O míldio é uma doença causada por fungos da família das peronosporáceas (subdivisão Mastigomicotina) que, de maneira geral, ataca os órgãos das plantas, formando, assim, uma camada pulverulenta bastante semelhante à farinha. Além disso, as hifas do míldio costumam desenvolver-se entre as células das folhas, flores e frutos, onde, gradualmente, formam um micélio mais ou menos denso.
Por outro lado, esse fungo propaga-se de forma extremamente rápida em condições de tempo úmido, o que, consequentemente, pode resultar em grandes prejuízos para a lavoura. Além disso, no início do outono, dá-se o início da reprodução sexuada, momento em que ocorre a formação dos órgãos sexuais – oogônios e anterídios –, os quais apresentam um formato esférico e contêm apêndices sinuosos.
Diante disso, confira, a seguir, as principais características e sintomas dessa doença, bem como todas as formas de controle que podem ser adotadas para evitar prejuízos em sua lavoura.
CONDIÇÕES FAVORÁVEIS AO ATAQUE DE MÍLDIO
Com a umidade relativa do ar de 95%, bem como chuvas abundantes são consideradas condições favoráveis ao desenvolvimento do patógeno.
Para a germinação de esporângios faz-se necessário que principalmente o mês de agosto apresente temperatura acima de 11 °C coincidindo com dias de chuva ou umidade relativa alta.
O patógeno sobrevive em tecidos vivos durante o ciclo vegetativo da planta e, no inverno por meio de oósporos presentes no interior de tecidos de folhas senescidas sobre o solo e micélios dormentes em gemas, até que sejam disseminados pelo vento ou água. Sob condições favoráveis de ambiente, completa seu ciclo em apenas quatro dias.
SINTOMAS DA DOENÇA
Os sintomas de míldio se manifestam principalmente nas folhas e começam com um encharcamento do mesófilo, conhecido como “mancha de óleo”. Esta mancha, que é pálida e pequena, apresenta bordas indefinidas. Em condições de alta umidade, é possível observar, na face inferior da folha, sob a mancha de óleo, uma eflorescência branca e densa, de aspecto cotonoso, composta pelas frutificações do fungo. Com o tempo, à medida que a infecção avança, a área afetada necrosa, e as folhas caem, o que não apenas diminui a capacidade de fotossíntese da planta, mas também reduz o acúmulo de açúcar nos frutos, enfraquecendo a planta.
Além disso, nas inflorescências, o sintoma é o escurecimento da ráquis, seguido de esporulação, secamento e queda dos botões florais. Em consequência disso, a planta tem suas funções reprodutivas comprometidas, o que prejudica ainda mais o seu desenvolvimento.
Nas bagas mais desenvolvidas, a infecção se dá primeiramente pelo pedicelo. Como resultado, as frutas tornam-se escuras, duras e apresentam superfícies deprimidas, o que inevitavelmente leva à queda prematura dos frutos. Assim, a progressão da doença impacta diretamente na qualidade e produtividade da lavoura.
MÍLDIO NA CULTURA DE SORGO
O míldio do sorgo é uma doença com uma ampla faixa de adaptação climática, sendo, portanto, encontrada em todas as regiões de plantio de sorgo no Brasil. Em cultivares que são suscetíveis, os danos à produtividade podem, de fato, chegar a até 80%, especialmente sob condições favoráveis ao desenvolvimento da doença. Além disso, plantas com infecção sistêmica tornam-se estéreis e, como resultado, não produzem grãos.
Sintomas
Os sintomas típicos de infecção sistêmica iniciam-se com a formação de estrias paralelas de tecidos verdes, alternadas com áreas de tecidos cloróticos. Além disso, em condições de temperatura amena e ambiente úmido, a face abaxial da área foliar clorótica acaba sendo coberta por uma camada branca, a qual consiste de conídios (esporângios) e esporangioforos de P. sorghi.
À medida que a doença avança para estádios mais críticos, a área de tecidos cloróticos começa a se tornar necrótica e, consequentemente, é rasgada pela ação do vento. Como resultado, essa ação libera os oósporos no solo, os quais são essenciais para a sobrevivência do patógeno, especialmente na ausência do hospedeiro.
Manejo
Algumas medidas de manejo que você pode utilizar para o manejo do míldio na cultura de sorgo são:
- Variedades resistentes este é o método mais eficiente para a doença na cultura do sorgo;
- Rotação de culturas com espécies não-hospedeiras – lembre-se de não utilizar milho na rotação, por ser hospedeiro do patógeno (vamos ver no próximo tópico);
- Destruição dos restos culturais;
- Época de semeadura – deve-se antecipar a semeadura em locais de alta incidência da doença;
- Uso de sementes de boa qualidade.
MÍLDIO NA CULTURA DE MILHO
Há vários patógenos que causam míldio na cultura do milho. O mais comumente encontrado no Brasil é o Peronosclerospora sorghi, o mesmo que causa a doença no sorgo e em algumas outras gramíneas.
Esta doença no milho, no caso do Brasil, não causa prejuízos econômicos tão significativos, como ocorre em outros países.
Sintomas
A infecção sistêmica da planta causa clorose nas folhas, que ficam com estrias e faixas brancas. Além disso, as folhas das plantas infectadas com míldio apresentam as folhas mais eretas e estreitas, com o colmo mais fino e acamado. A doença também pode ocasionar problemas na formação dos grãos da espiga.
Manejo
As principais medidas recomendadas para o manejo do míldio na cultura do milho são:
- Utilização de cultivares resistentes;
- Rotação com culturas não hospedeiras;
- Enterro dos restos culturais para eliminação de oósporos;
- Tratamento de sementes com fungicidas à base de metalaxyl.
MÍLDIO NA CULTURA DA SOJA
Na cultura da soja, o míldio pode ocorrer em qualquer região produtora do país, sendo, portanto, causado pelo oomiceto Peronospora manshurica. Estima-se que os prejuízos decorrentes dessa doença variem entre 8 e 14% quando afetam cultivares suscetíveis.
As condições que favorecem a ocorrência dessa doença envolvem, principalmente, elevados períodos de molhamento foliar (cerca de 12 horas) e temperaturas que ficam entre 20 e 22 ºC, independentemente do estágio fenológico da cultura.
Sintomas
Os sintomas da doença são bastante característicos. Inicialmente, formam-se manchas de coloração verde-clara, que vão até amareladas, localizadas principalmente na face adaxial das folhas.
Na parte inferior da folha, nessas lesões, aparecem estruturas com um aspecto cotonoso (semelhante ao algodão), de coloração cinza, que são, na verdade, as estruturas de frutificação do fungo. Além disso, a doença pode também se desenvolver na vagem, o que pode resultar na redução do grão ou, em casos mais graves, na sua deterioração.
Manejo
Algumas medidas de manejo para o míldio na cultura do da soja podem ser feitas, como:
- Tratamentos de sementes com produtos registrados;
- Destruição de restos culturais;
- Uso de cultivares resistentes
MÍLDIO DA VIDEIRA
No Brasil, o míldio é considerado a doença mais importante da videira, causada por Plasmopara vitícola é uma das principais doenças podendo infectar todas as partes verdes da planta, com danos maiores ocorrendo em flores e frutos.
Condições que favorecem o desenvolvimento da doença tendem a variar entre as diferentes regiões produtoras brasileiras. Desse modo, o manejo exigirá uma atenção ainda maior em determinadas localidades.
Sintomas
Os sintomas iniciais nas folhas incluem manchas circulares e oleosas, seguidas de descoloração pardo-avermelhada à medida que a doença avança. Na face inferior, aparece esporulação branca. Nas inflorescências, os sintomas são semelhantes, com esporulação e escurecimento da ráquis. A doença pode levar ao secamento e queda dos botões florais.
Manejo
Para se evitar grandes prejuízos, o controle do míldio deve ser feito preventivamente. Além do controle químico, cultivares resistentes podem ser utilizados.
Para que se tenha condição de umidade menos favorável ao desenvolvimento do fungo e um melhor arejamento do cultivo são recomendados podas bem constituídas e um bom espaçamento.
O controle preventivo deve começar no início da brotação com o uso de fungicida sistêmicos intercalado com produtos de contato à base de cobre. Dentre estes, a cauda bordalesa é um dos mais antigos, porém eficiente no controle do míldio. Usar produtos registrados para a cultura.
CONCLUSÃO
Neste artigo vimos os sintomas e manejo do Míldio em diferentes culturas e o quanto podem afetar sua produtividade.
Com isso é de extrema importância que o agricultor faça monitoramento pois quanto mais cedo identificar a doença melhor para realizar o diagnóstico correto e assim realizar medidas de manejo para o controle em sua lavoura.
É importante ressaltar que em caso de dúvidas o ideal é procurar um o profissional da área para realizar a identificação correta.