Nematoide do cisto: quais os danos e como manejar?

Você já ouviu falar do nematoide do cisto da soja, Heterodera glycines?

Este nematoide é um dos principais problemas sanitários da cultura da soja. No Brasil foi relatado pela primeira vez na safra 1991/92 e hoje em dia está presente em todas as regiões produtoras de soja do país.

Por isso, preparamos este artigo com informações sobre como reconhece-lo e as melhores maneiras de manejar.

Confira!

Nematoide do cisto: quais os danos e como manejar?

 

Conhecendo o nematoide dos cistos

O ciclo de vida do nematoide do cisto da soja pode durar de 21 a 24 dias, dependendo das condições climáticas, assim, são possíveis de duas a quatro gerações do nematoide por safra.

O seu desenvolvimento inclui 4 estágios juvenis e os adultos, macho e fêmea. O juvenil de segundo estágio, J2, migra no solo e invade as raízes da planta hospedeira, ficando conhecido como estagio infectivo.

Após a penetração o J2 estabelece o sítio de alimentação e continua a se desenvolver até chegar a fase adulta, se tornando macho ou fêmea.

 

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As fêmeas permanecem fixas à raiz e ao se alimentarem aumentam de volume, adquirindo a forma periforme.

Cada fêmea pode produzir aproximadamente 500 ovos, os quais ficam armazenados no interior do seu corpo.

Ao morrer, o corpo da fêmea se transforma no cisto, uma estrutura de sobrevivência de coloração marrom escura, resistente à deterioração e à dessecação.

Essa estrutura de sobrevivência permite a viabilidade dos ovos vários anos na ausência de plantas hospedeiras.

Os cistos podem se disseminar pelo transporte de solo infestado, implementos, maquinários, sementes mal beneficiadas, vento, água e animais que ingerem materiais contaminados.

 

Ocorrência e danos do nematoides dos cistos

Pesquisadores detectaram o nematoide do cisto da soja no Brasil no início da década de 90, na região dos cerrados. E atualmente acredita-se que mais de 3 milhões de hectares em praticamente todos os estados estejam infectados com este nematoide.

Segundo a Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN) as perdas geradas por este nematoide no agronegócio brasileiro podem chegar até 35 bilhões de reais por ano, atingindo 10,6% da soja mundial.

 

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Sintomas e identificação do nematoides dos cistos

Os sintomas causados pelo nematoide dos cistos geralmente aparecem em reboleiras, e os mais comuns são clorose e a redução do porte das plantas. O que leva a doença a ser comumente conhecida como nanismo amarelo da soja.

Os sintomas podem evoluir até causar a morte das plantas. No entanto, em solos férteis e com boa pluviometria, os sintomas na parte aérea podem não ser visíveis.

Por isso, o diagnóstico principal do nematoide do cisto da soja deve ser feito pela observação do sistema radicular, que apresenta redução e minúsculas fêmeas brancas do nematoide.

 

 

Estratégias de manejo

A adoção de medidas que possuem como finalidade impedir e ou pelos menos retardar a entrada do nematoide na área são de extrema importância, pois uma vez instalado no local sua erradicação é praticamente impossível.

Limpar máquinas e implementos agrícolas, tratar sementes com nematicidas químicos ou biológicos e adquirir sementes certificadas são medidas preventivas contra a entrada do nematoide na lavoura.

Uma vez que a área está infectada, o produtor deve adotar medidas de controle para reduzir a população do nematoide na lavoura.

O controle biológico do Heterodera glycines pode ser uma alternativa. Os principais agentes biológicos utilizados são Pochonia chlamydosporia, Pausteria nishizawae e Paecilomyces lilacinus, que atuam por predação ou competição com os nematoides.

A aplicação de produtos biológicos pode ser feita diretamente no solo ou pelo tratamento de sementes.

O controle químico do nematoide dos cistos é uma alternativa pouco utilizada devido ao alto custo dos produtos e aos resíduos gerados, o que reduz seu custo-benefício.

A rotação de culturas é uma medida que pode reduzir significativamente as populações do nematoide do cisto da soja na lavoura.

Recomenda-se o plantio de culturas hospedeiras, como sorgo, milho, crotalária e gramíneas forrageiras, para a rotação com a soja.

Outra medida também muito utilizada é o uso de variedades de soja tolerante ou resistente ao nematoide dos cistos.

No mercado já existem muitas cultivares resistentes a este nematoide, algumas como por exemplo a BRS 7581RR da Embrapa são resistentes a mais de uma raça do nematoide.

O produtor, portanto, deve se atentar quais as principais raças do nematoide dos cistos estão presentes na área, antes de adquirir a cultivar de soja.

 

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Conclusão

Neste artigo, conhecemos mais a respeito do nematoide dos cistos da soja, sua importância, os principais sintomas e danos causados à cultura.

O nematoide do cisto da soja, como vimos, é um dos principais limitantes da cultura, no entanto é possível conviver com esta praga na lavora e produzir com níveis satisfatórios.

 

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