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Paisagem urbana e educação ambiental: entenda do assunto!

Paisagem urbana e educação ambiental: entenda do assunto!

Entenda tudo sobre a paisagem urbana e a educação ambiental! Descubra agora nesse artigo feito pelo professor da AgroPós!

O advento da industrialização dividiu a história da humanidade praticamente em todas as áreas do conhecimento, mas em nenhuma outra esse fato foi mais sentido do que no processo de urbanização. Após a industrialização a população urbana começou a crescer, atingindo níveis alarmantes.

De modo geral, fala-se, hoje, que mais de 50% da população vivem em cidades; se a cidade tem uma economia mais industrializada que agrícola esse índice pode chegar a 80%.

Isto, é claro, influencia diretamente na qualidade de vida. Para melhorar a vida urbana, o lazer e a estética são elementos essenciais, funcionando tanto fisiológica quanto psicologicamente. Assim, a vegetação urbana, quer seja em forma de praças, quer seja em forma de arborização, quer seja em forma de quintais verdes, passa a ter um papel relevante.

 

Paisagem urbana e educação ambiental: entenda do assunto!

 

As florestas urbanas:

Quando se detectou a necessidade de áreas verdes nas cidades, os esforços foram envidados para áreas verdes e de lazer e para a criação de espaços públicos; sempre pensando em áreas bidimensionais.

Em Paris, no século passado, o Barão Haussmann inovou com a abertura de avenidas e bulevares onde o plantio de árvores de forma linear, enfileiradas ao longo das calçadas, inaugurou o modelo de arborização urbana, hoje adotado em praticamente todas as cidades. Esse modelo prioriza o senso estético, buscando tornar as cidades mais bonitas, mais coloridas.

 

As florestas urbanas

 

Modernamente, a preocupação com a ecologia e com a qualidade de vida tem levado os arboricultores a buscar um novo conceito para a arborização urbana.

Ecologicamente, árvores agrupadas contribuem mais para a melhoria climática que árvores enfileiradas e o conceito de arborização urbana evoluiu para o de florestas urbanas onde o “stand” passa a ser mais importante que o indivíduo arbóreo isoladamente.

Nesse sentido, revestem-se de grande importância as árvores das praças, dos parques municipais e, principalmente, dos quintais.

 

Estética e qualidade devida:

Inegavelmente a estética é um fator importantíssimo na paisagem urbana, principalmente sob o ponto de vista psicológico.

A vegetação urbana contribui para a harmonia da paisagem quebrando a dureza e a rigidez do concreto, criando linhas mais suaves e naturais e lembrando um pouco a paisagem bucólica, início natural de todo citadino.

Mas, se durante muito tempo se plantou árvores nas cidades com essa finalidade, hoje o fazemos por diversos outros motivos, mais importantes às vezes que o simples valor estético.

 

Paisagismo e Arborização Urbana

 

 Amenização climática:

Quando se diz que o vegetal na paisagem urbana promove uma mudança de clima não se quer dizer que transformaremos o clima de uma cidade como Ubá, por exemplo, no clima de uma Campos do Jordão. Entretanto, podemos criar ilhas de amenização com o uso de vegetais, contrapondo-se às ilhas de calor criadas pelo concreto e pelo asfalto.

O vegetal atuará na amenização climática principalmente sobre três aspectos:

  • 1) interceptando os raios solares, criando áreas de sombra onde as pessoas se sentem mais à vontade e onde os carros possam ser mantidos mais frescos;
  • 2) reduzindo a temperatura ambiente, evitando a incidência direta e consequente reflexo do calor provocado pelo aquecimento do concreto e do asfalto;
  • 3) umidificando o ar devido à constante transpiração, eliminando água para o meio ambiente.

 

Controle hidrológico:

A água que cai sobre a cidade se dissipa de várias maneiras: parte dela retorna ao ar pela evapotranspiração; parte se infiltra no solo profundamente indo abastecer os lençóis de água do solo; parte se infiltra superficialmente abastecendo as plantas e umedecendo o solo superficial e outra parte escorre por sobre a superfície do solo.

A parte que evapotranspira é importante porque vai perpetuar o ciclo da água, fazendo chover; as partes que irão para o interior do solo abastecem os rios, as represas, as nascentes e fazem crescer os vegetais; a parte que escorre sobre o solo, se é pequena, não prejudica, mas, se é intensa, causa erosões, deslizamentos, enchentes e empobrecimento do solo.

Nos solos cobertos naturalmente com vegetação ocorre muita evapotranspiração, muita infiltração e pouco escoamento superficial. Nos solos das cidades onde a vegetação foi substituída por construções e o solo foi impermeabilizado pelo cimento e pelo asfalto não existe quase nada de transpiração (embora exista evaporação), a água não se infiltra e o escoamento superficial é intenso, ou seja, quase toda a água escorre pelas ruas.

Se o sistema de drenagem da cidade (bocas-de-lobo, galerias pluviais) não funciona, toda essa água ficará parada nas partes baixas da cidade. Essa é a razão pela qual bastam poucos minutos de chuva intensa para que cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte fiquem interditadas. Assim, uma cidade bem arborizada garantirá um ciclo hidrológico natural, sem problemas.

 

Paisagismo muito além da estética!

 

Purificação do ar:

Afastando de cara a ideia do vegetal terrestre como fonte de oxigênio, pois hoje sabemos que sua contribuição é pequena (a oxigenação significativa vem do mar), podemos defender, no entanto, o uso da arborização urbana como controladora das condições do nosso ar urbano pelo menos de quatro maneiras:

  • 1) as árvores podem funcionar como filtros em que as partículas sólidas presentes no ar (poeiras) se aderem às folhas podendo ser lavadas posteriormente pelas águas das chuvas;
  • 2) a produção de oxigênio pelas árvores, embora pequena, se misturará ao ar da cidade e, de certa forma, diluirá o ar poluído circundante;
  • 3) a árvore fará uma troca com o ar da cidade já que ela pegará o gás carbônico e emitirá o oxigênio e;
  • 4) a árvore fixará em seus tecidos pelo menos parte dos componentes nocivos presentes no ar atmosférico das cidades. Estudos científicos têm demonstrado essas atuações do vegetal na despoluição atmosférica. No entanto, plantar árvores com a intenção de que elas venham a resolver o problema da poluição atmosférica urbana é esperar muito de um ser tão sensível e tão frágil.

 

Humanização:

Essa talvez seja a maior contribuição das árvores para a urbanização. O crescimento desordenado das cidades gera condições de vida subumanas, estresse, violência, enclausuramento. O vegetal atua então, psicologicamente, trazendo à lembrança as paisagens da infância vividas no meio rural, onde tudo era natural, cercado de vegetação por todos os lados.

Fisiologicamente isso se materializará no banco da praça mais próxima, sob uma frondosa árvore, onde a sombra é mais gostosa; se materializará no canto dos pássaros atraídos pelos frutos das árvores da praça ou da rua, talvez em frente à casa, bem ao lado da janela, onde ele virá cantar todas as manhãs; na referência urbana, caracterizada, talvez, pela floração da árvore postada bem no caminho do serviço ou no ponto do ônibus, avisando a chegada da primavera.

Por mais que o homem seja criativo no traçado das cidades e na construção de casas diferentes, as cidades tendem a se tornar todas iguais.

A vegetação é um marco diferenciador das cidades. É ela que referencia e que caracteriza. Bastam-nos lembrar, como exemplos, cidades conhecidas por suas palmeiras, por suas cerejeiras ou por seus jacarandás.

 

Política de arborização na paisagem urbana: 

Grande parte dos trabalhos desenvolvidos pelos arboricultores na paisagem urbana, hoje, é consertar o que há de errado. A falta de um planejamento e mesmo a falta de conhecimento, levou os primeiros arboricultores ao plantio de espécies inadequadas para os sítios urbanos. O pior é que ainda se pratica muito desse erro.

Muito desse erro se deve a atitudes políticas tanto a partidária quanto a ecológica. No afã de resolver problemas ambientais e melhorar a qualidade de vida urbana, toma-se como prática corriqueira a distribuição de mudas para plantios na cidade.

Na maioria das vezes essa distribuição não é acompanhada de uma orientação e, novamente, as espécies inadequadas voltam a ocupar locais inadequados.

Assim, recomenda-se que a política de arborização para uma cidade seja acompanhada de uma orientação técnica e que se evite a distribuição aleatória de mudas, mormente as praticadas em ocasiões comemorativas como Semana do Meio Ambiente, Dia da Árvore, etc.

 

Educação ambiental com as árvores na paisagem urbana

Sabemos que a Educação Ambiental se faz cada vez mais necessária. Também sabemos que nossos alunos precisam de prática ao invés da absorção de conhecimentos apenas de modo teórico.

Assim, a saída da sala de aula, por si só, já é um grande incentivo ao aprendizado. Entretanto, viagens longas, muitas vezes, se fazem impossíveis.

A arborização urbana permite aulas de educação ambiental sem que o professor precise se deslocar com a turma para muito longe. Seguramente, no entorno da escola existirá material disponível para o aprendizado, como se verá.

 

A necessidade de planejamento:

Embora a cidade seja o local escolhido pela maioria para o estabelecimento da residência, a cidade é um ambiente hostil em termos ecológicos. DIAS (1993), já citando BOYDEN et al. (1981), compara a cidade a um grande animal sedentário que só consome, produzindo pouco e, mesmo assim, do que produz grande parte é nociva ao meio ambiente como água poluída e lixo, por exemplo.

Para contrapor esses malefícios e melhorar o ambiente urbano, a vegetação é um elemento importantíssimo tanto na forma de áreas verdes como na forma de arborização, mesmo que isoladamente.

Se no início a árvore foi utilizada como mero adorno, hoje ela desempenha diversas outras funções para a qualidade de vida urbana.

Mas a árvore não só traz benefícios, e os transtornos podem ser muitos se a arborização urbana não tiver sido bem planejada. Para citar apenas alguns, podemos lembrar: a quebra de calçadas pelo desenvolvimento de raízes superficiais; o conflito com a rede de distribuição de energia e com a iluminação pública; a queda sobre carros e pedestres em acidentes causados por ventos e tempestades.

Assim é que, ao planejara a arborização de uma cidade, o técnico tem de ter bons conhecimentos sobre as espécies florestais e sobre as condições locais onde será plantada a árvore. Das condições locais podemos citar, por exemplo, a largura de ruas e calçadas, a presença de fiações, a presença de redes subterrâneas como água e esgoto.

Sobre as espécies é importante conhecer, por exemplo, o porte alcançado pela árvore quando adulta, como se dá o desenvolvimento de suas raízes, o tipo de fruto que ela produz.

 

O envolvimento comunitário:

Como visto, a arborização de uma cidade deve ser feita segundo um planejamento rigoroso para evitar os malefícios e realçar os benefícios. Por outro lado, sabemos que, por mais que o poder público tenha boa intenção quanto à arborização, esta poderá ser considerado entrave na medida em que a população não gostar do serviço realizado pela prefeitura.

Por essa razão, recomenda-se que o planejamento e a implantação da arborização sejam feitos, na medida do possível, com a participação da comunidade.

O envolvimento da comunidade tem, pelo menos, duas justificativas conforme apresentadas por PAIVA e GONÇALVES (2002): primeiro, porque a administração pública não pode arcar sozinha com todas as despesas; segundo, porque o plantio comunitário estabelece um vínculo entre a população e a arborização, e a adoção da árvore como um membro da família tem demonstrado que esse processo estabelece uma dependência e uma continuidade que vão além dos partidos e dos mandatos políticos.

 

O processo educativo:

“A participação comunitária no processo de arborização de um bairro ou de uma cidade constitui um ato de cidadania e, por si só, um processo de educação ambiental” (PAIVA e GONÇALVES, 2002). Para o caso da educação formal, que é o foco principal deste artigo, sugerimos algumas atitudes ao professorado de primeiro e segundo graus para serem desenvolvidos com os alunos nas proximidades da escola:

1 – Para familiarização com as espécies mais comuns utilizadas na arborização urbana, o professor deverá fazer visitas prévias, sozinho ou acompanhado por técnicos da prefeitura, procurando reconhecer as árvores dos arredores da escola. Um bom material de ajuda são os guias ou manuais de arborização editados pelas companhias distribuidoras de energia elétrica, como a página que apresentamos a seguir, extraída do manual da CEMIG. Esses manuais costumam ser distribuídos gratuitamente pelas companhias. Quando estiver familiarizado com as espécies e com as árvores, o professor poderá levar os alunos para conhecê-las. Desse conhecimento pode derivar diversas atividades como, por exemplo:

  • eleição da árvore mais bonita;
  • exercício de redação sobre a visita e conhecimento das árvores;
  • concurso de desenho que capte as características da árvore que o aluno tenha gostado mais.

 

O Processo educativo

Exemplo de página de manual para identificação de árvores. Fonte: CEMIG (1996)

 

2 – Numa segunda visita, o professor poderá abordar com os alunos sobre os tratos dispensados às árvores como a poda, por exemplo. Novamente recomendamos ao professor um estudo sobre as maneiras corretas de se podar uma árvore e que podem ser vistas nos manuais, como as que extraímos do manual da ELETROPAULO, apresentadas a seguir. Os alunos observarão as árvores e apontarão as que estejam danificadas, quem sabe por inépcia do podador. Atividades ou perguntas que podem ser direcionadas aos alunos:

  • houve necessidade realmente da poda?
  • a poda foi bem feita? poderia ser evitada?
  • será que a árvore está plantada no lugar certo?

 

O Processo educativo

Normas para uma poda correta. Fonte: ELETROPAULO (1995).

 

O Processo educativo

Página mostrando aspectos de árvores podadas. Fonte: ELETROPAULO (1995)

 

3 – Em outra visita, ou, melhor ainda, em visitas sucessivas, o professor poderá solicitar do aluno a observação dos aspectos fenológicos. A fenologia diz respeito às mudanças pelas quais passa o vegetal conforme os meses ou as estações do ano, apresentadas no seu aspecto geral. Assim, por exemplo:

  • pedir aos alunos para recolherem flores, folhas e frutos;
  • observar presença ou ausência de perfumes;
  • recolher frutos (se houver); observar, pesar e medir;
  • desenhar, identificar, provar.

 

4 – Em outra visita, de preferência no verão, em dias bem quentes, sair com a turma levando pelo menos dois termômetros ou outros aparelhos de fácil leitura e observar, por exemplo:

  • a temperatura sob a árvore e a temperatura sob o sol;
  • a temperatura sob a árvore e a temperatura sob uma marquise;
  • comparar, construir relatórios, explicar as diferenças.

 

5 – Fazer uma leitura prévia do Código Florestal e depois levar os alunos para observarem uma ocupação indevida de encostas com riscos de deslizamento. Mostrar aos alunos as bocas-de-lobo das ruas para recolhimento das águas de chuva. Instigar as discussões, perguntando, por exemplo:

  • pela declividade do terreno, este não deveria ser um local vegetado?;
  • será que as bocas-de-lobo são suficientes para o escoamento da água de chuva?;
  • quantificar a presença de lixo nas bocas-de-lobo;
  • na sala de aula, mostrar fotos das tragédias advindas dessa falta de planejamento.

 

6 – Levar os alunos para observarem a presença de fauna nas árvores urbanas, principalmente aves e insetos. Perguntar, por exemplo:

  • que árvores são preferidas por quais pássaros?;
  • em que árvores foram vistos certos tipos de insetos?;
  • tentar estabelecer algum tipo de correlação como, por exemplo, preferência por certos frutos.

 

7 – Pedir aos alunos que coletem folhas de árvores em determinados trechos da cidade. A observação detalhada dessas folhas mostrará elementos diferentes aderidos a elas. Perguntar, por exemplo:

  • que relação tem esses elementos encontrados com o entorno?;
  • por que certas folhas apresentam mais poeira que outras?;
  • tentar identificar o elemento aderida à folha.

 

8 – Pedir aos alunos para fazerem uma pequena coleção de frutos e de sementes das árvores mais próximas da escola. Perguntar, por exemplo:

  • que frutos são preferidos pelos pássaros?;
  • quais podem ser consumidos pelo homem?;
  • medir, pesar, descrever, desenhar;
  • discutir conveniência e inconveniências de frutos secos, carnosos, grandes e pequenos.

 

9 – Fazer uma explanação prévia sobre toxicidade vegetal. Levar os alunos para a rua e tentar identificar plantas tóxicas e ensinar como e por que evitá-las.

 

10 – Fazer uma aula de desenho ou de redação sobre a paisagem urbana, pedindo que o aluno desenhe um trecho de rua. Isto pode ser feito com a proximidade da casa do aluno, pedindo-se uma comparação com a proximidade da escola já estudada.

 

O limite:

Como visto, as possibilidades de uma Educação Ambiental no entorno da escola, utilizando-se da arborização urbana são infinitas. Podemos dizer que o limite é a criatividade do professor.

 

Plataforma Agropós

 

Bibliografia:

BOYDEN, S. et al. The ecology of a city and its people. Camberra: Australian National University, 1981. 437p.

CEMIG. Manual de arborização. Belo Horizonte: CEMIG, 1996. 40p.

DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1993. 400p.

ELETROPAULO. Guia de planejamento e manejo da arborização urbana. São Paulo: Eletropaulo: Cesp: CPFL, 1995. 38p.

PAIVA, H. N. de e GONÇALVES, W. Florestas urbanas: planejamento para melhoria da qualidade de vida. Viçosa; Aprenda Fácil, 2002. 180p.

O texto acima não foi uma palestra. Ele foi originalmente escrito para o livro Florestas Urbanas, publicado pela Aprenda Fácil Editora em 2001, modificado para publicação no livro Educação Ambiental de João Silvestre Rosado em 2008 e adaptado para composição deste trabalho.

Artigo escrito por Wantuelfer Gançalves.

Paisagismo e Arborização Urbana

Arborização urbana: a importância de um projeto!

Arborização urbana: a importância de um projeto!

Arborização urbana é a atividade de plantar árvores em áreas urbanas. Arborização Urbana é um termo que vem sendo utilizado com muita frequência nos últimos tempos. E que, em um primeiro momento, nos remete a uma simples interpretação: plantio de árvores no meio urbano.

Porém, por trás desta básica definição, existe uma grande área de estudo que ainda é pouco conhecida pela maioria. Área esta que possui princípios bem consolidados. E que vem trazendo muitas vantagens para nossas vidas. Nas cidades, as árvores desempenham um papel muito importante na melhoria da qualidade de vida da população e do meio ambiente.

A arborização das cidades, além da estratégia de amenização de aspectos ambientais adversos. É importante sob os aspectos ecológico, histórico, cultural, social, estético e paisagístico. Contudo, este trabalho não deve ser feito de forma aleatória. Já que só será realmente efetivo quando realizado um bom planejamento de arborização.

 

Arborização Urbana

 

O que é arborização urbana?

A arborização urbana, definida como toda vegetação que compõe o cenário ou a paisagem urbana. É um dos componentes bióticos mais importantes das cidades. Tecnicamente, a arborização urbana é dividida em áreas verdes (parques, bosques, praças e jardinetes) e arborização de ruas (vias públicas).

Conhecida também como florestas urbanas, engloba os diversos espaços no tecido urbano passíveis de serem trabalhados com o elemento árvore. Tais como arborização de rua, praça, parque, jardim, lote, terreno baldio, quintal, talude de corte e aterro, estacionamento, canteiro central de ruas e avenidas e margens de corpos d’água.

A arborização de vias públicas, refere-se às árvores plantadas linearmente nas calçadas ao longo de ruas e avenidas. Trata-se da vegetação mais próxima da população urbana. E, também, da que mais sofre com a falta de planejamento dos órgãos públicos e com a falta de conscientização ambiental.

Devido à falta de planejamento e ausência de profissionais capacitados e responsáveis. Não é difícil enxergar situações conflituosas entre falhos projetos de arborização que encontram equipamentos urbanos como barreiras (como fiações elétricas, muros, postes de iluminação e etc).

Por isso, é de extrema importância que todo o projeto seja realizado por uma empresa capacitada e responsável. Que entenda do assunto, esteja ciente das normas de regulamentação e disponível para dialogar com outros órgãos, como Prefeitura, Departamento de Iluminação Pública, entre outros.

 

Paisagismo e Arborização Urbana

 

Quais são os benefícios da arborização urbana?

Os benefícios proporcionados pelas árvores são geralmente classificados como benefícios ecológicos, estéticos, econômicos e sociais.

Os benefícios ecológicos referem-se à melhoria microclimática. Ou seja, as árvores, por intermédio de suas folhas, absorvem radiação solar que diminui a reflexão e proporciona sombra. Reduzem ou aumentam a velocidade dos ventos e aumentam a umidade atmosférica que refresca o ar das cidades.

Também amenizam a poluição atmosférica e acústica e protegem o solo e a fauna.

 

Arborização Urbana

 

Já os benefícios estéticos referem-se à adição de cores ao cenário urbano com as flores, as folhas e os troncos; a promoção de modelos de paisagens e identidade local, através das espécies; anulação da monotonia de pavimentos e alvenaria; introdução de elementos naturais e linhas suaves e orgânicas no meio urbano composto de materiais artificiais e de linhas geométricas; a adição de dinamismo à paisagem urbana através dos aspectos de mudança de cor, queda e brotação das folhas, floração e frutificação.

Outro importante benefício se dá pela oportunidade de educação ambiental à população: as pessoas aprendem sobre o meio ambiente ao notar a clara diferença entre as áreas arborizadas e as áreas construídas.

É preciso lembrar que para a arborização cumprir com os seus benefícios é necessário investimento. Assim como em qualquer outro serviço de utilidade pública. Principalmente, no plantio, sempre com mudas de alta qualidade, e nas operações de poda.

Pelo alto investimento destinado à arborização de ruas, as árvores são consideradas um patrimônio público. Enquanto a maioria dos bens públicos deprecia com o tempo. O valor das árvores aumenta desde seu plantio até a sua maturidade.

 

Paisagismo muito além da estética!

 

Planejamento da arborização urbana

Planejamento da arborização deve passar pela gestão pública em sua mais ampla concepção. O órgão gestor da arborização deve trabalhar em acordo com políticas comprometidas com um manejo que reconheça não somente a importância da presença das árvores na cidade, mas que efetivamente respalde as práticas necessárias à sua boa condução.

Nesse contexto, a previsão orçamentária tem que dar suporte ao recrutamento de profissionais capacitados em todos os níveis, do comando técnico aos funcionários executores das diferentes tarefas operacionais e a garantia da aquisição de materiais e equipamentos apropriados às diversas etapas do ciclo de vida das árvores.

Para melhor entendimento dos processos envolvidos com o planejamento, a arborização pode ser dividida em dois componentes principais: as áreas verdes e a arborização viária. Para cada uma delas, o planejamento e o manejo devem ser diferenciados

 

Áreas verdes

São áreas distribuídas no espaço urbano como parques, praças e jardins. O planejamento para estas áreas exige a elaboração de projetos paisagísticos, de implantação e manejo, muitas vezes específicos para cada unidade.

 

Arborização viária

A arborização viária é composta pelas árvores plantadas nas calçadas das ruas da cidade e nos canteiros separadores de pistas de avenidas.

 

canteiros separadores de pistas

 

O manejo da arborização urbana implica o gerenciamento, com eficiência e habilidade, dos procedimentos necessários para o cultivo de cada árvore, assim como do conjunto da arborização da cidade.

Portanto, o planejamento da arborização ou do cultivo de árvores no meio urbano exige um processo cuidadoso que preveja os procedimentos desde sua concepção até sua implantação e manutenção.

Para o correto manejo da arborização, é necessária e muito importante a disponibilidade de informações do número e qualidade das árvores existentes no local de interesse, seja um canteiro, uma rua, um bairro ou uma cidade inteira.

Para tanto, duas ações devem ser adotadas: realizar um inventário da arborização existente para que se conheça o patrimônio arbóreo com o qual se está trabalhando e uma avaliação do sistema de manejo da arborização utilizado.

 

Estes diagnósticos deverão indicar:

  • Distribuição quantitativa e qualitativa da arborização existente.
  • Existência de espaços livres para novos plantios.
  • Análise das demandas e tecnologias empregadas na manutenção – plantio, poda, supressão, destoca e controle sanitário.
  • Avaliação do sistema de manutenção – rotina, programas e resposta às solicitações.
  • Avaliação das prioridades de acordo com as necessidades.
  • Análise do volume e da distribuição do trabalho e dos recursos necessários.
  • Avaliação da satisfação da população – tempo de atendimento e qualidade do serviço.

No passado, com o crescimento das cidades brasileiras houve uma diminuição gradativa de espaços arbóreos.

Hoje há uma preocupação com a falta desses espaços em grandes centros urbanos e em pequenas cidades, já que as mesmas têm grande importância no bem-estar da população que vive em meio a tanta poluição cotidiana.

 

Arborização urbana no Brasil

Atualmente, estima-se que o Brasil possua um índice de população urbana superior ao registrado no mundo e na América Latina.

O índice de população urbana mundial é de 67%, enquanto na América Latina representa cerca de 80%. Já no Brasil este índice chega a 83% (SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY, 2012; ANGEOLETTO et al. 2016; CRETELLA; BUENGER, 2016).

Tendo em vista os altos índices de expansão urbana presenciados no Brasil nas últimas décadas. É prioritário criar alternativas que propiciem que este crescimento ocorra de forma mais sustentável. Representando um menor prejuízo à qualidade ambiental e consequentemente à qualidade de vida urbana.

Portanto, os serviços ecossistêmicos da arborização urbana podem ser utilizados como forma de compensação da perda de qualidade ambiental ocorrida no processo de produção do espaço.

 

A implantação de arborização urbana

Incrementar a arborização urbana no Brasil ainda pode ser considerado um desafio a ser superado. Visto que a implantação de arborização de vias públicas só começou a popularizar-se a partir da segunda metade do século XIX (VIGNOLA JUNIOR, 2015).

Tendo em vista, que a arborização urbana é uma prática relativamente nova no Brasil. Sua implantação geralmente ocorre de forma empírica, fora de um contexto técnico-científico na maior parte das cidades brasileiras (SILVA, 2013).

A falta de iniciativas voltadas a orientar o incremento da arborização urbana, planejada de acordo com os serviços ecossistêmicos desejados, adaptada às especificidades locais e necessidades atuais, faz com que a arborização urbana ainda seja vista como um elemento meramente estético na paisagem urbana.

Entretanto, para se chegar a estes objetivos é necessária uma maior compreensão sobre as realidades locais para a elaboração de propostas adaptadas à estas realidades.

A partir do último Censo Demográfico, o IBGE passou a pesquisar algumas características do entorno das residências, dentre elas a arborização urbana.

Estes dados são de suma importância para auxiliar na compreensão da realidade atual da arborização urbana em cada região do país. E a partir desta compreensão refletir sobre as oportunidades relativas à melhoria da qualidade ambiental urbana.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Entender arborização urbana não só como plantar árvores mas também defender, cuidar e pensar as árvores e as florestas no meio urbano. Desta forma é preciso promover políticas de parques e jardins com função social e urbanística, não meramente decorativa.

Temos de ter uma hierarquia de necessidades urbanísticas e de gestão transversal com prioridades como: arborizar as cidades; criar, melhorar e dar uso para parques urbanos; promover esportes, convívio, lazer nos mesmos; profissionalizar e tecnificar as diretorias e equipes da área – com pensamento estratégico, empreendedor e transversal.

Escrito por Michelly Moraes.

Paisagismo e Arborização Urbana

Arborização e Áreas Verdes Urbanas: entenda como funcionam as análises através de índices

Arborização e Áreas Verdes Urbanas: entenda como funcionam as análises através de índices

O índice nada mais é que a representação com apenas um valor da relação existente entre dois ou mais valores. Assim, a análise levará em consideração números (adimensionais ou não) como valores comparativos. Para o caso de Viçosa, no conceito de arborização urbana, transformam-se os valores apresentados em índices que representam número de árvores por quilômetro de rua ou de calçada com a simples divisão de um valor pelo outro conforme o quadro 1.

Quadro 1 – Uso do número de árvores por quilômetro de calçada como índice comparativo, considerando-se duas calçadas regulares em cada rua.

O índice permite, assim, uma análise mais rápida, pois se vê que 3,25 representa uma distribuição de 13 árvores em 4 quilômetros de calçada, enquanto 0,30 representa uma distribuição de apenas 3 árvores em 10 quilômetros de calçada.

Para a análise no conceito de florestas urbanas substitui-se a medida linear por medida superficial e o número de árvores por cobertura vegetal medida em Km2 ou m2. Os índices encontrados deverão facilitar a comparação entre regiões, bairros ou entre cidades. Eventualmente os valores de área costumam ser substituídos por valores populacionais, partindo-se de uma premissa (contestável) de que 12 m2 de área verde por pessoa seja um parâmetro ideal para comparação. O quadro 2, adaptado de Machado et al (2010) mostra a análise comparativa entre regiões em termos percentuais e cobertura vegetal por habitante.

Quadro 2 – Cobertura vegetal por região administrativa em Teresina – PI.

Na análise do quadro 2 cabe um alerta para a inadequada interpretação quando se utiliza de diversos índices simultaneamente, pois, não necessariamente haverá lógica comparativa entre eles. Vê-se pelo quadro que a maior região em área (Sul) com 70,09 Km2 não é a que apresenta maior cobertura vegetal e nem a que apresenta maior índice de vegetação por habitante. Há que se considerar que o percentual de vegetação em área estará relacionado com ocupação do solo por construção ou, em última análise, com áreas livres de construção, ao passo que o índice de cobertura vegetal por habitante estará relacionado não só com áreas livres de construção como, também, com adensamento verticalizado. Assim, a análise de distribuição da vegetação no ambiente urbano deverá levar em consideração diversos aspectos e a escolha do índice adequado será em função do que se quer provar ou não e do que se quer realizar com o diagnóstico da arborização/florestas.

A figura 1 mostra uma alta densidade construída e populacional. Se uma favela não possui ruas convencionais, que se dirá de calçadas? Não há espaços entre casas e o adensamento populacional por casa é elevadíssimo (famílias com 7, 10 pessoas). Que índice seria mais indicado para ela se não há espaço para árvores?

Figura 1 – A favela como exemplo de alta densidade construtiva horizontale alta densidade populacional.

Já para um condomínio residencial horizontalizado com residências unifamiliares (figura 2) pressupõe-se a existência de ruas amplas com calçadas convencionais e confortáveis, onde é prevista, inclusive, uma arborização. As casas possuem jardins e quintais e o adensamento populacional é facilmente conhecido e controlável (famílias de quatro pessoas em média: casal com dois filhos).

Figura 2 – Condomínio horizontal como exemplo de baixa densidade construtiva e populacional.

Quando a ocupação do solo é verticalizada, seja em área comercial (centro) seja em condomínios verticais (figuras 3 e 4), embora a ocupação do solo construído possa ser organizada com ruas e calçadas convencionais, o que se tem são áreas de pilotis (rodapés de edifício) com uma diminuta área verde a ser dividida por uma imensa população distribuída em diversos andares de moradia. Um adensamento dessa natureza jamais permitirá um índice de área verde adequado por habitante, por mais planejada que seja a ocupação.

Figura 3 – ocupação em centros comerciais. Fonte: Google (2015).

Figura 4 – ocupação por condomínios verticalizados. Fonte: Google (2015).

 

 

 

 

 

 

 

A análise da distribuição de árvores/florestas no ambiente urbano considerando-se as diferentes ocupações de moradia tem implicações diretas na qualidade de vida quer seja na qualidade do ar, no sombreamento ou na impermeabilização do solo. De que adianta determinar índice de distribuição arbórea a posteriori se não se pode alterá-lo?

 

Bibliografia citada:

MACHADO, R. R. B.; PEREIRA, E. C. G.; ANDRADE, L. de H.C. Evolução temporal (2000-2006) da cobertura vegetal na zona urbana do município de Terezina – Piaui – Brasil. REVSBAU, Piracicaba – SP, V.5, N.3, P.97-112, 2010.

Este artigo é um capítulo do livro “DIAGNOSE QUALITATIVA DE FLORESTAS URBANAS”, Edição do Autor, publicado em 2015.

‘Cidade das Árvores’ vai orientar população sobre preservação e plantio de espécies adequadas a área urbana no MS

Pós-graduação em Gestão da Arborização Urbana e do Paisagismo

Com o objetivo de orientar a população sobre a importância da preservação e de se plantar árvores adequadas para áreas urbanas foi lançado na manhã desta terça-feira (3), em Campo Grande, o projeto Cidade das Árvores. Iniciativa da TV Morena, conta com a parceria da prefeitura de Campo Grande, da concessionária de energia elétrica, Energisa, e do Ministério Público Estadual (MP-MS).

No lançamento do programa, na sede da TV Morena nesta manhã, o diretor de Marketing da Rede Matogrossense de Comunicação (RMC), Antonio Alves, destacou que o fato de Campo Grande ser a capital mais arborizada do país.
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“Como veículo de comunicação temos noticiado situações envolvendo árvores, como quedas de árvores de grande porte ou os problemas que o uso de uma espécie inadequada pode trazer. Mas queríamos fazer mais, daí nasceu o Cidade das Árvores. Buscamos a parceria com o Poder Público e como a iniciativa privada, para que por meio de uma campanha educativa, possamos dar luz a iniciativas positivas”, explicou.

Antonio Alves adianta que já a partir deste mês de julho e até dezembro, a TV Morena e o portal de notícias da Globo – G1 – farão coberturas das principais ações do projeto, ressaltando a importância da preservação e do plantio de espécies adequadas de árvores.

O prefeito Marquinhos Trad (PSD) ressaltou que a iniciativa é excelente e que o município não poderia deixar de ser parceiro. Ele reiterou o que disse Alves sobre o orgulho de Campo Grande ser a capital mais arborizada do Brasil e que isso, além de melhorar a qualidade de vida da população e embelezar a cidade traz muita responsabilidade.

Trad lembrou que sozinho o município não consegue atender todas as demandas da população, para, por exemplo, fazer a poda de árvores, que pela localização ou estado sanitário, ameaçam imóveis, rede elétrica e vias públicas. O índice é de 96,4%, ou seja, que de cada 100 edificações particulares, 96 possuem árvores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Temos quatro equipes e cerca de 25 homens trabalhando neste serviço, mas é pouco para atender a demanda da cidade. A partir do momento em que assinamos esse convênio, vamos ter condições de ter uma cidade mais arborizada. A cidade é de todos, ninguém consegue administrar sozinho. A participação de empresas, instituições e órgãos é sempre bem vinda”, ressaltou.

Já o presidente da Energisa-MS, Marcelo Vinhaes, revelou que um dos aspectos do programa que mais chamou a atenção da concessionária e a levou a ser parceria da iniciativa foi a questão educacional. “A assinatura desde projeto possibilitando trabalhar a questão da educação, da conscientização, partindo desde as crianças até os adultos, vai possibilitar estarmos fazendo a orientação sobre qual árvore deve ser plantada embaixo da rede, como deve ser feita a poda e ainda os cuidados que se deve ter com uma árvore para que ela não cause transtornos futuramente, porque se a gente se descuida disso, pode ser prejudicial a sociedade. A cidade arborizada é uma coisa fantástica, mas como outros parceiros do programa disseram, demanda responsabilidade”, destacou.

Por sua vez, o procurador-geral do MP-MS, Paulo Passos, comentou que o papel da instituição na parceria vai ser interagir tanto com a iniciativa privada quanto com o Poder Público, nas questões envolvendo a orientação da população e ainda na fiscalização das ações executadas, para que procedimentos, como o corte e as podas das árvores, por exemplo, obedeçam a legislação do município e da União, de modo a assegurar um meio ambiente seguro e saudável para os moradores.

O programa
De acordo com o diretor de Marketing da Rede Matogrossense de Comunicação (RMC), o programa Cidade das Árvores será implementado por meio de três estratégias:

  • Educação ambiental – Durante todo o desenvolvimento da iniciativa serão realizadas ações de educação ambiental com moradores e/ou proprietários de áreas direta ou indiretamente afetadas pelas intervenções de diagnóstico, plantio, manejo das árvores ou interferências com diversos elementos que compõem uma cidade, destacando a rede de distribuição de energia.
  • Plantio – Orientação e plantio de espécies adequadas nas áreas direta ou indiretamente afetadas pelas intervenções;
  • Manejo – Diagnóstico quanto ao estado fitossanitário e manejo das árvores nas áreas direta ou indiretamente afetadas pelas intervenções.

Ele comenta ainda que será elaborado um plano de ação que detalhará todas as medidas que serão implementadas, os responsáveis, prazos, áreas de intervenção, insumos necessários, metodologia de trabalho, estratégias de acompanhamento, monitoramento e avaliação dos resultados.

Fonte: G1 MS