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Povos pré-colombianos podem ter evitado extinção da araucária

Povos pré-colombianos podem ter evitado extinção da araucária

Floresta de araucária

Florestas de araucária se expandiram nos últimos dois milênios a partir de área restrita em Santa Catarina.

Por Diego Freire da Revista Pesquisa Fapesp

Uma floresta, por maior que seja, é “plantada” árvore a árvore. Por quem? Em grande parte, involuntariamente pelos animais que as habitam e espalham sementes para novos territórios ao se alimentar dos frutos ou fazer uso de outros recursos das árvores. Recentemente, porém, pesquisas interdisciplinares sobre a expansão das florestas de araucária reuniram evidências biológicas e arqueológicas de que o ser humano teve protagonismo na expansão da espécie no Sul do Brasil.

Há 2 mil anos, a espécie Araucaria angustifolia, símbolo do Sul brasileiro e conhecida como pinheiro-do-paraná, estava (como hoje) ameaçada de extinção. As mudanças climáticas da época confinaram a espécie a uma área bem restrita, da qual seria muito difícil sair não fosse pela ação humana. Hoje, as araucárias estão ameaçadas em consequência do desmatamento irrefreado. A conclusão é de pesquisadores das universidades Federal de Santa Catarina (UFSC), do estado de Santa Catarina (Udesc) e de São Paulo (USP).

Para refazer o caminho trilhado pela araucária desde seu confinamento até a expansão pela região Sul, o grupo do engenheiro florestal Miguel Busarello Lauterjung, do Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais da UFSC, colheu amostras de 20 populações dessas árvores e utilizou a filogeografia – área do conhecimento que analisa as relações entre as variações genéticas e a geografia onde ocorrem – para traçar a rota da sua ancestralidade. “Marcas dos acontecimentos passados deixadas na genética da espécie evidenciam a expansão da espécie por uma força externa: a dispersão de suas sementes por animais. Como as araucárias se expandiram por um vasto território em um período curto de tempo, esse dispersor só poderia ser um animal de grande porte – no caso, o homem”, conta Lauterjung, sobre resultados publicados em 2018 na revista Tree Genetics & Genomes.

Em paralelo às análises genéticas, o grupo catarinense reuniu registros arqueológicos de rotas de migração indígena nas ocupações dos povos Jê do Sul, que abrangem os grupos étnicos Kaingaing e Xokleng. O arqueólogo Paulo DeBlasis, do Laboratório de Arqueologia Regional do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), coordenou pesquisas que também evidenciaram a associação entre a expansão da floresta e a das populações humanas. “O local a partir do qual a floresta se expandiu, entre 1.410 e 900 anos atrás, é exatamente onde as populações de língua Jê também se espalharam – ou seja, a expansão das araucárias acompanhou a humana”, conta. Segundo o arqueólogo, a araucária sempre foi uma espécie de muito interesse humano, não só para a alimentação –produz o pinhão –, mas também pela exploração madeireira. No século XX a árvore passou a ser ameaçada de extinção.

O pinhão, cuja colheita deste ano acaba de ser iniciada, é o produto mais consumido da araucária | Foto: Léo Ramos Chaves

Os registros arqueológicos reunidos por Blasis indicam que a expansão da floresta coincide com um período de mudanças demográficas e culturais na região. Os pesquisadores do MAE-USP desenvolveram e testaram um modelo de distribuição de ecossistemas naturais que analisa em conjunto a história da vegetação, dados paleoclimáticos e registros arqueológicos para distinguir os impactos humanos daqueles provocados por temperatura e precipitação na distribuição e expansão de florestas de araucária durante o Holoceno, que começou no fim da última era glacial – os últimos 11.500 mil anos da história da Terra.

Os dados, publicados em 2018 na Scientific Reports, confirmam que, apesar das flutuações climáticas, sem pessoas a vegetação era estável e as florestas espacialmente limitadas a encostas sulcadas. Em contraste, o uso da floresta nos últimos 1.400 anos expandiu essa vegetação para além de suas fronteiras geográficas naturais em áreas de ocupação pré-colombiana densa, sugerindo que as modificações na paisagem estavam ligadas às mudanças demográficas cujos efeitos ainda são visíveis hoje. “Antes da presença humana da tradição linguística Jê do Sul na região, são fracos os sinais de expansão das araucárias, o que evidencia a relevância do auxílio humano para a dispersão da espécie”, diz Lauterjung.

Florestas refugiadas

Durante o Último Máximo Glacial, há aproximadamente 21 mil anos, o Sul do Brasil tinha condições climáticas mais secas e frias e a vegetação era quase totalmente de campo, onde predominam gramíneas e arbustos (ver Pesquisa FAPESP nº 239). Isso teria empurrado as populações de araucária para regiões com condições climáticas menos restritivas, que serviriam de refúgio para a sobrevivência da espécie. De acordo com estudos de grãos de pólen fossilizados, essas regiões seriam os vales próximos às áreas de planaltos no leste da região Sul do Brasil, próximo ao atual município de Campo Belo do Sul, em Santa Catarina, de onde saiu o material genético para a expansão da araucária.

Segundo a pesquisa da UFSC, tudo começou – ou recomeçou – ali. Do ponto de vista ecológico, uma área de refúgio é a porção territorial para a qual espécies recuam devido a mudanças adversas, principalmente climáticas, que dificultam a sobrevivência no hábitat natural. Lá elas persistem e, eventualmente, dali voltam a se expandir.

Florestas Refugiadas

O plantio de árvores para uso da madeira ainda é controverso | Foto: Léo Ramos Chaves

Esse refúgio para a araucária foi inicialmente proposto pelo biólogo Michel Barros como parte da tese de doutorado defendida em 2014 no Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Nós realizamos análises de diversidade taxonômica e molecular, além de modelagem de nicho ecológico para espécies desse bioma, e mostramos uma área de maior adaptabilidade para Araucaria angustifolia no passado, reforçando esse território como refúgio, principalmente a formação Serra Geral”, conta Barros.

Os estudos atuais corroboram sua hipótese de que a araucária teria permanecido restrita à região até cerca de 4 mil anos atrás, quando as condições climáticas se tornaram mais úmidas, quentes e favoráveis ao seu desenvolvimento – mas não o suficiente. Faltava o empurrãozinho da ação antrópica. A melhora do clima não teve grande efeito sobre a expansão da araucária a partir das áreas de refúgio, explica Lauterjung. “A espécie só teria começado a se expandir com grande intensidade cerca de 2 mil anos atrás em todas as regiões estudadas”, afirma ele, que considera curto o tempo dessa época até hoje para uma distribuição tão ampla quanto a atingida pela araucária. “O fator decisivo seria a forte dependência de seu uso pelo homem, especialmente na alimentação com o consumo do pinhão, ou para atrair fauna para caça.”

Pós-graduação em Inventário Florestal Avançado

A pesquisa da UFSC contou, ainda, com testes em modelos computacionais para avaliar se Araucaria angustifolia conseguiria se expandir em proporção semelhante no mesmo período por conta própria, corroborando que a espécie necessitou de auxílio externo para a sua expansão. “Temos de aprender com isso”, defende Lauterjung. O pesquisador lembra que as medidas para a conservação da araucária que restringem o uso humano “desconsideram possíveis interações benéficas que podem favorecer a conservação de um recurso por meio do seu uso”. Para Lauterjung, a interação do ser humano com a araucária pode ter benefícios quando contraria a redução que aconteceu no passado, com o corte de florestas nativas para madeira. “Nosso estudo demonstra que o uso de uma espécie pode ser benéfico para todas as partes. Entretanto, esse uso precisa agir no sentido de manter e aumentar a população existente.”

Fonte: CicloVivo

Melhoramento Genético de Plantas: Descubra tudo!

O melhoramento genético de plantas é a ciência que tem como objetivo aumentar a frequência de bons alelos nas populações dos vegetais, para que sejam desenvolvidas suas qualidades ou para adicionar características que vão desempenhar uma função benéfica à produção agrícola.

Geralmente, a escolha dos alelos favoráveis permite que as espécies de cultivares sejam mais produtivas e resistentes ou tolerantes às pragas, doenças, estresses climáticos e outros.

A atividade é desenvolvida de modo contínuo e pode ser considerada como uma forma ecologicamente responsável de aumento da produção com qualidade além de gerar uma maior variabilidade dos alimentos.

Os programas que são desenvolvidos nesta vertente buscam assegurar a alimentação da população que cresce a cada ano, contribuindo diretamente para a segurança alimentar, saúde e nutrição das pessoas.

Melhoramento Genético de Plantas

 

O legado de Mendel

O melhoramento genético de plantas começa com a escolha dos genes, que não é uma prática recente, os primeiros agricultores já faziam a seleção de espécies visando uma melhor produção. Porém, os experimentos de Gregor Mendel e suas ervilhas, em 1856, valendo-se da estatística deu um caráter científico a este método dando origem à Genética.

O pai da Genética abriu possibilidades para estudos da manipulação da hereditariedade, melhoramento e desenvolvimento de cultivares.

Hoje, o modo de avaliar e selecionar os genes das plantas conta com métodos não só da Genética, mas também da Biologia Molecular, Agronomia, Eng. Florestal, Bioinformática, Fitopatologia e outras áreas

Polinização Cruzada

 

A interação de Genótipo X Ambiente, do melhoramento de plantas

No melhoramento genético de plantas, conhecer a interação entre o genótipo e ambiente é fundamental para o sucesso do programa. A relação dos genótipos com os ambientes abrange todos os tipos de organismos vivos (plantas, humanos, bactérias).

O genótipo é a constituição genética total de um organismo, ou seja, é a sequência de nucleotídeos do DNA.

 

Pós-Graduação em Melhoramento Genético Agronômico

 

Já o fenótipo é a expressão de uma característica, que depende do genótipo e do ambiente, que são as circunstâncias ao redor de um organismo ou grupo de organismos e que afetam o seu crescimento e desenvolvimento.

A interação é baseada na ação que se estabelece entre eles, seja ela recíproca ou de um sobre o outro.

 

Você sabe a importância dos Sistemas de Informação Geográficas (SIG) no agronegócio?

 

A importância da interação para o melhorista está na identificação do melhor genótipo para cada ambiente específico. O teste da interação do genótipo com o ambiente pode demandar tempo e dinheiro no programa de melhoramento.

Dessa forma, seu trabalho deve ser cuidadoso, porque um genótipo pode não ser adequado para um ambiente, mas pode ter desempenho satisfatório em outro.

Os estudos usam da estatística para comparar as performances dos genótipos em diferentes ambientes. Eles poderiam ser considerados estáveis (com desempenho consistente) ou instáveis (com performance inconsistente).

Porém, não era o suficiente para saber o ganho genético obtido em um ambiente. Esta informação é fundamental para que o melhorista escolha as melhores soluções para as cultivares.

 

As interações podem ser simples ou cruzadas

A interação simples, também chamada de quantitativa, acontece quando há mudança na magnitude de performance dos genótipos, mas seu ordenamento permanece inalterado em diferentes ambientes. Assim, indicam que as populações são geneticamente heterogêneas e os ambientes homogêneos, ou vice-versa.

Já a interação cruzada, também conhecida como qualitativa, em que há respostas diferenciadas dos genótipos nos diferentes ambientes. Alterando a classificação, sendo importante para manutenção da variabilidade genética e na adaptação de espécies.

Pode ocorrer ausência de interação quando as condições ambientais não alteram o comportamento dos genótipos, afetando o comportamento deles de maneira igual.

Os programas de melhoramento de plantas podem atuar na produção de soja, por exemplo. No Brasil, a planta é produzida em ambientes diversos, com altas ou baixas latitudes, visando muitas vezes à elevação dos teores de proteínas e óleo, por exemplo.

Dessa forma, a sua produtividade depende não só da seleção de genótipos de alto desempenho, mas também, das condições ambientais, capazes de gerar as expressões fenotípicas.

A Interação de Genótipo X Ambiente, faz parte do melhoramento de plantas, ciência busca desenvolver as qualidades dos vegetais ou adicionar características que beneficiem à produção agrícola.

Como funciona um programa de melhoramento de plantas?

O programa de melhoramento genético de plantas precisa ter uma boa estrutura para a realização das atividades. De início, o melhorista deve mapear os problemas que existem na região de produção e definir um objetivo.

Esta etapa é importante porque vai ajudar a direcionar a seleção dos alelos visando solucionar ou minimizar os problemas ou aumentar os ganhos de produtividade.

Entre os objetivos mais comuns estão: o aumento da produtividade, o desenvolvimento de cultivares adaptadas a uma região geográfica, a resistência a doenças ou cultivares com melhor qualidade nutricional.

 

Melhoramento Genético de Plantas

 

A outra etapa consiste em conseguir populações bases ou suplementares. Que vão ser as fontes dos alelos favoráveis a serem introduzidos nas populações existentes, gerando uma nova cultivar. As populações bases precisam ter uma variabilidade genética para que se possa encontrar nelas os alelos de interesse.

Uma boa seleção dos alelos das plantas é feita com planejamento e objetivo. Após definir a finalidade do programa, o especialista precisa estar atento ao desenvolvimento das atividades.

Será preciso também ter flexibilidade para incluir novos objetivos e novas ferramentas tecnológicas, principalmente da biologia molecular e bioinformática, que possam gerar eficiência de seleção nas plantas.

Deste modo, compreender o funcionamento da seleção genômica torna-se importante para obter resultados satisfatórios.

 

Seleção genômica

Genoma é a sequência completa de DNA (ácido desoxirribonucleico) de um organismo, ou seja, o conjunto de todos os genes da grande maioria dos seres vivos.

A ciência que estuda o genoma, ou seja, o sequenciamento e as informações geradas é a Genômica. Ela surgiu para compreender como os genes estão organizados no genoma, sua função, regulação e interação com outros genes.

As pesquisas na área da Genômica e Biologia Molecular possibilitaram identificar os marcadores genéticos dos organismos. Eles são qualquer elemento capaz de diferenciar, prever e caracterizar um indivíduo por meio do seu genótipo e que seja capaz de reproduzir na descendência.

Após a identificação, os marcadores ajudam na identificação de características de interesse, como resistência de doenças, resistência a pragas, estresses hídricos etc.

Eles podem ser de microssatélites (SSR), muito usado em estudos de ancestralidade devido sua alta reprodutibilidade e fácil execução; os SNPs, que detectam mutações e polimorfismos através de alterações de uma única base no genoma; e outros.

 

Pós-Graduação em Melhoramento Genético Florestal

 

Em 2001, o agrônomo e professor de bioinformática, Theodorus Meuwissen, junto a outros pesquisadores se propuseram estimar os efeitos dos marcadores genéticos nos animais.  Como resultado, surgiu a seleção genômica ampla, técnica que também é utilizada no Melhoramento genético vegetal.

 

Seleção Genômica Ampla

Na seleção genômica ampla ocorre o prognóstico dos efeitos genéticos de diversos marcadores genéticos que se encontram dispersos no genoma do organismo. Dessa forma, é possível estimar os efeitos baseados nos dados fenotípicos da população de estimação.

Após esta etapa, eles são testados em uma população de validação e, em seguida, são selecionados aqueles que contenham as informações que explicam a variância genética do caráter estudado. Por fim, a informação é incorporada à etapa de seleção do programa de melhoramento genético vegetal.

O ponto chave da análise destes marcadores é a estimação dos efeitos, uma vez que o número de parâmetros que precisam ser estimados é muito superior ao número de observações fenotípicas disponíveis.

 

Técnica de cruzamento de plantas

Foto: IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná)

 

No melhoramento genético vegetal é fundamental a escolha de alelos favoráveis que possibilitem o desenvolvimento de cultivares resistentes ou tolerantes às adversidades. A seleção genômica, dessa forma, auxilia na identificação dos marcadores genéticos e possibilita ao melhorista estimar os efeitos em uma população de larga escala.

 

Métodos de melhoramento genético de plantas

Os métodos de melhoramento genético de plantas são caminhos que o especialista vai utilizar para fazer a seleção dos genes. Eles variam de acordo com o tipo de objetivo, modo de reprodução da planta e população base.

O intuito é gerar a cultivar, um grupo de indivíduos de qualquer gênero ou espécie vegetal superior, determinado pelo seu fenótipo e genótipo. Há variados métodos, podendo ser de linhas puras, multilinhas, híbridos, sintéticos e outros. O maior desafio do melhorista é desenvolver cultivares superiores às que já existem no mercado.

O programa terá boas chances de obter êxito se forem realizadas avaliações fenotípicas periodicamente e se houver cuidado com a manutenção da semente para a distribuição.

 

Melhoramento genético florestal

O melhoramento genético florestal pode ser considerado como uma ciência relativamente nova, que teve seu maior desenvolvimento mundial a partir de 1950 e, no Brasil, a partir de 1967.

Naquela época, a silvicultura Florestal no Brasil vivia um período de intensa atividade de reflorestamento, alimentada pelos incentivos fiscais do governo. Visando a produção de matéria-prima florestal, principalmente para o abastecimento de carvão vegetal para as indústrias siderúrgicas e de madeira para as indústrias de celulose e papel.

De maneira bem simples o melhoramento de plantas consiste em modificar seu patrimônio genético, com a finalidade de obter variedades, ou híbridos. Estes que apresentam maior rendimento, com produtos de alta qualidade e capazes de se a adaptar às condições de um determinado ambiente, além de exibirem resistência às principais pragas e doenças.

Ele tem como base os conhecimentos da área de genética, tratando-se talvez do que poderíamos chamar de genética aplicada, que é uma área do conhecimento que exige a integralização e uso de várias outras disciplinas e campos do conhecimento. Como a botânica, taxonomia, genética, citologia, fitopatologia, entomologia, biologia molecular, fisiologia, estatística, entre outras.

Esta ciência apresenta peculiaridades e aspectos próprios, já que as espécies arbóreas são perenes, de ciclo muito longo e com diversidade de sistemas reprodutivos.

 

Características do melhoramento genético florestal

Embora os objetivos do melhoramento genético de espécies florestais sejam específicos para cada finalidade industrial ou de uso direto da matéria-prima, existem alguns aspectos de interesse comum.

Características como incremento volumétrico, forma de fuste, produção de sementes e tolerância às adversidades do meio são fundamentais para todos os setores como ponto de partida para seus objetivos específicos.

A variabilidade existente nessas características básicas precisa ser explorada para tornar os empreendimentos florestais mais produtivos e abrangentes em todas as regiões.

 

Características do Melhoramento Genético Florestal

 

O programa de Melhoramento Genético Florestal parte de uma população-base, a partir da qual a seleção será implantada em diferentes intensidades. Essa população selecionada servirá para a produção de sementes ou de mudas clonais, além de servir para a recombinação em novos cruzamentos.

Cruzamentos entre plantas perenes têm sido utilizados para a obtenção de características tecnológicas da madeira e da polpa, as quais apresentam herdabilidade de média a alta magnitude.

No entanto, os limites de variabilidade verificados nas espécies tradicionalmente plantadas no Brasil, tornam-se um empecilho para a obtenção de indivíduos que possam dar saltos quantitativos e qualitativos no desempenho industrial.

 

Propagação vegetativa e cultura de tecidos vegetais 

Dentre os métodos mais usados para o Melhoramento Florestal, está a seleção de árvores elites e a sua propagação por meio de clonagem. Plantios clonais oferecem vantagens para a produtividade devido aos seus ganhos genéticos que podem ser aditivos por meio de seleção massal e propagação de indivíduos-elite.

São construídos os jardins clonais, ou minijardins clonais, ou ainda, por micropropagação. Antes do plantio, os clones são submetidos a testes clonais, que consistem em plantá-los em diferentes condições no intuito de confirmar a superioridade existente no material genético.

 

Métodos de Melhoramento Genético Florestal

 

Os minijardins clonais que utilizam a técnica de miniestaquia apresentam grande contribuição para a produção florestal e, nessa área, o Brasil apresenta-se como destaque mundial. Os minijardins estão cada vez mais evoluídos, permitindo a redução de área para produção inicial, a redução no tamanho das estacas e o incremento na produção.

Já as técnicas de Cultura de Tecidos vêm sendo utilizadas de diferentes formas para o desenvolvimento de cultivares superiores de plantas. De maneira geral, elas são requeridas em determinada etapa dos programas de melhoramento, oferecendo novas alternativas e, muitas vezes, soluções únicas.

Deste modo, a micropropagação é a técnica mais utilizada da Cultura de Tecidos e, talvez, a de maior impacto. Possui ampla aplicação na multiplicação de plantas lenhosas como árvores-elite, possibilitando a obtenção de clones mais produtivos.

Portanto, a técnica de embriogênese somática também é amplamente empregada, especialmente para o desenvolvimento de propágulos de coníferas, possibilitando a propagação massal de famílias-elite de árvores.

Ela oferece potencial para a produção e para o armazenamento de germoplasma de clones, além da propagação de um número ilimitado de plantas.

 

Finalização do programa de melhoramento genético

Após realizar todas as etapas do melhoramento genético de plantas e uma nova cultivar for criada vai ser necessário cadastrá-la no Registro Nacional de Cultivares (RNC). Trata-se de um sistema de controle da produção e comercialização de sementes e mudas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Este registro exige diversas avaliações necessárias para distinguir a cultivar elaborada de outras que já existem no mercado.

O melhoramento genético pode ser realizado em diferentes culturas, sejam elas agronômicas ou florestais. Vale a pena se aprofundar no assunto realizando cursos de pós-graduação que possibilite ao profissional se especializar de maneira eficiente nas mais variadas técnicas utilizadas.

O crescimento da exportação de produtos florestais

O crescimento da exportação de produtos florestais

Os produtos florestais, como a celulose, painéis de madeira e papel, ganharam espaço na pauta de exportações do agronegócio do Brasil no primeiro semestre de 2018, tanto que acabaram atingindo a segunda posição entre os principais segmentos da balança comercial do setor superando setores como o de carnes. É o que mostram as estatísticas do Ministério da Agricultura (Mapa) referentes ao período, com base nos registros oficiais de comércio exterior.

Desde 2007, o setor de carnes se mantinha a frente dos produtos florestais, no entanto, a ascensão da celulose promoveu a troca de posições entre esses setores logo no primeiro semestre de 2018. As exportações de celulose somaram 7,96 milhões de toneladas nos primeiros seis meses de 2018, o que significou um aumento de 12,1% em relação ao mesmo período em 2017, quando o volume foi de 7,1 milhões. Ajudada também por uma alta nos preços médios, a receita foi 44% maior, passando de US$ 3,01 bilhões para US$ 4,433 bilhões no período.

Em 2016, o Brasil liderou o ranking global de produtividade florestal, com média de 35,7 m³ ha/ano no plantio de eucalipto e 30,5 m³ ha/ano no plantio de pinus, de acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). A China está em segundo lugar com 29 m³ ha/ano (eucalipto) e 20 m³ ha/ano (pinus) e Moçambique é o terceiro com 25 m³/ha ao ano (eucalipto) e 12 m³/ha (pinus).

Esta produtividade justifica em parte o crescimento das exportações brasileiras. Também o fato de oferecermos produtos a preços mais competitivos no mercado mundial, aliado ao desempenho das empresas brasileiras com âmbito internacional de atuação e a melhora nos preços internacionais com a valorização do dólar em relação ao real favorecendo o exportador, nos garantiu que alcançássemos números de exportação bastante expressivos atualmente.

Hoje o Brasil é o 3º maior exportador mundial de celulose, principal produto florestal exportado, participando com 13,2% do mercado mundial. Do total da produção brasileira 69% destinam-se à exportação. As exportações de madeiras também aumentaram 16,3%, atingindo US$ 1,44 bilhão e as exportações de papel chegaram à casa dos US$ 803,34 milhões.

O gráfico a seguir mostra o desempenho das exportações de produtos florestais dos últimos 10 anos.

produtos florestais

Fonte: MDIC

Em 2017, o Brasil assumiu o oitavo lugar na produção mundial de painéis e as exportações brasileiras dos painéis reconstituídos somaram 1,42 milhão m³, o equivalente a US$ 328 milhões e em 2018, só no primeiro semestre, as exportações continuaram em alta de 2,5% em relação ao mesmo período de 2017.

Ao todo o segmento de produtos florestais embarcou 11,3% a mais em volume, passando de 11,15 milhões para 12,41 milhões de toneladas, sendo que os exportadores faturaram 30,1% a mais. Desta maneira, a receita passou de US$ 5,43 bilhões para US$ 7,07 bilhões comparando o primeiro semestre de 2018 com o de 2017.

Madeira reflorestada e exportação

A atividade de reflorestamento no Brasil possui uma importante dimensão econômica. Além de estarmos entre os 10 maiores produtores florestais do mundo, desenvolvemos tecnologia avançada para a exploração de florestas e para a transformação industrial da madeira, tanto que apresentamos o maior rendimento na produção de eucalipto e pinus do mundo, com custo inferior ao de importantes concorrentes, como Nova Zelândia, Chile e EUA. Portanto, estimular o plantio de madeira reflorestada e a exportação de produtos madeireiros é primordial para um setor que movimenta de maneira significativa o PIB nacional.

A previsão é de crescimento no setor em função das possibilidades existentes tanto no mercado externo quanto no mercado interno. Geradora de receitas e importante na pauta de exportações do Brasil, a indústria da madeira é fundamental para o desenvolvimento de nosso país. Portanto, é muito importante o apoio a esta atividade para a manutenção das vantagens competitivas do Brasil na cadeia produtiva da madeira e na balança de exportações.

Destino das Exportações

As mercadorias vendidas pelo país tiveram como destino em 2018 regiões que historicamente são grandes parceiras comerciais brasileiras. Os países latino-americanos permanecem como os principais mercados dos segmentos de papel e de painéis de madeira, nos primeiros oito meses do ano passado, com receitas de exportações de US$ 806 milhões (+11,2%) e US$ 100 milhões (+20,5%), respectivamente. A China ainda segue como principal destino da celulose produzida pelo Brasil com 40,2% de participação e representando uma receita de US$ 1,6 bilhão (+22,0%). O segundo maior destino da celulose é a Europa, que deteve neste período uma fatia de 31,5% das exportações, que corresponde a US$ 1,3 bilhão (+3,9%).

De acordo com a Ibá, só nos primeiros três meses de 2018, as cotações médias da celulose estavam em US$ 1.200 por tonelada nos Estados Unidos, US$ 1000 na Europa e entre US$ 800 e US$ 850 na China. Existe uma expectativa positiva para as exportações do produto nos próximos meses, embora haja incertezas vindas da política brasileira de comércio exterior, como mudanças no regime tributário. Apesar de haver novos players entrando no mercado o cenário é positivo e o ano de 2019 deve terminar com crescimento, assim como aconteceu em 2018.

Vimos que as exportações voltadas para a área florestal no Brasil cresceram consideravelmente no último ano. Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) mostram que exportações como papel, painéis de madeira e celulose foram os materiais mais exportados em 2018. Assim, o setor de produtos florestais se destaca por seu crescimento continuado, que supera a tendência de diminuição das exportações nacionais e, assim, fortalece a economia brasileira.

Por:  Marina Stygar Lopes – Mata Nativa

Resistência a herbicidas reforça alerta sobre Amaranthus palmeri, diz pesquisador

Resistência a herbicidas reforça alerta sobre Amaranthus palmeri, diz pesquisador

 

Amaranthus palmeri na plantação de algodão (Foto: Fernando Adegas/Embrapa Soja)

A identificação de mais um caso de resistência de Amaranthus palmeri a herbicidas mostra que o seu controle tem sido mais difícil do que se imaginava anteriormente. E reforça o alerta para a necessidade de diversificar as práticas de manejo. A opinião é do pesquisador Fernando Adegas, da Embrapa Soja, especialista com anos de experiência no estudo dessa planta.

Adegas conversou com a reportagem da Globo Rural a respeito de um estudo realizado pela área de plantas daninhas da Kansas State University (KSU), nos Estados Unidos. A pesquisa, feita com uma amostra de plantas extraídas de uma lavoura experimental, apontou que o Amaranthus palmeri desenvolveu resistência aos herbicidas Dicamba e 2-4D.

Com o 2-4D, foi feita uma única aplicação de várias doses diferentes, quando as plantas estavam com altura entre 10 e 12 centímetros, um experimento chamado de dose-resposta. O material tratado foi comparado com outra população de Amaranthus palmeri suscetível ao tratamento químico, com a intenção de observar a extensão dos danos e o nível de biomassa da planta.

Segundo os pesquisadores, os sinais da ação do herbicida começaram a aparecer depois de 21 dias da aplicação. Segundo ele, a amostra indicou uma resistência entre 8 e 10 vezes maior que suscetível. Significa que a planta resistente pode tolerar um dose entre oito e dez vezes maior do herbicida.

No caso do dicamba, os testes com uma progênie das mesmas sementes foram realizados apenas com a dose recomendada do herbicida. O resultado apareceu também 21 depois do tratamento. As plantas suscetíveis foram totalmente controladas, de acordo com o relatório. Nas resistentes, o resultado foi uma “alta taxa de sobrevivência”, de 81%.

“Essa nova resistência só comprova que utilizar medidas únicas de controle vai selecionar a resistência, como foi feita para outros herbicidas. Ainda bem que não foi em uma área comercial, mas dá aquele receio de ir perdendo as ferramentas de controle”, comenta Fernando Adegas, destacando que a recomendação vale também para outras plantas daninhas.

Planta já foi identificada no Brasil

O Amaranthus palmeri é uma espécie de caruru e considerada uma das plantas daninhas mais ameaçadoras à agricultura, atualmente. Estudos indicam que ela é natural de solos áridos nos Estados Unidos e do México. Atualmente, pode ser encontrada em vários estados americanos, principalmente nas áreas Centro-sul e Sul.

Segundo os pesquisadores da KSU, a Sociedade Americana de Ciência de Plantas Daninhas (WSSA, na sigla em inglês) classifica a planta como a maior problemática dos Estados Unidos. Os danos vão desde perdas de produtividade até inviabilização da colheita. Na cultura do sorgo, as perdas são de cerca de 50%. No algodão, chega a 59%; na soja, a 79%; e no milho a 90%.

No Brasil, a Amaranthus palmeri foi identificada pela primeira vez há quatro anos, no Estado de Mato Grosso. Em junho de 2015, o Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) emitiu um alerta sobre os riscos e orientando sobre sua identificação na lavoura, cuja presença foi constatada em três propriedades rurais nos municípios de Ipiranga do Norte e Tapurah.

À Globo Rural, o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) informou, por meio de sua assessoria, que a situação está sob controle. Não houve aumento da área atingida pela planta daninha e sua população nos locais onde foi localizada está diminuindo.

Fernando Adegas alerta, no entanto, que a Amaranthus palmeri ainda não deixou de ser uma ameaça para a agricultura brasileira, já que está presente em países vizinhos. E, com a notícia de novos casos de resistência a herbicidas, a atenção deve ser reforçada.

“Nossa grande preocupação não está em Mato Grosso. O grande medo hoje é que essa planta seja introduzida pelo Sul do Brasil, pela Argentina e Uruguai, porque ela já chegou no Uruguai via Argentina. Continua sendo uma planta complicada, vai ser uma ameaça permanente e tem que ficar de olho”, diz ele.

Segundo o pesquisador da Embrapa, o produto químico pode ser pensado por último no manejo de plantas de difícil controle. Rotação de culturas, controle mecânico de população de daninhas, manejo de solo, limpeza de máquinas para evitar a propagação e plantar sementes de boa qualidade no campo são medidas que podem ser adotadas pelo agricultor.

Valor científico

Nesta quarta-feira (27/3), por meio de sua assessoria, a Basf, que comercializa o herbicida dicamba, avalia, em nota, que o estudo feito pela KSU é de “grande valor científico” ao alertar sobre a possibilidade de resistência do Amaranthus palmeri. A companhia pontua, no entanto, que a perda de eficácia do princípio ativo, relatada pelos pesquisadores, ocorreu em uma área experimental e não há registros de resistência em áreas comerciais.

No comunicado, respondendo a questionamento da reportagem de Globo Rural, a empresa ressalta que o dicamba está entre as principais ferramentas de controle de plantas daninhas. E afirma estar comprometida em promover o uso correto e seguro de seus produtos.

“A Basf reforça a importância dos agricultores seguirem as boas práticas agrícolas como rotação de cultivos e uso de produtos com diferentes ingredientes ativos e modos de ação para reduzir o risco de resistência e assegurar a manutenção da sustentabilidade de tecnologias disponíveis.”

Por: GloboRural

Brasil será palco de discussões sobre pesquisa florestal

Brasil será palco de discussões sobre pesquisa florestal

Tronco de Araucária – Araucaria angustifolia – Prudentópolis – PR

Congresso Mundial de Pesquisa Florestal acontece pela primeira vez na América Latina e vai discutir “Pesquisa Florestal e Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável”

Nesta Dia Internacional das Florestas, a organização do XXV Congresso Mundial da União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO2019) comemora a submissão e aprovação de mais de 4.000 resumos, que serão apresentados entre sessões orais e pôsteres. Ao todo, 3.200 pesquisadores, de 114 países, submeteram trabalhos para o Congresso, que será realizado entre 29/09 e 05/10/2019, em Curitiba (PR).

O Congresso, considerado o maior evento de pesquisa florestal do mundo, terá como tema principal “Pesquisa Florestal e Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável” e é a primeira vez que acontece na América Latina.

A expectativa em relação ao número de trabalhos submetidos foi amplamente superada. Para o presidente da Comissão Organizadora do Congresso, Joberto Veloso, do Serviço Florestal Brasileiro, “a quantidade submetida e a qualidade dos resumos nos indicam que teremos um Congresso marcado por altas discussões, o que nos deixa muito satisfeitos”.

O país que mais submeteu resumos foi o anfitrião Brasil, seguido por Estados Unidos, Índia, Nigéria, China, Alemanha, Colômbia, Suécia, Canadá e Japão. “Teremos certamente diversidade e, por consequência, uma troca de conhecimento muito rica entre os participantes, em um grande fórum de pesquisas sobre florestas”, completa Patricia Povoa de Mattos, da Embrapa Florestas e representante do Comitê Organizador do IUFRO2019 no Comitê Científico.

A seleção dos resumos levou em consideração o contexto das sessões técnicas do Congresso, delineadas em cinco temas estratégicos: “Florestas para as Pessoas”; “Florestas e Mudanças Climáticas”; “Florestas e Produtos Florestais para um Futuro Mais Verde”; “Biodiversidade, Serviços Ambientais e Invasões Biológicas”; e “Florestas e Interação com o Solo e Água”.

Para mais informações sobre o evento, acesse: www.iufro2019.com

Por: Embrapa