Uma árvore que, aos poucos, ganha espaço pelos campos do Brasil. Esse é o cedro australiano, cultivado para a produção de madeira. Se quer saber mais sobre esse assunto, continue a leitura. Neste post vamos abordar tudo sobre esse assunto.
Venha Comigo!
O cedro australiano (Toonaciliata var. australis) está no grupo das espécies mais valiosas para a produção de matéria-prima para as indústrias moveleiras e da construção civil.
Também é indicada para produtos que necessitam de acabamento de alto nível, como: portas e janelas, molduras, móveis e objetos, instrumentos musicais, laminados.
Isso porque as propriedades biológicas, físicas e mecânicas da madeira dessa espécie são semelhantes às de outras espécies de Meliaceae. Notadamente aquelas pertencentes aos gêneros Cedrela (cedro brasileiro) e Swietenia (mogno brasileiro).
Neste post vamos abordar sobre tudo sobre esse assunto.
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Contexto histórico do cedro australiano
Originário das regiões tropicais da Austrália, até 1910 já havia sido verificada a extinção genética e econômica da espécie no continente australiano. Devido ao grande valor da madeira e de seus múltiplos usos na Austrália e Europa, para onde grande parte da madeira foi exportada.
Nos dias atuais a espécie ocorre apenas em áreas de preservação na Austrália. Assim como outras meliáceas famosas, como o mogno e o cedro rosa. É uma das espécies arbóreas mais ameaçadas de extinção no mundo.
Foi introduzida no Brasil pela antiga Aracruz Celulose na década de 70 e adaptou-se muito bem no país. Onde encontrou excelentes condições para o seu desenvolvimento. Principalmente no sul da Bahia onde foi inicialmente inserida e em toda a Região Sudeste.
Importância do cedro australiano
Uma espécie de crescimento rápido a mediano, com excelente potencial de produção. Tem excelente utilização para serraria e grande potencial para indústria moveleira. Assemelha-se muito às espécies americanas do gênero Cedrela P.Br. Tanto botanicamente quanto no que diz respeito ao seu uso.
O sucesso do seu cultivo está condicionado a fatores, como a fertilidade do solo. A escolha do material genético para cada região de foco de produção e técnicas silviculturais adequadas.
A espécie já apresenta um excelente trabalho realizado no melhoramento genético, o que ajudou a corrigir graves problemas que vinham trazendo resultados negativos ao plantio comercial da espécie produzida com material seminal.
Madeira
Sua madeira do cedro australiano é similar à do cedro brasileiro (Cedrela fissilis), nativo do Brasil, indicada para a fabricação de móveis finos e acabamentos em construção civil.
É uma madeira rara que apresenta características interessantes nos quesitos de trabalhabilidade, baixa retratibilidade, estabilidade dimensional, resistência mecânica, leveza e beleza visual.
Seu uso é indicado para uma grande quantidade de produtos. Como movelaria, acabamentos finos em construção civil, portas e janelas, laminação, molduras, instrumentos musicais, entre outros.
Por esses motivos, o cultivo da espécie tem se expandido no país, com a finalidade de produção de madeira nobre para serraria e laminação.
Características do cedro australiano
Árvore caducifólia, perdendo toda a folhagem entre maio e julho. Floresce de setembro a novembro, frutifica entre dezembro e fevereiro. Apresenta altura de 20 a 35 m de nas florestas naturais. Possui tronco reto e cilíndrico, com excelente forma para produção de madeira.
A espécie está inserida no grupo das espécies mais valiosas para a produção de matéria-prima para as indústrias moveleiras e da construção civil. As propriedades biológicas, físicas e mecânicas da madeira dessa espécie são semelhantes às de outras meliáceas, como o mogno e o cedro rosa.
Características silviculturais
No Brasil, o cedro australiano, portanto, encontrou condições favoráveis e tem se desenvolvido muito bem em vários estados (SP, MG, DF, ES, RJ, MS, BA), com produtividades entre 12 a 25 m³ por hectare/ano.
Devido à coloração clara, que pode variar do vermelho ao amarelo-castanho, e à sua leveza, a espécie, assim, é uma das substitutas do cedro e do mogno brasileiro. Além disso, também é uma excelente alternativa para a substituição de muitas espécies, como a balsa e outras madeiras leves e claras.
Desde a introdução do cedro australiano no Brasil, ninguém, até o momento, observou ataques da broca da gema apical (Hypsipyla grandella). Por essa razão, a Toona, então, é considerada resistente a essa praga, que causa grandes danos ao cedro e ao mogno.
Plantio de cedro australiano
Existem algumas recomendações no plantio de cedro australiano, segue abaixo as sugestões:
Preparo do solo
O sistema de cultivo recomendado, portanto, é o de menor revolvimento do solo, com práticas conservacionistas, nas quais se procura manter o solo sempre coberto por plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais.
Essa cobertura tem, assim, a finalidade de protegê-lo do impacto das gotas de chuva, do escorrimento superficial e da erosão hídrica e eólica.
Antes do plantio, deve-se, então, proceder ao controle de plantas invasoras, seja por capina, roçada ou controle químico. O combate a formigas e cupins, além disso, deve ser iniciado antes do plantio e continuar por pelo menos 18 meses.
O cuidado constante com esse combate é, consequentemente, uma prática fundamental para o sucesso da formação da lavoura. Em áreas com declive, o plantio, por sua vez, deve ser realizado em curvas de nível para evitar a erosão do solo, que pode prejudicar o crescimento das mudas.
Quando o declive for acentuado, o coveamento deve ser feito, então, alinhado morro abaixo, facilitando desbastes e a remoção das árvores no corte.
Práticas de queimada do material vegetal obtido na roçada, por fim, devem ser evitadas, pois comprometem a qualidade do solo e podem causar impactos ambientais negativos.
O plantio
Padrão das mudas para o plantio são aquelas com raízes claras e bem formadas; substrato bem agregado; caule com pelo menos 3mm de diâmetro; no mínimo 3 pares de folhas sadias e bem desenvolvidas.
O plantio deve ser realizado logo após a chegada das mudas na propriedade. Se as mudas precisarem aguardar por algum tempo antes de serem plantadas. Por exemplo, em caso de veranicos, é altamente recomendada a construção de um viveiro de espera a pleno sol.
Trata-se de uma estrutura simples que garante o correto armazenamento das plantas, facilitando a irrigação e promovendo o arejamento das mesmas, além de evitar o contato das raízes com o solo. O preparo das mudas para o plantio começa com a poda do excesso de raízes na extremidade do tubete.
Em seguida, recomenda-se tratar as raízes contra cupins, imergindo os tubetes em uma solução preparada para essa finalidade. Após encharcar o substrato, pode-se retirar as mudas dos tubetes e plantá-las.
Recomendações de calagem e adubações
Deve-se, portanto, ter o cuidado de não generalizar para o cedro australiano as recomendações de adubação adotadas em outras culturas (eucalipto, por exemplo), pois são espécies distintas em relação à demanda de fertilidade e nutrição de plantas.
Deve-se realizar a calagem em área total. Além disso, recomenda-se utilizar calcário dolomítico (>12% de MgO) para elevar a saturação por bases para 60% na camada de 0-20 cm. A análise de solo da camada de 20-40 cm, por sua vez, irá definir a necessidade ou não da aplicação do gesso.
Em áreas não mecanizáveis, recomenda-se, então, a dose de 200 gramas de calcário e/ou gesso por cova. Consulte, sempre, um técnico qualificado antes de usar qualquer corretivo ou fertilizante.
A adubação de plantio, por conseguinte, consiste na aplicação de 350 gramas por cova de superfosfato simples como fonte de fósforo e enxofre. Sendo este último, ainda, um nutriente limitante ao desenvolvimento da cultura. Deve-se realizar essa aplicação de uma única vez, por ocasião do plantio.
Em geral, utiliza-se, adicionalmente, um fosfato de menor reatividade (29% de fósforo total, 9% solúvel) no fundo da cova ou sulco de plantio. Nesse caso, a dose sugerida é de 250 gramas por planta.
Deve-se parcelar as adubações de cobertura em pelo menos três aplicações, aos 30, 60 e 90 dias após o plantio, de preferência em dias chuvosos. Com a aplicação, assim, de uma dose média de 50 gramas de 20-00-20 por cova (em cada adubação), totalizando 150 gramas do produto ao final da terceira adubação.
Colheita do cedro australiano
Geralmente, corta-se o cedro australiano por volta dos 12 anos, podendo antecipar para 10 anos ou adiar, dependendo das condições específicas do povoamento e da finalidade da madeira.
Aos 10 anos, essa espécie produz, em média, 150m³ ha⁻¹ após o desbaste para madeira serrada. O custo de implantação da espécie atualmente está estimado em R$ 3.088,00 por hectare, variando conforme a localização da propriedade e, especialmente, as condições do terreno.
O custo de manutenção, por sua vez, é baixo, mas os custos com a colheita e transporte são os mais altos de todo o processo, variando conforme a declividade do terreno e a fase da colheita (desbaste ou corte final).
A colheita e o transporte florestal, dessa maneira, podem representar mais da metade do custo final da madeira colocada no mercado consumidor.
Conclusão
O cultivo econômico de cedro australiano (Toona ciliata), certamente, representa uma importante alternativa para o fornecimento de madeira de qualidade. Além disso, contribui com a geração de mais um aporte econômico para o país e, consequentemente, com a redução da velocidade de exploração das matas nativas ainda existentes.
Por esses motivos, atualmente, o cultivo da espécie tem se expandido no país, sendo plantado em vários estados do Brasil.
Neste artigo, portanto, mostramos a importância do cedro australiano e algumas recomendações sobre o plantio e a colheita. Gostou de saber mais sobre o assunto? Então, deixe seu comentário, acompanhe nosso blog e fique por dentro dos próximos artigos.
Escrito por Michelly Moraes.