O potássio é um macronutriente que está associado a múltiplas funções nas plantas. Que vão desde processos metabólicos à melhoria de resistência a estresses bióticos e abióticos. Com isso, preparamos esse artigo para abordar as fontes de potássio disponível para aplicação.
Vamos lá?
Você já se perguntou qual a função do potássio para as plantas? O potássio desempenha múltiplas funções, que vão desde a ativação enzimática ao transporte de compostos nos tecidos vasculares das plantas.
Mas, quais são os principais fertilizantes capazes de fornecer esse nutriente tão essencial para a qualidade, desenvolvimento e produtividade das culturas? É possível utilizar outras fontes de potássio na lavoura?
Potássio nas plantas: o que este macronutriente faz?
O potássio (K) é um dos três nutrientes, juntamente com nitrogênio e fósforo. Considerados como macronutrientes, ele é o segundo nutriente mais requerido pelas plantas, ficando atrás somente do nitrogênio.
Sua importância está relacionada à participação em diversas funções dentro do vegetal. Por isso, ele é o cátion mais abundante dentro das plantas, apresentando alta mobilidade solo-planta.
Veja abaixo as principais funções deste macronutriente:
O potássio está diretamente ligado à regulação de água. A absorção ativa deste elemento influencia na absorção de água das células e tecidos.
Além disso, os íons de potássio atuam na abertura e fechamento dos estômatos, que são estruturas presentes nas folhas que regulam as trocas gasosas como o vapor d’água. O que influencia a absorção de água das plantas.
Seu papel na fotossíntese não é direto como no caso no nitrogênio. Para ocorrer a fotossíntese é necessário a presença de uma enzima, a rubisco. Para que ocorra síntese desta enzima é necessário a presença de K. Mais de 60 enzimas são ativadas pela presença de potássio. Devido a isso sua quantidade dentro das plantas é elevada.
Outra atuação indireta, mas de grande importância do K dentro das plantas é o crescimento meristemático. Onde este nutriente faz com que os fitormônios que atuam no crescimento da raiz e parte área sejam ativados.
O K também atua no aumento da espessura da cutícula das folhas e da parede celular. Com isso plantas nutridas adequadamente com este macronutriente apresentam maior resistência a pragas e doenças. Devido à dificuldade de passar pela barreira formada nas folhas.
Em épocas de geadas, principalmente produtores de café, costumam realizar aplicação de potássio nas plantas. Pois este reduz o ponto de congelamento da seiva, minimizando os efeitos da geada nas plantas.
Na qualidade do produto final, seja grãos, frutas ou verduras, o K, por ser móvel, ajuda na translocação de produtos sintetizados nas plantas, como açúcares, proteína, amido, vitamina C. Que fazem com que aumente o teor destes produtos nas frutas, verduras ou grãos.
As fontes de potássio para as plantas
As principais fontes de potássio para as plantas utilizadas na agricultura são o Cloreto de Potássio (KCl), sulfato de potássio (K2SO4) e nitrato de potássio (KNO3). Apesar de todas serem fontes de potássio para as plantas. Esses três fertilizantes potássicos apresentam diferentes aspectos, vantagens e desvantagens em um sistema produtivo. Veja a seguir quais são eles:
Cloreto de Potássio (KCl)
O Cloreto de Potássio (KCl), é um haleto metálico salino composto por aproximadamente 47 % de cloro e 53% de potássio. Muito usado na agricultura como fonte de potássio. Ele é extraído de minerais como a silvita e a carnalita, mas também pode ser obtido através de outros processos.
Quase a totalidade do KCl usado no Brasil tem sua origem no exterior. Dados do Ministério da Agricultura mostram que 96,5% de todo KCl é importado de países que compõem o oligopólio de produção do fertilizante no mundo: Rússia, Bielorrússia e Canadá.
As principais vantagens do Cloreto de Potássio como fertilizante são o seu alto teor de potássio e a sua rápida disponibilização para as plantas. Em determinados contextos, isso é vantajoso para o agricultor que precisa atender a demanda nutricional imediata da lavoura.
Entretanto, essas mesmas características, quando somadas ao elevado índice salino (116%) e de cloro do Cloreto de Potássio. Também trazem diversas limitações do seu uso excessivo como fonte de potássio, como:
- Redução da produtividade e de rendimento das culturas;
- Necessidade de parcelar a aplicação;
- Prejuízo às populações de microrganismos do solo;
- Redução da qualidade dos produtos agrícolas;
- Comprometimento da qualidade do solo.
Sulfato de potássio (K2SO4)
O sulfato de potássio (K2SO4) pode ser produzido de diferentes formas. Que envolvem reações químicas com o ácido sulfúrico (H2SO4), resinas de troca iônica, decomposições minerais e até pela evaporação solar de lagoas salinas que contenham os íons potássio e sulfato.
Ele é muito utilizado como fonte de potássio e enxofre para as plantas. Isso por causa da sua alta concentração desses nutrientes: ele contém cerca de 50% de potássio sob a forma de K2O e 17% de enxofre sob a forma SO42-.
A principal diferença entre o KCl e o sulfato de potássio, é que o sulfato de potássio é uma das fontes de potássio livre de cloro.
Isso evita o surgimento de problemas relacionados ao excesso de absorção de cloro pelas plantas e seus efeitos negativos na qualidade dos produtos agrícolas e do solo. Entretanto, assim como o KCl, o sulfato de potássio é bem solúvel e possui um elevado índice salino, de 46%.
Enquanto a alta solubilidade pode trazer problemas para a lavoura como a perda de nutrientes para as camadas mais profundas do solo. O elevado índice salino pode limitar o desenvolvimento das plantas e dos microrganismos e levar a salinização do solo.
Nitrato de potássio (KNO3)
Também conhecido como salitre, o nitrato de potássio (KNO₃) é amplamente reconhecido como um dos fertilizantes mais utilizados para suprir, de forma eficiente, tanto a demanda de nitrogênio quanto a de potássio pelas plantas. Ou seja, ele fornece dois dos três macronutrientes mais exigidos pelas culturas agrícolas, o que, consequentemente, o torna altamente relevante.
Além disso, conforme dados da Embrapa, ao final do processo de purificação, o nitrato de potássio apresenta em sua composição cerca de 13% de nitrogênio e 44% de potássio, ainda que haja pequenas variações entre os fabricantes. Portanto, ao considerar seu uso, é essencial verificar a composição específica fornecida por cada produtor.
Outro ponto positivo está na presença de nitrogênio aliada à elevada solubilidade do nitrato de potássio, o que, por sua vez, o torna uma das fontes potássicas mais versáteis disponíveis. Desse modo, sua aplicação pode ocorrer em diferentes fases do ciclo produtivo, garantindo maior flexibilidade para o manejo nutricional.
Além de fornecer nutrientes, esse fertilizante também desempenha um papel relevante em ambientes sob estresse salino. Isso acontece porque, quando aplicado corretamente, ele reduz a absorção de sódio e, ao mesmo tempo, aumenta a absorção de cátions essenciais, como cálcio e potássio. Assim, contribui significativamente para o equilíbrio iônico da planta.
Entretanto, é necessário considerar também as desvantagens associadas ao seu uso. Tal como ocorre com o cloreto e o sulfato de potássio, o nitrato de potássio apresenta risco de lixiviação de nutrientes, além de possuir elevado índice salino.
Como resultado, o uso excessivo ou em solos sensíveis pode comprometer a produtividade, caso não seja bem manejado.
Adicionalmente, outro desafio considerável é a dependência brasileira do mercado externo para aquisição dessas fontes. No caso dos dois macronutrientes presentes no nitrato de potássio, estima-se que o Brasil importa mais de 80% das fontes de nitrogênio e mais de 95% das fontes de potássio consumidas.
Ou seja, a produção agrícola nacional torna-se altamente vulnerável a oscilações externas.
Portanto, diante de instabilidades socioeconômicas internacionais, é comum que os agricultores enfrentem aumentos imprevisíveis de preços e dificuldades logísticas. Por conseguinte, essa dependência gera um cenário de insegurança no setor agrícola, o que exige planejamento estratégico e busca por alternativas mais sustentáveis e acessíveis.
Modo e época de aplicação do potássio nas lavouras
Há dois modos de aplicação de potássio para as culturas, junto com a operação de semeadura e em cobertura. O potássio utilizado nas formulações com NPK é aplicado principalmente durante a operação de semeadura, logo abaixo das sementes.
Outra forma de disponibilizar o K é pelos fertilizantes de potássio. No Brasil, os principais são: cloreto de potássio, sulfato de potássio e nitrato de potássio.
O cloreto de potássio (KCl) é o mais utilizado devido ao seu custo-benefício, pois é o fertilizante que apresenta a maior quantidade de K2O na sua formulação. E geralmente é utilizado a lanço, antes ou durante a cultura. Entretanto, é importante lembrar que devido a presença do cloro, este adubo apresenta alto índice salino.
Desse modo, é recomendado parcelar a aplicação de KCl caso seja necessário aplicar acima de 60 kg/ha de K2O, para evitar a salinização do solo próximos às raízes.
Caso necessite parcelar, é recomendado realizar a aplicação de 1/3 no momento da semeadura, e o restante em cobertura em no máximo 30 dias após a semeadura.
Conclusão
Todos os nutrientes têm um papel importante a desempenhar dentro das plantas. Alguns destes nutrientes necessitam de pequenas quantidades para que façam sua função. Outros são requisitados em maiores quantidades, como no caso do potássio.
Por fim, vale-se ressaltar que é muito importante que o agricultor não invista somente em fertilizantes potássicos de qualidade. Mas também em todos os demais aspectos do seu sistema produtivo para alcançar bons resultados com a adubação potássica na lavoura.
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Escrito por Michelly Moraes.