Você sabe o que é geoprocessamento ambiental? Entenda como essa ferramenta funciona e suas principais aplicações.
O geoprocessamento ambiental tem sido cada vez mais utilizado em diferentes áreas e os profissionais que dominam essa ferramenta têm destaque no mercado de trabalho.
Mas você sabe o que é o Geoprocessamento Ambiental e quais são as principais aplicações dessa ferramenta cada vez mais popular?
Neste artigo vamos conhecer as características fundamentais do Geoprocessamento Ambiental e suas principais aplicações.
O que é geoprocessamento ambiental?
O Geoprocessamento Ambiental é uma vertente do geoprocessamento utilizada para gerar novas informações a partir de dados ambientais georreferenciados.
Os dados ambientais relacionam-se aos componentes físicos, bióticos e antrópicos de uma determinada área ou região em estudo.
O objetivo principal dessa ferramenta é fornecer ferramentas computacionais para que os diferentes analistas determinem as evoluções espacial e temporal de um fenômeno geográfico.
As inter-relações entre diferentes fenômenos num mesmo espaço geográfico também podem ser alvo de estudo.
Assim o Geoprocessamento Ambiental possibilita maior flexibilidade, segurança e agilidade nas atividades de monitoramento, planejamento e tomada de decisão relativas ao espaço geográfico.
Aplicações do geoprocessamento ambiental
O Geoprocessamento Ambiental pode ser utilizado por usuários em diferentes esferas, desde órgãos governamentais ligados à Administração Pública ou entidades particulares, pessoas físicas ou jurídicas.
Para utilizar adequadamente as ferramentas de Geoprocessamento Ambiental em projetos requer o uso de técnicas de integração de dados.
Isso porque é impossível compreender os fenômenos ambientais sem analisar os seus componentes a inter-relação entre eles.
Assim, o especialista em Geoprocessamento Ambiental precisa combinar ferramentas de análise espacial, processamento de imagens, geo-estatística e modelagem numérica, por exemplo.
Podemos elencar três grandes aplicações do Geoprocessamento Ambiental: o mapeamento temático, os estudos de impacto ambiental e o ordenamento territorial.
Vamos conhecer um pouco mais sobre cada uma delas a seguir:
Elaboração de mapas temáticos
O Mapeamento Temático (Cartografia temática) serve para caracterizar e compreender a organização de um determinado espaço, seja ele o planeta inteiro ou uma pequena área.
O objetivo principal é gerar a representação das informações geográficas de um ou vários fenômenos físicos ou sociais.
Para tanto, a representação dos fenômenos é ajustada às referências físicas de um base cartográfica.
Assim, os fenômenos têm uma localização geográfica. Seja ela real ou estimada.
Como exemplos, pode-se citar os mapas temáticos geológicos, pedológicos (de solos), de cobertura vegetal e climáticos.
Também podem ser produzidos mapas temáticos baseados em modelos de previsão.
Uso do geoprocessamento ambiental nos estudos de impacto ambiental
O Diagnóstico Ambiental e a Avaliação de Impacto Ambiental são importantes componentes de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
Um EIA é uma exigência legal para a realização de empreendimentos de interesse econômico ou social que implicará em intervenções físicas e impactos ambientais negativos.
Assim, os projetos de aproveitamento de recursos naturais, de aquicultura, silvicultura ou agropecuária, como também a construção de rodovias e usinas hidrelétricas requerem um EIA.
No Brasil, os EIA tem sido registrados desde a década de 1930 no Brasil.
Todavia, no passado, esses estudos eram feitos especialmente para grandes obras como construção de rodovias, usinas hidrelétricas, ferrovias, portos, dentre outros.
Somente a partir de 1986 tornou-se obrigatória a elaboração do EIA e do Relatório de Impacto Ambiental para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente.
Diagnóstico ambiental
O diagnóstico ambiental da área de influência do empreendimento é composto por uma descrição completa e abrangente de todos os recursos ambientais dos meios físicos, bióticos e antrópicos.
Fazem parte do componente físico, o clima, geologia, qualidade do ar, recursos hídricos, dentre outros.
No componente biótico, podemos citar a fauna, vegetação, serviços ecológicos.
Já o componente antrópico é composto por infraestrutura, uso e ocupação do solo, organização social, dinâmica populacional e economia.
Adicionalmente, o diagnóstico ambiental deve indicar as principais características. A dinâmica e as interações entre os diversos fatores que compõem o sistema ambiental.
Avaliação de impacto ambiental
A avaliação de impacto ambiental (AIA) faz parte dos EIAs e é um instrumento de caráter preventivo.
Uma AIA serve especialmente, mas não unicamente, para auxiliar na seleção da alternativa de projeto mais viável em termos ambientais.
Para tanto, o responsável pela elaboração poderá coletar dados diretamente no local ou utilizar dados de fontes secundárias. São exemplos de dados de fontes secundárias:
- Imagens de satélite;
- Mapas de solos e das bacias hidrográficas;
- Dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
- Dados econômicos produzidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA); e
- Dados climáticos fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE).
Com esses dados, o órgão ou pessoa responsável pelo Geoprocessamento Ambiental poderá melhor compreender e delimitar a região do estudo.
Outro exemplo seriam os estudos visando o estabelecimento de áreas de proteção ambiental (APAs).
E, finalmente, os Relatórios de Impacto Ambiental, realizados periodicamente para o acompanhamento e avaliação das medidas mitigadoras de impacto elencadas no EIA.
Ordenamento territorial
Outra aplicação interessante do Geoprocessamento Ambiental é o ordenamento territorial e está mais relacionado à Administração Pública.
Os trabalhos de ordenamento territorial têm como objetivo normatizar a ocupação do espaço e racionalizar a gestão do território.
Nesse contexto, o Geoprocessamento Ambiental é usado nos estudos de zoneamento pedoclimático e ecológico-econômico.
O zoneamento pedoclimático visa identificar as áreas ou regiões mais adequadas para diferentes cultivos agrícolas.
São utilizados como base dados georreferenciados de características do solo (pedológicos) e do clima (pluviosidade, radiação solar, temperaturas médias, máximas e mínimas).
Já os estudos de zoneamento ecológico-econômico têm objetivo de racionalizar os usos de recursos naturais para o extrativismo e outras ações de desenvolvimento sustentável.
Mais do que simplesmente reunir uma série de dados, a análise de uma região geográfica para fins de zoneamento é um estudo complexo.
O(s) especialista(s) envolvidos precisam escolher as variáveis explicativas ou preditoras e determinar qual a importância de cada uma delas.
Podem ser variáveis preditoras o tipo solo, a vegetação, o regime pluvial e a geomorfologia.
Além disso, é preciso relacionar esses preditores com as exigências edafoclimáticas da cultura, no caso dos zoneamento pedoclimático.
Limitações do geoprocessamento ambiental
Como vimos, o Geoprocessamento Ambiental oferece várias possibilidades para processar dados ambientais e atender aos diferentes objetivos dos usuários.
Os dados oriundos de diversas fontes, reunidos e coordenados com o uso de um SIG, permitem a caracterização da forma de organização do espaço.
Também permitem compreender sua estrutura e até mesmo modelar a distribuição geográfica dos seus componentes e das variáveis em estudo.
Porém, não é possível estabelecer qual a função de cada componente somente com base nos dados armazenados.
Tampouco é possível conhecer a dinâmica dos processos e as implicações das inter-relações entre os componentes.
Assim, para o uso consistente do Geoprocessamento Ambiental, é necessário o domínio dos fundamentos teóricos do geoprocessamento. Bem como uma metodologia de trabalho.
Essa metodologia deve estar associada a um modelo preditivo capaz de combinar as operações realizadas num SIG com a interpretação do especialista.
Dessa forma, mais do que conhecimento teórico-prático acerca das ferramentas tecnológicas e dos processos em estudo. É necessária uma postura ativa e crítica dos profissionais.
Conclusão
O Geoprocessamento Ambiental pode ser utilizado tanto por entidades governamentais e Administração Pública, quanto por entidades privadas e organizações não governamentais. Atendendo a diferentes objetivos.
É importante que os profissionais adotem uma postura ativa e crítica para o uso consistente do Geoprocessamento Ambiental.
Em conjunto com as geotecnologias, o Geoprocessamento Ambiental tem uma ampla aplicação em diversas áreas.
Destacamos aqui o manejo e preservação de recursos naturais, elaboração de estudos para atender à legislação ambiental, monitoramento de projetos e ordenamento territorial.
Escrito por Debora Cerviere.