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No vasto mundo da agricultura, onde cada elemento desempenha um papel único e crucial, as lagartas muitas vezes são vistas como pragas indesejadas, devoradoras de culturas valiosas. No entanto, uma análise mais aprofundada revela que essas pequenas criaturas têm um papel complexo e multifacetado nos ecossistemas agrícolas.

À medida que exploramos o papel das lagartas na agricultura, surge uma questão intrigante: são elas realmente inimigas dos agricultores ou poderiam ser aliadas valiosas na promoção da saúde das plantas e na sustentabilidade dos sistemas agrícolas?

Neste artigo, vamos investigar os diversos aspectos do relacionamento entre lagartas e agricultura. Destacando tanto os desafios quanto as oportunidades que elas apresentam.

 

O papel vital das lagartas na agricultura: aliadas ou adversárias?

 

Características da lagarta

As lagartas são as larvas de borboletas e mariposas, pertencentes à ordem Lepidoptera. Elas possuem uma série de características distintas que as tornam fascinantes e importantes dentro dos ecossistemas:

  • Corpo Segmentado: As lagartas têm corpos compostos por uma série de segmentos, cada um com um par de pernas. Essa segmentação permite flexibilidade e movimento enquanto se alimentam e se locomovem.
  • Apetite Voraz: As lagartas são conhecidas por seu apetite voraz. Elas consomem grandes quantidades de folhas e outros materiais vegetais, o que as torna pragas potenciais em muitos sistemas agrícolas.
  • Mandíbulas Mastigatórias: Para se alimentarem, as lagartas possuem mandíbulas mastigatórias poderosas. Que lhes permitem triturar e mastigar os alimentos de forma eficiente.
  • Camuflagem e Mimicry: Muitas lagartas desenvolvem estratégias de camuflagem e mimetismo para se protegerem de predadores. Algumas imitam folhas ou galhos, enquanto outras adotam cores brilhantes como advertência aos predadores.
  • Glândulas Sericígenas: Algumas espécies de lagartas possuem glândulas sericígenas, que produzem seda. Elas usam essa seda para construir casulos ou redes protetoras, onde se metamorfoseiam em pupas e, eventualmente, emergem como borboletas ou mariposas.
  • Variedade de Espécies: Existem milhares de espécies de lagartas em todo o mundo, cada uma adaptada a diferentes ambientes e tipos de plantas hospedeiras. Algumas são pragas graves em culturas agrícolas, enquanto outras desempenham papéis importantes na polinização e no controle de pragas.
  • Importância Ecológica: Apesar de muitas vezes serem consideradas pragas, as lagartas desempenham papéis importantes nos ecossistemas. Elas servem como alimento para uma variedade de predadores, incluindo pássaros, insetos predadores e pequenos mamíferos, ajudando a manter o equilíbrio ecológico.

Essas são apenas algumas das características que tornam as lagartas tão fascinantes e importantes dentro dos ecossistemas agrícolas e naturais.

 

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Ciclo de vida

O ciclo de vida das lagartas segue um processo conhecido como metamorfose completa. Que envolve quatro estágios distintos: ovo, larva (lagarta), pupa e adulto (borboleta ou mariposa).

Aqui está uma visão geral do ciclo de vida das lagartas:

 

Ovo

O ciclo de vida das lagartas começa quando a fêmea adulta deposita os ovos em uma planta hospedeira adequada para as futuras lagartas se alimentarem. O número de ovos e o tempo de incubação variam de acordo com a espécie e as condições ambientais.

 

Larva (Lagarta)

Após a eclosão dos ovos, as lagartas emergem e começam sua fase larval. Neste estágio, as lagartas são conhecidas por seu apetite voraz. Elas se alimentam continuamente das folhas e outros materiais vegetais. Crescendo rapidamente à medida que acumulam energia para a próxima fase de desenvolvimento.

 

Pupa

Quando a lagarta atinge um certo estágio de desenvolvimento, ela se prepara para a metamorfose construindo um casulo ou uma crisálida. Dentro deste casulo ou crisálida, a lagarta sofre uma transformação completa, reorganizando seus tecidos e órgãos para se preparar para a fase adulta.

 

Adulto (Borboleta ou Mariposa)

Após um período de tempo variável, que pode durar semanas ou até meses dependendo da espécie e das condições ambientais, a metamorfose é completa e a lagarta emerge como um adulto totalmente formado. Seja uma borboleta ou uma mariposa.

Os adultos geralmente têm asas e são capazes de voar em busca de parceiros para acasalamento e para iniciar o ciclo de vida novamente, depositando ovos em plantas hospedeiras adequadas.

Esse ciclo de vida das lagartas é crucial para a reprodução e a sobrevivência das espécies de borboletas e mariposas, desempenhando um papel importante na ecologia e na biodiversidade dos ecossistemas.

 

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Importância das lagartas

Primeiramente, as lagartas servem como uma fonte essencial de alimento para uma variedade de predadores, como pássaros, insetos predadores, répteis e pequenos mamíferos. Ao fazerem parte da cadeia alimentar, contribuem para a diversidade e estabilidade dos ecossistemas.

Além disso, quando se metamorfoseiam em borboletas ou mariposas, muitas lagartas desempenham um papel fundamental na polinização das plantas. Ao se alimentarem do néctar das flores, ajudam na transferência do pólen entre as plantas. Promovendo a reprodução e a diversidade genética das espécies vegetais.

As fezes das lagartas também têm um papel importante na reciclagem de nutrientes. Ao decompor a matéria orgânica, contribuem para a fertilidade do solo, tornando os nutrientes essenciais, como nitrogênio e fósforo, disponíveis para as plantas.

Enquanto algumas lagartas são herbívoras e se alimentam das folhas e brotos das plantas, em seus habitats naturais desempenham um papel crucial no controle da vegetação. Elas ajudam a manter o equilíbrio entre as espécies vegetais e prevenindo o crescimento excessivo de certas plantas.

 

Lagartas que atacam a agricultura

Várias espécies de lagartas podem representar ameaças significativas para a agricultura, causando danos às culturas e reduzindo os rendimentos. Veja algumas delas:

  • Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda): É uma das pragas mais destrutivas para culturas como milho, sorgo, arroz e pastagens. Originária das Américas, essa lagarta se espalhou para outras regiões, causando grandes prejuízos econômicos.
  • Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis): É uma praga comum em plantações de soja, especialmente na América do Sul e nos Estados Unidos. Suas larvas se alimentam das folhas, podendo causar danos severos às plantas.
  • Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus): É uma praga importante em culturas como milho, algodão, arroz, soja e pastagens. Suas larvas se alimentam das raízes das plantas, causando danos significativos ao sistema radicular e afetando o desenvolvimento das culturas.
  • Broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis): É uma das principais pragas da cana-de-açúcar, causando danos às folhas, ao colmo e aos brotos, além de facilitar a entrada de doenças nas plantas.
  • Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon): É uma praga polífaga que ataca uma variedade de culturas, incluindo milho, soja, algodão, batata, entre outras. Suas larvas se alimentam principalmente das raízes e da base das plantas jovens, podendo causar danos graves, especialmente em condições de alta umidade.
  • Lagarta-militar (Spodoptera exigua): É uma praga generalista que ataca uma ampla gama de culturas, incluindo hortaliças, frutas e plantas ornamentais. Suas larvas se alimentam das folhas e dos brotos das plantas, causando danos estéticos e reduzindo o rendimento das culturas.

Essas são apenas algumas das principais lagartas que representam desafios significativos para a agricultura em todo o mundo.

O controle integrado de pragas, que combina diferentes estratégias de manejo, é essencial para reduzir os danos causados por essas pragas e garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade dos sistemas agrícolas.

 

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Manejo das lagartas

O manejo integrado de pragas é uma abordagem holística que visa controlar as pragas de forma eficaz e sustentável, minimizando os impactos ambientais e econômicos.

Aqui estão algumas estratégias comuns utilizadas no MIP:

  • Monitoramento e Identificação: A primeira etapa do MIP é monitorar regularmente as populações de lagartas nas culturas. Por meio de armadilhas de feromônios, inspeção visual das plantas e amostragem de pragas.
  • Controle Cultural: O manejo cultural visa modificar o ambiente agrícola para reduzir a incidência de pragas. Isso pode incluir práticas como rotação de culturas, plantio de variedades resistentes, manejo adequado da irrigação e da fertilização, e eliminação de restos de cultura para reduzir os locais de reprodução das pragas.
  • Controle Biológico: O controle biológico envolve o uso de inimigos naturais das pragas para reduzir suas populações. Isso pode incluir a introdução de parasitoides, predadores e patógenos específicos das lagartas, como vírus e bactérias, que ajudam a controlar as populações de forma natural.
  • Controle Químico: Envolve o uso de pesticidas para reduzir as populações de pragas. No entanto, esse método deve ser usado com cautela para minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente, a saúde humana e a segurança alimentar.
  • Controle Cultural: O uso de práticas de manejo que interrompem o ciclo de vida das pragas. Como o uso de armadilhas de feromônios para monitoramento e captura de machos, ou o uso de técnicas de controle térmico para eliminar lagartas e ovos.
  • Integração de Métodos: O sucesso do MIP é a combinação eficaz de várias estratégias de controle. Isso pode incluir a integração de métodos biológicos, culturais e químicos. Adaptados às condições locais e às características específicas das pragas e das culturas.

Ao implementar essas estratégias do MIP, os agricultores podem reduzir os danos causados pelas lagartas e promover sistemas agrícolas mais sustentáveis e resilientes.

 

Conclusão

As lagartas desempenham papéis complexos na agricultura, sendo tanto aliadas quanto desafios. Embora sejam fontes de alimento e contribuam para a biodiversidade, algumas espécies causam danos às culturas.

O manejo integrado de pragas, combinando estratégias biológicas, culturais e químicas, é essencial para controlar suas populações de forma sustentável. Reconhecer essa complexidade nos permite promover sistemas agrícolas mais resilientes e equilibrados.

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Escrito por Michelly Moraes.

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