O Manganês é um micronutriente essencial para as plantas, e faz parte de diversos minerais, ligado principalmente ao oxigênio e silício. Neste artigo vamos abordar tudo que você precisa saber sobre esse assunto.
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O Manganês é um micronutriente essencial para as plantas, e faz parte de diversos minerais, ligado principalmente ao oxigênio e silício.
Os óxidos e sulfetos de manganês são as formas mais comuns nos solos. Na planta, atua como ativador enzimático, controlando reações de oxirredução essenciais à fotossíntese.
A disponibilidade do nutriente pode ser bastante variável, implicando em deficiência ou toxicidade às plantas. Dependendo da solubilidade dos compostos de manganês presentes no solo. A forma iônica absorvida pelas plantas é Mn2+, e atua na síntese da clorofila, e participa do metabolismo energético.
O manganês no solo
O manganês se encontra no solo em diversas formas, porém, a forma disponível que pode ser absorvido pelas plantas, ou lixiviado, é a forma de Mn2+ e complexos orgânicos (LINDSAY, 1972).
Geralmente seu teor total varia entre 100 e 3000 mg/kg de solo, e o teor de nutriente disponível entre 1 e 50 mg/kg. A disponibilidade de manganês no solo é influenciada por alguns fatores:
pH do solo
O manganês tem o seu comportamento bastante influenciado pelo pH do solo. Para cada aumento de uma unidade de pH, a concentração do nutriente diminui cerca de cem vezes. Em pH ácido, o nutriente se encontra em um alto teor disponível para as plantas.
Desta forma, entende-se que práticas como a calagem diminuem o manganês disponível. Sendo uma boa estratégia em situações de toxidez por excesso do nutriente.
Solos com pH de até 8 favorecem a auto oxidação do Manganês, deixando o nutriente em formas indisponíveis para as plantas. Podendo até haver carência deste nutriente e de outros com o mesmo comportamento.
Além disso, conforme Malavolta (1997), a calagem fornece cálcio, que compete pelos mesmos sítios de absorção que o manganês, diminuindo também sua absorção pela planta.
Matéria orgânica no solo
Coloides orgânicos possuem sítios absortivos. Essas moléculas são formadas a partir de uma junção de grupos fenólicos e carboxílicos. Que podem apresentar cargas negativas na superfície, adsorvendo manganês e outros nutrientes.
Mineralogia
Solos argilosos geralmente adsorvem mais manganês, devido à maior área superficial da argila, que consequentemente propicia mais sítios adsorventes. Argilas 2:1 possuem mais sítios de adsorção, adsorvendo mais manganês (SOBRINHO et al., 2009).
Teor de água no solo
Em solos inundados, com condições anaeróbicas, as bactérias utilizam o MnO2 (insolúvel) na sua respiração, reduzindo para Mn2+ (solúvel), aumentando a disponibilidade deste nutriente no solo (comportamento semelhante ao do ferro).
Para identificar o teor de Mn no solo na análise de solo, conforme Shuman et al. (1974), os extratores ácido fosfórico, DTPA e Mehlich-1 são eficientes em separar o efeito das doses de manganês, porém, somente o DTPA identificou com sucesso a diminuição do teor do manganês extraível quando houve aumento de pH do solo.
O manganês na planta
O manganês é um nutriente pouco móvel nas plantas, e é absorvido pelas raízes através de mecanismos de difusão e interceptação radicular, na forma de Mn2+ e complexos orgânicos. Sendo assim, necessário aplicar o nutriente próximo às raízes.
Este nutriente participa de vários processos metabólicos nas plantas. Como por exemplo a ativação e constituição de enzimas, além de participar da fotólise da água. Várias enzimas envolvidas na fotossíntese são ativadas pelo Manganês, tanto nas plantas C3 quanto C4.
Quando ocorre deficiência de manganês, a fotossíntese é afetada, diminuindo o nível de carboidratos solúveis na planta. Prejudicando também outras reações de transporte de elétrons.
O manganês está envolvido na proteção de algumas células contra efeitos deletérios, e a sua carência resulta em diminuição da elongação celular.
Os sintomas de deficiência de manganês no milho
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), depois do ferro e do zinco, o manganês é o micronutriente mais extraído pelas plantas de milho.
Além disso, a cultura do milho é considerada uma cultura medianamente sensível à deficiência desse nutriente. Quando plantas de milho não recebem uma adubação adequada com manganês, elas tendem a apresentar alguns sintomas, como colmos mais finos.
Os colmos mais finos e o atraso do crescimento de plantas de milho sob condições de deficiência de manganês normalmente são um reflexo do comprometimento de algumas funções. Que esse micronutriente desempenha nas plantas. Uma dessas funções é a síntese de diversos compostos vegetais, como proteínas, carboidratos, lipídeos, lignina e aminoácidos.
Já o aparecimento de regiões cloróticas e estrias esbranquiçadas é associado, em parte, as funções que o manganês desempenha na fotossíntese.
Isso acontece porque o manganês é um componente estrutural de um complexo responsável por realizar a fotólise da água. Além disso, ele está envolvido com a ativação de diversas enzimas da fase escura da fotossíntese e do sistema antioxidante das plantas.
Os sintomas de deficiência de manganês na soja
Quando os teores de manganês do solo estão abaixo do nível considerado adequado para o desenvolvimento dessa cultura. A soja pode apresentar manchas amareladas entre as nervuras das folhas superiores, o que dá a elas um aspecto similar à uma “espinha de peixe”.
Já as folhas mais jovens da soja sob deficiência de manganês adquirem uma coloração que varia de verde-pálida a amarela-pálida.
Onde encontrar manganês para plantas?
Dentre as principais fontes de manganês para plantas utilizadas na agricultura, pode-se destacar:
Sulfato de manganês
O sulfato de manganês, usualmente representado pela fórmula química MnSO₄·3H₂O, é, sem dúvida, a fonte mais utilizada de manganês na agricultura. Isso ocorre porque, além de apresentar alta solubilidade em água, também possui um bom conteúdo de manganês, geralmente entre 26% e 28%. Por essas razões, ele tem sido amplamente escolhido pelos produtores rurais como fonte de referência para suprimento desse micronutriente.
Contudo, é importante salientar que, apesar de sua elevada solubilidade, o manganês fornecido por esse tipo de fonte pode, em algumas condições, tornar-se rapidamente indisponível para as plantas. Isso porque, ao entrar em contato com o solo, o manganês sofre oxidação com facilidade, formando compostos na forma de óxidos. Esses óxidos, por sua vez, precipitam-se no solo, tornando-se inertes e indisponíveis para absorção radicular.
Além disso, para driblar essa limitação, outra opção disponível no mercado é o oxissulfato de manganês, cuja fórmula química é comumente representada como MnO·MnSO₄. Essa fonte é considerada intermediária em termos de solubilidade, ou seja, fica entre os óxidos e os sulfatos. Os teores de manganês nesse fertilizante podem variar bastante, oscilando entre 25% e 70%, dependendo da formulação e do processo de fabricação.
Entretanto, é importante observar que, apesar do potencial promissor, os resultados de alguns estudos indicaram limitações. Por exemplo, uma fonte de micronutrientes à base de oxissulfato contendo cerca de 10% de manganês demonstrou eficiência de apenas 20% na disponibilização do nutriente, mesmo com aplicação na dose de 165 kg/ha.
Dessa forma, ao escolher a fonte de manganês para sua lavoura, é fundamental considerar não apenas o teor do nutriente, mas também a sua disponibilidade real no solo. Assim, o produtor poderá adotar estratégias mais eficientes e sustentáveis de manejo nutricional, garantindo maior aproveitamento do fertilizante aplicado, redução de perdas e melhores resultados na produtividade agrícola.
Fertilizantes formulados
Como o manganês é um micronutriente, também é muito comum que ele seja aplicado no solo sob a forma de fertilizantes formulados. Que são aqueles insumos que contêm 2 ou mais nutrientes em sua composição.
Na prática, o uso desses tipos de insumos permite reduzir os custos com as aplicações. Ao mesmo tempo em pode favorecer a disponibilidade de alguns nutrientes. Ao potencializar algumas relações de sinergismo dependendo da sua formulação.
Entretanto, a escolha dessa fonte de manganês pode levar a problemas relacionados à segregação de nutrientes.
K Forte
Diferentemente do sulfato de manganês, do oxissulfato de manganês e dos fertilizantes formulados. Já existem no mercado duas fontes de manganês multinutrientes. E que não apresentam limitações relacionadas à baixa disponibilidade de nutrientes, baixa eficiência e problemas de segregação de nutrientes.
A primeira delas é o K Forte® um fertilizante multinutriente desenvolvido pela Verde Agritech que é fonte de potássio, silício, magnésio e manganês.
Conclusão
Cada nutriente, sem exceção, desempenha um papel essencial no metabolismo e na fisiologia das plantas. Por isso, quando há ausência ou deficiência de qualquer um deles, podem surgir consequências sérias, como alterações na coloração das folhas, redução no porte das plantas, queda na disponibilidade de vitaminas e minerais e, por fim, prejuízos significativos na produtividade final. Dessa forma, é possível perceber como uma simples carência nutricional pode comprometer toda a produção agrícola, sobretudo quando se trata de cultivos destinados à alimentação humana e animal.
Além disso, é importante destacar que o produtor, muitas vezes, comete o erro de focar apenas na adubação com NPK. No entanto, para garantir a saúde do solo e o pleno desenvolvimento das plantas, é fundamental ir além. Ou seja, é necessário realizar uma análise detalhada do solo, de modo a compreender suas reais necessidades e, assim, definir um manejo nutricional mais eficiente e equilibrado.
A partir dessa análise, torna-se evidente a importância de micronutrientes como o manganês, que, apesar de ser requerido em menores quantidades, exerce funções indispensáveis no sistema vegetal. Por exemplo, o manganês participa diretamente na fotossíntese, na ativação de enzimas, na produção de clorofila e no fortalecimento das defesas naturais da planta.
Portanto, ao entender o papel do manganês no metabolismo vegetal e ao investir em fontes adequadas desse micronutriente, o produtor consegue melhorar significativamente a saúde das plantas e a qualidade do solo. Assim, é possível alcançar maior produtividade, sustentabilidade e rentabilidade no sistema de produção agrícola.
Escrito por Michelly Moraes.