O café é um dos principais produtos agrícolas na pauta das exportações brasileiras. A produção de café, atualmente, passa por várias etapas antes de chegar aos consumidores. Neste post vamos abordar cada uma dessas etapas.
Venha Comigo!
A produção de café
A produção de café no Brasil é uma atividade agrícola historicamente reconhecida por contribuir com a melhora social e econômica do país. A exigência, cada vez maior, dos consumidores por um bom padrão de qualidade do café.
Como veremos a seguir, o plantio do café não é um bicho de sete cabeças, mas devemos prestar atenção em alguns detalhes, desde as mudas até a colheita.
Seguindo as recomendações corretas para o plantio do café, não tem segredo! As chances de sucesso da lavoura são sempre maiores. Confira no artigo como começar com o pé direito o plantio do café!
História do café no Brasil
O café foi o principal produto de exportação da economia brasileira durante o século XIX e o início do século XX, garantindo as divisas necessárias à sustentação do Império do Brasil e também da República Velha.
As raízes do café no Brasil foram plantadas no século XVIII, quando as mudas da planta foram cultivadas pela primeira vez. Que se tem notícia, por Francisco de Melo Palheta, em 1727, no Pará.
A partir daí, o café foi difundido timidamente no litoral brasileiro, rumo ao sul, até chegar à região do Rio de Janeiro, por volta de 1760.
Entretanto, a produção de café em escala comercial para exportação ganhou força apenas no início do século XIX. Tal dimensão de produção cafeeira só foi possível com o aumento da procura do produto pelos mercados consumidores da Europa e dos EUA.
Ranking mundial da produção de café
O Brasil é o maior produtor de café do mundo. Os principais Estados produtores são Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rondônia, Espírito Santo, Bahia e Goiás.
Atualmente, o país tem registro de mais de 280 mil produtores de café. São mais de 2.720.520.000 quilos por ano!
1 – Plantio do café
Tudo começa com a plantação de café em viveiros e em solo devidamente preparado em grandes fazendas produtoras. O contato direto com o sol pode prejudicar o grão.
Os grãos mais bonitos são separados para blends especiais. Enquanto os medianos são usados para a produção em larga escala.
É preciso esperar cerca de 4 anos entre o plantio do pé de café e a primeira colheita. Veja abaixo os processos do plantio.
- Escolha da área – deve ser plana ou suavemente ondulada. Não é aconselhável o uso de terrenos com declividade acima de 18%.
- Preparo da área – a depender da cobertura vegetal da área (capoeira, culturas permanentes, pastagens ou culturas anuais) pode ser manual, mecânica ou mista. Em solos compactos a aração deve ser feita à profundidade de 20 a 30 cm.
- Espaçamento – depende de uma série de fatores: cultivar a ser plantada, equipamentos a serem utilizados, topografia da área e fertilidade do solo, entre outros. Os espaçamentos convencionais (abaixo de 2500 plantas/ha) variam de 1.5 a 2,5 m entre plantas e 3,0 a 4,0 m entre linhas.
- Coveamento – deve ser feito manual ou mecanicamente nas dimensões de 40 x 40 x 40cm, separando-se a terra mais fértil retirada da cova para misturar com adubo no momento do plantio das mudas.
- Plantio das mudas – deve ser realizado no período chuvoso com mudas de quatro a seis pares de folhas aclimatadas ao sol. É importante o uso de cobertura morta em volta da muda para manter a umidade do solo e reduzir a competição com ervas daninhas.
2 – Florada do café
A flor, por definição, é o órgão reprodutor das angiospermas, grupo de plantas ao qual o cafeeiro pertence. A flor dá origem ao fruto, que protege o desenvolvimento da semente. Café é o nome da semente do cafeeiro.
A florada geralmente ocorre na primavera, entre os meses de setembro e novembro. Porém, pode ocorrer mais de uma florada, dependendo das características da cultivar e de fatores ambientais como radiação solar, temperatura, disponibilidade de água etc.
A quantidade de flores depende do número de nós (pontos de onde partem novos ramos e folhas) dos ramos laterais formados na estação de crescimento anterior (setembro a maio). Daí a importância de ter muitas folhas no cafeeiro, evitando que elas caiam até a próxima florada.
3 – Colheita do café
A colheita de café deve acontecer quando os frutos atingem seu estado de maturação fisiológico (cereja), que ocorre no período da seca, entre março/abril a setembro.
A principal evidência da maturação é a mudança da cor da casca. No café, ela transita do verde para vermelho ou amarelo, de acordo com a variedade.
Isso é o resultado da intensificação das atividades respiratórias, produção do etileno e, na sequência, a degradação da clorofila e síntese de pigmentos, como carotenoides e antocianinas.
A hora certa de colher os grãos é quando eles atingem a maturação fisiológica com 55 a 70% de umidade. Para entender melhor, entenda quais são as denominações do café:
- 60 a 70% de umidade: Verde
- 45 a 55% de umidade: Cereja
- 30 a 45% de umidade: Passa
- 25 a 35% de umidade: Bóia
- Menor que 25%: Coco
O ideal é que a colheita se inicie quando a lavoura ou talhão apresentar pequena quantidade de cafés verdes, menor que 20%, e estiver ainda com pequena quantidade de frutos passas ou secos, ou seja, no estágio pós-maturação. Os três tipos de coleta mais comuns são de derriça, manual e a chamada “colheita mecanizada de café”.
4 – Processamento do café
Cada fruto do café é composto de várias camadas: a casca externa (polpa) ou exocarpo; a mucilagem ou mesocarpo, uma camada sedosa e pegajosa responsável por grande parte da doçura do café; uma camada com textura de papel ou endocarpo chamada pergaminho; e a película prateada, uma membrana que cobre as duas sementes.
O processamento do café é a remoção dessas camadas do fruto. Existem várias maneiras de fazer isso, todas com um impacto diferente no sabor do café.
Natural
Idealmente o primeiro passo é fazer a separação dos “bóias”, que são os frutos que secaram no pé. Eles receberam esse nome porque, quando são colocados no lavador, os mais secos boiam por terem densidade diferente dos cerejas ou verdes.
No caso de o produtor optar pelo terreiro, o café será espalhado sob o sol e mexido várias vezes para uma secagem uniforme.
Descascado (CD)
Aqui, como o próprio nome diz, os frutos perdem sua casca após passarem pelo descascador. A máquina pressiona os cerejas e verdes contra um cilindro cheio de furos.
Os cerejas passam perdem sua casca pelo grau de maturidade e os verdes ficam retidos. Depois, esses grãos temos a mucilagem envolvida pelo pergaminho são levados para o terreiro onde ocorre a secagem.
Despolpado ou lavado
Depois de descascado, ao invés de o café ir para o terreiro ou secador diretamente, ele será submerso em tanques de água para passarem por um processo de fermentação induzida.
Durante esse período, ocorre a eliminação da mucilagem, que será encontrada na superfície da água. O pergaminho, que agora está sem a mucilagem, vai para o terreiro ou secador.
5 – Beneficiamentos: limpeza e classificação do café
Outro passo importante do ciclo da produção de um café de alta qualidade é o beneficiamento. São retiradas as impurezas que por ventura estejam presentes, como as pedras, por exemplo. Para esta tarefa, temos como ferramentas as peneiras e catadores de pedras.
O café, ao ser submetido à limpeza, é então descascado, para então passar pela etapa de classificação. Antes de armazenar-se os grãos, eles são testados para que se possa classificá-los, em decorrência da qualidade obtida.
A principal classificação no Brasil é a de tipo. Ela leva em conta o número de grãos defeituosos, bem como os defeitos relacionados aos elementos estranhos ao café (paus, pedras, cascas).
6 – Torrefação do café
A etapa da torra é, certamente, fundamental para transformar o café na bebida incrível que é. O processo de transformar o café cru em grãos secos prontos para a moagem, fazendo com que se crie uma bebida encorpada, doce, de cor caramelo e de complexidade apreciada por qualquer bom bebedor de café.
Cada café é único e reage de maneira diferente dentro do torrador. Por isso a ciência da torra envolve tanta técnica, mas também um feeling de quem opera a máquina para fazer cada coisa no momento exato.
Esse processo, que dura de sete a quinze minutos e varia a temperatura dos grãos de 180°C a 240°C, apresenta três fases principais: a Pirólise, a Caramelização e a Finalização.
7 – Moagem do café
Essa é a última etapa da produção de café antes de ele estar pronto para ser consumido como bebida. Existe uma variedade de estilos de moagem. A escolha de qual tipo dependerá de como o café será preparado.
O grão que passa pela moagem mais fina exige um preparo mais rápido, por isso é utilizado para máquinas de café expresso.
Por outro lado, aqueles que passam por moagem mais grossa são mais recomendados para cafés preparados no coador.
Conclusão
Todas as etapas descritas anteriormente precisam ser executadas com maestria para a produção de café. São diversos pontos que precisam de atenção e cuidado. Para não estragar o que foi feito anteriormente e nem prejudicar o que será feito posteriormente.
É um trabalho árduo desenvolvido diariamente pelo produtor e posteriormente pelas demais pessoas que integram a cadeia do café, que gera um café incrível para degustarmos em nossas xícaras diárias.
Em caso de dúvidas durante o processo o ideal é se consultar com um especialista para que não haja supressas. Então, o que você achou do nosso artigo? Se você gostou, não deixe de compartilhá-lo nas suas redes sociais e ajude mais pessoas a se informar sobre esse assunto.
Escrito por Michelly Moraes.