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Formigas cortadeiras: aprenda a controlar!

Formigas cortadeiras: aprenda a controlar!

Formigas cortadeiras: descubra as principais características e os diferentes tipos, além de conhecer os métodos de controle para evitar danos em sua cultura.

 

Formigas cortadeiras: aprenda a controlar!

 

As formigas cortadeiras, Attaspp. (saúvas) e Acromyrmexspp. (quenquéns), possuem ampla distribuição geográfica e são consideradas as principais pragas dos reflorestamentos no Brasil. Devido ao elevado número de colônias por área, ao grande número de indivíduos por colônia, a grande voracidade e a sua presença constante nos plantios florestais.

Tanto as saúvas (Atta spp.) quanto as quenquéns (Acromyrmex spp.) causam sérios danos às plantas devido ao corte de folhas, brotos e cachos.

A atividade das formigas é prejudicial em qualquer fase do ciclo das plantas, porém o dano é maior na fase de formação, quando paralisa temporariamente seu crescimento. E, por isso, temos de fazer controle das formigas. Para ajudar o agricultor neste controle.

 

Características das formigas cortadeiras

  • Sua coloração é castanha, mas pode variar mesmo sendo pertencente a mesma espécie e colônia;
  • São polimórficas;
  • Não possuem soldados;
  • Apresentam de quatro a cinco espinhos no mesossoma;
  • Os ninhos são feitos no solo, sendo alguns difíceis de serem observados, principalmente se não houver acúmulo de palha ao redor do orifício de saída das operárias;
  • Coletam folhas e outras partes vegetais, transportam para o interior do ninho para cultivar um fungo que servirá de alimento.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Formigueiro das cortadeiras

Em um formigueiro adulto, ou seja, quando as saúvas que nele habitam estão com três anos de idade. Inicia-se o processo de multiplicação e seu primeiro sinal, visível aos olhos, é a revoada ou voo nupcial.

Mas, afinal, o que é a revoada? “Uma vez ao ano, geralmente, no início do período das chuvas, o formigueiro passa a produzir zangões e tanajuras.

Geralmente, após as primeiras chuvas, quando o sol volta, ocorre a revoada essas revoadas, normalmente, acontecem no período da tarde, com exceção das quem-quens, em que esse voo ocorre pela manhã.

 

Checklist agrícola

 

Tipos de operárias nos formigueiros das cortadeiras:

As soldadas, que acompanham as outras no trabalho e são as mais fortes para defender o formigueiro. Soldadas de saúvas são conhecidas como “cabeçudas”, que saem em grande número quando perturbamos um formigueiro forte.

As cortadeiras ou carregadeiras, que são as mais numerosas nos carreiros, responsáveis por cortar, carregar, limpar, abrir caminhos, escavar e ajudar na defesa da colônia, entre outras funções.

Já as jardineiras, que são as menores dentre as operárias. Têm a função principal de cultivar o alimento sobre as folhas trazidas pelas cortadeiras. Têm este nome porque trabalham nos “jardins de fungo”, realizando um trabalho muito delicado e importante para a colônia de cortadeiras.

 

Conhecendo diferentes formigas cortadeiras

Quanto a organização social de um formigueiro temos;

 

 A saúva

A rainha é uma tanajura que foi fecundada em vôo, pousou no solo, perdeu as asas, escavou a primeira panela e, assim fazendo, fundou um novo formigueiro.

O seu papel é o mais fundamental na colônia: somente ela põe os ovos dos quais nascem todas as outras, isto é, ela é a “mãe” do formigueiro.

Desta maneira a rainha controla o número de soldados, cortadeiras e jardineiras de cada estação. A rainha escolhe o local para a nova colônia e, sozinha inicia a escavação da primeira panela do formigueiro. A seta indica que a rainha perde definitivamente as asas.

 Além disso, a rainha que parece comandar todas as atividades do formigueiro, liberando diferentes hormônios que ajudam a organizar as tarefas principais.

 

Quenquéns

Quanto às quenquéns, levando em conta que a colônia é bem menor e menos populosa, a sua organização é basicamente a mesma que a das saúvas.

Dependendo da espécie, todas as operárias podem ser iguais ou então de vários tamanhos ou cores na mesma colônia, os reprodutores também são bem menores que nas saúvas.

As operárias colônia está pronta para iniciar as atividades fora do formigueiro inicia-se os cortes de plantas pelas operárias.

Um aspecto importante para o reconhecimento de algumas dessas quenquéns é a enorme quantidade de ciscos e palhas sobre as entradas dos formigueiros. Além disso, as quenquéns apresentam quatro ou mais espinhos nas “costas” (tórax).

 

Controle da formiga cortadeira                           

Acredita-se que alguns dos princípios da filosofia do manejo integrado de pragas não se aplicam para formigas cortadeiras de modo geral, pelas particularidades ecofisiológicas, comportamentais e reprodutivas destes insetos eusociais.

Um dos princípios básicos do MIP é a determinação da menor densidade populacional que causa prejuízo econômico, o nível de dano econômico, necessário para a tomada de decisão para adoção ou não de medidas de controle.

 

Controle de cultura

A utilização de culturas armadilhas, como gergelim, capim braquiarão, mamona ou batata-doce podem apresentar efeitos tóxicos ou repelirem as formigas cortadeiras é considerado um método cultural.

Essas culturas podem ser plantadas na borda das culturas principais, podendo servir também como alimento alternativo. A aração e gradagem do solo são considerados métodos de controle cultural por alguns autores.

 

Controle mecânico

Em sauveiros jovens (até 4 meses de idade), onde a rainha ainda está a poucos centímetros da superfície, um método simples e eficiente de se acabar com o sauveiro é a escavação e morte da rainha.

A aração do terreno antes do plantio funciona da mesma maneira, podendo matar a rainha. Porém, essas táticas não funcionam em sauveiros mais velhos.

Outro método, bastante antigo, utilizado é o de proteção das copas das árvores, que consiste em utilizar tiras cobertas de graxa ou vaselina amarradas no tronco das árvores.

Pode-se também utilizar gel adesivo ao redor do tronco ou anéis com água. Esses métodos visam evitar o acesso das formigas as folhas e são praticamente inviáveis em plantações extensas.

 

Controle químico

O uso de produtos químicos é o método mais eficaz para eliminar as formigas cortadeiras. Somente as colônias das saúvas muito jovens podem ser destruídas mecanicamente, por meio de escavação.

Entre as quenquéns, porém, o desafio está na descoberta do local dos ninhos. Se não encontrados, distribua a cada 6 metros, no máximo, iscas granuladas no ambiente.

A época mais adequada de controle de formigas é após a colheita de milho ou de soja, quando falta alimento e os ninhos de formigas são localizados com maior facilidade.

O intervalo entre a dessecação e o início de semeadura é também adequado para controle intensivo de formigas.

 

Isca granuladas

É muito importante usar iscas nos dias com maior atividade externa das formigas. As formigas desenvolvem intensa atividade de transporte e armazenagem de folhas e outras partes de plantas. Para alimentar os fungos no período até três dias antes de chuvas ou entrada de frentes frias.

  • O método possui alta eficiência, alto rendimento operacional.
  • Pode ser aplicado de forma sistemática.
  • São de baixa toxicidade, causando menor dano ao meio ambiente.
  • Agem exclusivamente por ingestão.
  • A distribuição do formicida dentro da colônia é feita pelas próprias formigas
  • Após 48 horas do carregamento da isca: 50% da população da colônia estará contaminada.
  • As iscas granuladas contêm um princípio ativo (clorpirifós, sulfluramida, fipronil, deltametrina, fenthium, fenitrothion e bifentrin).
  • E um produto atrativo: mistura de polpa cítrica, óleo de soja e inseticida.  São altamente atrativas para as formigas cortadeiras.

 

Aplicação

Para maior eficácia no controle de formigas a isca deve ser colocada após a dessecação, quando falta alimento e antes da emergência das plantas cultivadas. Por isso, deve-se concentrar o uso de formicidas granulados nos períodos entre safras.

As iscas devem ser colocadas na borda das trilhas de transporte de folhas e próximo aos “olheiros” de entrada do formigueiro. Nunca dentro ou sobre o olheiro de entrada do formigueiro. Deve-se tomar cuidado com o manuseio da iscas para evitar odores que as formigas poderiam rejeitar.

 

Pó seco

Os formicidas em pó são indicados para espécies de formigas cortadeiras que constroem seus ninhos mais rasos no solo, como são as quenquéns.

Isso porque ao aplicar o pó não se consegue atingir o interior das colônias muito profundas, o que torna o controle ineficaz.

  • Aplicados com o uso de polvilhadeiras manuais e motorizados.
  • Usar com clima seco e com baixa umidade relativa do ar.
  • Recomenda-se seu uso somente em sauveiros jovens e em quenquenzeiros de monte.
  • Principal limitação: pouca eficiência do uso de bombas manuais e a profundidade que funciona: até 2,5 m.
  • Os formicidas em pó devem ser bombeados de 5-10 x em cada olheiro
  • Podem causar problemas de refluxo pela “bucha de formigas” que entopem os canais
  • Mata as formigas por contato.

 

Líquido nebulizado

A termonebulização é eficiente no controle de formigueiros, inclusive aqueles de maior tamanho, quando feito nos momentos de intensa atividade das formigas e aplicado em diferentes pontos do ninho.

O uso de inseticidas nebulizados é antigo e foi adotado com substratos queimados em fumigadores e bombeado para dentro dos formigueiros com fole manual.

  • Bastante sucesso em locais com muita saúva
  • Sua ação é imediata, paralisando o formigueiro
  • Os custos, rendimento e eficiência do controle são variáveis
  • Deve-se observar: o grau de infestação; o sistema operacional; os produtos utilizados
  • Usa-se uma máquina motorizada
  • Transforma-se o produto inseticida em fumaça
  • A aplicação ocorre através de uma corrente de ar produzida também pela máquina, até a saturação do formigueiro.
  • Mata a formiga por contato.
  • É viável somente para saúva.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Neste artigo vimos os diferentes tipos de formiga cortadeira e o quanto que elas podem prejudicar as culturas.

Com isso é de extrema importância que o agricultor faça monitoramento correto pois quanto mais cedo identificar melhor para realizar o diagnóstico correto, e assim realizar medidas de manejo para o controle em sua lavoura, onde poderá opinar para o melhor tipo de controle.

É importante ressaltar que em caso de dúvidas o ideal é procurar um o profissional da área para realizar a identificação correta.

Escrito por Michelly Moraes.

Pós-graduação Fitossanidade

O controle da formiga cortadeira no Brasil

As formigas cortadeiras são consideradas pragas por atacarem plantas em áreas de reflorestamento, pastagens e cultivos agrícolas. As formigas cortadeiras (Atta sexdens, Atta laevigata e Acromyrmex spp.) podem causar severas desfolhas em mudas ainda mesmo nos viveiros. Quando não controladas, após a transferência das mudas para o campo, retardam o desenvolvimento e podem causar até morte de plantas.

Neste texto serão abordados os principais aspectos do controle desta importante praga florestal além da polêmica sobre o uso da Sulfluramida, principal componente químico utilizado nos formicidas.

Tipos de controle

Na literatura são descritos três tipos de controle, são eles:

  • Controle Cultural: trata-se de quatro diferentes práticas.
  • Movimentação do solo nos locais dos formigueiros, principalmente no caso das quenquéns, pois seus formigueiros são bastante superficiais;
  • Revestimento do caule com um cone de proteção (confeccionado com plástico ou câmara de ar), a 30 cm do solo, com a parte mais larga voltada para baixo, tem dado resultados por impedir a subida das formigas;
  • Uso de garrafas de plástico (refrigerantes) para proteger plantas jovens e mudas recém-plantadas; e
  • Cultivo próximo ao pomar de plantas repelentes como: batata-doce, gergelim, rim de boi e algumas euforbiáceas.
  • Controle Biológico

Os predadores naturais das saúvas são: aves, sapos, rãs, tatus, tamanduás, lagartos, lagartixas, besouros dos gêneros Canthon e Taeniolobus, formigas dos gêneros SolenopsisParatrechina e Nomamyrmex, além de mosca da família Phoridae.

  • Controle Químico

O controle químico é instrumento importante e, muitas vezes, imprescindível no controle das formigas cortadeiras. As técnicas mais comuns de controle empregadas são as iscas tóxicas e a termonebulização, por apresentarem boa eficiência de controle. Contudo, existem vários produtos disponíveis no mercado, como: pós-secos, líquidos, gases.

As iscas à base de bagaço de laranjas, óleos essenciais e cobre atuam por ingestão e são de ação retardada, características essenciais para garantir a dinâmica de contaminação da colônia. Devem ser colocadas próximos às bocas dos formigueiros e junto dos carreiros. É o método de controle mais comum e eficiente.

Isca formicida

O controle químico por meio do uso de iscas é o mais utilizado no Brasil e o principal produto utilizado é a isca formicida granulada. Este produto apresenta como principais vantagens a facilidade de aplicação, o alto rendimento operacional, alta eficiência e condições econômicas favoráveis.

O formicida é uma mistura de produtos químicos que pode ser apresentar na forma de isca, que é um produto granulado que a formiga leva para o interior do formigueiro como se fosse mais um alimento. O efeito lento das iscas faz com que as formigas sejam envenenadas em doses baixas ou mínimas, sem perceberem. Caso contrário, elas parariam de levar o alimento para dentro da colônia e a eficiência do produto seria mínima.

Um dos desafios da efetividade da isca tóxica é simular o alimento das formigas. Elas são sensíveis e muito especializadas na sua alimentação e sabem evitar aquilo que não faz bem para elas e sua colônia. Por isso, o elemento atrativo da isca, um de seus principais constituintes, tem que ser os próprios componentes da sua alimentação.

As Iscas a base de Sulfluramida

A sulfluramida é um princípio ativo que forma parte de diversos inseticidas de ação lenta sob a forma de iscas com componentes atrativos para as formigas principalmente.

Por questões de segurança e estratégia biológica ela é utilizada em pequenas doses. A quantidade dela presente em qualquer inseticida é regulamentada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) através de monografias disponíveis na internet. O número de CAS é 4151-50-2, cuja sigla em inglês é PFOSA.

Nas iscas, a sulfluramida é absorvida junto com o óleo usado na sua composição por uma glândula localizada na cabeça do inseto. Isso provoca a morte, ao inibir a produção de energia nas mitocôndrias, estruturas celulares responsáveis por essa função no organismo da formiga.

No mercado existe por exemplo a isca formicida ATTA MEX-S, que possui como ingrediente ativo a SULFLURAMIDA (N-ethylperfluorooctane – 1- sulfonamide), apresentando características como: ausência de odor, ação de forma lenta, atuando diretamente na mitocôndria das formigas, rompendo o fluxo de prótons, evitando assim, a formação de ATP, onde a formiga fica sem energia e morre.

A polêmica em torno da Sulfluramida

Apesar do produto ser regulamentado deve-se sempre ter em mente que sempre há possibilidade de efeitos residuais no ambiente em concentrações ainda nocivas para o meio ambiente e isto tem gerado diversos debates sobre o uso deste componente químico aqui no Brasil.

Em maio deste ano os representantes dos governos presentes na 9ª Conferência das Partes da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes aprovaram a continuidade da utilização da sulfluramida e não estabeleceram prazos limites para seu uso.

Ambientalistas afirmam que quando a sulfluramida se degrada no solo transforma-se em PFOS (sulfato de perfluorooctano), uma substância tóxica bioacumulativa, que pode persistir no meio ambiente por centenas de anos. Assim, o seu uso contribui para contaminação da água e do solo, acumulando-se nos alimentos.

O Brasil é o principal produtor mundial de sulfluramida, substância que já não é mais fabricada nos Estados Unidos, na Europa e que, ainda este ano, teve produção interrompida também na China.

Nos últimos anos, como o uso de PFOS foi eliminado na maior parte do mundo, a indústria brasileira de sulfluramida cresceu. Em 2008, o país produziu cerca de 30 toneladas do pesticida. Em 2015, ano das estimativas mais recentes, a produção havia crescido para 40 a 60 toneladas.

http://materiais.agropos.com.br/webinar-recuperacao-de-areas-degradadas

Um mal “necessário”?

Os inseticidas são substâncias utilizadas para o controle dos insetos considerados pragas, obtendo como benefício direto o aumento da produtividade agrícola e bem estar humano.

A necessidade no aumento da produtividade torna praticamente imprescindível o uso de inseticidas como forma de proteger as plantações das mais diferentes culturas desde o cultivo, crescimento, armazenagem até o transporte.

A Abraisca (Associação Brasileira das Empresas Fabricantes de Iscas Inseticidas), associação comercial que representa os principais fabricantes do agrotóxico no Brasil, insiste que a sulfluramida é necessária “para garantir a segurança das pessoas e do meio ambiente”.

Enquanto grupos ambientalistas apontam que há maneiras de matar formigas cortadeiras que não envolvem a criação de resíduos tóxicos persistentes, o grupo industrial insiste que não existem alternativas eficazes para a sulfluramida.

Vemos que ainda há, contudo, pouca conscientização sobre os benefícios e malefícios deste composto. Como o uso da sulfluramida cresceu, estudos apontam um aumento expressivo de contaminação por PFOS no país.

Entre 2004 e 2015, a produção de sulfluramida resultou em até 487 toneladas de PFOS sendo liberadas no meio ambiente – uma porção considerável. Enquanto isso, o PFOS, que permanece indefinidamente no meio ambiente, tem aparecido cada vez mais no solo, plantas, águas costeiras e rios no Brasil.

 

Fonte: Mata Nativa