O percevejo marrom é considerada uma das principais pragas na agricultura brasileira, ocasionando sérios danos nas lavouras como por exemplo a cultura de soja. Neste artigo vamos abordar tudo que você precisa saber sobre essa praga.
Não fique de fora, venha comigo!
Percevejo Marrom (Euschistus heros)
O Euschistus heros mais conhecido como percevejo marrom é um inseto sugador pertencente à família Pentatomidae.
Este inseto é uma das maiores pragas da cultura de soja, sendo uma espécie considerada agressiva por causa dos danos que provoca na lavoura.
O dano pode chegar a 60% do potencial produtivo da lavoura, refletindo em baixa qualidade do grão. Apesar de a praga estar sempre presente na lavoura ou em suas bordaduras, o aumento e estabelecimento da população infestante ocorre no período de floração.
Abaixo vamos falar tudo sobre esse inseto como: característica; ciclo de vida; danos e como manejar.
Características do percevejo marrom
Na fase adulta, o animal mede 11 milímetros de comprimento, tem um coloração marrom e exibe uma meia-lua branca no fim do seu torso, mais dois espinhos laterais no prototórax.
A espécie possui uma coloração diferente no começo da vida. Quando nascem têm um tom mais claro. Na fase adulta, o abdômen apresenta uma cor de verde-claro, além de exibir duas manchas escuras em seu dorso.
As ninfas recém-eclodidas medem 1mm, têm o corpo alaranjado, cabeça preta e passam por cinco estágios de desenvolvimento até se transformarem em adultos. Ninfas maiores exibem cores que vão do cinza ao marrom.
Hábitos
Ele se alimenta de diversas plantas, o que inclui leguminosos e compostas. Na soja, é capaz de completar três gerações inteiras. No fim do verão e no início do inverno, uma quarta família é gerada.
Nas estações quentes, ele é visto se alimentando da erva daninha. Nesta situação ele é chamado de amendoim-bravo ou leiteiro. Porém, não se reproduz nessas duas espécies.
Já no outono ele procura abrigo, principalmente na palhada, onde fica até o próximo verão. Durante este tempo, o percevejo não se alimenta, acumulando lipídios e parcialmente em hibernação.
Ciclo de vida do percevejo
Os percevejos passam pela fase de ovo, fase de ninfa, composta de cinco estádios (instares) e fase adulta.
As ninfas apresentam coloração variada com manchas distribuídas pelo corpo, completando o desenvolvimento em cerca de 25 dias.
Os adultos, iniciam a cópula em 10 dias e as primeiras oviposições ocorrem após 13 dias. Apresentam longevidade média que varia de 50 a 120 dias e número de gerações anuais de 3 a 6 dependendo da região, sendo as fêmeas, em geral, maiores que os machos.
A fecundidade média varia de 120 a 170 ovos/fêmea dependendo da espécie, sendo que o ritmo de postura diminui à medida que as fêmeas envelhecem. Esses parâmetros biológicos são influenciados pela dieta alimentar e pela temperatura.
Percevejo marrom na cultura da soja
Assim como outras culturas de interesse econômico a soja é atacada por uma grande diversidade de insetos-praga.
Dentre elas o percevejo marrom (Euschistus heros) se destaca pelo potencial de danos a essa cultura.
Embora as plantas de soja sejam atacadas por todo o complexo de percevejos, os danos mais severos são causados pelo percevejo-marrom.
Espalhado por várias regiões do Brasil principalmente as de clima quente podendo causar prejuízos de até 30% do potencial produtivo.
Danos na cultura
O prejuízo com percevejos na cultura da soja vem se elevando a cada safra em função do aumento demasiado das populações.
O descuido com o monitoramento preciso da praga e aplicações de produtos inadequados que favorecem o desequilíbrio e o reaparecimento de forma mais rápida deste inimigo tão nocivo.
Atingem as sementes através da introdução do aparelho bucal nos legumes, tornando-os chochos e enrugados, afetando, consequentemente, a produção e a qualidade dos grãos.
Podem, ainda, abrir caminho para doenças fúngicas e causar distúrbios fisiológicos, como a retenção foliar da soja.
Os principais sintomas são produção limitada devido a sucção de seiva dos ramos, hastes e vagens, provavelmente, devido à toxinas que injetam. Vagens marrons e murchas. Queda e apodrecimento das estruturas florais e frutos.
Controle do Percevejo Marrom
O monitoramento cuidadoso da cultura é fundamental para detectar a presença e o nível de ação da praga para, então, dar início ao seu controle. O manejo integrado é outra opção.
O controle deve ser sempre realizado na fase reprodutiva da soja, pois é a fase que o inseto-praga causa danos a cultura.
Com isso, o sucesso do controle dessa praga está no monitoramento populacional adequado, aliado à correta identificação do Instar de desenvolvimento e à fase crítica de danos na cultura da soja.
Monitoramento e controle do percevejo-marrom
Para o controle do percevejo marrom da soja e outros percevejos é essencial que se faça o monitoramento da praga.
O monitoramento deve ser iniciado na fase de floração R1 a R2 e deve ser feito semanalmente na fase crítica de desenvolvimento da semente (R3 a R6), onde ocorre as maiores densidades populacionais da praga.
O monitoramento é importante para saber o momento de se fazer a aplicação e avaliar a eficiência de controle após aplicação do produto. A ferramenta que auxilia essa observação é o pano de batida.
Em geral, o monitoramento deve ser realizado em 15 a 27 pontos amostrais, iniciando o caminhamento a partir da periferia da lavoura, com um número maior de pontos de amostragem, onde em geral, os percevejos iniciam a infestação.
O controle deve ser realizado somente quando forem atingidos os níveis de dois percevejos por pano de batida (= 1 m de fileira de planta) para lavouras de grãos e um percevejo por pano de batida para produção de sementes, considerando ninfas de terceiro ao quinto instar e adultos das diferentes espécies de percevejos fitófagos.
Controle químico
O controle químico é a principal ferramenta de manejo de percevejos na cultura da soja, contudo;
- E necessário, utilizar inseticidas de contato na dessecação;
- O Tratamento de Sementes Industrial (TSI) a base de neonicotinoides é uma das melhores ferramentas contra sugadores e deve ser utilizado como ferramenta no manejo de insetos sugadores;
- Verificar a seletividade no uso de inseticidas, seja de contato ou sistêmicos;
- Utilizar armadilhas químicas na entressafra para reduzir a população.
Uma das maiores dificuldades no manejo químico é a tecnologia de aplicação, uma vez que a praga é muito móvel e pode se esconder sob a palha nos períodos mais quentes do dia.
Os inseticidas mais utilizados são uma mistura de piretroide + neonicotinoide que, quando empregados conforme a recomendação e aplicados nas horas do dia em que há maior movimentação do inseto, apresentam bons resultados de controle.
Controle Biológico
Integrado em termos de sustentabilidade e preservação ambiental, o controle biológico é uma das opções que vem sendo adotadas em algumas regiões, com o uso de agentes biológicos, seja de forma natural ou aplicada.
É um processo coevolutivo com interação entre os percevejos alvos da cultura, organismos entomopatógenos e parasitóides visando equilíbrio do sistema.
Os principais agentes biológicos encontrados em lavouras são os parasitóides que atacam ovos de diversos percevejos. Entre estes agentes, as espécies mais abundantes são a Telenomus podisi (Ahsmead) e Trissolcus basalis (Wollaston).
Conclusão
Por tanto os percevejo marrom são insetos com hábitos alimentares diversos, causado danos em grandes culturas de importância econômica como por exemplo na soja.
Para manter a sua cultura agrícola saudável, e minimizar as suas perdas por ataque de percevejos, é preciso ter muita atenção e estratégia para combatê-los.
Para isso o produtor deve-se basear na identificação correta das espécies e realizar o monitoramento das áreas para, assim, adotar a melhor estratégia para o controle.