A calagem é uma prática muito difundida entre os agricultores, mas ainda existem muitas dúvidas a respeito. Pensando nisso preparamos esse artigo onde irá abordar a eficiência do calcário agrícola no solo, afinal não basta somente saber aplicar. Quer ficar por dentro?
Acompanhe!
Antes do plantio em si, é fundamental preparar o solo, garantindo nutrientes que farão a diferença para uma boa safra. Entre esses cuidados prévios, está a calagem ou a colocação de calcário no solo.
O procedimento torna os solos brasileiros mais férteis, melhorando os nutrientes da terra e diminuindo a quantidade de substâncias tóxicas. Afinal, nosso país é bem conhecido pela terra ácida (pH inferior a 5,5), com pouco cálcio e muito manganês e alumínio.
Mas, como você deve ter ouvido falar, muito sobre a aplicação do calcário agrícola . Mas e sua eficiência? Neste artigo vamos abordar tudo que você produtor precisar saber sobre esse tema. Vamos lá!
Mas afinal, o que é o calcário?
O calcário é uma rocha sedimentar composta por diversos minerais, sendo que possui quantidades superiores a 30% de carbonato de cálcio (aragonita ou calcita). Devido a essa riqueza mineral, ele contribui significativamente para a fertilidade do solo e, consequentemente, para o aumento da produtividade das safras.
Esse tipo de rocha se forma principalmente pelo acúmulo de organismos inferiores, como as cianobactérias. Além disso, no meio marinho, sua formação ocorre por meio da precipitação de carbonato de cálcio na forma de bicarbonato.
O calcário pode ser encontrado em diferentes ambientes, como rios, lagos e até mesmo no subsolo. Além disso, é importante destacar que o Brasil está entre os principais países produtores desse recurso, o que torna a prática da calagem bastante frequente no país.
Além de sua aplicação no solo para aumentar a produtividade agrícola, essa rocha possui uma ampla gama de usos. Ela é essencial na fabricação de cimento, cal e vidro. Da mesma forma, também é utilizada como fundente na metalurgia e, ainda, possui grande valor como pedra ornamental.
Benefícios do calcário agrícola
- Diminuição da implicação tóxica do Alumínio (Al);
- Diminuição da retenção do Fósforo (P);
- O aumento da disponibilidade do Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (MG), Enxofre (S) e Molibdênio (Mo) no solo;
- O aumento da ação dos fertilizantes impedindo seu desperdício;
- Amento da firmeza dos tecidos as agressões externas como pragas e ventos, através do cálcio viabilizado pelo calcário que entra na composição das células das plantas;
- Aumento da performance microbiana e a saída de nutrientes pela decomposição da matéria orgânica;
- Melhoramento dos atributos físicos do solo, gerando melhor aeração e circulação de água;
- Aumento da evolução radicular, fazendo com que as plantas desfrutem os nutrientes de um volume maior de solo e as torna mais resistente a falta de chuvas;
- Aumento da produtividade das culturas pelo resultado de um ou mais benefícios citados anteriormente.
Necessidade da calagem
A calagem visa elevar o pH do solo a um nível adequado (5,5-6,5), neutralizar o Al3+ e fornecer Ca e Mg.
Assim, a NC deve, no mínimo, atender a demanda de Ca e Mg da cultura (X) e no máximo neutralizar a acidez potencial (H+Al) do solo.
Dessa forma, após calcular a NC de calagem pelos diferentes métodos, deve-se verificar a seguinte condição: X< NC < (H+Al). Caso a NC seja menor que o valor de X, deve-se ignorar e recomendar o valor de X estabelecido para a cultura.
No entanto, a estimativa da NC por um método qualquer não deve ultrapassar o valor de (H+Al), no qual é determinado elevando o pH da amostra de solo em torno de 7,0, considerando que a aplicação de 1 t/ha de CaCO3 irá, em tese, neutralizar 1 cmolc dm-3 de acidez e elevar o teor de Ca trocável no solo em 1 cmolc dm3.
Na prática, esses valores não são atingidos, pois a taxa de recuperação de Ca pelo extrator não chega a 100%, e a eficiência da calagem não é plena. No entanto, essa dedução é válida e adequada para verificar a necessidade de calagem (NC).
Quantidade de Calcário
Quando as pressuposições da NC não são totalmente atendidas, é necessário calcular a quantidade de calcário (QC) para ajustar a dose aplicada. A QC pode ser determinada pela seguinte fórmula:
Calculo de quantidade de Calcário
Onde:
- QC: quantidade de calcário (t/ha)
- NC: necessidade de calagem (t/ha)
- SC: superfície coberta com aplicação do calcário (%, 100% para aplicação em área total)
- P: profundidade de incorporação do calcário (cm)
- PRNT: poder relativo de neutralização total do calcário a ser utilizado (%)
- Quando a quantidade de calcário recomendada é elevada (> 4 t/ha para solos argilosos ou >2 t/ha para solos arenosos), recomenda-se o parcelamento da dose em pelo menos duas aplicações, minimizando os riscos de uma supercalagem.
Aplicação de Calcário
Fonte: AgroPós
A aplicação do calcário agrícola no solo pode ser
- Superficial, com aplicação sobre a superfície do solo sem revolvimento.
- Como o calcário de maneira geral apresenta baixa solubilidade, a calagem incorporada tem sido uma opção muito utilizada por muitos agricultores.
- No entanto, diversos trabalhos têm demonstrado a eficiência da calagem superficial, que possui a vantagem de não comprometer a estrutura do solo pelo distúrbio.
Quais são os tipos de calcário?
É importante conhecer os tipos de calcário que existem. Confira a seguir.
- Calcítico: é o que contém maior teor de cálcio (45 a 55%) e menor de magnésio.
- Magnesiano: esse fica com um teor intermediário de magnésio (5 a 12%).
- Dolomítico: este tipo de calcário tem maior teor de magnésio (maior que 12%) e baixo teor de cálcio.
Vale lembrar que o tipo de calcário a ser usado é identificado com as análises do solo, já que seu uso fará a correção dos nutrientes da terra. Além desse ponto, cada cultura pede um grau de pH do solo específico.
Análise do solo
A análise do solo possibilita avaliar suas condições químicas e físicas, incluindo teores nutricionais, acidez e textura. Dessa forma, determina-se a necessidade de calagem, o tipo e a quantidade de calcário, além dos nutrientes a serem fornecidos por adubação.
Manter alta produtividade com sustentabilidade exige um solo fértil e bem conservado. Nesse contexto, a análise do solo desempenha um papel essencial, proporcionando as melhores condições para o desenvolvimento das culturas.
Cuidados que devem ser tomados no uso dessa técnica
A aplicação ocorre três meses antes do plantio, para garantir que o insumo atue de forma satisfatória. Mas, como o calcário depende de umidade para a realização do condicionamento do solo, devem ser evitados períodos de seca para aplicação do produto.
Um dos problemas mais recorrentes na fase de aplicação é a super calagem, ou seja, a aplicação do calcário acima dos níveis recomendados ocasionada pela má distribuição, incorporação ou dimensionamento do insumo.
Essa condição, por sua vez, intensifica a mineralização da matéria orgânica, tornando-a ainda mais vulnerável ao processo de lixiviação. Esse fenômeno ocorre quando os nutrientes se deslocam ao longo do perfil do solo e, consequentemente, se perdem para camadas mais profundas.
Além disso, a adubação fosfatada no sulco de plantio contribui significativamente para amenizar a intensidade dos sintomas de deficiência de manganês. No entanto, é fundamental destacar que o excesso de cálcio, resultante da realização de supercalagem, pode, por sua vez, induzir o aparecimento dessa deficiência nas plantas.
Outro efeito diretamente relacionado ao excesso de cálcio é o processo de retrogradação. Nesse sentido, os íons reagem com o cálcio e, como resultado, retornam a uma forma indisponível para as plantas. Isso compromete diretamente sua absorção e, consequentemente, interfere no desenvolvimento adequado das culturas.
Dessa forma, a calagem deve ser executada dentro das recomendações e especificações técnicas, a fim de gerar apenas benefícios a campo.
Conclusão
A calagem oferece diversos benefícios, como a regulação do pH, a neutralização de metais potencialmente tóxicos e o fornecimento de nutrientes essenciais para as plantas.
No entanto, esses benefícios dependem da correta aplicação, que deve ser realizada em períodos do ano em que o solo ainda apresente certo nível de umidade. Além disso, é indispensável seguir todas as recomendações técnicas para garantir a máxima eficiência do processo.
Por isso, é fundamental conhecer as características da sua plantação para utilizar essa estratégia de forma eficiente e, assim, aumentar a produtividade do solo da sua fazenda. Espero que este artigo tenha ajudado você a entender melhor o assunto!