O que você entende sobre percevejo do milho? Neste artigo você encontrara informações valiosas, como; principais percevejos do milho; quais os danos causados na cultura do milho, além de mostrar quais os procedimentos para o manejo e controle.
Venha comigo!
A cultura do milho, durante o seu desenvolvimento, está sujeita ao ataque de pragas como o percevejo do milho. Antes considerada uma praga secundária na cultura do milho, os percevejos hoje podem ser considerados uma praga-chave para o sistema de produção, pois além de possuir várias espécies capazes de causar danos (que podem ser irreversíveis), os percevejos atacam também várias culturas além do milho.
Como o cultivo de milho na maioria das vezes é associado a sucessões e/ou rotações com culturas que também hospedam percevejos, você irá encontrar grande dificuldade em realizar um controle eficaz e até mesmo um controle preventivo.
Por isso, você irá notar que a incidência de percevejos na cultura exige uma atenção especial, pois com o ataque dos percevejos podem causar facilmente um nível de perdas atingindo diretamente o desenvolvimento da cultura
Dentre as espécies, existem os percevejos que atacam as raízes, o colmo e o grão na espiga do milho sendo elas;
Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea)
Os adultos têm corpo oval com cerca de 1 cm de comprimento e cor amarelada. As ninfas são mais claras e têm coloração esbranquiçada. Na parte aérea antenas laterais O ciclo biológico dura de 10 a 12 meses.
Vivem no solo, aproximadamente a 30 cm de profundidade, onde obtêm boas condições de umidade e temperatura. Em busca de tais condições, podem se aprofundar a mais de 1 m, o que geralmente ocorre durante a seca.
Deixam o solo apenas por alguns dias na estação chuvosa. Nessa ocasião, são observadas as revoadas de acasalamento dos adultos. A presença deles é facilmente notada pelo cheiro que liberam e o som estridente que produzem quando estão na superfície.
Danos causados
Injetam substâncias nocivas, o que prejudica ainda mais a cultura. Nas lavouras, os danos causados observados são reboleiras com plantas pouco desenvolvidas e com sintomas de deficiência nutricional e hídrica. As plantas enfraquecidas podem morrer.
Os danos nas lavouras são observados em reboleiras. As plantas atacadas apresentam desenvolvimento inferior ao restante da cultura e alguns sintomas de deficiência nutricional e hídrica, que ocorrem em razão da sucção da seiva e da injeção de substâncias tóxicas dessa praga pois, as plantas enfraquecidas podem morrer.
Percevejo-barriga-verde (Dichelopsfurcatus e Dichelops melacanthus)
O percevejo apresenta aproximadamente 1 cm de comprimento, com coloração marrom no dorso e verde no abdome. Além disso, nas laterais do protórax, existe um par de espinhos com a mesma coloração da cabeça e do pronoto.
Com relação à sua reprodução, seus ovos são verdes e encontrados em grupos no formato de pequenas placas. Além disso, as ninfas, principalmente na fase inicial de desenvolvimento, são bastante semelhantes aos adultos. Ou seja, possuem coloração marrom, abdome verde e cabeça pontiaguda.
No que diz respeito ao seu ciclo biológico, ele se completa em aproximadamente 45 dias, desde a fase de ovo até a fase adulta. Dessa forma, a infestação pode se estabelecer rapidamente, exigindo monitoramento constante para um controle mais eficiente.
Danos causados
No milho, atacam principalmente a base do colmo, o que causa murcha, seca e perfilhamento. Também pode haver formação de manchas escuras nos locais da picada e as folhas centrais podem ficar enroladas, deformadas e descoloridas.
Era considerada praga apenas para a cultura da soja, no entanto, com o plantio em sucessão e em rotação de culturas, os insetos passaram a prejudicar também o milho, principalmente na safrinha e no plantio direto.
Percevejo-marrom (Euschistus heros)
O percevejo marrom, E. heros, espécie rara nos anos 70, é hoje o mais abundante. Tem a soja como seu hospedeiro principal. Adaptando-se às regiões mais quentes, é mais abundante do Norte do Estado do Paraná ao Centro Oeste, norte e nordeste Brasileiro.
O adulto apresenta dois prolongamentos laterais pontiagudos no pronoto (os espinhos). As ninfas têm coloração variada, desde o esverdeado ao marrom-escuro.
Os ovos, de cor amarelada, em pequeno número (5 a 8 por postura), são depositados nas folhas e vagens da planta. Prestes a eclodir, os ovos apresentam uma mancha rósea. A fase de ninfa dura de 15 a 20 dias.
Danos causados
Nos últimos anos, a cultura do milho safrinha teve aumento expressivo na área cultivada, sendo que a maioria das lavouras é plantada após a colheita da soja. Neste sistema, algumas pragas que eram consideradas importantes apenas na cultura da soja, hoje, também causam prejuízos significativos nas lavouras de milho
Esses insetos podem ser encontrados sob restos de cultura (palhada) nos horários mais quentes do dia, bem como em grãos após a colheita da soja e em plantas daninhas remanescentes da cultura anterior, preferindo os horários de temperaturas mais amenas para se alimentar.
Manejo Integrado de Pragas (MIP)
O eficiente controle de percevejos está diretamente ligado ao programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP) em que assistência técnica e produtores devem tomar ações conjuntas, visando reduzir o impacto desta praga dias após a emergência.
A base do MIP consiste em:
- Identificação das pragas-chave;
- Identificação dos seus inimigos naturais;
- Elaboração dos níveis de controle;
- Monitoramento para tomada de decisão;
- Integração dos métodos de controle.
Essas premissas são indispensáveis para o manejo integrado de pragas sendo assim, alguns passos devem ser seguidos:
1º Passo: O primeiro passo consiste na identificação dos níveis da densidade populacional do inseto-praga, os quais são:
- Nível de Dano Econômico (NDE): ocorre quando a densidade populacional da praga causa prejuízo econômico equivalente ao custo do controle a ser adotado.
- Nível de Controle (NC): ocorre quando há necessidade de adotar medidas de controle para que não ocorra dano econômico.
- Nível de Equilíbrio (NE): ocorre quando a densidade populacional média da praga fique por um longo período de tempo sem afetar a cultura, ou seja, sem a necessidade de tomar medidas de controle.
2º Passo: é o monitoramento.
Você deve tomar qualquer atitude com base no monitoramento. Por isso, realize-o até mesmo antes da semeadura. Esse processo envolve visitas frequentes ao campo para analisar o nível populacional da praga-chave na sua área.
No milho, o monitoramento dos percevejos acontece por meio da contagem de percevejos vivos por metro linear, metro quadrado ou a cada 10 plantas em uma mesma linha.
O ideal é monitorar os percevejos durante todo o ciclo da cultura.
3º Passo: Tomada de decisão
Com base nesse monitoramento, você saberá se há população de percevejos na sua lavoura e, caso exista, qual o nível dessa população.
Para garantir um manejo eficiente, siga esses passos antes mesmo da implantação do milho. Ou seja, inicie o processo na cultura anterior, caso ela também sirva de hospedeira, como ocorre no sistema de sucessão soja-milho.
Manejo de percevejo na cultura do milho
Existem vários métodos de controle sugeridos pelo Manejo Integrado de Pragas (MIP) como;
Tratamento de sementes
O uso de tratamento de sementes com inseticidas neonicotinoides é um eficiente método de proteção e controle de percevejos. Mas, tão importante quanto o produto aplicado, é a maneira que este produto está sendo aplicado.
A distribuição do produto utilizado na semente deve ser muito bem feita, assegurando assim a proteção de cada semente.
O Tratamento de Sementes Industrial é uma das melhores alternativas, uma vez que oferece uma melhor distribuição e garantia de dose de ingrediente ativo por semente, além disso é de maior segurança aos colaboradores na fazenda e meio ambiente.
Aplicação de inseticidas
Esse é, sem dúvida, um dos métodos mais utilizados no controle de percevejos após o estabelecimento da cultura do milho. Quando o nível de controle é identificado no monitoramento dos percevejos, a aplicação de inseticidas costuma ser muito eficiente, desde que seja praticada da maneira correta.
No entanto, é fundamental destacar que o uso indiscriminado dos inseticidas pode resultar na seleção de percevejos resistentes. Como consequência, será ainda mais difícil controlá-los no futuro. Além disso, como na maioria das vezes apenas uma aplicação não é suficiente, é muito importante que você rotacione os princípios ativos dos inseticidas utilizados, ou seja, utilize mecanismos de ação diferentes.
Para isso, lembre-se de que alguns dos grupos químicos de inseticidas recomendados para o controle de percevejos no milho são os piretroides, neonicotinoides e organofosforados.
Entretanto, devido aos hábitos dos percevejos, que se alojam nos colmos das plantas ou permanecem escondidos na palhada, há uma grande dificuldade em atingir o inseto. Por essa razão, muitas vezes ele não é eliminado pela aplicação. Portanto, a tecnologia de aplicação se torna imprescindível.
Controle biológico
Do ponto de vista da sustentabilidade e da preservação ambiental, o Controle Biológico Integrado é uma das estratégias que vêm sendo adotadas em diversas regiões.
Basicamente, esse é um processo coevolutivo, que envolve a interação entre os percevejos alvos da cultura, organismos entomopatógenos e parasitóides. Dessa forma, o sistema busca alcançar um equilíbrio natural, reduzindo a necessidade de inseticidas químicos.
Atualmente, os principais agentes biológicos encontrados nas lavouras são os parasitóides que atacam ovos de diversos percevejos. Entre eles, as espécies mais abundantes são a Telenomus podisi (Ahsmead) e Trissolcus basalis (Wollaston).
Rotação de culturas
A rotação de culturas é extremamente importante, pois contribui diretamente para a quebra do ciclo dos percevejos. Em outras palavras, se você fornece à praga uma planta da qual ela não se alimenta, ela deixará de se reproduzir. Consequentemente, quando você voltar a cultivar milho, a infestação de percevejos será muito menor.
Por esse motivo, recomenda-se que a rotação seja feita com culturas que não sejam hospedeiras dos percevejos. Dessa maneira, você aumenta a eficiência do manejo integrado e reduz a dependência de inseticidas.
Para alcançar melhores resultados, siga as diretrizes do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e escolha as técnicas de controle mais adequadas à sua lavoura. Além disso, estratégias como semeadura na época certa, escolha do híbrido mais adequado, uso do tratamento de sementes, população de plantas ajustada e monitoramento frequente são fundamentais para garantir o sucesso do manejo.
Conclusão
Os percevejos são pragas iniciais em milho. Os principais danos estão relacionados ao retardo no desenvolvimento de plantas, surgimento de plantas dominadas e a redução no número de plantas comprometendo o estande ideal. Esses danos afetam diretamente o estabelecimento da lavoura com reflexos na redução de produtividade e qualidade de grãos.
Para manter a sua cultura saudável, e minimizar as suas perdas por ataque de percevejos, é preciso ter muita atenção e estratégia para o controle da praga. Para um manejo eficiente de percevejos do milho é muito importante identificação correta das espécies e realizar o monitoramento das áreas para, assim, adotar a melhor estratégia para o controle.
Escrito por Michelly Moraes.