Compostos orgânicos são moléculas formadas por átomos de carbono ligados entre si e com outros elementos, como hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e fósforo. Esses compostos, além de desempenharem um papel fundamental na natureza, têm grande relevância para a agricultura, pois são essenciais para a nutrição das plantas.
Neste post, vamos explorar um pouco mais sobre esse tema e entender como esses compostos são importantes para o aproveitamento de resíduos na propriedade.
Boa leitura!
O que são os compostos orgânicos?
Os compostos orgânicos são formados principalmente por carbono e, na maioria das vezes, também por átomos de hidrogênio. Independentemente de serem obtidos sinteticamente, como na síntese da ureia a partir do cianeto de amônio, ou por organismos vivos, a característica essencial desses compostos permanece.
Vale destacar que os átomos de carbono possuem a propriedade única de se unir entre si, formando estruturas químicas conhecidas como cadeias carbônicas.
Desse modo, cada átomo de carbono pode realizar quatro ligações covalentes, o que permite a formação de milhões de compostos.
O conjunto de átomos de carbono unidos por ligações covalentes formam as moléculas orgânicas.
As moléculas se dividem em funções orgânicas, que agrupam os compostos com características semelhantes. São elas:
O que é o composto orgânico para agricultura?
O composto orgânico para a agricultura, é um fertilizante obtido pela mistura de resíduos orgânicos de origem vegetal e/ou animal, que passam por um processo bioquímico natural ou controlado por um período de compostagem.
Compostagem é um processo biológico de transformação da matéria orgânica crua em substâncias húmicas, estabilizadas, higienizadas, com propriedades e características diferentes do material de origem.
Trata-se do aproveitamento de matéria-prima que contém relação carbono/nitrogênio (C/N) favorável ao metabolismo dos microrganismos que irão efetuar sua biodigestão.
Dessa forma, essa tecnologia é capaz de transformar as características dos resíduos sólidos orgânicos em um produto com características de fertilizante de solo.
A compostagem ocorre pela ação de uma população diversificada de microrganismos, desenvolvendo-se em duas fases:
1ª fase: ocorrem as reações bioquímicas mais intensas, predominantemente termofílica.
2ª fase: caracteriza-se pelo processo de humificação, que dura de 90 a 120 dias, para obter o composto orgânico bioestabilizado.
Benefícios para a agricultura
Cada vez mais utilizado na agricultura, este tipo de fertilizante contribui com melhorias significativas nas plantações.
Por isso, o uso deste composto está cada vez mais difundido em diversas culturas.
Abaixo vamos conferir os principais benefícios desses compostos do ponto de vista agronômico:
- Eles são fertilizantes orgânicos, ricos em húmus, e modificam as propriedades físicas do solo à medida que são aplicados.
- Promovem a formação de agregados.
- Aumentam a porosidade, a aeração, a capacidade de retenção de água no solo.
- Diminui uma possível queda de produção por estiagem por conservar a umidade no solo por mais tempo.
- Proporciona um aumento na capacidade de troca catiônica (CTC) do solo, o que impede a lixiviação dos nutrientes catiônicos, como cálcio, magnésio e potássio, e os mantém disponíveis para as plantas em maiores quantidades e por mais tempo.
- Liberação de alguns ácidos orgânicos, como ácidos fúlvicos e húmicos, liberados pelo fertilizante, e diminuem a adsorção (imobilização) do P, sendo que este é um grande problema nos solos brasileiros.
- Diminuem também as variações de pH, pelo seu poder de tamponamento, diminuindo necessidade de calagem (aplicação de calcário no solo para elevar o pH).
- Fertilizantes químicos, aplicados nestas condições, serão mais bem aproveitados pelas plantas, e sua ação sobre a acidez e a salinização do solo diminuirá consideravelmente.
Agora que conhecemos seus benefícios, vamos aprender a preparar os compostos orgânicos na sua propriedade?
Conheça passo a passo do preparo do composto orgânico
Como preparar o composto orgânico:
1º Passo – Escolher o local: O local ideal deve ter sombra, estar livre de enxurradas e apresentar uma leve declividade.
2º Passo – Ingredientes para a construção do composto: A pilha de compostagem deve conter aproximadamente 75% de restos vegetais (incluindo tanto material grosso quanto fino) e 25% de estercos.
O composto pode ser formado por restos vegetais grosseiros, como napier picado e bagaço de cana, restos vegetais finos, como folhas secas, capim e sobras de alimentos, entre outros, e esterco, que pode ser de aves, bovinos, equinos, coelhos, entre outros.
3º Passo – Escolher o formato mais adequado para a compostagem: O formato triangular é ideal para períodos ou locais chuvosos, pois facilita o escorrimento da água. Formato trapezoidal, favorece a infiltração de água.
4° Passo – Dimensionar o tamanho da compostagem: O tamanho da pilha para o reviramento manual não deve ser mais alto que 1,5 m.
5° Passo – Revolvimento da pilha de composto: Deve-se revolver a pilha quando a temperatura chegar em torno de 65°C.
O ideal é revolver a leira de 3 a 4 vezes aos 15, 30, 45 e 60 dias, colocando a parte de cima embaixo e a parte de baixo em cima.
Cuidados para obtenção de um composto de qualidade
Vimos neste post que o processo de compostagem gera o composto orgânico, utilizando um conjunto de técnicas para controlar a decomposição de resíduos orgânicos. Sua finalidade é, assim, obter, no menor tempo possível, um material estável, rico em húmus e nutrientes minerais, com atributos físicos, químicos e biológicos superiores, sob o aspecto agronômico.
Para o preparo do composto na propriedade agrícola, duas fontes de matérias-primas são necessárias: os restos vegetais da própria lavoura, como a casca de café ou quaisquer outros resíduos culturais, e os restos animais, como estercos, cama de aviário, entre outros.
É importante saber que devemos montar a pilha de compostagem em camadas sobre lona plástica, terra batida ou cimentada, pois a liberação de chorume pode contaminar a terra e a água.
Devemos, primeiramente, coletar o chorume e devolvê-lo à pilha para recuperar os nutrientes que poderiam, de outra forma, se perder. Além disso, o revolvimento permite remover o excesso de CO2 da pilha, oxigenar o composto, ajustar a umidade e a temperatura quando necessário e, ainda, realizar o controle sanitário da leira.
A temperatura da compostagem deve estar entre 50°C e 65°C, enquanto a umidade deve estar entre 40% e 60% (no dia do preparo, é importante irrigar a compostagem até escorrer água pelas laterais).
Por fim, devemos manter a aeração entre 10% e 17% de O2 na pilha, pois ela é fundamental.
O tempo de compostagem varia em função de cada região do Brasil, da composição e manejo do composto. Em geral, entre 90 a 120 dias o composto ficará pronto.
Quando isso ocorre, as pessoas podem moldar o composto com as mãos. Ele estará frio (próximo à temperatura ambiente) e exalará cheiro de terra de mata molhada ou terra mofada.
Agora é mão na massa e bom trabalho!