

 

Condições favoráveis à mancha de phoma

A mancha de phoma é disseminada por respingos de chuva/irrigação e é favorecida por temperaturas amenas e alta umidade. Portanto, regiões mais altas e amenas apresentam mais problemas.

Isso não significa dizer que a doença não pode ocorrer em situações de baixa altitude, já que, se as condições favoráveis ocorrerem, a doença pode se manifestar. Mas que condições são essas?

  • Temperaturas próximas a 18℃;
  • Alta umidade;
  • Ventos frios.

Períodos prolongados com essas condições, associados ao ataque de pragas e danos de geada podem favorecer a ocorrência da phoma, mesmo em locais mais baixos ou até em viveiros.

 

 

Danos causados pela mancha de phoma

São vários órgãos atacados e sintomas distintos provocados pela phoma, já que ela pode atacar folhas, ramos e frutos. Veja a seguir:

 

Folhas

Os fungos responsáveis pela mancha-de-phoma atacam em maior intensidade as folhas da ponta dos ramos (folhas mais novas), podendo também ser observados sintomas no segundo par de folhas (menos comum).

Com o ataque são observadas manchas irregulares de coloração negra, com diâmetro aproximado entre 0,5 a 2,0 cm.

Os sintomas se iniciam na borda do limbo foliar que com o desenvolvimento da doença adquire aspecto enrugado e posterior necrose.

 

Ramos

A doença penetra nos ramos através das aberturas causadas pela queda das folhas nos primeiros cinco nós.

Ao ser infectado, o ramo começa a secar do ápice para a base, levando a uma intensa queda de folhas. Com o desenvolvimento da doença o ramo atacado torna-se totalmente seco.

Outro sintoma do ataque de Phoma na planta é o superbrotamento. Devido a morte das extremidades dos ramos, o que gera uma grande quantidade de ramos laterais.

 

Flores e frutos

Nas flores o ataque da doença também pode levar a queda de botões florais e flores. E nos frutos podem ser atacados em qualquer fase de desenvolvimento.

Os frutos tornam-se negros e mumificados, enquanto em frutos já formados aparecem pontuações negras (frutificações do patógeno).

 

Como controlar a mancha de phoma?

O controle da mancha de phoma deve começar pela adoção de uma série de medidas culturais que tem como objetivo prevenir a instalação da doença e facilitar o controle químico, quando este for empregado.

Sabemos que, em regiões muito favoráveis, o controle químico por si só não controla satisfatoriamente a doença.

 

Fungos causadores de doenças em plantas.

 

Algumas medidas preventivas

Os viveiros devem ser formados em locais bem drenados e protegidos contra ventos frios e dominantes.

Deve-se também controlar a irrigação, evitando o excesso de umidade no viveiro. Recomenda-se ainda, aumentar o espaçamento das plantas no viveiro para permitir maior arejamento e, com isto, conseguir reduzir a severidade da doença.

A escolha da área onde será implantada uma lavoura de café é de grande importância. Por isso devem-se evitar áreas desprotegidas (como os topos dos morros), sujeitas aos ventos fortes e frios.

Lavouras adultas, situadas em áreas onde a doença possa apresentar caráter epidêmico. Devem também ser protegidas, iniciando-se pela instalação de quebra-ventos provisórios.

Adubação equilibrada das plantas evita o desequilíbrio nutricional. Diminuindo desta forma o esgotamento dos ramos produtivos, o que abriria a porta para entrada do fungo.

 

Controle químico

É indispensável e deve ser recomendado de forma preventiva para lavouras com boas perspectivas de produção. Em locais onde ocorrem chuvas contínuas e temperaturas baixas, durante o período de florescimento, e início da frutificação.

As aplicações de fungicidas devem ser iniciadas logo após as primeiras chuvas (em geral, no mês de setembro) e continuadas até novembro/dezembro, caso as condições favoráveis (umidade, frio e temperatura média abaixo de 20º C) permanecerem.

Estas pulverizações devem ser feitas a cada 30 dias visando mais a proteção dos botões florais e dos frutos em formação.

 

Qual produto utilizar?

  • Dentre os fungicidas sistêmicos: seis marcas pertencem ao grupo químico dos triazóis sendo que 5 produtos tem o tebuconazol como ingrediente ativo e um produto a base de metconazol; duas marcas pertencem ao grupo das estrobilurinas, sendo azoxytrobina o ingrediente ativo; três marcas pertencem a diferentes grupos como anilida (boscalida); um benzimidazol (tiofanato metilico) e um fosfonato. (fosetil).
  • Dentre os protetores: duas marcas comerciais pertencem ao grupo químico dos cúpricos, tendo o hidróxido de cobre como o único ingrediente ativo registrado para o controle da mancha de phoma; duas marcas pertencem ao grupo químico do dicarboximida (iprodione) e quatro marcas comerciais pertencem a diferentes grupos químicos tais como triazinilanilina (anilazina); uma guanidina (iminoctadina); uma isoftonitrila (clorotalonil) e um organoestânico (acetato de fentina).

 

Como aplicar?

Geralmente, 4 a 5 aplicações são realizadas. Mas a frequência de aplicações depende de monitoramento, do residual do fungicida e das condições de cada lavoura.

Aplicações com as flores presentes podem atrapalhar atingir o alvo adequadamente. Por essa razão, as aplicações pré e pós-florada (quando as pétalas já caíram) são capazes de atingir e proteger os botões florais e os chumbinhos mais facilmente.

É preciso evitar a aplicação com as flores presentes. Pois as pétalas impedem que o fungicida atinja o alvo adequadamente.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Como pudemos acompanhar ao longo do texto, a mancha de phoma é causada por um grupo de fungos que leva esse mesmo nome e está presente nas principais regiões produtoras de café do Brasil.

Esses fungos são favorecidos por temperaturas amenas e umidade relativa alta. Portanto, ocorrem em maior frequência em plantios adensados e plantios em altitudes mais elevadas.

Com isso apresentamos algumas formas de controle preventivo para ajudar o agricultor a combater essa praga que afeta diretamente em seu bolso.

Se você gostou desse conteúdo e te ajudou e esclareceu suas dúvidas. Comente e compartilhe em suas redes sociais!

Escrito por Michelly Moraes.

 

Pós-graduação Fitossanidade

Manejo Integrado de Pragas e Doenças: Descubra a Importância

Manejo Integrado de Pragas e Doenças: Descubra a Importância

Manejo Integrado de Pragas e Doenças

 

O Brasil é único país no mundo em localização tropical e subtropical com áreas extensas que permitem a intensificação da agricultura.

Isso faz com que nossa responsabilidade em alimentar o mundo seja maior. Sendo o Brasil o país com maior potencial agrícola mundial, como poderemos contribuir para o aumento na produção de alimentos?

Realizando o Manejo integrado de pragas e doenças.

A população mundial, no ano de 2050, será 29% maior que a atual, chegando a cerca de 10 bilhões de pessoas.

Para suprir as necessidades alimentares dessa população, as estimativas indicam que a produção agrícola deve aumentar 70%, principalmente nos países em desenvolvimento, onde haverá maior incremento populacional.

 

SERÁ PRECISO DESMATAR?

 

Segundo a EMBRAPA, cerca de 30% da superfície terrestre é ocupada por propriedades rurais.

Temos uma grande área de solo agricultável no Brasil, porém a produtividade é baixa. Isso indica que para um incremento na produção de alimentos não necessariamente precisamos expandir a área cultivada.

É importante aumentar o rendimento das culturas.

O aumento da produtividade é alcançado de várias maneiras, desde o uso de cultivares mais produtivas, passando pela adoção de melhores técnicas de manejo ou impedindo que pragas reduzam essa produtividade.

O manejo eficiente de pragas é conseguido pelo aumento da tecnologia na produção agrícola.

Estima-se que as pragas – plantas daninhas, patógenos, ácaros e insetos – levam, em conjunto, a perdas na produção de cerca de 42%.

Esse dano poderia ser ainda maior caso não houvesse a preocupação constante em manejar adequadamente o problema.

Sem o controle eficiente de pragas, o Brasil estaria longe desta posição no cenário mundial.

 

MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA

 

Para se ter uma ideia da importância do manejo integrado de pragas e doenças, usaremos como exemplo a cultura da soja.

A soja pode ser utilizada tanto para alimentação humana quanto animal, produtos industriais ou matéria-prima para agroindústrias.

É a oleaginosa mais cultivada no mundo, sendo o Brasil o segundo maior produtor.

Nos últimos anos o país enfrentou grandes desafios para manter-se neste ranking.

 

Cultura da Soja

 

No ano de 2001, no estado do Paraná, foi relatada a primeira ocorrência do fungo Phakopsora pachyrhizi, que causa a ferrugem asiática da soja.

Em todas as ocorrências a doença se caracteriza por sua grande capacidade de adaptação e elevada agressividade, levando a perdas de até 90% se não manejada adequadamente.

Somente na safra de 2011/2012, foi registrado um prejuízo de mais de USD$ 1 bilhão.

Os esporos do fungo são facilmente disseminados pelo vento até distâncias continentais, fator que torna impossível a erradicação do patógeno uma vez introduzido em um local.

Assim, a estratégia inicial utilizada para manejar a doença foi a aplicação de fungicidas, que foram registrados em tempo recorde, em vista da emergência fitossanitária.

Com os passar das safras, foi possível observar que, as medidas de manejo não poderiam ser baseadas apenas no controle químico.

Com maior conhecimento da epidemia e surgimento de resistência a alguns fungicidas utilizados, outras estratégias foram adotadas, como a adoção de cultivares resistentes ao fungo.

O conhecimento da biologia do fungo, que só sobrevive em seu hospedeiro, permitiu implementar medidas políticas que diminuíram consideravelmente a severidade da doença.

Desde o ano de 2005, em diversos estados do país, é obrigatório a manutenção por um período mínimo de 60 dias as áreas livres do cultivo de soja e de plantas voluntárias ou chamadas também de guaxas, que são aquelas plantas que crescem a partir de sementes caídas ao solo durante a colheita.

 

Pós-graduação Manejo integrado de pragas e doenças

 

Além disso, no ano de 2004 foi criado o Consórcio Antiferrugem, formado por produtores, pesquisadores e técnicos, para padronizar e disponibilizar informações sobre a doença.

Por meio do consórcio é possível monitorar e mapear os focos de ferrugem asiática em cada safra. Desde então, o manejo da doença tem sido realizado com uma integração de métodos que incluem medidas legislativas, controle químico e sistemas de previsão.

Poucos anos depois a sojicultura brasileira enfrentou outro grande desafio.

Na safra de 2012, foi identificada em lavouras de soja, milho e algodão de diversos estados a praga quarentenária Helicoverpa armigera, conhecida como lagarta-da-soja.

Pragas quarentenárias são aquelas que não ocorrem ainda e sua introdução ameaça a economia do país.

Por se tratar de uma lagarta exótica, não possui inimigos naturais no país e por isso sua população e extensão geográfica aumentaram rapidamente.

Além disso, é uma espécie polífaga, alimentando-se de plantas de diversas famílias, o que torna mais difícil seu controle, uma vez que sempre haverá disponibilidade de hospedeiros.

Na safra 2013/2014, as perdas na cultura da soja devido a Helicoverpa armigera foram de 30 a 40%.

Como essa lagarta é resistente a um grande número de inseticidas, foi fortemente recomendado o cultivo da soja transgênica resistente a insetos contendo gene proveniente da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), que lhe confere essa característica. Porém, no ano de 2018 a lagarta surpreendeu mais uma vez, atacando lavouras de soja Bt.

 

Ferrugem Asiática

 

Tendências Futuras no Controle de Pragas e Doenças

 

Durante vários anos, o manejo integrado de pragas e doenças de uma lavoura era baseado majoritariamente na utilização de defensivos químicos com aplicações orientadas por um calendário regular.

Com os avanços na área de defesa vegetal, dependemos cada vez menos da aplicação de fungicidas, inseticidas e herbicidas para a produção de alimentos.

Atualmente, o manejo adequado baseia-se em diversas medidas, dentre estas a resistência genética, o controle por meio de outros organismos (controle biológico), sistemas de previsão, plantas transgênicas, dentre outros.

A experiência tem mostrado que o manejo integrado de pragas e doenças é de fundamental importância para a produção de alimentos.

Embora novas pragas devam ser introduzidas no país nos próximos anos, as perspectivas são boas: o manejo caminha para uma realidade cada vez mais sustentável e eficiente, mantendo o Brasil em sua posição privilegiada de potência agrícola mundial.

Desafio de startups apresenta novas tecnologias para a pecuária de leite

Desafio de startups apresenta novas tecnologias para a pecuária de leite

Rubens Neiva - Equipe vitoriosa do Desafio de Startup.

Equipe vitoriosa do Desafio de Startup (Foto: Rubens Neiva)

Um kit de tecnológico para identificar as principais bactérias causadoras da mastite, na própria fazenda, com diagnóstico em 24 horas, foi a solução vencedora do Desafio de Startups, promovido pela Embrapa Gado de Leite. O kit é composto por material de consumo para a realização do teste de mastite, uma cabine de trabalho portátil (minilaboratório) e um app (aplicativo) que faz a gestão do controle da mastite, permitindo o monitoramento remoto e gerando indicadores de performance do controle da doença. A mastite é um problema grave na pecuária de leite. A incidência mensal média da fase crítica da doença é de 10% das vacas do rebanho. Deste índice, de 30% a 50% das vacas necessitam de tratamento com antibióticos.

Para Cristian Martins, diretor de operações da startup vencedora, que leva o nome de OnFarm, o diagnóstico da doença em 24 horas gera benefícios não somente para o produtor. “Além de reduzir a resistência bacteriana causada pelo uso indiscriminado de antibióticos, a solução possibilita melhores estratégias de controle da mastite subclínica, como segregação, interrupção da lactação e orientação de descarte do leite. Isso significa um alimento mais seguro”.

Como é comum entre as startups, a OnFarm é uma empresa jovem. Foi fundada há três meses em Uberlândia, durante o Interleite Brasil (congresso que discute os problemas da cadeia produtiva do leite). Segundo Cristian Martins, em apenas dois meses, a startup colocou mais de 30 unidades em operação, permitindo o monitoramento de 12 mil vacas. “Cerca de dois mil casos de mastite clinica foram avaliados. Desses, 540 casos que recebiam antibiótico no procedimento convencional puderam ficar sem tratamento, o que resultou no aproveitamento de 47 mil litros de leite e na economia de mil bisnagas de antibióticos”.

OnFarm foi uma das 70 startups que participaram o desafio, evento que faz parte do Ideas for Milk, encerrado na última sexta-feira, no Cubo Itaú, em São Paulo. Participaram da finalíssima, sete startups. Entre as três primeiras colocadas, estão:

– 2º Colocado – CowMed. Solução: coleira capaz de mensurar os principais parâmetros comportamentais das vacas, como tempo de ruminação, atividade e ócio.  Os dados são coletados por antenas e enviados para a “nuvem”, onde uma ferramenta de inteligência artificial analisa os animais e alerta os produtores sobre eventos de cio, melhor momento para inseminar, doenças em estágios inicial e alterações nos lotes de vacas.

– 3º Colocado – Z2S. Solução: conjunto automático para a limpeza de ordenhadeiras canalizadas. Compreende três sistemas que podem ser integrados ou utilizados separadamente. O processo de limpeza automático inclui o controle de temperatura do leite, dosagem precisa de produtos químicos e acionamento dos motores do equipamento. Segundo os idealizadores da solução, os sistemas proporcionam a melhoria da qualidade do leite, com redução de 87% da Contagem Bacteriana Total (CBT).

Revolução digital – O Ideas for Milk é parte de uma revolução silenciosa que está mudando os paradigmas no campo. Aos poucos, expressões como “inteligência artificial”, “cloud computing”, “API” e “IoT” começam a competir com “cocho”, “brete”, “curral” e “ordenhadeira” no vocabulário do produtor de leite. O setor rural brasileiro, que há pouco tempo convivia com problemas estruturais básicos (ainda convive, em muitos locais) está, cada vez mais, inserido no mundo da informática. “As empresas de Internet estão entrando no campo de forma absoluta”, diz Jaqueline Capeli, gerente do laboratório agrícola da Bovcontrol, empresa de “agtech”, cujo “app” faz a gestão econômica e zootécnica de uma unidade de produção pecuária. Aliás, “agtech” e “app” são, também, duas novas expressões desse universo digital.

Para que o leitor, que ainda não está completamente inserido na revolução digital, não tenha que recorrer ao “Google” para se informar sobre essas expressões e interrompa a leitura desta reportagem, vamos esclarecer alguns termos: “agtech” é o ambiente de empresas que promovem inovações no agronegócio por meio das novas tecnologias. Tais inovações costumam se apoiar em “IoT”, Internet of things (Internet das Coisas, em português), conectando pessoas com as coisas da vida cotidiana. A IoT utiliza as “API” como interface na programação dos “apps”, os aplicativos (softwares) que irão promover a conexão entre o mundo real e o virtual. Esses apps podem utilizar a cloud computing(ou computação em nuvem), servidores remotos com grande capacidade de armazenamento e processamento, que darão funcionalidade aos aplicativos.

Confuso? Uma revolução não se faz de forma simples, mas seus resultados podem, sim, simplificar a vida do produtor rural de forma tão intensa como está simplificando a vida da humanidade em todas as áreas. O problema é que os desenvolvedores dessas tecnologias, muitas vezes não estão no campo. São estudantes, professores e pesquisadores de universidades, distantes dos problemas do produtor rural.

Ideas for Milk, que em 2018 realizou a sua terceira edição, é uma tentativa de se promover essa aproximação“Nosso objetivo é fomentar o surgimento de um ecossistema, reunindo empresas, universidades, pesquisa agropecuária e o setor produtivo, capaz não apenas de apresentar soluções, mas de empreender, transformando as soluções em novas startups para a cadeia produtiva do leite”, diz o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins.

Além do “Desafio de Startups”, fez parte do Ideas for Milk o Vacathon, um hackathon que acrescentou a “vaca” para ter a cara da pecuária de leite. Aliás, “hackathon” é outro termo surgido com a revolução digital, que cabe explicar aqui: trata-se de uma maratona de programação computacional na qual especialistas em ferramentas digitais se reúnem (por horas, dias ou semanas) no intuito de discutir novas ideias e desenvolver projetos de softwares ou de hardwares. O analista de IoT da Microsoft, Alexandre Vasques Gonçalves diz que “coisas muito bacanas nascem em hackathons como esse”.

O Vacathon durou cinco dias (de seis a dez de novembro), nos quais cerca de 90 estudantes ficaram acampados na sede da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora – MG. Nesse período, Gonçalves, Jaqueline, e outros representantes de empresas de Tecnologia da Informação, juntamente com pesquisadores e analistas da Embrapa foram os mentores dos estudantes, que também visitaram o campo experimental da empresa, em Coronel Pacheco – MG e conheceram o laticínio da Epamig, no Instituto de Laticínios Candido Tostes, também em Juiz de Fora.

Os estudantes viraram noites estudando os problemas da cadeia produtiva do leite atrás de soluções. Mas o trabalho foi recompensado. O arquiteto de soluções da Cisco Innovation Center no Brasil, Edson Barbosa, que participa do Ideas for Milk desde o primeiro momento, diz que houve uma grande evolução nas ideias do Vacathon comparado ao ano passado. “As ideias vieram pré-formatadas e cresceram durante o evento com as mentorias”, afirma Barbosa. O especialista em inovação da TIM, Fabiano de Souza compartilha a impressão de Barbosa: “O Vacathon deste ano foi mais maduro, evoluindo das ideias para o protótipo”.

Resultado do Vacathon – Participaram do evento 16 instituições de ensino do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Pernambuco. Os alunos se dividiram em 15 times.  As propostas foram avaliadas por 52 julgadores, entre pesquisadores e analistas da Embrapa, profissionais de TI, empresas ligadas ao agronegócio do leite e produtores. O projeto de aplicativo que os estudantes da PUC Minas, em Betim-MG, chamaram informalmente de Tinder Bovis, foi o primeiro colocado. A ferramenta leva o nome oficial de “I2A CONECT”. É um software de convergência de dados que pretende reunir, num único aplicativo, informações sobre as características dos touros cadastrados nas diferentes centrais de inseminação e nas associações de produtores. Por meio do app, voltado para dispositivos móveis (celular e tablet), o produtor insere informações sobre as fêmeas e identifica o sêmen ideal para as necessidades do seu empreendimento, ou seja, com melhor custo benefício para o padrão genético de seu rebanho.

O professor da PUC Minas, Ilo Rivero, que acompanhou os alunos na formulação da ideia, diz que a solução surgiu durante o próprio evento, a partir dos problemas que eles identificaram na visita ao campo experimental da Embrapa e ao laticínio da Epamig. O estudante Bruno Guimarães, que integra a equipe vencedora, disse que, atualmente, as informações sobre os touros estão dispersas nos catálogos das centrais de inseminação e nos sumários dos programas de melhoramento genético das raças leiteiras, desenvolvidos pela Embrapa junto com as associações de criadores. “O I2ACONECT irá promover uma integração desses dados, ‘conectando touro e vaca’, auxiliando o produtor nas estratégias de reprodução do seu rebanho”. Segundo Guimarães, a ideia chamou a atenção de representantes da Microsoft, da Alta Genetics e de um grande produtor de leite presente no evento.

Além da equipe da PUC Minas, completam as cinco primeiras colocações:

– 2º colocado: Universidade Federal de Pernambuco – Solução apresentada: MOOVS – Identifica os movimentos da vaca por meio de câmeras, auxiliando na detecção de cio e na identificação de problemas de saúde no rebanho.

– 3º colocado: Universidade Federal de Lavras – MILKTHING – Por meio de imagens 3D, o aplicativo estima o consumo de alimento no cocho pelos animais, auxiliando no manejo alimentar do rebanho.

– 4º colocado: Universidade Federal de Viçosa – VOLUTECH – Sensor para medir com precisão o volume do leite nos tanques de resfriamento. A solução também medirá a temperatura do leite no tanque e enviará o dado para um aplicativo.

– 5º colocado: Instituto Metodista Granbery – Solução apresentada: –  MUUVOICE – Aplicativo de voz que auxilia no manejo do rebanho, permitindo o registro de dados sobre mastite clínica e outros problemas de saúde animal.

Martins comemora o sucesso do evento: “Estamos conseguindo criar um ecossistema que envolve empresas de TI, universidades e produtores de leite. Essa é a maior vitória do Ideas for Milk”. É certo que o setor rural ainda enfrenta muitos problemas de infraestrutura. Mauro Carrusca, CEO da Carrusca Innovation, diz que o Brasil chegou ao século XXI, convivendo com modelos do século passado. “Estamos no ponto de inflexão entre o modelo digital e o analógico”.  Mas é preciso enfrentar os desafios. Como diz o Barbosa, “o Brasil sempre terá grandes distâncias, mas as tecnologias estão se expandindo e o alcance da internet está aumentando, contribuindo para encurtar, virtualmente, essas distâncias”.

Como a máquina a vapor, grande propulsora da primeira revolução industrial, há 250 anos, a Internet surge transformando o mundo, tornando mais fácil a existência humana. “A primeira revolução industrial aumentou nossa força física. A quarta revolução industrial, pela qual estamos passando, está aumentando a nossa capacidade cognitiva”, diz Cézar Taurion, CEO da Litteris Consulting. O campo não está alheio a essa revolução.

Por Embrapa.

Paraná, São Paulo e Santa Catarina registram 14 focos de ferrugem da soja

Paraná, São Paulo e Santa Catarina registram 14 focos de ferrugem da soja

Maurício Meyer - Detalhe de folha com ferrugem da soja

Detalhe de folha com ferrugem da soja (Foto: Maurício Meyer)

O Consórcio Antiferrugem registra 14 focos de ferrugem-asiática da soja, em áreas comerciais, na safra 2018/2019, sendo um em Quilombo (SC), dois em São Paulo (São Miguel Arcanjo e Itapeva) e onze no Paraná (Mariópolis, São Pedro do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon (Porto Mendes), Nova Santa Rosa, Nova Cantu, Ubiratã, Juranda, Campo Mourão, Peabiru, São João do Ivaí e Jaguariaíva).

Desde o primeiro foco registrado no último dia 31 de outubro, em Porto Mendes (PR), o número de focos vem crescendo rapidamente e em pontos bem distribuídos. De acordo com a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, a maioria das lavouras com ferrugem foram semeadas no início de setembro e encontram-se com o dossel fechado (12 lavouras estão em fase de desenvolvimento R1 e uma em V8). “O problema é que as chuvas atrasaram as semeaduras e temos soja em várias fases de desenvolvimento e, em algumas regiões, ainda estão semeando soja. Por isso, é preciso atenção para não perder o controle nessas primeiras áreas que podem gerar grande quantidade de inóculo para lavouras que ainda estão sendo semeadas”, alerta a pesquisadora.

Até agora, o ambiente tem sido favorável para a infecção do fungo, com presença de molhamento foliar. A orientação da pesquisadora da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, é para que os produtores das regiões onde há registro da ferrugem que apresentam lavouras em fase de fechamento, iniciem o controle para proteger as lavouras.

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“As chuvas frequentes que favorecem a doença, muitas vezes, impedem a aplicação de fungicidas no momento ideal”, explica a pesquisadora da Embrapa. “E é importante manter a lavoura protegida, uma vez que a eficiência curativa dos fungicidas atualmente disponíveis é baixa”, alerta.

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Cláudia Godoy orienta os produtores a consultarem os resultados de eficiência dos fungicidas para o controle da ferrugem e utilizar os multissítios para aumentar a eficiência de controle.

 

Por Embrapa.

Pesquisa avança na seleção de clones de batata tolerantes à doença causada pela pinta preta em MG

Pesquisa avança na seleção de clones de batata tolerantes à doença causada pela pinta preta em MG

O programa de melhoramento genético de batata da Embrapa envolve várias vertentes, entre elas pesquisas voltadas ao desenvolvimento de materiais com resistência a determinadas doenças consideradas importantes na cultura. Esse é o caso, por exemplo, da avaliação relacionada à reação de clones avançados de batata à pinta preta, na região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, onde se concentra boa parte da produção no estado.

Iniciado em 2016, a partir do contrato de cooperação técnica firmado entre a Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba (Coopadap) e a Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) os resultados mostrados animaram o pesquisador Valdir Lourenço Júnior, que vem conduzindo os experimentos montados no município mineiro de Rio Paranaíba. “Verificamos que alguns desses clones apresentaram resistência parcial ou tolerância à pinta preta, o que representa um avanço significativo, tendo em vista que a variedade Ágata, desenvolvida na Europa e a mais cultivada no Brasil, é mais suscetível à doença”, explica o pesquisador.

O termo “resistência parcial” deve-se, segundo ele, ao fato de os clones não se mostrarem totalmente resistentes à pinta preta, mas o dano causado pela doença é menor quando comparado com a cultivar Ágata. “Em resumo, a principal vantagem no caso de os nossos clones se tornarem cultivares é a tendência à redução da necessidade de aplicação de fungicidas”, observa Valdir, que chama a atenção para outras ações que têm como pano de fundo o trabalho conjunto com a Coopadap.

Segundo ele, a parceria com a cooperativa não se limita aos experimentos para avaliar a reação de clones de batata à pinta preta. Ele lembra que há outro contrato de cooperação técnica assinado entre as duas instituições para o manejo da podridão-branca em alho e cebola, considerada a mais importante entre as doenças que atingem os cultivos de aliáceas. E do alho e cebola para os trabalhos com a batata, não foi preciso transpor fronteiras.

“As linhas de ação previstas no primeiro contrato foram ampliadas pela inclusão da área plantada com os clones de batata, devido à relevância de seu cultivo para a economia da região, se consideramos a alta produção – acima de 40 toneladas por hectare”.

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Dinâmica

Clones são materiais de batata geneticamente modificados, selecionados pelo programa de melhoramento de batata (coordenado pela Embrapa Clima Temperado) e avaliados em condições de campo e em casas de vegetação pela Embrapa Hortaliças e pelo Escritório da Embrapa em Canoinhas (SC), integrantes do programa.

Para a identificação de clones resistentes, são instalados experimentos em área disponibilizada por uma instituição parceira, a exemplo do trabalho desenvolvido na região do Alto Paranaíba com a Coopadap: ao se identificar a presença da pinta preta, é quantificada a incidência e severidade, e baseado nessas informações o pesquisador considera com maior resistência o clone que apresentou menores danos.

De acordo com Valdir, o trabalho continua na identificação de outros possíveis clones que podem apresentar a mesma resistência à pinta preta e também a outras doenças da batata como a requeima e a murcha bacteriana. “No caso de confirmação de seu potencial de resistência e características desejáveis para indústria ou mesa uma nova variedade pode ser lançada”.

 

Por Embrapa