Quer saber mais sobre o eucalipto? Então, leia nosso post e tire suas dúvidas desde a implantação da cultura até o momento da colheita.
Atualmente, o eucalipto é a espécie florestal mais plantada no Brasil. Seu cultivo, por sua vez, começou nas primeiras décadas do século XIX e, com o passar do tempo, tornou-se a espécie florestal mais plantada em todo o mundo no século XX. Além disso, quase todas as espécies são nativas da Austrália, onde o eucalipto cobre surpreendentemente 77% da área de floresta nativa.
Existem mais de 700 espécies conhecidas. As principais espécies de eucalipto cultivadas no mundo são Eucalyptus grandis, E. urophylla, E. globulus, E. camaldulensis e E. tereticornis.
Acredita-se que esta árvore tenha chegado ao Brasil por volta de 1825. Naquela época, os primeiros exemplares cresceram como ornamentais no estado do Rio de Janeiro, onde, até hoje, visitantes podem encontrar alguns deles no Jardim Botânico do Rio.
Algum tempo depois, em 1868, agricultores no estado do Rio Grande do Sul começaram a plantar a espécie para servir como quebra-ventos e gerar lenha. Mais adiante, em 1909, o engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade estudou e cultivou a espécie em larga escala, contribuindo significativamente para sua disseminação no país.
Eucaliptocultura no Brasil
O Brasil é referência mundial em cultivo de eucalipto, estando entre os principais produtores de celulose, papel e painéis de madeira.
O setor brasileiro apresenta a maior produtividade, medida em volume de madeira produzida por unidade de área ao ano, e a menor rotação do mundo, que equivale ao tempo decorrido entre o plantio e a colheita das árvores.
No Brasil, este tempo é de cerca de 6 a 7 anos, enquanto em países de clima temperado como o Canadá, este tempo de chegar a mais de 30 anos.
A produtividade média, está na casa de 36 m3/ha/ano, mas há situações que pode chegar a 70 m3/ha/ano. As florestas plantadas ocupam menos de 1% do território nacional, mas fornecem mais de 90% de toda a madeira utilizada para fins produtivos.
Os plantios de eucalipto ocupam 5,7 milhões de hectares e estão localizados principalmente nos Estados de Minas Gerais (24%), de São Paulo (17%) e do Mato Grosso do Sul (16%).
O setor de árvores plantadas no Brasil, liderado pela eucaliptocultura, representa 1,3% do PIB bruto nacional e 6,9% do PIB industrial, gerando mais de 513 mil empregos diretos e cerca de 3,8 milhões indiretos.
Somos o segundo maior produtor mundial de celulose, atrás apenas dos EUA. A maior empresa de celulose de mercado do mundo é brasileira, resultante da fusão das gigantes Fibria e Suzano.
Versatilidade do eucalipto
Cultiva-se a planta para diversos fins, como papel, celulose, lenha, carvão, aglomerado, serraria, óleos essenciais para indústrias farmacêuticas, produção de mel, ornamentação e quebra-vento, entre outros.
Para utilização como madeira, seu uso é útil para muitas aplicações. Isso devido à sua resistência, durabilidade, qualidade e variabilidade na cor, densidade, forma, dureza, dentre outros.
A madeira serrada é utilizada para confecção de pisos, fabricação de moveis, dentre outros. Na indústria, é utilizado como fonte de celulose, sendo Brasil, o segundo maior produtor mundial. Além disso, os óleos destilados das folhas de eucalipto são utilizados para aromaterapia e em perfumes.
Qual espécie de eucalipto plantar?
A espécie e o manejo adotado dependem da finalidade do plantio e das condições edafoclimáticas da região. Assim, não existe uma única espécie que contemple todas as possibilidades.
Os híbridos de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis (“urograndis”) vem se destacando no cenário silvicultural desde a década de 1980, devido à excelente complementariedade dessas espécies e ao vigor híbrido tanto em aspectos produtivos, quanto na qualidade da matéria prima, principalmente para os setores de celulose e metalurgia.
Mais recentemente, outras espécies como E. dunnii, E. brassiana, E. longirostrata e E. benthamii têm sido incorporadas aos programas de melhoramento genético a fim de aumentar a produção de celulose e a resistência ao frio e à seca, dependendo da região. Para produção de óleo essencial, a espécie recomendada é a Corymbia citriodora, que era anteriormente classificado dentro do gênero Eucalyptus.
Qual época plantar o eucalipto?
Recomenda-se implementar a cultura nos períodos mais chuvosos do ano, pois as mudas precisam de solo mais úmido para se firmarem e se desenvolverem, o que reduz as perdas de árvores por morte da raiz.
Assim, os meses de setembro, outubro, dezembro, janeiro e fevereiro são os mais apropriados para o plantio de eucalipto.
As mudas podem ser obtidas por sementes ou por meio de clonagem. Os clones apresentam maior uniformidade nas suas características e rendimento superior. Além disso, possuem características como resistência a pragas e doenças conhecidas, na maioria dos casos.
Métodos de plantio de eucalipto
Antes do plantio é necessário escolher o método mais, realizar a limpeza da área e preparo do solo, planejar o tamanho de talhões, espaçamento, distribuição de aceiros, dentre outros. O plantio pode ser mecanizado, manual ou semimecanizado.
Em áreas planas, é possível mecanizar todo o processo, desde o preparo de solo até o plantio, propriamente dito.
No plantio semimecanizado, o preparo do solo é realizado com implementos, enquanto a operação de plantio é manual.
Em áreas declivosas, o plantio é realizado manualmente. A partir daí deve-se conduzir adequadamente os tratos silviculturais, que são as práticas necessárias para favorecer o adequado desenvolvimento e o máximo rendimento das árvores.
Os tratos culturais incluem adubação, desramas, desbates, controle de plantas daninhas, pragas e patógenos, dentre outros, sendo realizados até o momento da colheita e mais críticos quando a planta está na sua fase inicial.
Adubação
A adubação de implementação da cultura é realizada de acordo com análise do solo e, geralmente, em duas etapas: antes ou durante o plantio com aplicação de adubação fosfatada e 30 a 40 dias após o plantio com adubação nitrogenada. A adubação de manutenção visa fornecer potássio, cálcio e magnésio e realizado nos plantios quando atingem idade de 3 anos.
Desrama e Desbaste
Para melhorar a qualidade da madeira, é necessário podar os galhos, prática conhecida como desrama. Essa técnica é essencial para a madeira destinada à serraria, mas não é necessária quando o objetivo é produzir celulose ou pallets.
Além da desrama, o desbaste também desempenha um papel fundamental na produção de eucalipto para serraria. Esse processo consiste na colheita antecipada de algumas árvores, reduzindo a densidade da plantação e permitindo o crescimento de indivíduos com maior diâmetro.
Controle de Daninhas, Pragas e Patógenos
Nos dois primeiros anos da cultura, controlar as plantas daninhas é essencial, pois elas competem por luz, nutrientes e água, comprometendo o rendimento do eucalipto.
Em grandes plantios, os produtores utilizam herbicidas para manejar as plantas daninhas. Durante os primeiros anos, também é indispensável combater as formigas cortadeiras, principais pragas da cultura. Para isso, os agricultores aplicam formicidas, principalmente em forma de iscas.
Além das formigas, cupins, besouros desfolhadores, coleobrocas e insetos sugadores, como os psilídeos, podem causar grandes perdas nos cultivos florestais se não houver manejo adequado.
As doenças que afetam o eucalipto se dividem em dois grandes grupos:
Doenças que ocorrem durante a produção de mudas
Durante a produção de mudas, é preocupante a ocorrência de patógenos que causam tombamento, especialmente porque são favorecidos sob condições de alta umidade.
Nesse sentido, o controle dessas doenças ocorre por meio de um manejo adequado da irrigação, além do espaçamento correto das plantas.
Adicionalmente, a eliminação de plantas doentes é uma medida essencial. Portanto, é fundamental adotar essas práticas durante todas as fases da produção para garantir mudas saudáveis.
Doenças que ocorrem no campo
Em campo, existem diversas doenças que incidem tantos nos anos iniciais como em fases tardias. A ferrugem, causada pelo fungo Austropucicinia psidii, A murcha de ralstonia e seca-de-ponteiros, causadas pelas bactérias Ralstonia solanacearum e Erwinia psidii, respectivamente, incidem em plantios de até 2 anos de idade. Além desta fase, a ferrugem é crítica quando incide em brotações. A mancha de Mycosphaerella causa desfolha em clones de E. dunni, e ocorre geralmente em regiões mais frias.
Além das doenças citadas, estão entre as principais no país, o cancro (Crysophorte cubensis), o oídio, a mancha de calonectria (Calonectria spp.), dentre outras. O controle das doenças que ocorrem em campo ocorre principalmente por meio da utilização de clones com resistência genética.
Doenças que incidem no eucalipto. a: Ferrugem, b: murcha de ralstonia, c: Mancha de calonectria e, d: mancha de micosphaerella. Fonte: Clonar eucalipto.
Colheita do eucalipto
A colheita envolve os processos de corte, transporte e armazenamento da madeira até o momento de uso. Quando o plantio tem como finalidade a produção de celulose, a colheita ocorre por volta dos 7 anos de idade. Porém, nos plantios destinados à produção de madeira serrada, colhe-se as árvores mais tardiamente, entre 13 e 14 anos.
Nos plantios menores, os trabalhadores realizam a colheita com motosserras. Já em áreas maiores, pertencentes a empresas do setor florestal, o processo ocorre de forma mecanizada com maquinário específico. Após o corte, a cepa pode rebrotar, permitindo a condução do cultivo pelo sistema de talhadia. Esse sistema funciona melhor com clones de alta capacidade de brotação, embora reduza o rendimento de madeira no segundo ciclo.
Mesmo sendo um investimento de médio e longo prazo, o cultivo do eucalipto pode beneficiar tanto pequenas quanto grandes propriedades rurais. Sua versatilidade permite o plantio para diversas finalidades, como a produção de madeira, celulose, carvão vegetal, lenha, entre outros.
Conclusão
Devido a essa diversidade de usos, é crucial escolher a espécie ou clone que melhor se adapte à finalidade do cultivo. O plantio pode ocorrer de maneira manual ou totalmente mecanizada, dependendo da topografia e do tamanho da área, e deve acontecer durante o período chuvoso.
A cultura exige uma atenção maior no início do seu ciclo quanto à adubação, controle de plantas daninhas, pragas e patógenos, porém estes podem incidir até o momento da colheita.
A colheita para a produção de celulose ocorre em torno de 7 anos, enquanto a produção de madeira para serraria leva de 13 a 14 anos.
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