A mosca branca é encontrada nas principais regiões agrícolas do mundo e é de grande importância por causar grandes perdas na produtividade em diversas culturas.
Esse inseto é altamente polífago e pode causar danos diretos às plantas, através da sucção de seiva, ou indiretos pela transmissão de viroses.
Neste artigo vamos aprender um pouco mais a respeito dessa importante praga.
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O panorama da mosca branca
A mosca branca são insetos sugadores de seiva e têm como principal gênero Bemisia, e desse gênero Bemisia tabacci é a espécie mais importante e mais dispersa pelo mundo.
São descritos mais de 40 biótipos de B. tabaci, sendo, no Brasil, predominante o biótipo B.
A mosca branca, é um inseto polífago que tem causado perdas severas aos produtores de diversas culturas.
Esse inseto possui mais de 750 plantas hospedeiros, como como feijão, soja, algodão, tomate, pimentão, batata e plantas ornamentais.
O plantio sucessivo de culturas hospedeiras e plantas daninhas presentes na área de cultivo tem facilitado a expansão dessa praga, principalmente nas regiões mais produtivas do Brasil.
Nos últimos anos, registraram surtos dessa praga em praticamente todo o território nacional, tornando-a a praga de maior crescimento no Brasil.
A incidência da mosca branca é bem elevada no Centro-Oeste, devido às condições climáticas adequadas ao desenvolvimento da praga e à agricultura da região, que possui cultivos hospedeiros de forma contínua.
As principais culturas atacadas entre os anos de 2012 a 2016 foram a cultura da soja, do algodão, do feijão, do tomate e da batata.
A mosca branca pode chegar a gerar perdas superiores a 50% em plantios de tomate. Já na cultura do algodão, esse inseto prejudica a comercialização da fibra, pois ao ingerir a seiva a mosca secreta uma substância que altera a composição dela.
Ciclo de vida
O ciclo de vida da B. tabaci, portanto, pode durar entre 25 e 50 dias, dependendo das condições ambientais, sendo a temperatura e a umidade os fatores determinantes.
Além disso, o ciclo biológico da mosca branca é dividido nas fases adulto, ovo, 3º instar da ninfa e pupa.
Por fim, os adultos possuem de 1 a 2 mm de comprimento, sendo a fêmea um pouco maior que o macho. Eles, também, apresentam coloração amarelo-pálido, aparelho bucal tipo sugador e dois pares de asas membranosas, que são recobertas por uma substância pulverulenta de cor branca.
Cada fêmea, portanto, tem a capacidade de fazer a postura de 100 a 300 ovos durante todo seu ciclo de vida. Esses ovos, por sua vez, são colocados na face abaxial das folhas jovens.
Além disso, os ovos apresentam aproximadamente 0,2 mm e um formato de periforme. A fase de ovo, de acordo com o ciclo da praga, pode durar de 5 a 7 dias, quando começa a eclosão das ninfas.
Logo após, a ninfa de 1º instar se locomove, por alguns minutos, até se fixar nas folhas para succionar a seiva da planta.
Posteriormente, as ninfas passam por 3 instares imóveis. Sendo o último instar chamado de pulpa e, enfim, os adultos.
Danos
Devido à sua característica polífaga, alta capacidade reprodutiva e desenvolvimento de resistência a alguns inseticidas. Este inseto tem causado danos altamente significativos à agricultura.
Os danos causados pela mosca branca, portanto, podem ser classificados como diretos ou indiretos.
Primeiramente, os danos diretos são causados pelas ninfas e adultos. A mosca branca causa esses danos através da sucção de seiva e injeção de toxinas, quando se alimentam.
Além disso, esses danos podem causar alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, diminuindo a produção.
Como dano indireto, pode-se, assim, ocorrer a formação de fumagina sobre as folhas. A B. tabacci secreta um líquido açucarado que favorece o crescimento de fungos formadores de fumagina. Isso acarreta, portanto, a perda de área fotossintética das folhas, prejudicando a produção.
No entanto, o dano indireto mais preocupante causado por essa praga é, sem dúvida, a transmissão de várias viroses.
Sabe-se, portanto, que aproximadamente 120 espécies de vírus podem ser transmitidos pela B. tabaci. Isso, por sua vez, representa um grave problema fitossanitário em várias culturas agrícolas.
Entre esses vírus, estão, além disso, o vírus do mosaico dourado do feijoeiro, o vírus do mosaico anão e o vírus do mosaico crespo em soja, o vírus do mosaico comum do algodoeiro e geminivírus em tomateiro, pimentão e batata.
Como controlar a mosca branca
Para o eficiente controle da mosca branca, o produtor pode adotar diferentes práticas e estratégias.
Portanto, para ter sucesso no manejo da mosca branca, o produtor deve associar o reconhecimento da praga à adoção do manejo integrado de pragas (MIP). Algumas práticas importantes do manejo integrado de mosca branca incluem:
Monitoramento da mosca branca
O monitoramento das lavouras é essencial para tomada de decisão de controle. Pois o controle pode ser mais eficaz quando feito no início da infestação.
Como a mosca branca pode ocorrer durante todo o ciclo da cultura, os produtores devem realizar o monitoramento desde a emergência até o final do ciclo.
Eles podem realizar esse monitoramento por meio de inspeções e/ou usar armadilhas adesivas de coloração amarela.
Controle cultural
Medidas de controle cultural podem ser adotadas. Desde a escolha da área para plantio, como durante a condução da cultura.
Algumas dessas medidas são:
- Evitar o plantio em locais com culturas vizinhas hospedeiras e com infestação da praga.
- Destruição de plantas daninhas e restos culturais,
- Rotação de culturas com o cultivo de espécies não hospedeiras da praga,
- Uso de variedades resistentes, à mosca branca e/ou vírus que a ela é capaz de transmitir.
Controle biológico
Bem como para outras pragas o controle biológico tem evoluído para mosca branca. Há uma grande variedade de inimigos naturais da B. tabacci, como predadores, parasitoides e entomopatógenos.
Como exemplo de inimigos naturais importantes no controle da mosca branca podemos citar o parasitoide de ninfas Encarsia formosa, o ácaro predador Ambliseius tamatavensis e fungos entomopatogênicos do gênero Lecanicillium.
No entanto, na prática, o mais utilizado no controle biológico da mosca branca é o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana.
Ministério da Agricultura e Abastecimento estão registrados cerca de 20 produtos comerciais a base desse entomopatógeno para o controle de B. tabaci.
Controle químico
O controle químico tem sido o método de controle mais utilizado. No entanto, seu uso necessita de cuidados para prevenir riscos com resistência.
Você deve adotar a rotação de produtos de grupos químicos e modos de ação diferentes para evitar a evolução da resistência.
Para controlar a mosca branca, os produtores podem utilizar 11 grupos químicos de modos de ação diferentes na rotação de produtos e misturas.
Outras práticas como, momento de aplicação, doses, misturas e número de aplicações também são importantes para evitar a evolução da resistência.
Conclusão
A mosca branca, Bemisia tabaci é uma praga que tem causado perdas cada vez maiores em diversas culturas de interesse econômico.
Além de causar danos diretos, também é vetor de vários vírus causadores de doenças em plantas.
O uso do manejo integrado de pragas, MIP, para o controle da mosca branca é de extrema importância como forma de integração e para evitar resistência à inseticidas.
Escrito por Pollyane Hermenegildo.