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Poda: veja os diferentes tipos!

Poda: veja os diferentes tipos!

O ato de podar plantas pode ser fisicamente exigente, mas a preparação mental e o planejamento são a chave para o sucesso dessa habilidade crucial. As informações a seguir têm como objetivo ajudá-lo a planejar e se preparar para cuidar e manter suas árvores e arbustos. E como realizar a melhor poda.

 

Poda: veja os diferentes tipos!

 

Assim como cortamos o cabelo para que o mesmo comece a crescer com mais força, precisamos podar as plantas para que recebam um impulso em seu desenvolvimento, e assim consigam crescer de forma vigorosa e se proteger de pragas e doenças, sem a necessidade de agrotóxicos ou insumos agrícolas.

A presença de galhos doentes também interfere no crescimento da planta, além de poder vir a comprometer os demais galhos da planta.

Podar uma planta nem sempre está relacionado com intenções negativas ou com a necessidade de reprimir o crescimento de seus galhos, na maioria das vezes, a poda é realizada como forma de prevenção de doenças e potencialização do uso dos nutrientes retirados do solo, garantindo frutos saudáveis e muito mais saborosos.

 

Paisagismo e Arborização Urbana

 

Poda

A poda é a prática de remover seletivamente partes da planta (galhos, botões, flores gastas, etc.) para manipular a planta para fins hortícolas e paisagísticos.

 

Por que podar plantas?

Mais importante do que saber quando ou como podar é saber por que é o que você está tentando alcançar. Existem muitos motivos para podar, mas vamos nos atentar a 8 deles:

  • Manter a saúde da planta
  • Corte da madeira morta, moribunda, doente ou danificada.
  • Remoção dos galhos que se cruzam ou enroscam
  • Manter uma boa circulação de ar dentro da estrutura da planta.
  • Remoção brotos
  • Controle do tamanho
  • Acentuar uma característica ornamental (flores, frutas, etc.)
  • Manter a forma desejada.

 

Quando podar?

Quando você poda plantas na hora errada, os resultados podem criar resultados altamente indesejáveis. O momento certo para podar dependerá do tipo de planta, do resultado desejado e da severidade da poda necessária.

A poda para remover partes danificadas, mortas ou doentes pode ser feita em qualquer época do ano.

A maioria das árvores e arbustos, especialmente aqueles que florescem no novo crescimento da estação atual. Devem ser podados no final do inverno ou início da primavera, antes do início do novo crescimento.

As plantas que florescem como árvores frutíferas ornamentais, rododentros e lilases, devem ser podadas imediatamente após a floração para maximizar a floração do ano seguinte.

 

Tipos de poda

Veja os tipos de poda mais utilizados:

 

Poda de formação

poda de formação tem o intuito de conduzir o crescimento da planta da maneira desejada. Pode ser feita com objetivos estéticos, para controlar o crescimento, dar o formato desejado. E também com fins práticos, para facilitar o cultivo e colheita, ou até mesmo possibilitar a circulação ao redor da planta, eliminando galhos mal posicionados e elevando a copa.

 

Poda de floração e frutificação

As podas de floração e de frutificação são feitas para estimular a produção de flores e frutos. Visam reduzir a fase improdutiva das plantas, induzir frutificações regulares e de qualidade.

No geral, não devem ser realizadas enquanto a planta está florindo ou frutificando, pois nesse momento sua atividade está intensa.

Aconselha-se realizar essa poda no fim do outono e começo do inverno, quando boa parte das plantas entra em período de recesso vegetativo, o que facilita sua recuperação após a poda.

 

Poda de limpeza

poda de limpeza é aquela feita, muitas vezes naturalmente, para retirada de folhas e galhos secos e mortos, quebrados, ou que estejam doentes ou infestados por pragas. Folhas secas e flores murchas também são retirados.

Esse tipo de poda faz com que a planta renove suas energias para continuar crescendo, aumenta a longevidade e melhora a sanidade, sendo bastante utilizada em cultivos orgânicos, pois apresenta resultados duradouros. Além disso, também melhoram a entrada de luz e a circulação de ar no interior da copa.

 

Plataforma Agropós

 

Poda de raízes

Mais rara, a poda das raízes é necessária em situações em que as árvores apresentam um grande crescimento, chegando a prejudicar o solo onde está plantada. Também é realizada em bonsais, para limitar o crescimento da planta.

 

Ferramentas para diferentes tipos de poda

Algumas ferramentas de jardinagem são indispensáveis para a realização de podas. Itens como faca de poda, tesoura de corte, tesoura de poda (ou podão), facão e serrote são os mais utilizados.

Além deles, pode ser necessário uma tesoura comum, para podas de alguns temperos, por exemplo, ou até motosserra, para podas de árvores mais antigas e grossas. Nesse caso, é indicado chamar um profissional capacitado.

Existe uma variedade de ferramentas para poda, cada uma adequada a um tipo de planta. Ademais, sempre que for podar suas plantas, é indicado utilizar alguns equipamentos de proteção, como luvas e óculos.

 

Ferramentas para diferentes tipos de poda

 

Cuidados com as ferramentas

Alguns cuidados devem ser tomados com as ferramentas de poda:

  • devem estar sempre muito bem afiadas, para não machucar a planta na hora de podá-las;
  • sempre higienize muito bem suas ferramentas, depois de tirar a sujeira superficial, lave e seque bem, e passe álcool ou produto à base de cloro;
  • esterilize suas ferramentas antes de podar outra planta, caso contrário pode haver proliferação de doenças e pragas. Pode-se utilizar fogo para esterilizá-las, desde que aguarde a ferramenta esfriar;
  • eventualmente lubrifique suas ferramentas com óleo;
  • guarde-as em local adequado, longe da umidade.

 

 

Conclusão

Por vezes, a poda tem como intuito deixar a copa mais limpa para a entrada de luz solar, mas em outras situações, podar uma planta pode significar prepará-la para o período de estiagem.

Cabe ao produtor conhecer sua plantação e suas respectivas restrições, para somente então, determinar qual o tipo de poda necessário para cada situação.

Gostou do conteúdo? Esperamos que sim! Procuramos trazer as melhores informações para ajudar com as podas.

Escrito por Michelly Moraes.

Paisagismo e Arborização Urbana

Acácia negra: entenda o que é e para que serve!

Acácia negra: entenda o que é e para que serve!

Essa é uma árvore ornamental e tem o fruto em forma de vagem torcida. Ela pode crescer até 6 metros de altura e possui 4 metros de diâmetro. As folhas são pequenas e lineares. Mas, você sabe para que serve a acácia negra?

Descubra!

 

Acácia negra: entenda o que é e para que serve!

 

Acácia negra

Uma das espécies vegetais exóticas que se destacam economicamente no Rio Grande do Sul é a Acacia mearnsii, conhecida popularmente como acácia-negra.

Essa planta apresenta uma grande importância socioeconômica. Principalmente, na região do Vale dos Sinos, onde é estimado que de 40 mil famílias vivam dessa cultura.

No Brasil, a plantação de acácia-negra tem característica multifuncional. Ou seja, tem ação recuperadora dos solos de baixa fertilidade, através da fixação de nitrogênio, permite o plantio consorciado de culturas agrícolas e presta-se à criação de gado em seu interior. De suas árvores, utiliza-se a casca e a madeira, para fins industriais.

 

 

Benefícios de cultivo

O cultivo de florestas de acácia-negra se tornou uma atividade econômica atrativa. Por gerar benefícios para diversos produtores, destacando-se:

  • Geração de renda;
  • Redução da jornada de trabalho;
  • Aproveitamento de áreas com uso restrito para agricultura;
  • Integração com outros cultivos agrícolas e com a pecuária.

 

Características da acácia negra

As 1.200 a 1.300 espécies do gênero Acacia (Família Mimosácea) estão distribuídas naturalmente pelo mundo, exceto na Europa e Antártida. O gênero é característico de regiões.

Acacia mearnsii De Wild, ou acácia-negra, ocorre naturalmente no sudeste da Austrália, especialmente na região costeira, em declives adjacentes aos planaltos da região de Sydney, no Estado de Nova Gales do Sul, até o extremo sudeste do Estado da Austrália do Sul e em áreas de baixa e média altitude do Estado da Tasmânia.

A folhagem adulta é de cor verde-escura, daí o nome acácia-negra, com brotos suavemente amarelos. As folhas são bipinadas, com 8 a 21 pares de pinas, cada um com 15 a 70 pares de folíolos. Estes medem 1,5 a 4,0 mm de comprimento por 0,5 a 0,7 mm de largura.

A folhagem das mudas apresenta de 4 a 8 pares opostos de pinas, de coloração verde-escuro. E cada pina é formada por 20 a 25 pares de folíolos oblongos. As inflorescências são panículas terminais hermafroditas, de cor amarelo-creme.

 

Importância econômica

O plantio da acácia negra é economicamente importante para as propriedades pequenas nas regiões de plantio. Especialmente no Rio Grande do Sul, onde cerca de 60% da produção é realizada por pequenos produtores que plantam e colhem a acácia na entressafra e associada a outras produções.

Para muitos produtores é a principal fonte de renda rural. E para outros ainda, o plantio de acácia é a atividade principal.

Mesmo considerando-se apenas o processo de produção primária do ciclo da acácia, que é o preparo do solo, o plantio, a trato da cultura, o descascamento, a derrubada, o corte e o baldeio da madeira e da casca. O cultivo da acácia é responsável pela geração de milhares de empregos diretos e indiretos e o sustento de muitas famílias que vivem da cultura da acácia.

 

Importância ambiental

A produção de acácia-negra também é muito importante do ponto de vista ambiental sob o ponto de vista ambiental. Pois o cultivo de acácia é responsável pela incorporação ao solo de matéria orgânica além de fixar nitrogênio atmosférico.

Estas duas capacidades da cultura da acácia são responsáveis pela manutenção e proteção produtiva do solo, no entanto é fundamental o estudo do ciclo de nutrientes em cada região. Pois a alternância entre plantio e colheita podem comprometer o ciclo de nutrientes e a produtividade.

 

Nutrição Mineral de Plantas: Macronutrientes.

 

Utilizações comerciais desta espécie

Agora vamos ver a utilizações comerciais das partes descartadas desta espécie vegetal. Vamos lá?

 

Cascas de acácia negra

A casca dessa espécie vegetal é muito conhecida como uma importante fonte de taninos. Estes metabólitos secundários são compostos produzidos por certas espécies vegetais, com o intuito de proteger a planta contra o ataque de animais e insetos.

Os taninos são notoriamente conhecidos pela capacidade em precipitar proteínas. Desta forma, são muito empregados na indústria coureira, no curtimento de couros e peles, permitindo maior resistência do couro frente às abrasões.

Os taninos obtidos das cascas da acácia-negra também são empregados nas mais diferentes finalidades, como na perfuração do solo para exploração petrolífera, na produção de agentes anticorrosivos, na indústria de cana de açúcar e álcool, na produção de sanitizantes, na clarificação de cervejas e vinhos.

 

Madeira de acácia negra

A madeira vem tendo destaque por ser mais rentável, já que é exportada em quase sua totalidade como cavacos para as indústrias de celulose Kraft no Japão.

A madeira de acácia-negra é matéria-prima de qualidade não apenas para a fabricação de celulose. Mas também de rayon (seda artificial), papel, chapas de aglomerados e energia (carvão vegetal e carvão ativado).

 

Folhas e flores de acácia negra

Quantidades importantes de nutrientes podem retornar ao solo pela deposição das folhas e das flores sobre ele, principalmente pela capacidade de fixar nitrogênio atmosférico. Assim fertilizando e recuperando solos degradados e permitindo o cultivo consorciado da acácia negra com as culturas agrícolas e silviculturas.

As folhas são mais predominantes na serrapilheira devolvida ao solo do que as flores, mas isso se deve em parte à sazonalidade das flores, que não estão presentes o ano todo.

As folhas são ricas em nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio e magnésio, as flores apresentam esses mesmos nutrientes, porém em menores quantidades.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Portando, o cultivo da acácia negra tem grande importância econômica, social e ambiental para a sociedade moderna.

A facilidade com que a planta se adapta a locais com diferentes características de solo e seu rápido crescimento fazem com que ela seja muito utilizada. Sendo todas suas partes aproveitadas e reaproveitadas para as mais diversas finalidades.

Gostou de saber mais sobre o assunto?  Deixe seu comentário e acompanhe nosso blog e fique por dentro dos próximos artigos!

Escrito por Michelly Moraes.

 

Informações objetivas sobre o conflito entre Árvore e Rede Elétrica

Informações objetivas sobre o conflito entre Árvore e Rede Elétrica

Foi-nos solicitado discorrer sobre experiências que têm dado certo nos trabalhos sobre arborização urbana, mormente nas questões que envolvem o conflito com as redes elétricas.

Temos desenvolvido vários trabalhos sobre esse assunto em diversas cidades, principalmente por intermédio do Centro Mineiro para Conservação da Natureza, o qual assessoramos na área de arborização e paisagismo. Assim, podemos citar trabalhos em Cataguases, João Monlevade, Ponte Nova, dentre muitas outras cidades.

Para ilustração nesse evento, entretanto, escolhemos o trabalho desenvolvido em Belo Horizonte que teve como objetivo específico o estudo econômico de podas e substituições de redes, por ter sido mais completo e mais científico. Assim, queremos deixar claro que os dados apresentados são relativos ao trabalho do Engenheiro Florestal Ednilson dos Santos em sua tese de doutoramento junto ao Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, sob orientação da Professora Rita de Cássia Gonçalves Borges e aconselhamento dos professores Márcio Lopes da Silva e Wantuelfer Gonçalves. O referido trabalho teve o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG e da CAPES.

O engenheiro Ednilson dos Santos ocupa atualmente a função de chefia da Administração Regional Centro-Sul (a ARCS é penas uma pequena parte de Belo Horizonte). Sua experiência, já há algum tempo em arborização urbana, permite-lhe inferências importantíssimas para solução de conflitos entre rede elétrica e arborização urbana. Assim, maiores detalhes podem ser conseguidos em contatos diretos com o autor na Prefeitura de Belo Horizonte.

INFORMAÇÕES

Grande parte do esforço despendido pelos profissionais de arborização urbana hoje em dia, em cidades onde a arborização já existe, está voltada para correções de erros antigos. Esses erros podem ter sido propositais em alguns casos, mas na maioria não o foi, já que nos primeiros plantios de árvores urbanas o homem não tinha, ainda, o conhecimento suficiente para evitar esses erros. Dentre eles, o que mais se sobressai é o conflito entre os serviços aéreos (redes elétricas, iluminação, placas de sinalização etc) e as árvores. Para correção desses erros ou mesmo para o estabelecimento de um plano de manejo e intervenções como um todo, a primeira necessidade do arboricultor é conhecer o seu patrimônio arbóreo. Esse conhecimento é feito com a busca de informações que permitirão a tomada de decisões. Essas informações podem ser buscadas de duas maneiras: por meio de um levantamento ou inventário total; por meio de um inventário parcial por amostragem.

Se medimos todas as árvores, sem exceção, estaremos diante de um levantamento ou inventário total. Quando todos os dados de todas as árvores são armazenados de forma a podermos recuperá-los a qualquer momento estaremos fazendo um cadastramento.

Se medimos apenas parte da população por meio de amostras significativas e inferimos os resultados para toda a população, estamos realizando um inventário parcial.

Seja qual for o processo utilizado, as conclusões a que chegamos sobre como se encontra o patrimônio arbóreo em termos qualitativos e quantitativos podem ser denominadas de diagnóstico da arborização urbana. Esse diagnóstico pode ter objetivos generalizados, mas pode também ser realizado com um objetivo bastante específico (1).

CUSTO DAS INFORMAÇÕES

Informações para diagnosticar as condições de uma arborização urbana têm custos operacionais consideráveis. Assim, o profissional responsável pelo levantamento deverá ser bastante objetivo, coletando apenas informações que possam contribuir no seu diagnóstico. Esse custo poderá ser controlado na escolha das variáveis a serem levantadas, no grau de detalhamento dessas variáveis e na forma de anotação desses dados. Assim, a planilha a ser preenchida deverá requerer o mínimo de escrita possível; as árvores deverão ter medidos apenas os parâmetros essenciais e da maneira mais objetiva possível; a equipe deverá ter treinamento para agilidade na coleta dessas informações (2).

Santos (3), realizando inventário na cidade de Belo Horizonte estabeleceu três métodos de levantamento com objetivo de avaliar seus custos operacionais: inventário por classes; diagnóstico superficial; inventário completo. No inventário por classes a equipe de trabalho foi composta de um anotador e dois medidores e as medidas horizontais, embora tenham sido determinadas com trena, tiveram, juntamente com estimação de medidas verticais, os valores distribuídos em classes.

No diagnóstico superficial, apenas um avaliador estimou a olho nu, sem qualquer instrumento de medição, todos os parâmetros e fez a anotação por classes, como no inventário por classes.

No inventário completo, com equipe igual à do inventário por classes, utilizou-se de trena e régua retrátil, sendo os dados anotados com seus valores exatos.

Como era de se esperar, os tempos gastos foram bastante variáveis, no campo e no escritório (Tabelas 1 e 2).

Fonte: Santos(2000a) op.cit.

 

Fonte: Santos(2000a) op.cit.

Acompanhando os dados relativos ao tempo gasto e levando-se em consideração a formação das  equipes e  dos equipamentos utilizados, os custos, logicamente, foram diferentes (Tabela 3).

Fonte: Santos(2000a) op.cit.

O trabalho apresenta, ainda, uma avaliação expedita no grau de precisão das medidas e, é claro, há diferenças consideráveis em favor dos métodos mais completos. Entretanto, a finalidade dessas medições deverá determinar o grau de precisão requerido e o custo associado que, juntos, determinarão a otimização de todo o processo.

OBJETIVOS DAS INFORMAÇÕES

Os motivos que levam os técnicos a inventariarem ou diagnosticarem a arborização urbana são vários e vão desde o simples conhecimento do parâmetro arbóreo municipal até a formulação de políticas municipais de meio ambiente e qualidade de vida. Entretanto, de permeio entre esses dois extremos existe a necessidade real de manejo desse patrimônio em função, principalmente, de ser ele um patrimônio vivo e, como tal, dinâmico.

Assim, os levantamentos periódicos das condições arbóreas é que determinam as intervenções de fertilização, de poda e de supressão, dentre outras.

Apenas para ilustrar o uso do inventário da arborização para um fim específico, recorremos novamente ao trabalho de Santos (4) que diagnosticou a situação da arborização da Região Administrativa Centro-Sul de Belo Horizonte com a finalidade de comparar, em termos econômicos, a substituição de redes e a poda, intervenção convencionalmente realizada para administrar os conflitos entre a rede e a árvore.

O trabalho de Santos começou por determinar os tipos de rede existentes, ou não, na regional, uma vez que nem todo tipo de rede conflita com a árvore e nem toda árvore conflita com o tipo de rede. Assim, considerando as redes de baixa e média tensão e as diferentes especificações em que elas se encontram (nua, protegida e isolada), estabeleceu-se 16 possibilidades conforme a tabela 4 (5).

Fonte: Santos(2000b) op.cit.

Associados aos diferentes tipos de redes temos os diferentes tipos de árvores para os quais pode haver, ou não, a necessidade de poda. Assim, árvores de pequeno porte sob rede, mesmo que nua, não necessitam poda e, árvores grandes, quando sob redes isoladas ou protegidas não requerem podas ou, se as requerem, estas são em menor intensidade. Diferentes situações então podem ser determinadas e graus variáveis de poda podem ser requeridos. Assim, a tabela 5 ilustra a tipologia de poda adotada pela ARCS para pagamento de serviços de terceiros, relacionando as diferentes intensidades de poda com o porte das árvores.

Fonte: Santos(2000b) op.cit.

O inventário realizado apontou a existência de 55.041 árvores na ARCS, sendo 87% desse total plantadas ao longo de passeios, 8,39% em canteiros separadores de pistas e 4,61% em praças.

Deixando de lado as informações botânicas e de qualidade, cientificamente determinadas no trabalho, ressaltamos que a avaliação de necessidade de podas mostrou que os serviços mais requisitados foram a poda de levantamento de copa (32,9%), de conformação (19,7%), de limpeza (18,4%) e para liberação da iluminação pública (13,2%). Observando-se o relacionamento das árvores com a rede elétrica, chegou-se à conclusão de que apenas 25,42%, ou cerca de 14 mil, estão sob algum tipo de rede nua e têm potencial para atingirem alturas capazes de gerar conflito com a rede.

De maneira resumida, a tabela 6 mostra os parâmetros e custos relacionados à poda da arborização urbana, praticados pela ARCS, considerados os valores de mercado para o período de julho a outubro de 1999. Ressalta-se, entretanto, que a ARCS, em sua última licitação chegou a pagar R$ 46,33 por poda.

Fonte: Santos(2000b) op.cit.

Se, no entanto, o conflito pode ser resolvido intervindo-se na árvore, o mesmo pode ser feito atuando-se na rede. Os custos estimados apresentados a seguir (Tabela 7) foram levantados junto à Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, para  eliminar o uso de qualquer tipo de rede nua (6).

* 1Km = 29 postes. ** Considera a troca de um transformador. Fonte: Santos(2000b) op.cit.

Considerando-se então que apenas 14 mil das 55.041 árvores inventariadas interferem na rede de distribuição, o total de rede a ser substituída para que a necessidade de poda chegue a um nível próximo de zero é de 85,73 Km de média tensão, 2194 Km de baixa tensão e 32,45 Km de média/baixa tensão. Os custos estimados para essa substituição ficaram em torno de R$ 4.712.000,00, considerados os valores unitários, ou de R$ 3.770.000,00 se toda a substituição fosse executada de uma só vez. Isso equivale à execução da poda de todas as 14 mil árvores por um período de 7,3 anos, se executadas pela ARCS uma vez ao ano, ou de 8,4 anos, se considerado o valor pago pela CEMIG para a execução de duas podas por ano.

Do ponto de vista financeiro, a substituição gradativa da rede conforme a necessidade de manutenção é a melhor alternativa. Do ponto de vista ambiental, entretanto, esse processo deve ser acelerado.

 

Leia também:
-> Arborização e Áreas Verdes Urbanas: entenda como funcionam as análises através de índices
-> Paisagismo no Brasil: Habilidades e Habilitação

 

CONCLUSÕES

O conhecimento do patrimônio arbóreo de uma cidade seja por meio de um levantamento, de um inventário parcial ou de um diagnóstico simples é de suma importância para a tomada de decisões técnicas e políticas que influenciarão em intervenções ambientais e na qualidade de vida das pessoas. Esse trabalho tem de ser desenvolvido por equipes competentes que possam aperfeiçoar o processo tanto em termos de custo como em termos técnicos. A determinação dos parâmetros, da metodologia e da equipe pode influenciar nos resultados e esses poderão apontar as soluções para os problemas específicos. Assim, a escolha entre um levantamento, um inventário ou um diagnóstico poderá determinar a qualidade e o custo finais do processo.

REFERÊNCIAS

(1) Para maiores informações sobre tipos de inventário e diagnóstico de arborização pode-se consultar a monografia de Chaves (1996).
(2) Para informações sobre formação de equipes consultar o trabalho de Takahashi (1994).
(3) Trabalho defendido como exigência de qualificação para doutoramento.
(4) Trabalho desenvolvido como tese de doutoramento no Departamento de Engenharia Florestal da Univesidade Federal de Viçosa.
(5) Para maiores detalhes sobre os diferentes tipos de rede recomendamos o trabalho da CEMIG (s/d).
(6) Para maiores detalhes pode ser consultado o trabalho da CEMIG (s/d) op.cit.

 

BIBLIOGRAFIA

1 – CHAVES, P. C. Inventário de arborização urbana. Viçosa: DEF/UFV. 1996. 39p. (Monografia de graduação).

2 – TAKAHASHI, L. Y. Arborização urbana: inventário. In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO  URBANA, 2. 1994. São Luis. Anais… São Luis: SBAU. 1994. 193-198.

3 – SANTOS, E. dos Avaliação comparativa entre três métodos de inventário qualitativo da arborização urbana viária. Viçosa: UFV, 2000a (Exame de qualificação para doutoramento).

4 – SANTOS, E. dos Avaliação quali-quantitativa da arborização e comparação econômica entre a poda e a substituição da rede de distribuição de energia elétrica da Região Administrativa Centro-Sul de Belo Horizonte – MG. Viçosa: UFV, 2000b. (Tese de doutoramento).

5 – CEMIG Poda de árvores e arborização urbana: diretrizes para a adequação ambiental. Belo Horizonte: CEMIG, s/d. (não publicado).

Este trabalho foi apresentado em agosto de 2000 a pedido da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e da CETESB no seminário “OS Aspectos Relativos a Sistemas de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica”, e foi publicado em Urbana Paisagem: palestras e conferências: 2000-2002, em Edição do Autor em 2003.