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Práticas orgânicas afetam a saúde do solo, diz estudo

Práticas orgânicas afetam a saúde do solo, diz estudo

De acordo com uma nova pesquisa da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, práticas e plantações anteriores de agricultura orgânica podem ter resultados duradouros para a saúde futura do solo, ervas daninhas e produtividade das culturas. O estudo publicado recentemente na revista Agriculture Systems também analisa como componentes específicos da saúde do solo, como abundância e atividade dos animais e estabilidade do solo, afetam a produtividade das culturas.

Em geral, eles descobriram que as contribuições de nutrientes passados, a quantidade de solos que foram alterados, o manejo de plantas daninhas e a colheita anterior produziram efeitos duradouros. Por exemplo, as parcelas que foram gerenciadas com um sistema de lavoura reduzida geralmente apresentam melhor saúde geral do solo, especialmente quando se observa a atividade microbiana. E as parcelas sob um sistema aprimorado de gerenciamento de ervas daninhas tinham menos saúde do solo impressionante, mas melhor controle de ervas daninhas.

  “Se as ervas daninhas forem adequadamente suprimidas, a redução do plantio direto em sistemas de cultivo orgânico pode regenerar a saúde do solo e aumentar a produção”, disse Matthew Ryan, professor associado de ciências do solo e das culturas. Eles também observaram os becos entre as parcelas, onde a saúde do solo era muito boa devido à falta de alteração do solo. Isso levou a uma grande diversidade de invertebrados do solo.

Ele desenvolveu e executou modelos estatísticos para examinar as relações que impulsionam a produtividade futura das culturas em todos os sistemas de cultivo. Embora a ciência sólida informe os agricultores sobre os níveis adequados de nutrientes necessários para as culturas, os resultados dos modelos revelaram que a produção agrícola é limitada por fatores como atividade microbiana e estabilidade do agregado do solo. E o modelo mostrou que os invertebrados do solo desempenham um papel importante, possivelmente pastando nos micróbios, estimulando a atividade microbiana nos solos.

Fonte: Agrolink

Eucalipto cresce mais em sistemas ILPF do que em plantio em monocultura

Eucalipto cresce mais em sistemas ILPF do que em plantio em monocultura

A inserção de árvores nos sistemas integrados de produção agropecuária, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), ainda encontra resistência por parte de alguns produtores. Cada vez mais, entretanto, dados de pesquisas mostram que, se bem manejado, o componente arbóreo gera ganhos produtivos e econômicos.

Pesquisa realizada na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), em uma área de ILPF com Eucalyptus urograndis plantado em linhas triplas e renques distantes 30 metros, mostrou que nos cinco anos iniciais, as árvores no sistema integrado cresceram 18% a mais do que árvores plantadas em monocultura. As árvores da ILPF ganharam em média 3,8 cm/ano, enquanto aquelas em silvicultura solteira ganharam 3,2 cm/ano.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul. Hélio Tonini, a diferença evidencia a maior competição por luz na monocultura. Embora o crescimento fosse distinto, não havia se verificado variação significativa no volume de madeira entre os indivíduos comparados.

O manejo das árvores, com a retirada das linhas laterais e manutenção da linha central, entretanto, mudou esse quadro. Em dois anos, o ganho em volume da área de ILPF com linha simples chegou a ser 54% maior do que na área com monocultura e 25% maior do que na área com renques de linhas triplas.

“Antes do desbaste havia um efeito de competição muito grande. As linhas das bordas acabam suprimindo o crescimento da linha central. A média de crescimento do renque era alta, mas, se pegássemos somente a linha central, pensando em serraria, ela estava perdendo em crescimento. Quando fizemos o desbaste, convertendo de linhas triplas para simples, ele retomou o crescimento e isso possibilitou o ganho”, explica o pesquisador da Embrapa Maurel Behling.

As árvores suprimidas no decorrer do experimento foram utilizadas para produção de postes, outdoors e também como lenha. Em uma situação de fazenda, isso representa renda para o produtor antes mesmo do corte final da madeira.

 

Manejo beneficiou todos os componentes do sistema

Esse manejo das árvores suprimindo as linhas laterais do renque triplo também resultou em maior ganho para o sistema. Nos tratamentos em que havia lavoura, a soja chegou a ter perda de produtividade de 24% no quinto ano, quando comparada a uma lavoura solteira. Após o desbaste, porém, recuperou a produtividade, igualando à lavoura sem árvores. A pecuária também se beneficiou da maior entrada de luz para as pastagens, preservando a sombra para os animais. No sistema com árvore, o ganho de peso de novilhos nelore por hectare em um ano foi de 40 arrobas, cerca de 30% maior do que em um sistema sem árvores.

Behling explica que a decisão sobre o manejo das árvores deve ser tomada de acordo com a estratégia definida e com o propósito do uso da madeira.

“Se o objetivo é usar como biomassa, quanto menos intervenções, melhor, já que há um custo elevado de mão de obra para as podas e desramas. Agora, se o objetivo é ter madeira de qualidade para serraria, os manejos são necessários. Para isso, o valor agregado da madeira tem que compensar as despesas do produtor”, pondera.

 

Fonte: Canal Rural

Técnicas Nucleadoras: gatilhos ecológicos para recuperação de ecossistemas degradados

Técnicas Nucleadoras: gatilhos ecológicos para recuperação de ecossistemas degradados

A recuperação de ecossistemas degradados é fundamental para combate às mudanças climáticas e para o cumprimento à Lei Florestal Brasileira (Lei 12651/2012). Mas precisamos reconhecer que recuperar ecossistemas, com diferentes níveis de degradação, não é um trabalho simples. Ao mesmo tempo em que envolve diferentes procedimentos e metodologias, os projetos de recuperação devem contemplar os aspectos ecológico, social, econômico e legal.

Avaliar o estado inicial de degradação, traçar os resultados desejados, inferir o tempo necessário para que a recuperação ocorra, e analisar as restrições financeiras, são etapas fundamentais. Cada local requer diferentes estratégias e diagnósticos, pertencendo aos profissionais envolvidos, a responsabilidade por escolher a técnica mais adequada para cada situação.

 

As principais metodologias

Segundo Bechara et al. (2016), o plantio de espécies arbóreas é a metodologia mais empregada do Brasil e, apresenta como objetivo a formação de dossel na área em recuperação, buscando promover, consequentemente, a sucessão florestal nativa.

Por outro lado, os autores afirmam que, quando não executado corretamente, o plantio em área total pode prejudicar o processo de recuperação ou direcioná-lo para um estado não desejado.

Muitos dos plantios em área total podem resultar em ecossistemas homogêneos, com diâmetro e altura satisfatórios, porém com baixa diversidade de espécies e com um sub-bosque dominado por gramíneas invasoras, elevando os custos inerentes às etapas de implantação e manutenção das áreas em recuperação.

Sendo assim, direcionar os esforços para os processos ecológicos, como a sucessão ecológica e regeneração natural, ajudam na escolha de estratégias e métodos a serem utilizados de acordo com as características locais da área degradada, buscando sempre a formação de comunidades e ecossistemas com elevada biodiversidade e que se autoperpetuem.

Por combinar diferentes métodos, formando pequenos núcleos conjugados na área degradada, a nucleação pode agir em todos os níveis de diversidade nos processos sucessionais, envolvendo solo, produtores, consumidores e decompositores. A formação dos núcleos, ocupando de 10 a 30% da área, fomenta a redução dos custos, associados às etapas de implantação e manutenção das técnicas nucleadoras (Reis et al., 2014).

O que são as Técnicas Nucleadoras?

Proposta por Yarranton e Morrison (1974), a nucleação é uma técnica fundamentada na teoria sucessional e, visa formar microhabitats representados por núcleos, propícios à abertura de uma série de processos necessário para a regeneração natural, como a chegada de espécies vegetais, de todas as formas de vida e formação de uma rede de interações entre os organismos (Bechara, 2006).

Os autores também afirmam que a técnica cria pequenas manchas florestais com alta diversidade, fazendo com que, no decorrer do tempo, esses núcleos irradiem para toda a extensão da área.

A partir dos microhabitats são formadas condições mínimas de atratividade, como abrigo, alimentação e local de reprodução dos dispersores de propágulos, favorecendo o estabelecimento e desenvolvimento da vegetação pioneira envolvida no processo inicial de regeneração natural.

Exemplos de Técnicas Nucleadoras

São consideradas técnicas nucleadoras os seguintes métodos: Transposição do banco de sementes do solo; núcleos de chuvas de sementes; Poleiros artificiais; Núcleos de cobertura viva; Núcleos de bromélias; Abrigos artificias; Núcleos de árvores.

Transposição do banco de sementes do solo

A transposição do banco de sementes do solo consiste na retirada da superfície do solo juntamente com a serapilheira (0 a 10-20 cm), de áreas naturais conservadas e próximas à área que se deseja recuperar.

Por fim, este solo, somado à serapilheira, é disposto na área degradada. Essa transposição possibilita a reestruturação e fertilização do solo, pela presença de microrganismos responsáveis pela ciclagem de nutrientes e permite a revegetação da área degradada, apoiada pela germinação das sementes que compõe o banco de sementes presente no solo.

Núcleos de chuvas de sementes

A chuva de sementes consiste no conjunto de sementes dispersadas em um determinado local, por diferentes formas de dispersão, como por exemplo, a dispersão pelo vento e por animais. A coleta da chuva de sementes de fragmentos próximos ao ecossistema degradado é uma forma de buscar a diversidade de espécies da região e com isso favorecer a conectividade entre a área conservada e área degradada.

Poleiros Artificiais

O uso dos Poleiros Artificiais, como técnica nucleadora, possui como principal objetivo a atração de aves e morcegos, que pousam nesses colocais e depositam sementes dos fragmentos das florestas próximos às áreas em recuperação.

Diferentes trabalhos recomendam o uso de estruturas altas, tipo torre de cipó, com 10 m de altura, formado por varas de eucalipto, nos quais é importante conduzir trepadeiras como maracujás nativos ou cipó-de-são-joão, promovendo desta maneira maior atração de animais.

Abrigos artificias

Os abrigos artificias, também conhecidos como transposição de galharia, são compostos por pilhas de lenha ou resíduo florestal, proveniente de árvores exóticas eliminadas, podas de árvores urbanas, desmatamentos para mineração e antes da inundação de florestas para hidrelétricas, bem como na limpeza de seus reservatórios artificiais após o alagamento.

Todo esse material pode ser enleirado na área a ser recuperada, formando assim uma técnica nucleadora inicial. Esta ação atende, principalmente, à formação de abrigos artificiais para a fauna, mas também promove a atuação de decompositores e possui grande potencial de recuperação de solos após a formação de húmus.

Núcleos de cobertura viva

Para formação dos núcleos de cobertura viva é recomendado o plantio de espécies rústicas herbáceas arbustivas, dentre as quais podem ser utilizadas, girassol, milheto e alguma leguminosa semi-perene para cobertura. Essas espécies devem apresentar, dentre outras características, ciclo de vida anual, florescimento precoce, o que vai atrair animais polinizadores, dispersores de sementes e consumidores.

Por apresentar ciclo curto, as plantas utilizadas vão servir de alimento aos decompositores, reciclando a matéria orgânica no solo. Ainda que o uso de espécies nativas seja o ideal, em algumas situações de falta de sementes nativas de ervas e arbustos no mercado, opta-se por determinadas plantas usadas tradicionalmente na adubação verde, que sejam exóticas, porém, não invasoras e não perenes, saindo naturalmente do ecossistema em pouco tempo.

Núcleos de árvores

O plantio de árvores nativas em núcleos, também conhecido por grupos de Anderson, é caracterizado pelo plantio em grupo de cinco a nove mudas, espaçadas a 0,5 m ou 1 m de distância entre elas, ou seja, altamente adensadas dentro do grupo, porém com espaçamento amplo entre os grupos da área a ser recuperada.

Trata- se de uma forma para ampliar o processo de nucleação, sendo que sua importância está na escolha das espécies que formarão a nova comunidade e que possibilitarão resgatar a biodiversidade local.

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Núcleos de bromélias

Buscando complementar as técnicas nucleadoras, o plantio em núcleos de bromélias terrestres também pode ser utilizado. Essa espécie apresenta como característica importante, a presença de tanque para armazenamento de água, responsável por atrair diversos animais para a área degradada.

Sendo assim, as ações nucleadoras representam um avanço em modelos de restauração. Os núcleos formados mostram que pequenas interferências a nível local, representam gatilhos ecológicos promotores de conectividade e de integração das áreas naturais e produtivas, ou seja, são uma força motriz do potencial de regeneração natural de áreas degradadas.

Os gatilhos ecológicos são mecanismos que disparam e aceleram a sucessão natural através de pequenas interferências a nível local, cabendo aos profissionais envolvidos promovê-los.

 

Fonte: Mata Nativa

Maior congresso de pesquisa florestal do mundo reforça a importância da ciência

Maior congresso de pesquisa florestal do mundo reforça a importância da ciência

Um público de 2.500 pessoas, de mais de 90 países. Mais de 1.200 trabalhos em cinco sessões plenárias, 19 sessões subplenárias, 172 sessões técnicas, 350 sessões cientificas, 1.648 apresentações orais, 1.200 pôsteres. Esses são alguns dos principais números do XXV Congresso Mundial da União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO), maior evento de pesquisa florestal do mundo e que aconteceu pela primeira vez na América Latina, tendo Curitiba como sede. Durante sete dias, cientistas, pesquisadores, professores, estudantes e profissionais do setor florestal discutiram os rumos da pesquisa florestal e o papel do setor para o desenvolvimento sustentável. O próximo congresso vai acontecer em 2024, em Estocolmo, na Suécia.

Para Yeda de Oliveira, pesquisadora da Embrapa Florestas e vice-presidente do Comitê Organizador do IUFRO 2019, o principal resultado desse importante evento são as conexões criadas entre os pesquisadores, bem como a oportunidade de parcerias e troca de experiências. Para reforçar a importância do encontro, ela lembrou que a capital paranaense não recebia, desde 2006, quando aconteceu a 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), um Congresso que trouxesse tantas pessoas, de diferentes países.

“Criamos aqui as fundações para a ponte que queríamos construir entre diferentes instituições, países e pessoas. A conexão internacional foi incrível. Há uma grande expectativa para os trabalhos em conjunto a partir de agora, assim como para a possibilidade de as pessoas utilizarem os dados que foram apresentados. Isso é muito interessante e certamente a relação entre o Brasil e a IUFRO sai mais fortalecida”, garantiu.

A pesquisadora citou, ainda, a importância da exposição, que, segundo ela, foi muito agregadora, pois além de trazer as tradicionais empresas florestais e as editoras de livros, deu a oportunidade de os participantes andarem por uma feira da sociobiodiversidade, com os biomas brasileiros representados não só por mudas, mas, sim, pelas pessoas que vivem no meio rural desses biomas. “Essas pessoas mostraram para o público as suas realidades. Isso faz com que possamos compreender melhor a complexidade do meio florestal brasileiro”, destacou.

Edson Tadeu Iede, chefe-geral da Embrapa Florestas, uma das entidades organizadoras do evento, disse que o Congresso foi uma oportunidade de os pesquisadores brasileiros e dos países vizinhos interagirem com pesquisadores da Europa, Ásia e Américas do Norte e Central. Ele reforçou que essa troca de conhecimento traz sinergia entre as pesquisas, o que ajuda a encurtar o caminho.

“Muitas vezes, não temos a informação básica, então é preciso desenvolver completamente. Porém, essa informação básica pode estar nos trabalhos dessas pessoas que estiveram aqui, e isso pode nos ajudar nos nossos trabalhos. Acredito que atingimos o objetivo de conectar as pessoas. Cumprimos o nosso papel, fazendo o melhor possível, e isso fortalece o setor como um todo e o Brasil também”, apontou.

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John Parrota, novo presidente da IUFRO 2024, elogiou a organização do encontro e disse que a informação de que o Brasil seria o país-sede foi muito comemorada, porque, segundo ele, todas as pessoas interessados em florestas querem vir para o país. Agora, ele convida todos para a edição de 2024, na Suécia. “Cada congresso é diferente, e tenho certeza que teremos um ótimo encontro em 2024”, afirmou.

Cerimônia

Na tarde desse sábado, 05 de outubro, aconteceu a cerimônia de encerramento do XXV Congresso Mundial da IUFRO. Valdir Colatto, diretor do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), uma das entidades organizadoras do evento, disse que a semana foi muito rica e que foi possível conhecer programas brasileiros e de outros países sobre conservação, manejo e uso sustentável das florestas. “O SFB foi representado por 35 profissionais, que saem daqui com um olhar renovado para aprimorar as políticas públicas para o setor florestal. O governo brasileiro sente-se honrado com o sucesso extraordinário desse Congresso, que com certeza entrará para a história da IUFRO”, disse.

Jerry Vanclay, presidente do comitê científico do evento, afirmou que cuidar da terra é um tema central para os pesquisadores, e isso foi ao encontro de muitas discussões durante a semana. Ele citou que a preocupação dos congressistas com o meio ambiente levou muitos participantes a assinarem a declaração do Congresso, que enfatiza o compartilhamento e a manutenção do método de conhecimento científico para guiar o manejo sábio das florestas.

“Houve muita discussão, muita troca de conhecimento, o que ajudou a fortalecer nossa rede de pesquisa. Precisamos entender que é nossa responsabilidade cuidar da terra para o futuro. A juventude do planeta já identificou isso, e eles cobram que tenhamos mais cuidado com o mundo. A assinatura da declaração, chamada ‘Ciências florestais para o futuro’, mostra que os participantes têm um compromisso com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável”, garantiu.

Mike Wingfield, que deixou nessa tarde a presidência da IUFRO, apontou, em seu discurso, que as atividades humanas criaram pressões sem precedentes nas florestas. Segundo ele, as palestras ao longo do encontro mostraram que a crise ambiental e as mudanças climáticas são a questão dominante e estão por trás de cada aspecto da ciência florestal hoje em dia.

“Assistimos com entusiasmo aos delegados mostrarem seu compromisso com o meio ambiente ao assinarem declaração escrita por membros do nosso comitê cientifico. Isso mostra que os cientistas florestais estão preparados para encontrar soluções para as ameaças que o mundo enfrenta. Esse deve ser o resultado mais importante do Congresso”, afirmou.

Ainda durante a cerimônia, Wingfield passou o bastão da presidência da União para John Parrota, que ficará à frente da IUFRO entre 2019 e 2024. Parrota ressaltou a riqueza do planeta Terra e lembrou que as florestas, com toda a sua diversidade, são de vital importância para o mundo, pois suportam as necessidades da população e proporcionam diversos bens e serviços, como madeira, comida e remédio, além de benefícios ambientais, como o armazenamento de carbono, reciclagem de nutrientes, água e purificação do ar. Ele também citou que o mundo está diante de enormes desafios, que têm grande implicação sobre as florestas. Por isso, é preciso fazer mais e melhor. “Vou trabalhar no sentido de incentivar mais colaboração entre nós para evoluir na nossa capacidade de pesquisa. Vamos continuar conectando ciências, florestas e pessoas por um mundo melhor”, salientou.

Estocolmo 2024

Para fechar o evento, Johanna Brismar Skoog, embaixadora da Suécia no Brasil, e Fredrik Ingemarson, presidente do Comitê Organizador do Congresso de 2024, receberam, das mãos de Yeda de Olveira e Joberto de Freitas, a bandeira oficial do evento, como forma de passar o bastão para o próximo país-sede.

Johanna avaliou que Curitiba como sede do 25º encontro foi uma ótima escolha, já que, na opinião dela, a cidade é a mais verde e mais limpa do Brasil. Ela ressaltou, ainda, que as florestas são importantes para o país, assim como para a Suécia, e têm valor fundamental na comunidade internacional, justamente pelos desafios de mudanças climáticas e aquecimento global.

“A Suécia teve um alto grau de terra desmatada no século 19, mas, agora, as florestas cobrem 70% do país. Além disso, temos uma forte tradição cientifica e um prêmio que coloca a pesquisa florestal em nível internacional. É uma honra para a Suécia sediar o 26º Congresso, e esperamos todos vocês lá”, completou.

 

Fonte: Embrapa

Melhoramento Genético Florestal

Melhoramento Genético Florestal

O melhoramento genético florestal pode ser considerado como uma ciência relativamente nova, que teve seu maior desenvolvimento mundial a partir de 1950 e, no Brasil, a partir de 1967.

Naquela época, o setor florestal brasileiro vivia uma período de intensa atividade de reflorestamento, alimentada pelos incentivos fiscais do governo, visando a produção de matéria-prima florestal, principalmente para o abastecimento de carvão vegetal para as indústrias siderúrgicas e de madeira para as indústrias de celulose e papel.

De maneira bem simples o melhoramento de plantas consiste em modificar seu patrimônio genético, com a finalidade de obter variedades, ou híbridos, que apresentam maior rendimento, com produtos de alta qualidade e capazes de se a adaptar às condições de um determinado ambiente, além de exibirem resistência às principais pragas e doenças.

Ele tem como base os conhecimentos da área de genética, tratando-se talvez do que poderíamos chamar de genética aplicada, que é uma área do conhecimento que exige a integralização e uso de várias outras disciplinas e campos do conhecimento, como a botânica, taxonomia, genética, citologia, fitopatologia, entomologia, biologia molecular, fisiologia, estatística, entre outras.

Esta ciência apresenta peculiaridades e aspectos próprios, já que as espécies arbóreas são perenes, de ciclo muito longo e com diversidade de sistemas reprodutivos.

Características do Melhoramento Genético Florestal

Embora os objetivos do melhoramento genético de espécies florestais sejam específicos para cada finalidade industrial ou de uso direto da matéria-prima, existem alguns aspectos de interesse comum. Características como incremento volumétrico, forma de fuste, produção de sementes e tolerância às adversidades do meio são fundamentais para todos os setores como ponto de partida para seus objetivos específicos. A variabilidade existente nessas características básicas precisa ser explorada para tornar os empreendimentos florestais mais produtivos e abrangentes em todas as regiões.

O programa de Melhoramento Genético Florestal parte de uma população-base, a partir da qual a seleção será implantada em diferentes intensidades. Essa população selecionada servirá para a produção de sementes ou de mudas clonais, além de servir para a recombinação em novos cruzamentos.

Cruzamentos entre plantas perenes têm sido utilizados para a obtenção de características tecnológicas da madeira e da polpa, as quais apresentam herdabilidade de média a alta magnitude. No entanto, os limites de variabilidade verificados nas espécies tradicionalmente plantadas no Brasil, tornam-se um empecilho para a obtenção de indivíduos que possam dar saltos quantitativos e qualitativos no desempenho industrial.

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Propagação vegetativa e cultura de tecidos vegetais

Dentre os métodos mais usados para o Melhoramento Florestal, está a seleção de árvores elites e a sua propagação por meio de clonagem. Plantios clonais oferecem vantagens para a produtividade devido aos seus ganhos genéticos que podem ser aditivos por meio de seleção massal e propagação de indivíduos-elite.

São construídos os jardins clonais, ou minijardins clonais, ou ainda, por micropropagação. Antes do plantio, os clones são submetidos a testes clonais, que consistem em plantá-los em diferentes condições no intuito de confirmar a superioridade existente no material genético.

Os minijardins clonais que utilizam a técnica de miniestaquia apresentam grande contribuição para a produção florestal e, nessa área, o Brasil apresenta-se como destaque mundial. Os minijardins estão cada vez mais evoluídos, permitindo a redução de área para produção inicial, a redução no tamanho das estacas e o incremento na produção.

Já as técnicas de Cultura de Tecidos vêm sendo utilizadas de diferentes formas para o desenvolvimento de cultivares superiores de plantas. De maneira geral, elas são requeridas em determinada etapa dos programas de melhoramento, oferecendo novas alternativas e, muitas vezes, soluções únicas.

A micropropagação é a técnica mais utilizada da Cultura de Tecidos e, talvez, a de maior impacto. Possui ampla aplicação na multiplicação de plantas lenhosas como árvores-elite, possibilitando a obtenção de clones mais produtivos.

A técnica de embriogênese somática também é amplamente empregada, especialmente para o desenvolvimento de propágulos de coníferas, possibilitando a propagação massal de famílias-elite de árvores. Ela oferece potencial para a produção e para o armazenamento de germoplasma de clones, além da propagação de um número ilimitado de plantas.

 

Fonte: Mata Nativa