Manejo Integrado de Pragas: aprenda a atilizar!!!

Manejo Integrado de Pragas: aprenda a atilizar!!!

Você conhece o Manejo Integrado de Pragas?  Saiba mais sobre este sistema e como ele pode te ajudar a ter plantas mais saudáveis!

 

Manejo Integrado de Pragas: Por que adotá-lo na sua lavoura?

FONTE: Adaptado de Entomological Society of America’s

 

O que é o Manejo Integrado de Pragas (MIP)?

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é essencialmente uma tomada de decisão e que se leva em conta não somente a eliminação da praga e o lucro, mas também os custos e benefícios a longo prazo para o meio ambiente e a sociedade em geral.

Mesmo se você fizer tudo certo ao implantar uma cultura, as pragas aparecerão inevitavelmente e causarão prejuízos ao final da safra. Mas o que são pragas?

No sentido amplo, pragas são organismos capazes de causar danos às plantas, seus produtos e subprodutos. Esses organismos podem ser microrganismos, como fungos, bactérias, nematoides e vírus, ou ainda plantas daninhas e insetos. Juntos, esses agentes nocivos têm o potencial de causar até 40% de perdas nos cultivos, o que representa uma grande preocupação para os produtores.

Estima-se que, especificamente os insetos considerados pragas, causem perdas anuais de aproximadamente US$ 12 bilhões para a economia brasileira. Diante desse cenário, torna-se fundamental adotar medidas eficazes para reduzir essas perdas e proteger a produtividade agrícola.

Neste texto, focaremos especialmente nos insetos-praga e nos métodos para seu controle.

Durante muitos anos, as estratégias adotadas para controlar esses organismos eram exclusivamente baseadas na utilização de inseticidas. Embora o uso de inseticidas tenha sido inicialmente eficaz, o seu uso excessivo ao longo do tempo trouxe uma série de consequências negativas, como o desenvolvimento de resistência nas pragas e impactos ambientais indesejados.

Neste contexto, surgiu a necessidade de desenvolver abordagens mais equilibradas e sustentáveis para o controle das pragas. Assim, foi criado o conceito de manejo integrado de pragas (MIP), que visa reduzir a dependência de químicos e adotar práticas mais eficientes e menos prejudiciais ao ambiente.

Ao contrário do que muitos pensam, o manejo integrado de pragas não é um conceito recente. Desde a década de 1920, entomologistas já recomendavam a utilização de métodos integrados no controle de pragas, como no caso do bicudo do algodoeiro, em que se combinavam plantas tolerantes com a queima de restos de cultura.

O uso de inseticidas, portanto, só era recomendado quando a população da praga atingia níveis insustentáveis, ou seja, quando o controle passava a ser urgente e inevitável. De forma mais ampla, pode-se conceituar o MIP como a combinação estratégica de diferentes métodos de controle para manter as pragas em níveis aceitáveis, garantindo a saúde do cultivo de maneira mais sustentável e econômica.

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Componentes do Manejo Integrado de Pragas (MIP)

 

Avaliação do agroecossistema

De forma simplificada, a avaliação do agroecossistema consiste em se conhecer a lavoura e os principais insetos que ocorrem nela.

Isso inclui saber o estágio de desenvolvimento que as plantas se encontram, pois algumas pragas incidem em determinado estágio com maior intensidade.

As condições climáticas influenciam a incidência de pragas. Em temperaturas maiores, ocorrem mais ciclos do inseto durante a safra, fazendo com que sua população seja maior.

A maioria dos insetos presentes em um determinado campo de cultivo não causam dano algum àquela cultura, sendo assim não são considerados praga.

Inclusive podem ser benéficos, quando auxiliam no controle populacional das pragas – estes são os chamados inimigos naturais.

Espécies que raramente causam prejuízos à cultura são consideradas pragas secundárias.

No entanto, algumas poucas espécies presentes na cultura estão em nível populacional alto e causam danos frequentemente, sendo então consideradas como pragas-chave.

Assim, a atenção deve ser voltada ao monitoramento dessas espécies, pois os dados deste monitoramento é que fornecerão a base para a estratégia de manejo a ser adotada.

 

Monitoramento

O monitoramento deve ser realizado periodicamente e permite estabelecer os níveis populacionais de equilíbrio, de controle e de dano econômico dos insetos.

Ou seja, devem ser realizadas frequentes amostragens com o objetivo de saber se a população é alta suficiente para causar nado.

O nível de equilíbrio é quando a população não sofre grandes variações ao longo do tempo.

Já o nível de controle é quando a população atinge um nível que é necessário adotar medidas de controle a fim de evitar prejuízos e o nível de dano econômico, que é a menor densidade populacional capaz de causar perdas econômicas significativas ao agricultor.

O nível de controle varia para diferentes pragas em uma mesma cultura ou mesmo para uma mesma praga incidindo em diferentes culturas.

As medidas de controle adotadas demoram um tempo até que surjam efeitos. Assim, o controle deve ser realizado antes do nível populacional alcançar o nível de dano econômico.

No gráfico abaixo, podemos observar que, quando medidas não são adotadas no momento correto a população da praga ultrapassa o nível de dano econômico, causando prejuízos.

 

Nível de controle no (MIP)

FONTE: AGROPÓS

 

Tomada de decisão e controle

No MIP, ao utilizar dados de monitoramento das pragas, torna-se possível tomar decisões mais informadas e estratégicas. Nesse processo, a relação custo/benefício do controle de pragas é cuidadosamente avaliada, garantindo que os recursos sejam utilizados de forma eficaz, maximizando os resultados e minimizando os impactos negativos.

Como mencionado anteriormente, o manejo integrado de pragas preconiza a adoção de mais de um método para controle das pragas em uma cultura. Isso ocorre porque, ao combinar diferentes abordagens, é possível aumentar a eficácia do controle, tornando-o mais sustentável e menos dependente de métodos químicos, por exemplo.

Dentre esses métodos, destacam-se o controle cultural, o controle biológico, a resistência genética, o controle legislativo, os métodos genéticos e o controle químico. Cada um desses métodos oferece diferentes vantagens e pode ser aplicado de maneira complementar para alcançar os melhores resultados no controle de pragas.

Agora, vamos explorar um pouco mais sobre cada um desses métodos, compreendendo como funcionam e quais são suas aplicações mais eficazes no contexto agrícola.

Métodos de controle no Manejo Integrado de Pragas

 

Controle biológico

O controle biológico consiste em controlar as pragas por meio do uso de seus inimigos naturais e pode ser natural, clássico ou artificial.

No controle biológico natural, os inimigos naturais que já existem no ecossistema são utilizados, sem a necessidade de intervenção externa. Isso ocorre pela preservação de matas nativas próximas aos cultivos ou, alternativamente, pelo uso de inseticidas seletivos, que protegem os inimigos naturais sem comprometer o equilíbrio do ecossistema.

Nesse controle, o foco principal é controlar pragas exóticas, sendo que, para isso, muitas vezes são introduzidos inimigos naturais no local como uma medida de controle a longo prazo. Dessa forma, cria-se um ambiente mais equilibrado e sustentável para o cultivo.

Por outro lado, o controle biológico artificial consiste na criação massal e aplicação de inimigos naturais em grande quantidade, o que faz com que esse tipo de controle tenha uma ação mais rápida, podendo ser comparado à eficácia dos inseticidas químicos. Contudo, ao contrário dos químicos, o controle biológico artificial oferece benefícios ambientais significativos.

O controle biológico, portanto, é uma técnica que apresenta diversas vantagens, como a especificidade. Isso significa que um agente introduzido no agroecossistema não terá efeitos danosos a outros insetos benéficos, ao contrário do que ocorre com produtos químicos. Além disso, esse tipo de controle promove um efeito duradouro, pois o inimigo natural pode se estabelecer, formando uma população estável naquele cultivo.

Outra vantagem importante é que o controle biológico não polui o meio ambiente e nem os alimentos, contribuindo para a sustentabilidade. A utilização comercial de produtos biológicos para o controle de insetos vem se tornando cada vez mais frequente, em grande parte devido às crescentes exigências do mercado por soluções mais sustentáveis e ambientalmente amigáveis.

 

Controle cultural

O controle cultural ou manipulação do ambiente de cultivo é um método preventivo que deve ser considerado como a primeira linha de defesa contra as pragas. Ele consiste na adoção de práticas culturais típicas da cultura, com o objetivo de desfavorecer o desenvolvimento de insetos-praga.

Diversas estratégias podem ser utilizadas na manipulação do ambiente de cultivo, e dentre elas, merecem destaque:

 

Destruição de restos culturais

Esta medida visa controlar pragas que sobreviveriam a entressafra em restos culturais, servindo como fonte de infestação para a safra seguinte. É muito adotada na cultura do algodoeiro, com o objetivo de manejar o bicudo.

 

Uso de sementes e mudas sadias

Esta medida visa evitar a introdução de insetos que se disseminam através de sementes e mudas, como ocorre com a lagarta rosada do algodoeiro.

 

Preparo do solo

O preparo do solo por meio da aração e gradagem promove o enterrio de pragas localizadas na superfície do solo ao mesmo tempo que favorece a exposição de insetos localizados a profundidades maiores à incidência de radiação solar e ao ataque de inimigos naturais, como pássaros.

 

Espaçamento entre plantas

Plantios mais adensados, com espaçamento menor entre plantas tendem a criar um microclima mais desfavoráveis a certos insetos, como por exemplo, o bicho-mineiro em café. Além disso, promovem facilitam a colonização de fungos entomopatogenicos, favorecendo a adoção do controle biológico.

 

Modificação da época de colheita

Na maioria das vezes não é viável modificar totalmente a época de colheita de uma cultura. No entanto, em alguns casos, como de infestação por broca do café, recomenda-se colher primeiro os talhões mais afetados.

 

Controle legislativo

As medidas de controle legislativos são leis, portarias e decretos, quer federais, estaduais ou mesmo municipais, que obrigam ao cumprimento de determinadas medidas de controle.

 

Quarentena

A quarentena é uma medida preventiva de extrema importância que tem o objetivo principal de evitar a entrada de pragas exóticas e sua subsequente disseminação para outras áreas. Ela funciona como uma barreira, impedindo que novos organismos daninhos, que não fazem parte do ecossistema local, se instalem e provoquem danos às lavouras e ao ambiente agrícola. Assim, sempre que houver suspeita ou confirmação da chegada de pragas de regiões externas, deve-se aplicar a quarentena, com acompanhamento constante para garantir a eficácia do controle da situação.

Medidas obrigatórias de controle

Além da quarentena, existem medidas obrigatórias de controle, que são ações determinadas por legislações específicas, que visam reduzir os riscos de propagação de pragas e doenças nas lavouras. O produtor, portanto, é obrigado a adotar essas práticas para garantir a saúde do sistema produtivo. Um exemplo clássico dessas medidas é o estabelecimento de uma data limite para a destruição dos restos culturais, que tem como finalidade o controle do bicudo do algodoeiro. Dessa forma, ao destruir os restos de culturas antigas, o agricultor evita que os resíduos sirvam como ambiente propício para a reprodução e proliferação da praga, minimizando assim os danos à produção futura.

Legislação do uso de agentes e métodos de controle

A legislação relacionada ao uso de agentes e métodos de controle desempenha um papel essencial no manejo das pragas nas lavouras. Diversos aspectos legais regulam o uso de agrotóxicos e outros insumos no campo, garantindo que o produtor aplique essas substâncias de maneira segura e eficaz.

Neste contexto, a obrigatoriedade do receituário agronômico, por exemplo, orienta o uso correto e seguro de produtos químicos, evitando o uso indiscriminado que pode prejudicar tanto a cultura quanto o meio ambiente. Além disso, a legislação que trata dos organismos transgênicos no Brasil, que regulamenta o cultivo e a comercialização de organismos geneticamente modificados, também impacta o controle de pragas.

O controle biológico, por exemplo, pode se tornar mais efetivo com o uso de variedades geneticamente modificadas que são resistentes a determinadas pragas, reduzindo, assim, a dependência de agentes químicos.

Portanto, a integração entre medidas obrigatórias de controle, legislação sobre o uso de agrotóxicos e práticas de quarentena são fundamentais para uma gestão eficiente de pragas nas lavouras. Essas abordagens não apenas garantem a saúde da produção agrícola, mas também ajudam a proteger o ambiente e promovem um uso mais sustentável dos recursos naturais. Ao adotar essas práticas, os produtores contribuem para o fortalecimento de um sistema agrícola mais equilibrado e seguro.

 

Resistência de plantas

Algumas plantas possuem a capacidade natural de impedir ou suportar e se recuperar de injurias causadas por insetos praga. Esta característica herdável é chamada de resistência genética.

Pesquisadores trabalham na seleção e multiplicação destas plantas naturalmente resistentes por meio de métodos clássicos ou de engenharia genética, para obtenção de cultivares comerciais.

Dessa forma, atualmente estão disponíveis cultivares resistentes a diversas pragas que causam prejuízos.

Sempre que for possível, a resistência genética deve ser um método adotado, pois possui vantagens como facilidade de adoção, especificidade, baixo custo, harmonia com o ambiente, além de ser compatível com outras medidas de controle.

 

Métodos químicos

Consiste na aplicação de substâncias químicas para prevenir ou destruir pragas, sendo os defensivos agrícolas, com ênfase nos inseticidas, os mais utilizados.

O controle químico tem sido um método indispensável no manejo integrado de pragas (MIP), pois em algumas situações, ele é a única medida prática quando a população se aproxima do NDE.

Quando o produtor aplica inseticidas com o mesmo mecanismo de ação por repetidas safras, ele corre o risco de selecionar insetos resistentes, o que, com o tempo, pode impedir que o produto controle a praga.

Por isso, o produtor deve rotacionar inseticidas com diferentes mecanismos de ação. Diversos produtos estão registrados para as principais pragas agrícolas.

Ao adotar essa medida, o produtor deve optar por inseticidas seletivos, que tenham pouco efeito sobre os inimigos naturais. Além disso, o produtor precisa estar atento à tecnologia de aplicação, para garantir a dose e cobertura corretas.

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

Métodos comportamentais

Os insetos utilizam odores para diversos processos, como defesa, seleção de plantas e acasalamento, entre outros. Essa capacidade desempenha um papel fundamental no comportamento deles e os agricultores podem explorá-la de forma eficaz para controlar as pragas.

No controle comportamental, substâncias ou organismos alteram o comportamento da praga. Entre essas substâncias, destacam-se os feromônios, que podem ser atraentes ou repelentes, por exemplo. Essas substâncias atuam diretamente nos processos biológicos dos insetos, alterando suas respostas naturais.

Os feromônios são substâncias específicas que os indivíduos da mesma espécie utilizam para se comunicar. O produtor pode usar esses feromônios tanto para detectar e monitorar pragas quanto para controlar efetivamente suas populações, oferecendo uma abordagem mais sustentável e precisa.

Por exemplo, os feromônios ajudam a detectar os primeiros voos da mosca das frutas, facilitando a identificação precoce e o controle da praga. Nesse contexto, a aplicação desses feromônios torna-se uma ferramenta importante no manejo integrado de pragas (MIP).

No monitoramento, distribuem-se armadilhas contendo feromônios para verificar se a praga atingiu o nível de controle necessário. Isso ocorre, por exemplo, com a mariposa Grapholita molesta, que afeta os cultivos de pessegueiros. Esse monitoramento permite ao produtor tomar decisões mais precisas e oportunas.

No MIP, as armadilhas com feromônios atraem e coletam os insetos, ajudando a avaliar a necessidade de outras intervenções no cultivo. Além disso, o produtor pode usar os feromônios de forma estratégica para confundimento durante o período de acasalamento, dificultando que os machos encontrem as fêmeas, o que reduz a reprodução da praga. Isso contribui diretamente para o controle populacional sem o uso excessivo de pesticidas.

 

Plataforma Agropós

Conclusão

Num ecossistema artificial, como as lavouras, as pragas sempre surgirão, independentemente das condições de manejo. Portanto, o controle é essencial para garantir a saúde das plantas.

Contudo, eliminar as pragas não é uma solução viável, pois isso pode gerar desequilíbrios e resistência ao longo do tempo.

Dessa forma, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) surge como uma estratégia eficaz e sustentável para controlar as pragas de forma equilibrada.

Assim, o MIP combina diferentes métodos, aplicados nos momentos mais adequados, considerando as particularidades de cada lavoura e o comportamento das pragas.

Portanto, ao invés de focar exclusivamente em um único tipo de controle, o MIP adota uma abordagem integrada, utilizando diversas estratégias em conjunto para uma solução mais eficiente e duradoura.

Entre os métodos utilizados no MIP, destacam-se os biológicos, comportamentais, culturais, de resistência genética, legislativos e químicos, sendo aplicados de forma controlada e estratégica para evitar excessos.

É importante ressaltar que:

Para adotar o MIP de forma eficaz, não existe um pacote pronto ou um método único que seja aplicável a todas as situações. Cada lavoura e cada tipo de praga exigem uma análise cuidadosa e um plano personalizado.</p>

Ao aplicar corretamente o MIP, é possível alcançar benefícios significativos tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. Economicamente, o MIP pode resultar em redução de custos com pest

icidas, aumento da produtividade e diminuição de danos às colheitas. Ambientalmente, o MIP contribui para a preservação da biodiversidade, a redução da poluição do solo e da água e a manutenção do equilíbrio ecológico.

Gostou de saber mais sobre o Manejo Integrado de Pragas? Se você está interessado em aprimorar suas práticas agrícolas e alcançar melhores resultados de forma sustentável, acompanhe nossos posts e mantenha-se atualizado sobre as melhores técnicas e estratégias de manejo de pragas. A adoção de práticas de MIP não só melhora a saúde das suas lavouras, mas também contribui para a construção de um ambiente agrícola mais saudável e sustentável a longo prazo.

 

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