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Principais nematoides da soja: identificação e manejo!

Principais nematoides da soja: identificação e manejo!

Neste texto veremos como identificar e manejar os principais nematoides que atacam a cultura da soja. Confira!

O cultivo da soja iniciou no Brasil na década de 40 no Rio Grande do Sul. Atualmente é a principal comodities nacional, sendo cultivada em todas regiões agrícolas do Brasil.

No entanto, com a expansão da cultura da soja tem também aumentado o ataque de pragas e doenças, o que tem limitado a obtenção de altos rendimentos.

O ataque de fitonematoides tem tomado lugar de destaque entre os problemas fitossanitários da cultura.

No Brasil os nematoides mais prejudiciais à soja têm sido os formadores de galha (Meloidogyne spp), o nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus), nematoide do cisto (Heterodera glycines) e o nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis).

 

Principais nematoides da soja: identificação e manejo!

 

Nematoides das galhas (MELOIDOGYNE SPP.)

Popularmente conhecido como nematoides de galhas, o gênero Meloidogyne inclui um grande número de espécies. No entanto, M. javanica e M. incognita são as principais espécies que atacam a soja.

A ocorrência do M. javanica ocorre de forma generalizada no Brasil, enquanto M. incognita ocorre principalmente em áreas anteriormente cultivadas com café ou algodão.

Nas raízes das plantas atacadas é possível observar a presença de galhas de número e tamanho variados.

As fêmeas do Meloidogyne spp., possuem coloração branca pérola, formato piriforme e estão alojadas no interior das galhas.

Plantas amareladas e menos desenvolvidas, em reboleiras, são observadas em lavoras de soja atacadas pelo nematoides das galhas.

Outro sintoma que frequentemente é observado é conhecido como folha “carijó”, quando as folhas das plantas afetadas apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras.

 

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Nematoides das lesões radiculares (PRATYLENCHUS BRACHYURUS)

O nematoide das lesões radiculares, Pratylenchus brachyurus tem causado danos econômicos elevados à cultura da soja no Brasil. Na região Centro Oeste, as perdas em produtividade podem chegar em até 50%.

O P. brachyurus é um endoparasita migrador, ou seja, ele permanece móvel durante o seu ciclo de vida, o que lhe permite migrar nos tecidos da planta.

Os sintomas causados por este nematoide geralmente estão associados a podridões e necroses do sistema radicular das plantas hospedeiras.

Uma vez que, outros organismos patogênicos, como bactérias e fungos, penetram nas raízes através das lesões causadas pelo nematoide.

Já os sintomas reflexos na parte aérea, costumam ocorrer em reboleiras e são principalmente nanismo, murcha nas horas mais quentes do dia e clorose.

 

Nematoide do cisto (HETERODERA GLYCINES)

O nematoide do cisto da soja, Heterodera glycines, é um endoparasita sedentário, que desde da safra de 1991/92 tem causado serias perdas na produção de soja no Brasil.

O H. glycines penetra nas raízes da planta de soja e dificulta a absorção de água e nutrientes, causando clorose e redução no porte das plantas, por isso, a doença ficou conhecida como nanismo amarelo da soja.

Os sintomas também aparecem em reboleiras e na maioria dos casos, as plantas de soja acabam morrendo.

No entanto, em regiões que apresentam solos mais férteis e boa distribuição de chuva, os sintomas na parte aérea podem não serem vistos.

Por tanto, para o diagnóstico correto deve-se avaliar sempre o sistema radicular. Pois, nas plantas parasitadas o sistema radicular fica reduzido e apresenta as fêmeas do nematoide.

As fêmeas apresentam formato de limão e coloração branca. Com o avançar do tempo, a fêmea morre e seu corpo se torna uma estrutura dura de coloração marrom escura, denominada cisto, que se desprende facilmente das raízes.

O cisto contém, em média, cerca de 200 ovos do nematoide e é considerada uma estrutura muito eficiente de disseminação e sobrevivência.

 

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Nematoide reniforme (ROTYLENCHULUS RENIFORMIS)

A partir do final da década de noventa, o nematoide reniforme, Rotylenchulus reniformis, vem aumentando em importância na cultura da soja, principalmente no Mato Grosso do Sul.

As fêmeas de R. reniformis são ectoparasitas sedentárias e, ao alcançarem a maturidade sexual, adquirem forma semelhante à de um rim, por isso a denominação nematoide “reniforme”.

Lavouras de soja com solos infestados com este nematoide são caracterizadas pela grande desuniformidade, com extensas áreas de plantas subdesenvolvidas. E não são observadas reboleiras típicas.

O sistema radicular das plantas atacadas pelo nematoide apresentam se mais pobre e, em alguns pontos da raiz, é possível observar uma camada de solo aderida às massas de ovos do nematóide.

As massas de ovos formadas podem conter de 50 a 120 ovos cada e são produzidas externamente, sobre a superfície das radicelas.

 

Manejo dos nematoides da soja

Para se realizar um manejo adequado dos nematoides na lavoura de soja, é importante que se adote medidas integradas, não se restringindo a apenas uma medida, mas há um conjunto de medidas.

Primeiramente, deve ser feita a identificação correta do nematoide que está causando danos à lavoura de soja. Esse diagnóstico é realizado através de amostras de solo e raízes em laboratório especializado.

Para a amostragem, devem ser coletadas na profundidade de 20-30 cm ao redor das plantas pequenas porções de solo, aproximadamente 200 g e algumas raízes.

As amostras devem ser mantidas em temperaturas entre 10°C e 15°C, ou deixadas à sombra para evitar o ressecamento, que dificulta o diagnóstico correto em laboratório.

Com a correta identificação do nematoide que está presente na área, a rotação de cultura pode ser implantada com maior eficiência. Pois determinadas culturas são resistentes ou tolerantes a alguns gêneros de nematoides.

Por exemplo, algumas crotalárias são eficientes no controle do nematoide das lesões radiculares, enquanto que gramíneas são alternativas no controle do nematoide reniforme.

O uso de variedades de soja resistentes a alguns nematoides também é uma medida de controle muito eficiente.

No entanto, as variedades resistentes devem ser utilizadas em programas de rotação que incluam também uma planta não hospedeira, para que a resistência não seja suplantada.

E para evitar a disseminação para outras áreas não infestadas com nematoides medidas como a correta lavagem dos equipamentos utilizados nas lavouras e o controle de tráfego das máquinas, também devem ser adotadas.

 

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Conclusão

Neste artigo, conhecemos as espécies de nematoides de maior importância para a cultura da soja, suas características e os sintomas.

Também discutimos a importância de realizar a correta identificação do nematoide causador dos danos a lavoura para adotar as corretas medidas de manejo.

Com isso, espero que você consiga evitar que os nematoides afetem a produtividade da sua lavoura de soja!

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Nematoide das galhas: uma grande ameaça às lavouras!

Nematoide das galhas: uma grande ameaça às lavouras!

Como você já aprendeu aqui no blog os nematoides são vermes microscópicos capazes de viver em diferentes habitats, inclusive parasitando. O nematoide das galhas, do gênero Meloidogyne, é considerado entre os nematoides parasitas de plantas um dos mais importantes, devido a sua ampla distribuição geográfica, o grande número de culturas que afeta e por causar perdas incalculáveis às lavouras.

Os nematoides podem afetar diversas culturas agrícolas, eles se alimentam através do estilete, uma estrutura similar a uma agulha, sugando o conteúdo celular.

Por isso, preparamos este texto com informações sobre como reconhece-lo e as melhores maneiras de manejar. Confira!

 

Nematoide das galhas: uma grande ameaça às lavouras!

 

Conhecendo o nematoide das galhas

Este nematoide, como seu nome indica, induz a formação de galhas nas raízes, afetando a translocação de água e nutrientes pela planta.

O principal gênero que compreende o chamado nematoide das galhas é o Meloidogyne, sendo as espécies mais comuns: M. incognita; M. javanica, M. arenaria e M. hapla.

Meloidogyne spp. são endoparasitas sedentários, ou seja, eles permanecem no mesmo local no interior das raízes a maior parte do seu ciclo de vida, que é favorecido por climas mais quentes.

Suas fêmeas podem ser observadas no interior das galhas, apresentando aspecto globoso e coloração braço-leitosa.

 

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Ciclo de vida 

Para entendermos a formação das galhas é necessário conhecermos, mesmo que de forma resumida o ciclo de vida do nematoide das galhas.

Vem comigo que te explico!

O ciclo de vida completo do Meloidogyne spp. é constituído pela fase de ovo, 4 estágios juvenis (J1, J2, J3 3 J4) e adultos.

Os ovos são depositados pelas fêmeas externamente às raízes envoltos por uma massa gelatinosa.

A fase juvenil de 1° estádio (J1), ocorre ainda dentro do ovo, que após uma ecdise, troca de cutícula, evolui para J2, fase infectiva do nematoide das galhas.

O J2 penetra no tecido do hospedeiro e estabelece o sítio de alimentação, se tornando sedentário. Para favorecer a sua nutrição, secreções produzidas pelo nematoide estimulam a formação de várias células gigantes nas raízes parasitadas, formando assim as galhas.

Esses nematoides aumentam rapidamente de tamanho e passam por mais duas fases juvenis (J3 e J4) até se tornarem adultos.

 

Sintomas causados pelo nematoide das galhas

Os sintomas causados pelo nematoide das galhas na parte aérea das plantas são murcha, desfolha, plantas pequenas e pouco vigorosas.

Estes sintomas são facilmente confundidos com stress abiótico, como stress hídrico ou nutricional. No entanto lembre-se, neste caso os sintomas normalmente vão ocorrer de forma generalizada, enquanto que os nematoides ocorrem em reboleiras.

Porém, o sintoma mais típico da presença deste nematoide ocorre nas raízes. As plantas atacadas apresentam má formação e galhas radiculares.

 

Principais culturas afetadas pelo nematoide das galhas e importância econômica

O nematoide das galhas é parasita de várias culturas e de grande importância para a agricultura brasileira. Dentre as culturas afetadas estão videira, cafeeiro, arroz, cana-de-açúcar, tomate, algumas hortaliças, algodão e soja.

A cultura da soja é suscetível à infecção de vários nematoides, no entanto, as espécies de nematoide das galhas mais importantes desta cultura são M. incognita e M. javanica

O M. incognita, também está entre as espécies de nematoides mais frequentes em áreas produtoras de algodão e hortaliças

Os nematoides das galhas são considerados os mais comuns e destrutivos dentre os nematoides que parasitam plantas.

Eles produzem sintomas severos e podem reduzir expressivamente a produção agrícola. Além disso, podem favorecer plantas hospedeiras às infecções causadas por outros patógenos, aumentando o potencial de perda da cultura.

 

Como manejar os nematoides das galhas

O controle do nematoide da galha, assim como de qualquer outro e fitonematoide é muito dispendioso, principalmente pelo fato de a erradicação ser praticamente impossível.

Por tanto, o sucesso do controle em áreas infestadas requer um conjunto de medidas que visem reduzir o nível populacional do nematoide no solo.

Listamos aqui algumas medidas aplicáveis para o manejo do nematoide das galhas.

 

Evitar a entrada do nematoide

A principal forma de manejo consiste em evitar que o nematoide entre na área, desta maneira deve-se atentar as suas formas de disseminação.

A limpeza de maquinários e implementos agrícolas, mudas sadias e livre de nematoides, substrato estéril e água de irrigação de qualidade são medidas que diminuem a disseminação do nematoide.

 

Rotação de culturas

A maioria das espécies do nematoide das galhas são polífagas, ou seja, apresenta ampla gama de hospedeiros. Desta forma, a rotação de culturas como forma de controle pode ser dificultada.

No entanto, caso seja identificada uma cultura não hospedeira da espécie de Meloidogyne presente na área de cultivo, esta medida pode se tornar bem sucedida. Por exemplo, M. incognita em plantios de algodão, pode ser manejado efetivamente por meio de rotação de culturas.

 

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Plantas antagonistas

Plantas antagonistas como as crotalárias (Crotalaria spp.), cravo-de-defunto (Tagetes spp.) e mucunas (Estizolobium spp.) são utilizadas com sucesso no manejo de nematoides da galha.

Estas plantas podem permitir a invasão dos nematoides, porém não permite o desenvolvimento até a fase adulta, reduzindo assim os níveis populacionais.

 

Resistência genética

Cultivares resistentes ou tolerantes são aquelas que conseguem abaixar o fator de reprodução do nematoide e garantir resultados satisfatórios na colheita.

Visando a resistência ao nematoide das galhas já estão disponíveis cultivares de importantes culturas agronômicas, como soja, algodão e café.

 

Controle biológico

Existem vários produtos biológicos com ação nematicida no ministério da agricultura. Alguns controlam muito bem o nematoide das galhas em diversas culturas agronômicas.

Atualmente, os produtos mais utilizados para controle biológico de nematoides são a base de fungos e bactérias. Como por exemplo o fungo Paelomyces lilacinus e as bactérias Pasteuria penetrans e Bacillus firmus.

 

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Conclusão

Como você viu, o nematoide das galhas é uma das principais pragas em diversas culturas no Brasil, causando inúmeras perdas.

Portanto, é de grande importância evitar a entrada do mesmo na área, uma vez que a eliminação do nematoide das galhas é praticamente impossível.

Assim, é necessário a identificação correta da espécie, para a aplicação das medidas de manejo, como rotação de cultura, resistência genética, controle biológico e outros.

 

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