A cultura do trigo sofre danos significativos devido às doenças causadas por fungos, bactérias e vírus. A diversidade de regiões produtoras de trigo no Brasil dificulta a padronização das estratégias de manejo das doenças do trigo que acometem à cultura.
Entre as principais doenças na cultura do trigo no Brasil, podemos destacar 9 delas, veja:
- Estria Bacteriana
- Brusone
- Mancha Amarela
- Mancha Marrom da Folha
- Nanismo-amarelo da Cevada
- Mosaico do Trigo
- Oídio
- Ferrugem da Folha
- Giberela.
Portanto, o sucesso no manejo das doenças requer sua correta diagnose. Entendimento das condições favoráveis para sua ocorrência e conhecimento das medidas de controle disponíveis.
Este texto irá te ajudar a identificar e manejar as principais doenças do trigo que ocorrem nas lavouras do Brasil
Confira!
Período e região de ocorrência das doenças do trigo
As doenças podem ocorrer em todos os estágios de desenvolvimento da planta de trigo e os sintomas manifestam em diferentes órgãos como raízes, colmos, folhas e espigas.
No entanto, a frequência que determinadas doenças ocorrem na cultura do trigo. Pode variar de acordo com as regiões tritícolas do Brasil.
Entre as principais doenças na cultura do trigo no Cerrado/ Centro do Brasil, podemos destacar:
- estria bacteriana,
- brusone,
- mancha amarela e mancha marrom da folha.
Já na Região Sul, as doenças mais frequentes no trigo são:
A seguir veremos mais detalhes de cada uma dessas doenças.
Estria bacteriana
A estria bacteriana é uma doença do trigo causada pela fitobactéria Xanthomonas translucens pv. ondulosa. Além disso, sua ocorrência é observada em todos os estágios e órgãos das plantas, sendo mais comum nas folhas.
Os sintomas nas folhas são caracterizados por manchas amarelas de aspecto encharcado, que acompanham as estrias foliares. Quando a severidade da doença nas folhas se torna muito acentuada, os sintomas podem ser visualizados também nas espigas.
A ocorrência da doença é favorecida por longos períodos de molhamento foliar e temperaturas iguais ou superiores a 25ºC. A disseminação a longa distância ocorre principalmente por meio de sementes infectadas.
Por fim, as medidas de controle da estria bacteriana são, principalmente, de caráter preventivo. Entre elas, destacam-se o uso de sementes livres do patógeno, a rotação de culturas e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra.
Brusone
A brusone do trigo é causada pelo fungo Pyricularia oryzae, e em lavouras de sequeiro no Cerrado brasileiro, a ocorrência dessa doença nas folhas pode causar perda total da produção.
Além do cerrado, também é de grande importância econômica no norte do Paraná.
Os sintomas de brusone do trigo nas folhas são manchas arredondadas com bordos marrom escuro e o centro acinzentado.
Já nas espigas, ocorre a descoloração de espiguetas acima do local de infecção do fungo no ráquis, onde nota se um ponto de escurecimento.
Quando a espiga é infectada pelo fungo logo no início de seu desenvolvimento, não ocorre a formação de grãos.
As condições ideias para o desenvolvimento da doença são chuvas frequentes e temperaturas um pouco elevadas. Nessas condições o patógeno pode causar epidemias severas.
A medidas de controle da brusone envolve principalmente ações como a utilização de sementes sadias ou tratadas, uso de diferentes cultivares de trigo e aplicação de fungicidas.
Algumas cultivares disponibilizadas recentemente (BRS 404, ORS 1401, ORS 1403, TBIO Sossego, TBIO Sonic, TBIO Mestre e CD 116) apresentam nível significativo de resistência à brusone.
Para o controle químico da doença na parte área das plantas de trigo, é viável que se adote o princípio de que a espiga deve estar protegida antes da infecção do patógeno.
No entanto, se as condições climáticas não forem favoráveis para infecção e a área não tiver histórico da doença, não é necessário fazer a aplicação de fungicidas.
Mancha marrom e mancha amarela da folha
A mancha marrom das folhas é uma doença do trigo causada pelo fungo Bipolaris sorokinian. Já a mancha amarela é causada por Drechslera tritici-repentis.
Os sintomas da mancha marrom são pequenas manchas ovais, marrom-escuras, que podem coalescer e se tornarem maiores.
Os sintomas característicos da mancha amarela são lesões pequenas, de formato oblongo ou ovalado, com um halo amarelo.
Ambos os patógenos são necrotróficos, ou seja, são capazes de sobreviver em restos da cultura de trigo.
Por tanto, a infecção inicial ocorre, frequentemente, pelo inóculo primário presente nos restos culturais deixados sobre o solo, entre as safras.
As medidas de controle indicadas são, rotação de culturas, uso de sementes sadias ou tratadas com fungicidas e aplicação de fungicida na parte área.
O controle químico deve ser realizado somente com fungicidas registrados para a cultura.
Nanismo amarelo da cevada
O nanismo amarelo é uma doença do trigo que é causado pelos vírus Barley yellow dwarf virus (BYDV) e o Cereal yellow dwarf virus (CYDV), que são transmitidas por afídeos.
Os principais afídeos vetores dos vírus são Rhopalosiphum padi, principalmente do outono à primavera, e o Sitobion avenae na primavera.
Dependendo da tolerância das cultivares e da incidência da doença, os danos à produção de trigo pode chegar em média a 20%.
No entanto, o dano pode ser maior em anos quentes e secos. Devido à multiplicação e dispersão dos afídeos vetores.
Os sintomas típicos dessa doença é o amarelecimento das folhas, que ocorre do seu ápice em direção à base e o enrolamento do limbo foliar, devido a seu enrijecimento.
O manejo inicial dessa doença está na escolha da cultivar. As cultivares variam em níveis de tolerância.
Outra medida de manejo eficiente é o controle da população dos vetores. Que pode ser com inimigos naturais e /ou inseticidas.
Mosaico do trigo
O mosaico do trigo é uma doença causada pelo vírus Soil-borne wheat mosaic virus. Além disso, é transmitido pelo fungo Polymyxa graminis, que reside no solo e é um parasita obrigatório das raízes das plantas.
Em relação à distribuição geográfica, essa doença ocorre principalmente no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no sul do Paraná.
Além disso, temperaturas baixas e solos encharcados favorecem a transmissão do vírus pelo vetor. Consequentemente, grandes áreas podem ser comprometidas.
Os sintomas de mosaico nas folhas e colmos são caracterizados pela alternância de áreas amareladas e verdes. Ademais, essa alternância pode apresentar um padrão em listras.
Por outro lado, o longo período de sobrevivência do vetor no solo, aliado à grande gama de plantas hospedeiras, dificulta significativamente o controle dessa virose.
Tornando a principal medida de controle o uso de cultivares de trigo resistentes e tolerantes.
Oídio
O oídio do trigo é causado pelo fungo Blumeria graminis f. sp. Tritici e, além disso, pode gerar danos que atingem até 60% do rendimento de grãos, caso medidas de controle não sejam adotadas.
Primeiramente, a doença se caracteriza pela formação de micélio com aspecto cotonoso sobre toda a superfície das plantas. Além disso, afeta principalmente as folhas, que acabam amarelando e caindo.
Por outro lado, por ser um fungo biotrófico, o inóculo primário mantém-se na entressafra em plantas voluntárias e restos culturais de trigo. Além disso, sua disseminação ocorre pelo vento.
Ademais, a doença é favorecida por temperaturas amenas e ausência de água livre na superfície da folha. Nessas condições, o ciclo completo do fungo pode durar de 5 a 10 dias.
Por fim, as medidas de manejo mais utilizadas e eficientes para o controle incluem o uso de cultivares resistentes e a aplicação de fungicidas. Além disso, esses fungicidas podem ser aplicados tanto na parte aérea quanto no tratamento de sementes.
Ferrugem da folha
A ferrugem da folha é uma doença do trigo causada pelo fungo Puccinia triticina. Além disso, pode provocar danos de até 80% na cultura, especialmente devido à alta severidade em algumas regiões e cultivares.
Primeiramente, essa doença caracteriza-se pelo aparecimento de pústulas. Além disso, essas pústulas contêm esporos de coloração amarelo-escuro a marrom, localizados nas folhas.
Ademais, os sintomas podem surgir desde a fase inicial de desenvolvimento da cultura até a maturação das plantas.
Por outro lado, as condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da doença incluem temperaturas amenas, entre 15ºC e 20ºC. Além disso, é necessário um período contínuo de molhamento foliar de, no mínimo, três horas.
Assim como o Oidio, o fungo causador da ferrugem também é biotrófico e, portanto, sobrevive em plantas voluntarias, sendo disseminado pelo vento.
Como medidas de controle da ferrugem da folha do trigo podemos citar o controle químico nas partes áreas das plantas e o uso de cultivares resistentes/tolerantes.
No entanto, a resistência à ferrugem da folha não é muito durável, devido à grande variabilidade genética do patógeno.
Giberela
A giberela é a doença que acomete espigas e grãos de trigo, é causada pelo fungo Gibberella zeae (forma sexuada) ou pelo Fusarium graminearum (forma assexuada).
Lavouras atacadas por giberela são reconhecidas principalmente pela descoloração precoce de espiguetas. Além disso, a doença induz à produção de grãos chochos e de coloração rosada.
Os danos causados pela giberela à lavoura de trigo decorre da formação de grãos menores e leves, além de comprometer a qualidades dos grãos com substâncias tóxicas produzidas pelo fungo, as chamadas micotoxinas.
As condições favoráveis para o desenvolvimento da doença são chuvas frequentes e temperaturas entre 20 °C e 25 °C.
A giberela, atualmente, é uma doença de difícil controle. Portanto, a integração de medidas de controle é a melhor estratégia para minimizar os prejuízos gerados por esta doença.
Conclusão
Este artigo abordou amplamente os principais aspectos das doenças mais comuns na cultura do trigo no Brasil, incluindo agente causal, sintomas, condições favoráveis e controle.
Além disso, a grande variedade de regiões tritícolas do país influencia diretamente a ocorrência e severidade dessas doenças no campo. Consequentemente, essa diversidade dificulta a implementação de sistemas padronizados de controle.
Diante dessa realidade, o produtor deve, antes de tudo, identificar as doenças mais comuns em sua região. Do mesmo modo, é essencial que ele siga as medidas de controle recomendadas para o local.
Por fim, Pollyane Hermenegildo escreveu este artigo.