(31) 9 8720 -3111 contato@agropos.com.br

Epidemia na Agricultura: Veja algumas das mais importantes

Epidemia em banana e cacau

Desde que a agricultura é praticada, o homem tem de lidar com desafios das mais diversas origens e epidemias na agricultura é uma delas. Adaptabilidade das culturas e condições climáticas adversas, dentre outros fatores, podem reduzir significativamente a produção. Para as culturas da bananeira e cacaueiro, no entanto, nenhuma ameaça é tão séria quanto o ataque de doenças fúngicas. Entretanto, essa não seria a primeira vez na história que nos deparamos com ameaças tão significativas causadas por patógenos na agricultura. Algumas epidemias marcaram a história por levar a consequências sociais desastrosas e até mudanças de hábitos e costumes de povos.

Epidemias históricas

A primeira e mais importante epidemia em plantas no mundo, foi a doença conhecida como requeima da batateira. No século XXVII, a batata era a base alimentar da Irlanda. Embora houvesse uma resistência inicial à adoção desta cultura considerada impura por ser produzida no chão e não mencionada na bíblia, o fato de produzir maior quantidade de alimento por área do que o cultivo de grãos, fez com que os produtores, em sua maioria extremamente pobres, cultivassem a batata como principal fonte alimentar, dependendo desta para o seu sustento e sobrevivência.

Por se tratar de uma espécie introduzida do ‘Novo Mundo’ na Europa, e, portanto, sem inimigos naturais ou patógenos, as batatas cresceram por muitos anos sem problemas sérios. As condições climáticas eram muito favoráveis e o excedente de produção era armazenado em covas rasas para serem utilizados de acordo com a necessidade do produtor. No ano de 1845, no entanto, o clima tornou-se um pouco mais úmido e frio durante várias semanas. As plantas, que até então eram vistosas começaram a apresentar aspecto queimado, apodrecido e finalmente mortas. Assim, os produtores fizeram o possível para colher as batatas e enterrá-las para utilização no próximo inverno.

A situação da epidemia se tornou-se caótica, no entanto, quando no inverno, ao desenterrar as batatas para alimentação, eles encontraram apenas massas sem forma e em decomposição. No ano de 1846, a situação se repetiu, de maneira que 80% da produção deste ano foi perdida, levando a 2 milhões de mortos por fome e um milhão de imigrantes. Este pesadelo ficou 16 anos sem uma explicação, até que no ano de 1861 Anton deBary atribui a requeima da batateira a um microrganismo semelhante a fungo, chamado de Phytophthora infestans, ou do latim “Destruidor de plantas infectante”.

Cacau x fungo Moniliophthora

Atualmente já consumimos mais cacau do que conseguimos produzir. O Brasil, que já foi o segundo maior produtor mundial do fruto é atualmente importador, respondendo no ano de 2018 por menos de 4% da produção mundial e 68% do que é consumido no Brasil.

Até a década de 1980, a região Sul da Bahia gozava de prosperidade econômica devido ao cultivo do cacau. A região respondia por 95% da produção nacional, com área plantada de mais 650 mil hectares. O Brasil era o segundo produtor mundial do fruto.

Essa prosperidade, no entanto, foi por terra em 1989 e anos subsequentes, quando a vassoura-de-bruxa, doença causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa dizimou plantios de mais de 600 mil hectares, em 93 municípios da região, resultando em mais de 250 mil trabalhadores desempregados, que passaram a habitar em manguezais ao longo da costa Sul do estado. Grandes coronéis do cacau, que antes ostentavam cargos políticos de alto prestígio e gozavam de prosperidade econômica, suicidaram-se ao ter de lidar com a nova realidade, ao saberem da presença do fungo em suas lavouras.

O reflexo desta epidemia é sentido na região do cacau até os dias de hoje, da disparada da violência até a mudança de perfil na exploração das terras antes cultivadas com o fruto, que se orgulhavam em ser ambientalmente corretas pela convivência da cultura com mata nativa.

A região tenta até hoje recuperar-se desta epidemia, porém, outro importante fungo, denominado Moniliophthora roreri, chegou à Bolívia em 2018 ameaçando mais uma vez a cultura do cacau no Brasil. As autoridades sanitárias nunca estiveram tão preocupadas e consideram que a entrada desse fungo no nosso território seja apenas uma questão de tempo. O fungo reduz a produção em cerca de 30% mesmo quando medidas de controle são adotadas e para os casos em que não são, as perdas podem chegar a 100%.

Após o declínio da cacauicultura na Bahia, países Africanos como Costa do Marfim e Gana consolidaram-se como maiores produtores mundiais do fruto. Acontece que o nem o fungo Moniliophthora perniciosa e nem Moniliophthora roreri chegaram ao continente africano, fazendo com que as perspectivas futuras em relação à cultura sejam alarmantes.

Bananeira x fungo Fusarium

Nos últimos 20 anos cultivares de banana provenientes do grupo Cavendish, representam 95% de toda banana consumida no mundo. Porém, um patógeno fúngico, Fusarium oxysporum raça 4, descoberto em 1992 no Panamá infecta todas as cultivares deste grupo. O fungo foi detectado mais tarde na Ásia, se tornando a maior ameaça para as plantações da América do Sul e África. Acredita-se que em pouco tempo, o fungo chegará nestes continentes e afetará a produção de bananas em larga escala já que praticamente toda banana plantada atualmente é do grupo Cavendish.

Caso isso aconteça, podemos ter uma repetição do que já ocorreu no passado uma epidemia histórica. No início do século XX, a variedade de bananas conhecida como Gros Michel foi exportada do Caribe e América Central e plantada em diversas partes do mundo em áreas recém desmatadas. Por volta de 1890, foram feitos os primeiros relatos da doença Mal-do-Panamá, na Costa Rica, causado pelo fungo Fusarium oxysporum (raça 1). Isso fez com que o cultivo só fosse possível em novas áreas. Com o passar dos anos e indisponibilidade de áreas virgens, os custos com a produção aumentaram de tal maneira que, no final da década de 1950, as indústrias de exportação substituíram os plantios por variedades pertencentes ao grupo Cavendish que eram resistentes à raça 1 do fungo.

Atualmente, com a ameaça de uma nova raça do fungo à cultivares do grupo Cavendish a procura por cultivares resistentes tem sido constante, mas até o momento sem sucesso.

Perspectivas futuras

Diante do exposto, assistiremos à extinção destas culturas? A verdade é que desde a epidemia da requeima da batateira muita coisa mudou. O homem com seu entendimento sobre as ameaças conhecidas, pode e tem delineado medidas para lidar com possíveis epidemias. Essas medidas visam inicialmente evitar a disseminação dos patógenos, com medidas como o controle do transito de vegetais e suas partes. Além disso, a medida mais eficiente a fim de evitar futuras perdas é a utilização de materiais resistentes.

Essa estratégia tem sido adotada para o restabelecimento da cacauicultura no Sul da Bahia, pelo uso de porta enxertos resistentes à vassoura de bruxa. Um consórcio formado por vários países produtores de banana foi formado no ano de 2013, a fim de buscar alternativas à variedade Cavendish. Essas alternativas passam por técnicas como cultura de tecidos ou transgenia. Assim, os cientistas lutam contra o tempo em busca de alternativas para evitar a extinção destas culturas.

Doenças no trigo mobilizam pesquisadores no Brasil Central

Doenças no trigo mobilizam pesquisadores no Brasil Central

Incidência da brusone ainda no perfilhamento do trigo – Foto: João Leodato Maciel

A ocorrência de doenças nas lavouras de trigo no Brasil Central resultou numa força-tarefa das instituições de pesquisa para fazer o adequado diagnóstico dos problemas na região. No período de 6 a 10 de maio, pesquisadores da Embrapa Trigo, Epamig e Embrapa Cerrados coletaram amostras em 18 lavouras nos estados de MG, GO e DF, além da avaliação de plantas em parcelas experimentais de pesquisa com trigo. Os resultados do trabalho foram divulgados na nota técnica “Brusone em lavouras de trigo no Brasil Central – safra 2019”, publicado no site da Embrapa Trigo.

A umidade em dias consecutivos de chuva durante o desenvolvimento do trigo na região do Brasil Central favoreceu a ocorrência do complexo de manchas foliares nas lavouras, limitando também o controle com fungicidas. De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, João Leodato Nunes Maciel, a região sempre exigiu maior atenção com a brusone, doença que encontra no Brasil Central um ambiente extremamente favorável à presença do fungo P. oryzae. Porém, historicamente os danos por brusone estavam associados à fase de espigamento do trigo, mas, nesta safra, as condições climáticas no início do ciclo da cultura propiciaram a infecção do fungo da brusone ainda no perfilhamento das plantas.

Durante o trabalho, além da observação visual das plantas nas lavouras, foram estabelecidos 27 pontos de coletas de amostras de folhas de trigo. O fungo causador da brusone foi identificado em todas as amostras. “As amostras analisadas e as avaliações a campo permitem concluir que o problema que afetou as lavouras de trigo avaliadas no Brasil Central foi a brusone. Houve condições que favoreceram a doença a ponto de formar uma epidemia”, conclui a Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Trigo, Ana Christina Albuquerque.

O risco de brusone foi registrado pelo SISALERT (Sistema de Previsão de Risco de Epidemias de Doenças de Plantas), plataforma que coleta dados meteorológicos, processa as informações para simulação de riscos de epidemias e distribui o alerta aos usuários. “O sistema permite acompanhar as condições do tempo para prever os momentos de maior risco e orientar a aplicação racional de produtos químicos. Combinando fatores ambientais e econômicos, o sistema serve de auxílio ao produtor na tomada de decisão, orientando quanto a medidas preventivas ou mitigadoras no ataque de doenças”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo José Maurício Fernandes. Para receber as informações sobre alertas de doenças geradas pelo SISALERT, o usuário deve se cadastrar gratuitamente no site http://dev.sisalert.com.br/EWS.

 

Fonte: Embrapa

Melhoramento Genético de Plantas: Descubra tudo!

O melhoramento genético de plantas é a ciência que tem como objetivo aumentar a frequência de bons alelos nas populações dos vegetais, para que sejam desenvolvidas suas qualidades ou para adicionar características que vão desempenhar uma função benéfica à produção agrícola.

Geralmente, a escolha dos alelos favoráveis permite que as espécies de cultivares sejam mais produtivas e resistentes ou tolerantes às pragas, doenças, estresses climáticos e outros.

A atividade é desenvolvida de modo contínuo e pode ser considerada como uma forma ecologicamente responsável de aumento da produção com qualidade além de gerar uma maior variabilidade dos alimentos.

Os programas que são desenvolvidos nesta vertente buscam assegurar a alimentação da população que cresce a cada ano, contribuindo diretamente para a segurança alimentar, saúde e nutrição das pessoas.

Melhoramento Genético de Plantas

 

O legado de Mendel

O melhoramento genético de plantas começa com a escolha dos genes, que não é uma prática recente, os primeiros agricultores já faziam a seleção de espécies visando uma melhor produção. Porém, os experimentos de Gregor Mendel e suas ervilhas, em 1856, valendo-se da estatística deu um caráter científico a este método dando origem à Genética.

O pai da Genética abriu possibilidades para estudos da manipulação da hereditariedade, melhoramento e desenvolvimento de cultivares.

Hoje, o modo de avaliar e selecionar os genes das plantas conta com métodos não só da Genética, mas também da Biologia Molecular, Agronomia, Eng. Florestal, Bioinformática, Fitopatologia e outras áreas

Polinização Cruzada

 

A interação de Genótipo X Ambiente, do melhoramento de plantas

No melhoramento genético de plantas, conhecer a interação entre o genótipo e ambiente é fundamental para o sucesso do programa. A relação dos genótipos com os ambientes abrange todos os tipos de organismos vivos (plantas, humanos, bactérias).

O genótipo é a constituição genética total de um organismo, ou seja, é a sequência de nucleotídeos do DNA.

 

Pós-Graduação em Melhoramento Genético Agronômico

 

Já o fenótipo é a expressão de uma característica, que depende do genótipo e do ambiente, que são as circunstâncias ao redor de um organismo ou grupo de organismos e que afetam o seu crescimento e desenvolvimento.

A interação é baseada na ação que se estabelece entre eles, seja ela recíproca ou de um sobre o outro.

 

Você sabe a importância dos Sistemas de Informação Geográficas (SIG) no agronegócio?

 

A importância da interação para o melhorista está na identificação do melhor genótipo para cada ambiente específico. O teste da interação do genótipo com o ambiente pode demandar tempo e dinheiro no programa de melhoramento.

Dessa forma, seu trabalho deve ser cuidadoso, porque um genótipo pode não ser adequado para um ambiente, mas pode ter desempenho satisfatório em outro.

Os estudos usam da estatística para comparar as performances dos genótipos em diferentes ambientes. Eles poderiam ser considerados estáveis (com desempenho consistente) ou instáveis (com performance inconsistente).

Porém, não era o suficiente para saber o ganho genético obtido em um ambiente. Esta informação é fundamental para que o melhorista escolha as melhores soluções para as cultivares.

 

As interações podem ser simples ou cruzadas

A interação simples, também chamada de quantitativa, acontece quando há mudança na magnitude de performance dos genótipos, mas seu ordenamento permanece inalterado em diferentes ambientes. Assim, indicam que as populações são geneticamente heterogêneas e os ambientes homogêneos, ou vice-versa.

Já a interação cruzada, também conhecida como qualitativa, em que há respostas diferenciadas dos genótipos nos diferentes ambientes. Alterando a classificação, sendo importante para manutenção da variabilidade genética e na adaptação de espécies.

Pode ocorrer ausência de interação quando as condições ambientais não alteram o comportamento dos genótipos, afetando o comportamento deles de maneira igual.

Os programas de melhoramento de plantas podem atuar na produção de soja, por exemplo. No Brasil, a planta é produzida em ambientes diversos, com altas ou baixas latitudes, visando muitas vezes à elevação dos teores de proteínas e óleo, por exemplo.

Dessa forma, a sua produtividade depende não só da seleção de genótipos de alto desempenho, mas também, das condições ambientais, capazes de gerar as expressões fenotípicas.

A Interação de Genótipo X Ambiente, faz parte do melhoramento de plantas, ciência busca desenvolver as qualidades dos vegetais ou adicionar características que beneficiem à produção agrícola.

Como funciona um programa de melhoramento de plantas?

O programa de melhoramento genético de plantas precisa ter uma boa estrutura para a realização das atividades. De início, o melhorista deve mapear os problemas que existem na região de produção e definir um objetivo.

Esta etapa é importante porque vai ajudar a direcionar a seleção dos alelos visando solucionar ou minimizar os problemas ou aumentar os ganhos de produtividade.

Entre os objetivos mais comuns estão: o aumento da produtividade, o desenvolvimento de cultivares adaptadas a uma região geográfica, a resistência a doenças ou cultivares com melhor qualidade nutricional.

 

Melhoramento Genético de Plantas

 

A outra etapa consiste em conseguir populações bases ou suplementares. Que vão ser as fontes dos alelos favoráveis a serem introduzidos nas populações existentes, gerando uma nova cultivar. As populações bases precisam ter uma variabilidade genética para que se possa encontrar nelas os alelos de interesse.

Uma boa seleção dos alelos das plantas é feita com planejamento e objetivo. Após definir a finalidade do programa, o especialista precisa estar atento ao desenvolvimento das atividades.

Será preciso também ter flexibilidade para incluir novos objetivos e novas ferramentas tecnológicas, principalmente da biologia molecular e bioinformática, que possam gerar eficiência de seleção nas plantas.

Deste modo, compreender o funcionamento da seleção genômica torna-se importante para obter resultados satisfatórios.

 

Seleção genômica

Genoma é a sequência completa de DNA (ácido desoxirribonucleico) de um organismo, ou seja, o conjunto de todos os genes da grande maioria dos seres vivos.

A ciência que estuda o genoma, ou seja, o sequenciamento e as informações geradas é a Genômica. Ela surgiu para compreender como os genes estão organizados no genoma, sua função, regulação e interação com outros genes.

As pesquisas na área da Genômica e Biologia Molecular possibilitaram identificar os marcadores genéticos dos organismos. Eles são qualquer elemento capaz de diferenciar, prever e caracterizar um indivíduo por meio do seu genótipo e que seja capaz de reproduzir na descendência.

Após a identificação, os marcadores ajudam na identificação de características de interesse, como resistência de doenças, resistência a pragas, estresses hídricos etc.

Eles podem ser de microssatélites (SSR), muito usado em estudos de ancestralidade devido sua alta reprodutibilidade e fácil execução; os SNPs, que detectam mutações e polimorfismos através de alterações de uma única base no genoma; e outros.

 

Pós-Graduação em Melhoramento Genético Florestal

 

Em 2001, o agrônomo e professor de bioinformática, Theodorus Meuwissen, junto a outros pesquisadores se propuseram estimar os efeitos dos marcadores genéticos nos animais.  Como resultado, surgiu a seleção genômica ampla, técnica que também é utilizada no Melhoramento genético vegetal.

 

Seleção Genômica Ampla

Na seleção genômica ampla ocorre o prognóstico dos efeitos genéticos de diversos marcadores genéticos que se encontram dispersos no genoma do organismo. Dessa forma, é possível estimar os efeitos baseados nos dados fenotípicos da população de estimação.

Após esta etapa, eles são testados em uma população de validação e, em seguida, são selecionados aqueles que contenham as informações que explicam a variância genética do caráter estudado. Por fim, a informação é incorporada à etapa de seleção do programa de melhoramento genético vegetal.

O ponto chave da análise destes marcadores é a estimação dos efeitos, uma vez que o número de parâmetros que precisam ser estimados é muito superior ao número de observações fenotípicas disponíveis.

 

Técnica de cruzamento de plantas

Foto: IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná)

 

No melhoramento genético vegetal é fundamental a escolha de alelos favoráveis que possibilitem o desenvolvimento de cultivares resistentes ou tolerantes às adversidades. A seleção genômica, dessa forma, auxilia na identificação dos marcadores genéticos e possibilita ao melhorista estimar os efeitos em uma população de larga escala.

 

Métodos de melhoramento genético de plantas

Os métodos de melhoramento genético de plantas são caminhos que o especialista vai utilizar para fazer a seleção dos genes. Eles variam de acordo com o tipo de objetivo, modo de reprodução da planta e população base.

O intuito é gerar a cultivar, um grupo de indivíduos de qualquer gênero ou espécie vegetal superior, determinado pelo seu fenótipo e genótipo. Há variados métodos, podendo ser de linhas puras, multilinhas, híbridos, sintéticos e outros. O maior desafio do melhorista é desenvolver cultivares superiores às que já existem no mercado.

O programa terá boas chances de obter êxito se forem realizadas avaliações fenotípicas periodicamente e se houver cuidado com a manutenção da semente para a distribuição.

 

Melhoramento genético florestal

O melhoramento genético florestal pode ser considerado como uma ciência relativamente nova, que teve seu maior desenvolvimento mundial a partir de 1950 e, no Brasil, a partir de 1967.

Naquela época, a silvicultura Florestal no Brasil vivia um período de intensa atividade de reflorestamento, alimentada pelos incentivos fiscais do governo. Visando a produção de matéria-prima florestal, principalmente para o abastecimento de carvão vegetal para as indústrias siderúrgicas e de madeira para as indústrias de celulose e papel.

De maneira bem simples o melhoramento de plantas consiste em modificar seu patrimônio genético, com a finalidade de obter variedades, ou híbridos. Estes que apresentam maior rendimento, com produtos de alta qualidade e capazes de se a adaptar às condições de um determinado ambiente, além de exibirem resistência às principais pragas e doenças.

Ele tem como base os conhecimentos da área de genética, tratando-se talvez do que poderíamos chamar de genética aplicada, que é uma área do conhecimento que exige a integralização e uso de várias outras disciplinas e campos do conhecimento. Como a botânica, taxonomia, genética, citologia, fitopatologia, entomologia, biologia molecular, fisiologia, estatística, entre outras.

Esta ciência apresenta peculiaridades e aspectos próprios, já que as espécies arbóreas são perenes, de ciclo muito longo e com diversidade de sistemas reprodutivos.

 

Características do melhoramento genético florestal

Embora os objetivos do melhoramento genético de espécies florestais sejam específicos para cada finalidade industrial ou de uso direto da matéria-prima, existem alguns aspectos de interesse comum.

Características como incremento volumétrico, forma de fuste, produção de sementes e tolerância às adversidades do meio são fundamentais para todos os setores como ponto de partida para seus objetivos específicos.

A variabilidade existente nessas características básicas precisa ser explorada para tornar os empreendimentos florestais mais produtivos e abrangentes em todas as regiões.

 

Características do Melhoramento Genético Florestal

 

O programa de Melhoramento Genético Florestal parte de uma população-base, a partir da qual a seleção será implantada em diferentes intensidades. Essa população selecionada servirá para a produção de sementes ou de mudas clonais, além de servir para a recombinação em novos cruzamentos.

Cruzamentos entre plantas perenes têm sido utilizados para a obtenção de características tecnológicas da madeira e da polpa, as quais apresentam herdabilidade de média a alta magnitude.

No entanto, os limites de variabilidade verificados nas espécies tradicionalmente plantadas no Brasil, tornam-se um empecilho para a obtenção de indivíduos que possam dar saltos quantitativos e qualitativos no desempenho industrial.

 

Propagação vegetativa e cultura de tecidos vegetais 

Dentre os métodos mais usados para o Melhoramento Florestal, está a seleção de árvores elites e a sua propagação por meio de clonagem. Plantios clonais oferecem vantagens para a produtividade devido aos seus ganhos genéticos que podem ser aditivos por meio de seleção massal e propagação de indivíduos-elite.

São construídos os jardins clonais, ou minijardins clonais, ou ainda, por micropropagação. Antes do plantio, os clones são submetidos a testes clonais, que consistem em plantá-los em diferentes condições no intuito de confirmar a superioridade existente no material genético.

 

Métodos de Melhoramento Genético Florestal

 

Os minijardins clonais que utilizam a técnica de miniestaquia apresentam grande contribuição para a produção florestal e, nessa área, o Brasil apresenta-se como destaque mundial. Os minijardins estão cada vez mais evoluídos, permitindo a redução de área para produção inicial, a redução no tamanho das estacas e o incremento na produção.

Já as técnicas de Cultura de Tecidos vêm sendo utilizadas de diferentes formas para o desenvolvimento de cultivares superiores de plantas. De maneira geral, elas são requeridas em determinada etapa dos programas de melhoramento, oferecendo novas alternativas e, muitas vezes, soluções únicas.

Deste modo, a micropropagação é a técnica mais utilizada da Cultura de Tecidos e, talvez, a de maior impacto. Possui ampla aplicação na multiplicação de plantas lenhosas como árvores-elite, possibilitando a obtenção de clones mais produtivos.

Portanto, a técnica de embriogênese somática também é amplamente empregada, especialmente para o desenvolvimento de propágulos de coníferas, possibilitando a propagação massal de famílias-elite de árvores.

Ela oferece potencial para a produção e para o armazenamento de germoplasma de clones, além da propagação de um número ilimitado de plantas.

 

Finalização do programa de melhoramento genético

Após realizar todas as etapas do melhoramento genético de plantas e uma nova cultivar for criada vai ser necessário cadastrá-la no Registro Nacional de Cultivares (RNC). Trata-se de um sistema de controle da produção e comercialização de sementes e mudas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Este registro exige diversas avaliações necessárias para distinguir a cultivar elaborada de outras que já existem no mercado.

O melhoramento genético pode ser realizado em diferentes culturas, sejam elas agronômicas ou florestais. Vale a pena se aprofundar no assunto realizando cursos de pós-graduação que possibilite ao profissional se especializar de maneira eficiente nas mais variadas técnicas utilizadas.

Manejo Integrado de Pragas e Doenças: Descubra a Importância

Manejo Integrado de Pragas e Doenças: Descubra a Importância

Manejo Integrado de Pragas e Doenças

 

O Brasil é único país no mundo em localização tropical e subtropical com áreas extensas que permitem a intensificação da agricultura.

Isso faz com que nossa responsabilidade em alimentar o mundo seja maior. Sendo o Brasil o país com maior potencial agrícola mundial, como poderemos contribuir para o aumento na produção de alimentos?

Realizando o Manejo integrado de pragas e doenças.

A população mundial, no ano de 2050, será 29% maior que a atual, chegando a cerca de 10 bilhões de pessoas.

Para suprir as necessidades alimentares dessa população, as estimativas indicam que a produção agrícola deve aumentar 70%, principalmente nos países em desenvolvimento, onde haverá maior incremento populacional.

 

SERÁ PRECISO DESMATAR?

 

Segundo a EMBRAPA, cerca de 30% da superfície terrestre é ocupada por propriedades rurais.

Temos uma grande área de solo agricultável no Brasil, porém a produtividade é baixa. Isso indica que para um incremento na produção de alimentos não necessariamente precisamos expandir a área cultivada.

É importante aumentar o rendimento das culturas.

O aumento da produtividade é alcançado de várias maneiras, desde o uso de cultivares mais produtivas, passando pela adoção de melhores técnicas de manejo ou impedindo que pragas reduzam essa produtividade.

O manejo eficiente de pragas é conseguido pelo aumento da tecnologia na produção agrícola.

Estima-se que as pragas – plantas daninhas, patógenos, ácaros e insetos – levam, em conjunto, a perdas na produção de cerca de 42%.

Esse dano poderia ser ainda maior caso não houvesse a preocupação constante em manejar adequadamente o problema.

Sem o controle eficiente de pragas, o Brasil estaria longe desta posição no cenário mundial.

 

MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA

 

Para se ter uma ideia da importância do manejo integrado de pragas e doenças, usaremos como exemplo a cultura da soja.

A soja pode ser utilizada tanto para alimentação humana quanto animal, produtos industriais ou matéria-prima para agroindústrias.

É a oleaginosa mais cultivada no mundo, sendo o Brasil o segundo maior produtor.

Nos últimos anos o país enfrentou grandes desafios para manter-se neste ranking.

 

Cultura da Soja

 

No ano de 2001, no estado do Paraná, foi relatada a primeira ocorrência do fungo Phakopsora pachyrhizi, que causa a ferrugem asiática da soja.

Em todas as ocorrências a doença se caracteriza por sua grande capacidade de adaptação e elevada agressividade, levando a perdas de até 90% se não manejada adequadamente.

Somente na safra de 2011/2012, foi registrado um prejuízo de mais de USD$ 1 bilhão.

Os esporos do fungo são facilmente disseminados pelo vento até distâncias continentais, fator que torna impossível a erradicação do patógeno uma vez introduzido em um local.

Assim, a estratégia inicial utilizada para manejar a doença foi a aplicação de fungicidas, que foram registrados em tempo recorde, em vista da emergência fitossanitária.

Com os passar das safras, foi possível observar que, as medidas de manejo não poderiam ser baseadas apenas no controle químico.

Com maior conhecimento da epidemia e surgimento de resistência a alguns fungicidas utilizados, outras estratégias foram adotadas, como a adoção de cultivares resistentes ao fungo.

O conhecimento da biologia do fungo, que só sobrevive em seu hospedeiro, permitiu implementar medidas políticas que diminuíram consideravelmente a severidade da doença.

Desde o ano de 2005, em diversos estados do país, é obrigatório a manutenção por um período mínimo de 60 dias as áreas livres do cultivo de soja e de plantas voluntárias ou chamadas também de guaxas, que são aquelas plantas que crescem a partir de sementes caídas ao solo durante a colheita.

 

Pós-graduação Manejo integrado de pragas e doenças

 

Além disso, no ano de 2004 foi criado o Consórcio Antiferrugem, formado por produtores, pesquisadores e técnicos, para padronizar e disponibilizar informações sobre a doença.

Por meio do consórcio é possível monitorar e mapear os focos de ferrugem asiática em cada safra. Desde então, o manejo da doença tem sido realizado com uma integração de métodos que incluem medidas legislativas, controle químico e sistemas de previsão.

Poucos anos depois a sojicultura brasileira enfrentou outro grande desafio.

Na safra de 2012, foi identificada em lavouras de soja, milho e algodão de diversos estados a praga quarentenária Helicoverpa armigera, conhecida como lagarta-da-soja.

Pragas quarentenárias são aquelas que não ocorrem ainda e sua introdução ameaça a economia do país.

Por se tratar de uma lagarta exótica, não possui inimigos naturais no país e por isso sua população e extensão geográfica aumentaram rapidamente.

Além disso, é uma espécie polífaga, alimentando-se de plantas de diversas famílias, o que torna mais difícil seu controle, uma vez que sempre haverá disponibilidade de hospedeiros.

Na safra 2013/2014, as perdas na cultura da soja devido a Helicoverpa armigera foram de 30 a 40%.

Como essa lagarta é resistente a um grande número de inseticidas, foi fortemente recomendado o cultivo da soja transgênica resistente a insetos contendo gene proveniente da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), que lhe confere essa característica. Porém, no ano de 2018 a lagarta surpreendeu mais uma vez, atacando lavouras de soja Bt.

 

Ferrugem Asiática

 

Tendências Futuras no Controle de Pragas e Doenças

 

Durante vários anos, o manejo integrado de pragas e doenças de uma lavoura era baseado majoritariamente na utilização de defensivos químicos com aplicações orientadas por um calendário regular.

Com os avanços na área de defesa vegetal, dependemos cada vez menos da aplicação de fungicidas, inseticidas e herbicidas para a produção de alimentos.

Atualmente, o manejo adequado baseia-se em diversas medidas, dentre estas a resistência genética, o controle por meio de outros organismos (controle biológico), sistemas de previsão, plantas transgênicas, dentre outros.

A experiência tem mostrado que o manejo integrado de pragas e doenças é de fundamental importância para a produção de alimentos.

Embora novas pragas devam ser introduzidas no país nos próximos anos, as perspectivas são boas: o manejo caminha para uma realidade cada vez mais sustentável e eficiente, mantendo o Brasil em sua posição privilegiada de potência agrícola mundial.

Especialistas discutem desenvolvimento de gramíneas forrageiras adaptadas ao Semiárido brasileiro

Especialistas discutem desenvolvimento de gramíneas forrageiras adaptadas ao Semiárido brasileiro

A escassez de gramíneas forrageiras adaptadas ou desenvolvidas para o Semiárido brasileiro é um dos grandes problemas enfrentados pelos criadores na região e foi o tema abordado durante um ciclo de palestras promovido pela Embrapa Caprinos e Ovinos, no último dia 12, em Sobral (CE).  O evento contou com a participação de representantes da Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), pesquisadores, estudantes, criadores e técnicos, que discutiram sobre as expectativas em relação às pesquisas realizadas nessa área e a importância de uma aproximação com o mercado, a fim de que as soluções desenvolvidas atendam de fato às necessidades locais.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Cacilda Borges do Valle, as pesquisas que estão se iniciando no Semiárido são semelhantes àquelas que começaram há cerca de 30 anos na região Centro-Oeste e possibilitaram o desenvolvimento da pecuária no Cerrado. “Aqui o trabalho deve ser feito com material mais resistente para a produção com escassez de água, o importante é viabilizar a atividade pecuária na região. Com certeza vai ser possível pular algumas etapas e alcançar resultados mais rápidos do que nós tivemos no Centro-Oeste”, afirmou.

Cacilda ministrou palestra aos participantes do evento sobre o melhoramento genético de gramíneas forrageiras e ressaltou a importância das pastagens para a pecuária brasileira. “As pastagens são a base da nossa pecuária, que representa 31% do PIB do agronegócio no país, sendo que 3,2% de toda a exportação do Brasil em 2017 foi carne”. Para ela, o baixo custo de produção de carne no país faz do Brasil um ator importante no mercado internacional. No entanto, uma das grandes preocupações dos pesquisadores é a pouca variedade nas áreas de pastagens, o que as torna mais suscetíveis a problemas como pragas e doenças, por isso os programas de melhoramento genético buscam produzir novas alternativas para diversificar os pastos considerando a produtividade, sustentabilidade, valor nutritivo e a resistência a esses males. Os resultados, porém, devem aparecer a médio e longo prazo, entre 8 e 10 anos.

Parceria com o setor privado para viabilizar pesquisas

O mercado é grande e desperta interesse das multinacionais, mas os recursos governamentais aportados têm diminuído. Por isso, os especialista afirmam que é importante a formação de parcerias com o setor privado que possibilitem a realização das pesquisas. Parceira da Embrapa em diversos estudos, “a Unipasto atua identificando demandas do setor produtivo e disponibilizando recursos para agilizar os programas de melhoramento”, afirma o diretor executivo da Associação, Marcos Roveri, que apresentou palestra sobre aspectos importantes na produção de gramíneas forrageiras tropicais.

Ainda não existe um acordo formal entre a Unipasto e a Embrapa Caprinos e Ovinos e grande parte dos associados da entidade estão na região dos Cerrados, “mas existe a possibilidade de formalização de parceria na medida em que avancem os estudos para o desenvolvimento/adaptação de forrageiras para a região semiárida porque há uma demanda no mercado”, conclui Roveri.

Desafios para os programas de melhoramento vegetal

A pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos, Luice Bueno, que coordenou o evento, encerrou o ciclo de palestras falando sobre os desafios enfrentados pelos programas de melhoramento genético no Semiárido, enfatizando a importância de trabalhar de forma planejada para aproveitar o período chuvoso. Destacou, ainda, a capacidade de resiliência das espécies existentes na região e as particularidades locais como o alto custo e a baixa produtividade dos sistemas de criação.

A programação foi finalizada com um debate com os representantes do setor produtivo presentes, com uma discussão sobre a dificuldade de acesso às sementes, a adaptação de forrageiras às mudanças climáticas e a integração lavoura-pecuária, que de acordo com Marcos Roveri é o que está viabilizando a atividade no bioma Cerrado. “É importante pensar no desenvolvimento de cultivares que se adaptem a sistemas integrados com outras culturas e que suportem o sombreamento, por exemplo”, explicou. Para ele, é essencial entender o cenário da região  e a demanda dos criadores locais para desenvolver forrageiras que se adequem e atendam de fato às necessidades existentes.

Por: Embrapa