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Florestas urbanas e qualidade de vida!

Florestas urbanas e qualidade de vida!

De onde surgiram as cidades? E as florestas urbanas? Descubra nesse artigo!

Podemos dizer que elas sugiram da necessidade que o homem tem de se proteger aglomerando-se em comunidades.

Assim é que nas aldeias indígenas as ocas normalmente se posicionam de forma que o círculo que fazem deixa no seu interior um pátio onde a comunidade se associa.

Ao redor prevalece a floresta ou as áreas de cultivo, de onde eles retiram tudo o que precisam para a sobrevivência.

Uma cidade, mesmo de grande porte, não costuma ser diferente. Normalmente uma pequena igreja com um adro ou uma praça à sua frente é a origem de um povoado que, crescendo em volta desta praça, dá origem a uma cidade.

Acontece que a cidade pode se desenvolver também a partir de uma linha e não de um ponto ou de uma área central.

Quando ela se desenvolve desta maneira, dizemos que ela tem um crescimento radial e quando ela se desenvolve a partir de uma linha, dizemos que seu crescimento é linear.

Não importando a maneira como ela se desenvolve, o fato é que as construções vão, gradativamente, substituindo os elementos naturais, em sua maioria representada pelas árvores.

 

Florestas urbanas

 

História da arborização urbana

É fácil verificar que o homem não precisaria reintroduzir árvores na paisagem urbana se ele tivesse tido o cuidado de preservar trechos de florestas junto com o crescimento das cidades.

Quando ele viu mais tarde que as construções e as pavimentações não lhe proporcionavam toda a qualidade de vida de que precisava, ele entendeu que era necessária a reintrodução desse elemento no planejamento das cidades.

Podemos entender a história da importância das árvores no ambiente urbano por meio de três conceitos básicos; a arborização, as florestas urbanas e a ecologia urbana.

 

Paisagismo e Arborização Urbana

 

Arborização urbana

“Arborização urbana” pode ser considerada, assim, um conceito menor já que se refere ao plantio, muitas vezes se restringindo a árvores isoladas ou, quando muito, enfileiradas nas calçadas. Este conceito teve grande repercussão a partir da reforma de Paris, no século XIX, pelo barão Haussmann, embora já existissem plantios de árvores em cidades.

O projeto do barão consistiu na transformação de algumas vias em avenidas e bulevares e no plantio de fileiras de árvores, com sentido estético, o que foi copiado por muitas cidades dando origem ao processo de arborização como hoje o conhecemos.

A consideração deste conceito como menor se dá primeiro pelo fato de ser plantio, segundo por se tratar de árvores isoladas e, terceiro, por ser meramente estético.

 

Arborização Urbana

 

Florestas urbanas

“Florestas urbanas” já é considerado um conceito maior. Neste conceito consideramos que as árvores têm funções ecológicas e de qualidade de vida para serem desempenhadas no ambiente urbano, além do meramente decorativo.

Também neste conceito as árvores podem ser plantadas, mas podem, por outro lado, serem provenientes de remanescentes que foram deixados quando do crescimento das cidades, como temos vários exemplos pelo mundo a fora. Pelo fato de não terem sido plantadas não se pode dizer que houve arborização.

Além disso, tem-se como verdade que florestas trazem implícita a realidade de árvores agrupadas e não isoladas ou enfileiradas. Em termos ecológicos e para a qualidade de vida pode-se ver que agrupamentos de árvores são mais eficazes do que árvores isoladas ou enfileiradas.

 

Ecologia urbana

Na escalada conceitual o terceiro, mais abrangente e, portanto, maior é o de “Ecologia urbana”. Por este conceito vai-se além das árvores plantadas de forma Isolada ou enfileirada, vai-se além dos aglomerados de árvores, sejam elas plantadas ou remanescentes e vai-se além das funções ecológicas ou de qualidade de vida propiciadas pelas florestas urbanas.

Ecologia urbana contempla tudo isso, mas contempla também as relações entre as árvores e os seres humanos e os animais. A ecologia urbana se preocupa com a sustentabilidade urbana e com a sustentabilidade do planeta a partir de um planejamento urbano condizente.

Assim é que o cultivo de árvores no ambiente urbano se preocupará com a fixação do carbono atmosférico para o desaquecimento global, com a preservação das espécies ameaçadas de extinção, com a priorização de espécies nativas por uma fisionomia paisagística local e com a sustentabilidade socioeconômica além da ambiental.

Quando o arboricultor trabalha com este conceito ele está promovendo o equilíbrio ente o construído e o natural na busca de uma melhor qualidade de vida.

 

Planejamento da arborização urbana

Se vamos gerenciar árvores no ambiente urbano, certamente trabalharemos nos três conceitos: arborização porquanto plantaremos árvores; florestas porquanto as agruparemos por meio de plantio ou manejaremos os aglomerados remanescentes; ecologia porquanto buscaremos a sustentabilidade. Para uma abrangência tão grande não poderemos nos ater apenas aos espaços das calçadas.

Haverá necessidade de trabalharmos diversos outros espaços urbanos quais sejam; os quintais, os lotes vagos e os terrenos baldios, os estacionamentos, as praças e os parques, as áreas de preservação, os taludes de corte e de aterro, as margens de corpos d’água e, logicamente, o espaço viário.

Estes espaços estão presentes em todas as cidades. Basta pegarmos uma planta cadastral de qualquer cidade para identificarmos diversos locais urbanos passíveis de receberem árvores isoladas ou aglomerados de árvores que comporão florestas dentro do perímetro urbano.

Entretanto, o que temos visto é que os planejadores da arboricultura urbana têm se preocupado apenas com os espaços viários, mormente as calçadas, e não têm explorado devidamente esses outros espaços possíveis de arborização.

 

Paisagismo muito além da estética!

 

Melhor utilização dos espaços

Numa análise, mesmo que rápida, pode-se ver que muitos desses espaços são típicos para serem ocupados com vegetação e, no entanto, os planejadores permitem que sejam ocupados com construções.

Essas construções em locais indevidos são responsáveis por verdadeiras tragédias no ambiente urbano, tais como deslizamentos, enchentes, calor excessivo, poluições.

Essas inconveniências poderiam ser evitadas se simplesmente fossem observadas as vocações de uso para cada local urbano.

Estas vocações estão contempladas em três leis básicas: o código florestal, a lei de uso e ocupação do solo e o código das águas. O código florestal determina como áreas vocacionais para vegetação as denominadas áreas de preservação permanente, estabelecidas principalmente, mas não apenas, no seu artigo segundo.

A lei de uso e ocupação do solo reforça, para os ambientes urbanos, os locais determinados como áreas não edificáveis e o código das águas disciplina o uso e a respeitabilidade às águas dormentes e correntes.

O que se observa claramente é que, nesses locais, toda vez que a vegetação dá lugar a construções essas áreas se transformam em áreas de risco.

 

Legislação e bom senso

Se observadas as três leis aqui mencionadas, o planejador urbano não ocuparia as áreas urbanas cuja vocação é a vegetação.

Entretanto, baixa renda, motivos políticos e especulações imobiliárias muitas vezes acabam decidindo pela ocupação desses locais, indo de encontro ao que determina a lei. Como o metro quadrado de solo urbano é muito caro, os órgãos de planejamento buscam evasivas que lhes permitam colocar construções onde a vocação é vegetação.

Para casos como estes, deveria prevalecer o bom senso, mas nem sempre isso acontece e os órgãos de defesa do meio ambiente, quando existem, muitas vezes se vêm obrigados a ceder aos apelos da urbanização.

Esse enfrentamento fica mais dificultado quando a ocupação do solo encontra evasivas nas leis ambientais como determina, por exemplo, a resolução 369 do CONAMA e agora também o novo código florestal, permitindo a substituição da vegetação por construções nas áreas de preservação nos casos de utilidade pública, baixo impacto e interesse social.

O código antigo, lei 4771, de 1965, foi acrescido de um parágrafo pela lei 7803, de 1989, dizendo que: “no caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo”.

Com essa abertura, as leis municipais determinam, no caso de margens de cursos d’água, larguras inferiores ao que determina a lei maior, havendo municípios que chegam a determinar somente cinco metros como área de preservação permanente, ficando a maioria, no entanto, em 15 metros.

Para esses casos e mais alguns fora do perímetro urbano, a abertura ficou por conta da resolução 369 do CONAMA, de março de 2006.

 

Novo código florestal

O novo código florestal, lei 12.615, de maio de 2012, elimina o parágrafo que dá abertura para áreas urbanas, sendo taxativo que a distância mínima para áreas de preservação marginais aos cursos d’água é de 30 (trinta) metros.

No entanto, ele absorve a resolução do CONAMA, estabelecendo que a vegetação possa ser retirada para que a área seja ocupada com construções nos casos de baixo impacto, utilidade pública e interesse social.

Embora a lei venha especificando o que sejam baixo impacto, interesse social e utilidade pública, sabemos como a subjetividade pode dar lugar a burlações segundo interesses pessoais.

 

Conclusão

Se no início as árvores foram reintroduzidas no ambiente urbano com sentido meramente estético, hoje se sabe que elas têm várias funções ecológicas para desempenhar no ambiente urbano, sendo que os aglomerados de árvores o fazem melhor que as árvores isoladas.

A evolução dos conceitos nos leva a uma ecologia urbana onde o primordial é a sustentabilidade com qualidade de vida. As florestas urbanas são fundamentais para ambas.

 

Paisagismo e Arborização Urbana

 

Referências Bibliográficas

CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais. Manual de Arborização. Belo horizonte: CEMIG / Fundação Biodiversitas, 2011. 112p.

GALENDER, F. C. Considerações sobre a conceituação dos espaços públicos urbanos. In.: Paisagem e Ambiente – Ensaios IV. São Paulo: FAUUSP, 1992. 113-120.

GOITIA, F.C. Breve história do urbanismo. 2ed. Lisboa: Editorial Presença, 1989.

GONÇALVES, W. (e colaboradores). Urbana Paisagem 4: trabalhos marginais. Viçosa: O Autor, 2011. 131p.

GONÇALVES, W. Arborização urbana. Viçosa: Centro de Produções Técnicas, 1999. (DVD, Série Jardinagem e Paisagismo).

GONÇALVES, W. Padrões de assentamento de áreas verdes municipais – uma visão crítica. São Paulo: USP, 1974. (Tese de doutoramento).

GONÇALVES, W. e PAIVA, H. N. de. Silvicultura urbana: implantação e manejo. Viçosa: Aprenda Fácil Editora, 2006. 201p. (Coleção Jardinagem e Paisagismo, Série Arborização Urbana, v.4)

GONÇALVES, W. Urbana Paisagem 2: palestras e conferências, 2001-2008. Viçosa: O Autor, 2010. 114p.

GONÇALVES, W. Urbana Paisagem 3: palestras e conferências, 2008-2009. Viçosa: O Autor, 2010. 102p.

GREY, G. W. e DENEKE, F. J. Urban Forestry. New York: John Wiley end sons, 1978. 279p.

LAWRENCE, H. W. Origins of the tree-lined boulevard. The Geographical Review. (78)4, outubro de 1988.

LAWRENCE, H. W. The neoclassical origins of modern urban forests. Forest & Conservation History, 37, janeiro de 1993. 26-36.

MILANO, M. e DALCIN, E. Arborização de vias públicas. Rio de Janeiro: Ligth, 2000. 226p.

MILLER, R. W. Urban Forestry, planning and managing urban greenspaces. New Jersey: Prentice Hall, 1988. 404p.

PAIVA, H. N. de e GONÇALVES, W. Florestas urbanas: planejamento para melhoria da qualidade de vida. Viçosa: Aprenda Fácil editora, 2002. 180p. (Coleção Jardinagem e Paisagismo, Série Arborização Urbana, v.2)

SOARES, M. P. Verdes urbanos e rurais: orientação para a arborização de cidades e sítios campesinos. Porto Alegre; Cinco Continentes, 1998. 242p.

Paisagem urbana e educação ambiental: entenda do assunto!

Paisagem urbana e educação ambiental: entenda do assunto!

Entenda tudo sobre a paisagem urbana e a educação ambiental! Descubra agora nesse artigo feito pelo professor da AgroPós!

O advento da industrialização dividiu a história da humanidade praticamente em todas as áreas do conhecimento, mas em nenhuma outra esse fato foi mais sentido do que no processo de urbanização. Após a industrialização a população urbana começou a crescer, atingindo níveis alarmantes.

De modo geral, fala-se, hoje, que mais de 50% da população vivem em cidades; se a cidade tem uma economia mais industrializada que agrícola esse índice pode chegar a 80%.

Isto, é claro, influencia diretamente na qualidade de vida. Para melhorar a vida urbana, o lazer e a estética são elementos essenciais, funcionando tanto fisiológica quanto psicologicamente. Assim, a vegetação urbana, quer seja em forma de praças, quer seja em forma de arborização, quer seja em forma de quintais verdes, passa a ter um papel relevante.

 

Paisagem urbana e educação ambiental: entenda do assunto!

 

As florestas urbanas:

Quando se detectou a necessidade de áreas verdes nas cidades, os esforços foram envidados para áreas verdes e de lazer e para a criação de espaços públicos; sempre pensando em áreas bidimensionais.

Em Paris, no século passado, o Barão Haussmann inovou com a abertura de avenidas e bulevares onde o plantio de árvores de forma linear, enfileiradas ao longo das calçadas, inaugurou o modelo de arborização urbana, hoje adotado em praticamente todas as cidades. Esse modelo prioriza o senso estético, buscando tornar as cidades mais bonitas, mais coloridas.

 

As florestas urbanas

 

Modernamente, a preocupação com a ecologia e com a qualidade de vida tem levado os arboricultores a buscar um novo conceito para a arborização urbana.

Ecologicamente, árvores agrupadas contribuem mais para a melhoria climática que árvores enfileiradas e o conceito de arborização urbana evoluiu para o de florestas urbanas onde o “stand” passa a ser mais importante que o indivíduo arbóreo isoladamente.

Nesse sentido, revestem-se de grande importância as árvores das praças, dos parques municipais e, principalmente, dos quintais.

 

Estética e qualidade devida:

Inegavelmente a estética é um fator importantíssimo na paisagem urbana, principalmente sob o ponto de vista psicológico.

A vegetação urbana contribui para a harmonia da paisagem quebrando a dureza e a rigidez do concreto, criando linhas mais suaves e naturais e lembrando um pouco a paisagem bucólica, início natural de todo citadino.

Mas, se durante muito tempo se plantou árvores nas cidades com essa finalidade, hoje o fazemos por diversos outros motivos, mais importantes às vezes que o simples valor estético.

 

Paisagismo e Arborização Urbana

 

 Amenização climática:

Quando se diz que o vegetal na paisagem urbana promove uma mudança de clima não se quer dizer que transformaremos o clima de uma cidade como Ubá, por exemplo, no clima de uma Campos do Jordão. Entretanto, podemos criar ilhas de amenização com o uso de vegetais, contrapondo-se às ilhas de calor criadas pelo concreto e pelo asfalto.

O vegetal atuará na amenização climática principalmente sobre três aspectos:

  • 1) interceptando os raios solares, criando áreas de sombra onde as pessoas se sentem mais à vontade e onde os carros possam ser mantidos mais frescos;
  • 2) reduzindo a temperatura ambiente, evitando a incidência direta e consequente reflexo do calor provocado pelo aquecimento do concreto e do asfalto;
  • 3) umidificando o ar devido à constante transpiração, eliminando água para o meio ambiente.

 

Controle hidrológico:

A água que cai sobre a cidade se dissipa de várias maneiras: parte dela retorna ao ar pela evapotranspiração; parte se infiltra no solo profundamente indo abastecer os lençóis de água do solo; parte se infiltra superficialmente abastecendo as plantas e umedecendo o solo superficial e outra parte escorre por sobre a superfície do solo.

A parte que evapotranspira é importante porque vai perpetuar o ciclo da água, fazendo chover; as partes que irão para o interior do solo abastecem os rios, as represas, as nascentes e fazem crescer os vegetais; a parte que escorre sobre o solo, se é pequena, não prejudica, mas, se é intensa, causa erosões, deslizamentos, enchentes e empobrecimento do solo.

Nos solos cobertos naturalmente com vegetação ocorre muita evapotranspiração, muita infiltração e pouco escoamento superficial. Nos solos das cidades onde a vegetação foi substituída por construções e o solo foi impermeabilizado pelo cimento e pelo asfalto não existe quase nada de transpiração (embora exista evaporação), a água não se infiltra e o escoamento superficial é intenso, ou seja, quase toda a água escorre pelas ruas.

Se o sistema de drenagem da cidade (bocas-de-lobo, galerias pluviais) não funciona, toda essa água ficará parada nas partes baixas da cidade. Essa é a razão pela qual bastam poucos minutos de chuva intensa para que cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte fiquem interditadas. Assim, uma cidade bem arborizada garantirá um ciclo hidrológico natural, sem problemas.

 

Paisagismo muito além da estética!

 

Purificação do ar:

Afastando de cara a ideia do vegetal terrestre como fonte de oxigênio, pois hoje sabemos que sua contribuição é pequena (a oxigenação significativa vem do mar), podemos defender, no entanto, o uso da arborização urbana como controladora das condições do nosso ar urbano pelo menos de quatro maneiras:

  • 1) as árvores podem funcionar como filtros em que as partículas sólidas presentes no ar (poeiras) se aderem às folhas podendo ser lavadas posteriormente pelas águas das chuvas;
  • 2) a produção de oxigênio pelas árvores, embora pequena, se misturará ao ar da cidade e, de certa forma, diluirá o ar poluído circundante;
  • 3) a árvore fará uma troca com o ar da cidade já que ela pegará o gás carbônico e emitirá o oxigênio e;
  • 4) a árvore fixará em seus tecidos pelo menos parte dos componentes nocivos presentes no ar atmosférico das cidades. Estudos científicos têm demonstrado essas atuações do vegetal na despoluição atmosférica. No entanto, plantar árvores com a intenção de que elas venham a resolver o problema da poluição atmosférica urbana é esperar muito de um ser tão sensível e tão frágil.

 

Humanização:

Essa talvez seja a maior contribuição das árvores para a urbanização. O crescimento desordenado das cidades gera condições de vida subumanas, estresse, violência, enclausuramento. O vegetal atua então, psicologicamente, trazendo à lembrança as paisagens da infância vividas no meio rural, onde tudo era natural, cercado de vegetação por todos os lados.

Fisiologicamente isso se materializará no banco da praça mais próxima, sob uma frondosa árvore, onde a sombra é mais gostosa; se materializará no canto dos pássaros atraídos pelos frutos das árvores da praça ou da rua, talvez em frente à casa, bem ao lado da janela, onde ele virá cantar todas as manhãs; na referência urbana, caracterizada, talvez, pela floração da árvore postada bem no caminho do serviço ou no ponto do ônibus, avisando a chegada da primavera.

Por mais que o homem seja criativo no traçado das cidades e na construção de casas diferentes, as cidades tendem a se tornar todas iguais.

A vegetação é um marco diferenciador das cidades. É ela que referencia e que caracteriza. Bastam-nos lembrar, como exemplos, cidades conhecidas por suas palmeiras, por suas cerejeiras ou por seus jacarandás.

 

Política de arborização na paisagem urbana: 

Grande parte dos trabalhos desenvolvidos pelos arboricultores na paisagem urbana, hoje, é consertar o que há de errado. A falta de um planejamento e mesmo a falta de conhecimento, levou os primeiros arboricultores ao plantio de espécies inadequadas para os sítios urbanos. O pior é que ainda se pratica muito desse erro.

Muito desse erro se deve a atitudes políticas tanto a partidária quanto a ecológica. No afã de resolver problemas ambientais e melhorar a qualidade de vida urbana, toma-se como prática corriqueira a distribuição de mudas para plantios na cidade.

Na maioria das vezes essa distribuição não é acompanhada de uma orientação e, novamente, as espécies inadequadas voltam a ocupar locais inadequados.

Assim, recomenda-se que a política de arborização para uma cidade seja acompanhada de uma orientação técnica e que se evite a distribuição aleatória de mudas, mormente as praticadas em ocasiões comemorativas como Semana do Meio Ambiente, Dia da Árvore, etc.

 

Educação ambiental com as árvores na paisagem urbana

Sabemos que a Educação Ambiental se faz cada vez mais necessária. Também sabemos que nossos alunos precisam de prática ao invés da absorção de conhecimentos apenas de modo teórico.

Assim, a saída da sala de aula, por si só, já é um grande incentivo ao aprendizado. Entretanto, viagens longas, muitas vezes, se fazem impossíveis.

A arborização urbana permite aulas de educação ambiental sem que o professor precise se deslocar com a turma para muito longe. Seguramente, no entorno da escola existirá material disponível para o aprendizado, como se verá.

 

A necessidade de planejamento:

Embora a cidade seja o local escolhido pela maioria para o estabelecimento da residência, a cidade é um ambiente hostil em termos ecológicos. DIAS (1993), já citando BOYDEN et al. (1981), compara a cidade a um grande animal sedentário que só consome, produzindo pouco e, mesmo assim, do que produz grande parte é nociva ao meio ambiente como água poluída e lixo, por exemplo.

Para contrapor esses malefícios e melhorar o ambiente urbano, a vegetação é um elemento importantíssimo tanto na forma de áreas verdes como na forma de arborização, mesmo que isoladamente.

Se no início a árvore foi utilizada como mero adorno, hoje ela desempenha diversas outras funções para a qualidade de vida urbana.

Mas a árvore não só traz benefícios, e os transtornos podem ser muitos se a arborização urbana não tiver sido bem planejada. Para citar apenas alguns, podemos lembrar: a quebra de calçadas pelo desenvolvimento de raízes superficiais; o conflito com a rede de distribuição de energia e com a iluminação pública; a queda sobre carros e pedestres em acidentes causados por ventos e tempestades.

Assim é que, ao planejara a arborização de uma cidade, o técnico tem de ter bons conhecimentos sobre as espécies florestais e sobre as condições locais onde será plantada a árvore. Das condições locais podemos citar, por exemplo, a largura de ruas e calçadas, a presença de fiações, a presença de redes subterrâneas como água e esgoto.

Sobre as espécies é importante conhecer, por exemplo, o porte alcançado pela árvore quando adulta, como se dá o desenvolvimento de suas raízes, o tipo de fruto que ela produz.

 

O envolvimento comunitário:

Como visto, a arborização de uma cidade deve ser feita segundo um planejamento rigoroso para evitar os malefícios e realçar os benefícios. Por outro lado, sabemos que, por mais que o poder público tenha boa intenção quanto à arborização, esta poderá ser considerado entrave na medida em que a população não gostar do serviço realizado pela prefeitura.

Por essa razão, recomenda-se que o planejamento e a implantação da arborização sejam feitos, na medida do possível, com a participação da comunidade.

O envolvimento da comunidade tem, pelo menos, duas justificativas conforme apresentadas por PAIVA e GONÇALVES (2002): primeiro, porque a administração pública não pode arcar sozinha com todas as despesas; segundo, porque o plantio comunitário estabelece um vínculo entre a população e a arborização, e a adoção da árvore como um membro da família tem demonstrado que esse processo estabelece uma dependência e uma continuidade que vão além dos partidos e dos mandatos políticos.

 

O processo educativo:

“A participação comunitária no processo de arborização de um bairro ou de uma cidade constitui um ato de cidadania e, por si só, um processo de educação ambiental” (PAIVA e GONÇALVES, 2002). Para o caso da educação formal, que é o foco principal deste artigo, sugerimos algumas atitudes ao professorado de primeiro e segundo graus para serem desenvolvidos com os alunos nas proximidades da escola:

1 – Para familiarização com as espécies mais comuns utilizadas na arborização urbana, o professor deverá fazer visitas prévias, sozinho ou acompanhado por técnicos da prefeitura, procurando reconhecer as árvores dos arredores da escola. Um bom material de ajuda são os guias ou manuais de arborização editados pelas companhias distribuidoras de energia elétrica, como a página que apresentamos a seguir, extraída do manual da CEMIG. Esses manuais costumam ser distribuídos gratuitamente pelas companhias. Quando estiver familiarizado com as espécies e com as árvores, o professor poderá levar os alunos para conhecê-las. Desse conhecimento pode derivar diversas atividades como, por exemplo:

  • eleição da árvore mais bonita;
  • exercício de redação sobre a visita e conhecimento das árvores;
  • concurso de desenho que capte as características da árvore que o aluno tenha gostado mais.

 

O Processo educativo

Exemplo de página de manual para identificação de árvores. Fonte: CEMIG (1996)

 

2 – Numa segunda visita, o professor poderá abordar com os alunos sobre os tratos dispensados às árvores como a poda, por exemplo. Novamente recomendamos ao professor um estudo sobre as maneiras corretas de se podar uma árvore e que podem ser vistas nos manuais, como as que extraímos do manual da ELETROPAULO, apresentadas a seguir. Os alunos observarão as árvores e apontarão as que estejam danificadas, quem sabe por inépcia do podador. Atividades ou perguntas que podem ser direcionadas aos alunos:

  • houve necessidade realmente da poda?
  • a poda foi bem feita? poderia ser evitada?
  • será que a árvore está plantada no lugar certo?

 

O Processo educativo

Normas para uma poda correta. Fonte: ELETROPAULO (1995).

 

O Processo educativo

Página mostrando aspectos de árvores podadas. Fonte: ELETROPAULO (1995)

 

3 – Em outra visita, ou, melhor ainda, em visitas sucessivas, o professor poderá solicitar do aluno a observação dos aspectos fenológicos. A fenologia diz respeito às mudanças pelas quais passa o vegetal conforme os meses ou as estações do ano, apresentadas no seu aspecto geral. Assim, por exemplo:

  • pedir aos alunos para recolherem flores, folhas e frutos;
  • observar presença ou ausência de perfumes;
  • recolher frutos (se houver); observar, pesar e medir;
  • desenhar, identificar, provar.

 

4 – Em outra visita, de preferência no verão, em dias bem quentes, sair com a turma levando pelo menos dois termômetros ou outros aparelhos de fácil leitura e observar, por exemplo:

  • a temperatura sob a árvore e a temperatura sob o sol;
  • a temperatura sob a árvore e a temperatura sob uma marquise;
  • comparar, construir relatórios, explicar as diferenças.

 

5 – Fazer uma leitura prévia do Código Florestal e depois levar os alunos para observarem uma ocupação indevida de encostas com riscos de deslizamento. Mostrar aos alunos as bocas-de-lobo das ruas para recolhimento das águas de chuva. Instigar as discussões, perguntando, por exemplo:

  • pela declividade do terreno, este não deveria ser um local vegetado?;
  • será que as bocas-de-lobo são suficientes para o escoamento da água de chuva?;
  • quantificar a presença de lixo nas bocas-de-lobo;
  • na sala de aula, mostrar fotos das tragédias advindas dessa falta de planejamento.

 

6 – Levar os alunos para observarem a presença de fauna nas árvores urbanas, principalmente aves e insetos. Perguntar, por exemplo:

  • que árvores são preferidas por quais pássaros?;
  • em que árvores foram vistos certos tipos de insetos?;
  • tentar estabelecer algum tipo de correlação como, por exemplo, preferência por certos frutos.

 

7 – Pedir aos alunos que coletem folhas de árvores em determinados trechos da cidade. A observação detalhada dessas folhas mostrará elementos diferentes aderidos a elas. Perguntar, por exemplo:

  • que relação tem esses elementos encontrados com o entorno?;
  • por que certas folhas apresentam mais poeira que outras?;
  • tentar identificar o elemento aderida à folha.

 

8 – Pedir aos alunos para fazerem uma pequena coleção de frutos e de sementes das árvores mais próximas da escola. Perguntar, por exemplo:

  • que frutos são preferidos pelos pássaros?;
  • quais podem ser consumidos pelo homem?;
  • medir, pesar, descrever, desenhar;
  • discutir conveniência e inconveniências de frutos secos, carnosos, grandes e pequenos.

 

9 – Fazer uma explanação prévia sobre toxicidade vegetal. Levar os alunos para a rua e tentar identificar plantas tóxicas e ensinar como e por que evitá-las.

 

10 – Fazer uma aula de desenho ou de redação sobre a paisagem urbana, pedindo que o aluno desenhe um trecho de rua. Isto pode ser feito com a proximidade da casa do aluno, pedindo-se uma comparação com a proximidade da escola já estudada.

 

O limite:

Como visto, as possibilidades de uma Educação Ambiental no entorno da escola, utilizando-se da arborização urbana são infinitas. Podemos dizer que o limite é a criatividade do professor.

 

Plataforma Agropós

 

Bibliografia:

BOYDEN, S. et al. The ecology of a city and its people. Camberra: Australian National University, 1981. 437p.

CEMIG. Manual de arborização. Belo Horizonte: CEMIG, 1996. 40p.

DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1993. 400p.

ELETROPAULO. Guia de planejamento e manejo da arborização urbana. São Paulo: Eletropaulo: Cesp: CPFL, 1995. 38p.

PAIVA, H. N. de e GONÇALVES, W. Florestas urbanas: planejamento para melhoria da qualidade de vida. Viçosa; Aprenda Fácil, 2002. 180p.

O texto acima não foi uma palestra. Ele foi originalmente escrito para o livro Florestas Urbanas, publicado pela Aprenda Fácil Editora em 2001, modificado para publicação no livro Educação Ambiental de João Silvestre Rosado em 2008 e adaptado para composição deste trabalho.

Artigo escrito por Wantuelfer Gançalves.

Paisagismo e Arborização Urbana

Arborização urbana: a importância de um projeto!

Arborização urbana: a importância de um projeto!

Arborização urbana é a atividade de plantar árvores em áreas urbanas. Arborização Urbana é um termo que vem sendo utilizado com muita frequência nos últimos tempos. E que, em um primeiro momento, nos remete a uma simples interpretação: plantio de árvores no meio urbano.

Porém, por trás desta básica definição, existe uma grande área de estudo que ainda é pouco conhecida pela maioria. Área esta que possui princípios bem consolidados. E que vem trazendo muitas vantagens para nossas vidas. Nas cidades, as árvores desempenham um papel muito importante na melhoria da qualidade de vida da população e do meio ambiente.

A arborização das cidades, além da estratégia de amenização de aspectos ambientais adversos. É importante sob os aspectos ecológico, histórico, cultural, social, estético e paisagístico. Contudo, este trabalho não deve ser feito de forma aleatória. Já que só será realmente efetivo quando realizado um bom planejamento de arborização.

 

Arborização Urbana

 

O que é arborização urbana?

A arborização urbana, definida como toda vegetação que compõe o cenário ou a paisagem urbana. É um dos componentes bióticos mais importantes das cidades. Tecnicamente, a arborização urbana é dividida em áreas verdes (parques, bosques, praças e jardinetes) e arborização de ruas (vias públicas).

Conhecida também como florestas urbanas, engloba os diversos espaços no tecido urbano passíveis de serem trabalhados com o elemento árvore. Tais como arborização de rua, praça, parque, jardim, lote, terreno baldio, quintal, talude de corte e aterro, estacionamento, canteiro central de ruas e avenidas e margens de corpos d’água.

A arborização de vias públicas, refere-se às árvores plantadas linearmente nas calçadas ao longo de ruas e avenidas. Trata-se da vegetação mais próxima da população urbana. E, também, da que mais sofre com a falta de planejamento dos órgãos públicos e com a falta de conscientização ambiental.

Devido à falta de planejamento e ausência de profissionais capacitados e responsáveis. Não é difícil enxergar situações conflituosas entre falhos projetos de arborização que encontram equipamentos urbanos como barreiras (como fiações elétricas, muros, postes de iluminação e etc).

Por isso, é de extrema importância que todo o projeto seja realizado por uma empresa capacitada e responsável. Que entenda do assunto, esteja ciente das normas de regulamentação e disponível para dialogar com outros órgãos, como Prefeitura, Departamento de Iluminação Pública, entre outros.

 

Paisagismo e Arborização Urbana

 

Quais são os benefícios da arborização urbana?

Os benefícios proporcionados pelas árvores são geralmente classificados como benefícios ecológicos, estéticos, econômicos e sociais.

Os benefícios ecológicos referem-se à melhoria microclimática. Ou seja, as árvores, por intermédio de suas folhas, absorvem radiação solar que diminui a reflexão e proporciona sombra. Reduzem ou aumentam a velocidade dos ventos e aumentam a umidade atmosférica que refresca o ar das cidades.

Também amenizam a poluição atmosférica e acústica e protegem o solo e a fauna.

 

Arborização Urbana

 

Já os benefícios estéticos referem-se à adição de cores ao cenário urbano com as flores, as folhas e os troncos; a promoção de modelos de paisagens e identidade local, através das espécies; anulação da monotonia de pavimentos e alvenaria; introdução de elementos naturais e linhas suaves e orgânicas no meio urbano composto de materiais artificiais e de linhas geométricas; a adição de dinamismo à paisagem urbana através dos aspectos de mudança de cor, queda e brotação das folhas, floração e frutificação.

Outro importante benefício se dá pela oportunidade de educação ambiental à população: as pessoas aprendem sobre o meio ambiente ao notar a clara diferença entre as áreas arborizadas e as áreas construídas.

É preciso lembrar que para a arborização cumprir com os seus benefícios é necessário investimento. Assim como em qualquer outro serviço de utilidade pública. Principalmente, no plantio, sempre com mudas de alta qualidade, e nas operações de poda.

Pelo alto investimento destinado à arborização de ruas, as árvores são consideradas um patrimônio público. Enquanto a maioria dos bens públicos deprecia com o tempo. O valor das árvores aumenta desde seu plantio até a sua maturidade.

 

Paisagismo muito além da estética!

 

Planejamento da arborização urbana

Planejamento da arborização deve passar pela gestão pública em sua mais ampla concepção. O órgão gestor da arborização deve trabalhar em acordo com políticas comprometidas com um manejo que reconheça não somente a importância da presença das árvores na cidade, mas que efetivamente respalde as práticas necessárias à sua boa condução.

Nesse contexto, a previsão orçamentária tem que dar suporte ao recrutamento de profissionais capacitados em todos os níveis, do comando técnico aos funcionários executores das diferentes tarefas operacionais e a garantia da aquisição de materiais e equipamentos apropriados às diversas etapas do ciclo de vida das árvores.

Para melhor entendimento dos processos envolvidos com o planejamento, a arborização pode ser dividida em dois componentes principais: as áreas verdes e a arborização viária. Para cada uma delas, o planejamento e o manejo devem ser diferenciados

 

Áreas verdes

São áreas distribuídas no espaço urbano como parques, praças e jardins. O planejamento para estas áreas exige a elaboração de projetos paisagísticos, de implantação e manejo, muitas vezes específicos para cada unidade.

 

Arborização viária

A arborização viária é composta pelas árvores plantadas nas calçadas das ruas da cidade e nos canteiros separadores de pistas de avenidas.

 

canteiros separadores de pistas

 

O manejo da arborização urbana implica o gerenciamento, com eficiência e habilidade, dos procedimentos necessários para o cultivo de cada árvore, assim como do conjunto da arborização da cidade.

Portanto, o planejamento da arborização ou do cultivo de árvores no meio urbano exige um processo cuidadoso que preveja os procedimentos desde sua concepção até sua implantação e manutenção.

Para o correto manejo da arborização, é necessária e muito importante a disponibilidade de informações do número e qualidade das árvores existentes no local de interesse, seja um canteiro, uma rua, um bairro ou uma cidade inteira.

Para tanto, duas ações devem ser adotadas: realizar um inventário da arborização existente para que se conheça o patrimônio arbóreo com o qual se está trabalhando e uma avaliação do sistema de manejo da arborização utilizado.

 

Estes diagnósticos deverão indicar:

  • Distribuição quantitativa e qualitativa da arborização existente.
  • Existência de espaços livres para novos plantios.
  • Análise das demandas e tecnologias empregadas na manutenção – plantio, poda, supressão, destoca e controle sanitário.
  • Avaliação do sistema de manutenção – rotina, programas e resposta às solicitações.
  • Avaliação das prioridades de acordo com as necessidades.
  • Análise do volume e da distribuição do trabalho e dos recursos necessários.
  • Avaliação da satisfação da população – tempo de atendimento e qualidade do serviço.

No passado, com o crescimento das cidades brasileiras houve uma diminuição gradativa de espaços arbóreos.

Hoje há uma preocupação com a falta desses espaços em grandes centros urbanos e em pequenas cidades, já que as mesmas têm grande importância no bem-estar da população que vive em meio a tanta poluição cotidiana.

 

Arborização urbana no Brasil

Atualmente, estima-se que o Brasil possua um índice de população urbana superior ao registrado no mundo e na América Latina.

O índice de população urbana mundial é de 67%, enquanto na América Latina representa cerca de 80%. Já no Brasil este índice chega a 83% (SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY, 2012; ANGEOLETTO et al. 2016; CRETELLA; BUENGER, 2016).

Tendo em vista os altos índices de expansão urbana presenciados no Brasil nas últimas décadas. É prioritário criar alternativas que propiciem que este crescimento ocorra de forma mais sustentável. Representando um menor prejuízo à qualidade ambiental e consequentemente à qualidade de vida urbana.

Portanto, os serviços ecossistêmicos da arborização urbana podem ser utilizados como forma de compensação da perda de qualidade ambiental ocorrida no processo de produção do espaço.

 

A implantação de arborização urbana

Incrementar a arborização urbana no Brasil ainda pode ser considerado um desafio a ser superado. Visto que a implantação de arborização de vias públicas só começou a popularizar-se a partir da segunda metade do século XIX (VIGNOLA JUNIOR, 2015).

Tendo em vista, que a arborização urbana é uma prática relativamente nova no Brasil. Sua implantação geralmente ocorre de forma empírica, fora de um contexto técnico-científico na maior parte das cidades brasileiras (SILVA, 2013).

A falta de iniciativas voltadas a orientar o incremento da arborização urbana, planejada de acordo com os serviços ecossistêmicos desejados, adaptada às especificidades locais e necessidades atuais, faz com que a arborização urbana ainda seja vista como um elemento meramente estético na paisagem urbana.

Entretanto, para se chegar a estes objetivos é necessária uma maior compreensão sobre as realidades locais para a elaboração de propostas adaptadas à estas realidades.

A partir do último Censo Demográfico, o IBGE passou a pesquisar algumas características do entorno das residências, dentre elas a arborização urbana.

Estes dados são de suma importância para auxiliar na compreensão da realidade atual da arborização urbana em cada região do país. E a partir desta compreensão refletir sobre as oportunidades relativas à melhoria da qualidade ambiental urbana.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Entender arborização urbana não só como plantar árvores mas também defender, cuidar e pensar as árvores e as florestas no meio urbano. Desta forma é preciso promover políticas de parques e jardins com função social e urbanística, não meramente decorativa.

Temos de ter uma hierarquia de necessidades urbanísticas e de gestão transversal com prioridades como: arborizar as cidades; criar, melhorar e dar uso para parques urbanos; promover esportes, convívio, lazer nos mesmos; profissionalizar e tecnificar as diretorias e equipes da área – com pensamento estratégico, empreendedor e transversal.

Escrito por Michelly Moraes.

Paisagismo e Arborização Urbana

Informações objetivas sobre o conflito entre Árvore e Rede Elétrica

Informações objetivas sobre o conflito entre Árvore e Rede Elétrica

Foi-nos solicitado discorrer sobre experiências que têm dado certo nos trabalhos sobre arborização urbana, mormente nas questões que envolvem o conflito com as redes elétricas.

Temos desenvolvido vários trabalhos sobre esse assunto em diversas cidades, principalmente por intermédio do Centro Mineiro para Conservação da Natureza, o qual assessoramos na área de arborização e paisagismo. Assim, podemos citar trabalhos em Cataguases, João Monlevade, Ponte Nova, dentre muitas outras cidades.

Para ilustração nesse evento, entretanto, escolhemos o trabalho desenvolvido em Belo Horizonte que teve como objetivo específico o estudo econômico de podas e substituições de redes, por ter sido mais completo e mais científico. Assim, queremos deixar claro que os dados apresentados são relativos ao trabalho do Engenheiro Florestal Ednilson dos Santos em sua tese de doutoramento junto ao Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, sob orientação da Professora Rita de Cássia Gonçalves Borges e aconselhamento dos professores Márcio Lopes da Silva e Wantuelfer Gonçalves. O referido trabalho teve o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG e da CAPES.

O engenheiro Ednilson dos Santos ocupa atualmente a função de chefia da Administração Regional Centro-Sul (a ARCS é penas uma pequena parte de Belo Horizonte). Sua experiência, já há algum tempo em arborização urbana, permite-lhe inferências importantíssimas para solução de conflitos entre rede elétrica e arborização urbana. Assim, maiores detalhes podem ser conseguidos em contatos diretos com o autor na Prefeitura de Belo Horizonte.

INFORMAÇÕES

Grande parte do esforço despendido pelos profissionais de arborização urbana hoje em dia, em cidades onde a arborização já existe, está voltada para correções de erros antigos. Esses erros podem ter sido propositais em alguns casos, mas na maioria não o foi, já que nos primeiros plantios de árvores urbanas o homem não tinha, ainda, o conhecimento suficiente para evitar esses erros. Dentre eles, o que mais se sobressai é o conflito entre os serviços aéreos (redes elétricas, iluminação, placas de sinalização etc) e as árvores. Para correção desses erros ou mesmo para o estabelecimento de um plano de manejo e intervenções como um todo, a primeira necessidade do arboricultor é conhecer o seu patrimônio arbóreo. Esse conhecimento é feito com a busca de informações que permitirão a tomada de decisões. Essas informações podem ser buscadas de duas maneiras: por meio de um levantamento ou inventário total; por meio de um inventário parcial por amostragem.

Se medimos todas as árvores, sem exceção, estaremos diante de um levantamento ou inventário total. Quando todos os dados de todas as árvores são armazenados de forma a podermos recuperá-los a qualquer momento estaremos fazendo um cadastramento.

Se medimos apenas parte da população por meio de amostras significativas e inferimos os resultados para toda a população, estamos realizando um inventário parcial.

Seja qual for o processo utilizado, as conclusões a que chegamos sobre como se encontra o patrimônio arbóreo em termos qualitativos e quantitativos podem ser denominadas de diagnóstico da arborização urbana. Esse diagnóstico pode ter objetivos generalizados, mas pode também ser realizado com um objetivo bastante específico (1).

CUSTO DAS INFORMAÇÕES

Informações para diagnosticar as condições de uma arborização urbana têm custos operacionais consideráveis. Assim, o profissional responsável pelo levantamento deverá ser bastante objetivo, coletando apenas informações que possam contribuir no seu diagnóstico. Esse custo poderá ser controlado na escolha das variáveis a serem levantadas, no grau de detalhamento dessas variáveis e na forma de anotação desses dados. Assim, a planilha a ser preenchida deverá requerer o mínimo de escrita possível; as árvores deverão ter medidos apenas os parâmetros essenciais e da maneira mais objetiva possível; a equipe deverá ter treinamento para agilidade na coleta dessas informações (2).

Santos (3), realizando inventário na cidade de Belo Horizonte estabeleceu três métodos de levantamento com objetivo de avaliar seus custos operacionais: inventário por classes; diagnóstico superficial; inventário completo. No inventário por classes a equipe de trabalho foi composta de um anotador e dois medidores e as medidas horizontais, embora tenham sido determinadas com trena, tiveram, juntamente com estimação de medidas verticais, os valores distribuídos em classes.

No diagnóstico superficial, apenas um avaliador estimou a olho nu, sem qualquer instrumento de medição, todos os parâmetros e fez a anotação por classes, como no inventário por classes.

No inventário completo, com equipe igual à do inventário por classes, utilizou-se de trena e régua retrátil, sendo os dados anotados com seus valores exatos.

Como era de se esperar, os tempos gastos foram bastante variáveis, no campo e no escritório (Tabelas 1 e 2).

Fonte: Santos(2000a) op.cit.

 

Fonte: Santos(2000a) op.cit.

Acompanhando os dados relativos ao tempo gasto e levando-se em consideração a formação das  equipes e  dos equipamentos utilizados, os custos, logicamente, foram diferentes (Tabela 3).

Fonte: Santos(2000a) op.cit.

O trabalho apresenta, ainda, uma avaliação expedita no grau de precisão das medidas e, é claro, há diferenças consideráveis em favor dos métodos mais completos. Entretanto, a finalidade dessas medições deverá determinar o grau de precisão requerido e o custo associado que, juntos, determinarão a otimização de todo o processo.

OBJETIVOS DAS INFORMAÇÕES

Os motivos que levam os técnicos a inventariarem ou diagnosticarem a arborização urbana são vários e vão desde o simples conhecimento do parâmetro arbóreo municipal até a formulação de políticas municipais de meio ambiente e qualidade de vida. Entretanto, de permeio entre esses dois extremos existe a necessidade real de manejo desse patrimônio em função, principalmente, de ser ele um patrimônio vivo e, como tal, dinâmico.

Assim, os levantamentos periódicos das condições arbóreas é que determinam as intervenções de fertilização, de poda e de supressão, dentre outras.

Apenas para ilustrar o uso do inventário da arborização para um fim específico, recorremos novamente ao trabalho de Santos (4) que diagnosticou a situação da arborização da Região Administrativa Centro-Sul de Belo Horizonte com a finalidade de comparar, em termos econômicos, a substituição de redes e a poda, intervenção convencionalmente realizada para administrar os conflitos entre a rede e a árvore.

O trabalho de Santos começou por determinar os tipos de rede existentes, ou não, na regional, uma vez que nem todo tipo de rede conflita com a árvore e nem toda árvore conflita com o tipo de rede. Assim, considerando as redes de baixa e média tensão e as diferentes especificações em que elas se encontram (nua, protegida e isolada), estabeleceu-se 16 possibilidades conforme a tabela 4 (5).

Fonte: Santos(2000b) op.cit.

Associados aos diferentes tipos de redes temos os diferentes tipos de árvores para os quais pode haver, ou não, a necessidade de poda. Assim, árvores de pequeno porte sob rede, mesmo que nua, não necessitam poda e, árvores grandes, quando sob redes isoladas ou protegidas não requerem podas ou, se as requerem, estas são em menor intensidade. Diferentes situações então podem ser determinadas e graus variáveis de poda podem ser requeridos. Assim, a tabela 5 ilustra a tipologia de poda adotada pela ARCS para pagamento de serviços de terceiros, relacionando as diferentes intensidades de poda com o porte das árvores.

Fonte: Santos(2000b) op.cit.

O inventário realizado apontou a existência de 55.041 árvores na ARCS, sendo 87% desse total plantadas ao longo de passeios, 8,39% em canteiros separadores de pistas e 4,61% em praças.

Deixando de lado as informações botânicas e de qualidade, cientificamente determinadas no trabalho, ressaltamos que a avaliação de necessidade de podas mostrou que os serviços mais requisitados foram a poda de levantamento de copa (32,9%), de conformação (19,7%), de limpeza (18,4%) e para liberação da iluminação pública (13,2%). Observando-se o relacionamento das árvores com a rede elétrica, chegou-se à conclusão de que apenas 25,42%, ou cerca de 14 mil, estão sob algum tipo de rede nua e têm potencial para atingirem alturas capazes de gerar conflito com a rede.

De maneira resumida, a tabela 6 mostra os parâmetros e custos relacionados à poda da arborização urbana, praticados pela ARCS, considerados os valores de mercado para o período de julho a outubro de 1999. Ressalta-se, entretanto, que a ARCS, em sua última licitação chegou a pagar R$ 46,33 por poda.

Fonte: Santos(2000b) op.cit.

Se, no entanto, o conflito pode ser resolvido intervindo-se na árvore, o mesmo pode ser feito atuando-se na rede. Os custos estimados apresentados a seguir (Tabela 7) foram levantados junto à Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, para  eliminar o uso de qualquer tipo de rede nua (6).

* 1Km = 29 postes. ** Considera a troca de um transformador. Fonte: Santos(2000b) op.cit.

Considerando-se então que apenas 14 mil das 55.041 árvores inventariadas interferem na rede de distribuição, o total de rede a ser substituída para que a necessidade de poda chegue a um nível próximo de zero é de 85,73 Km de média tensão, 2194 Km de baixa tensão e 32,45 Km de média/baixa tensão. Os custos estimados para essa substituição ficaram em torno de R$ 4.712.000,00, considerados os valores unitários, ou de R$ 3.770.000,00 se toda a substituição fosse executada de uma só vez. Isso equivale à execução da poda de todas as 14 mil árvores por um período de 7,3 anos, se executadas pela ARCS uma vez ao ano, ou de 8,4 anos, se considerado o valor pago pela CEMIG para a execução de duas podas por ano.

Do ponto de vista financeiro, a substituição gradativa da rede conforme a necessidade de manutenção é a melhor alternativa. Do ponto de vista ambiental, entretanto, esse processo deve ser acelerado.

 

Leia também:
-> Arborização e Áreas Verdes Urbanas: entenda como funcionam as análises através de índices
-> Paisagismo no Brasil: Habilidades e Habilitação

 

CONCLUSÕES

O conhecimento do patrimônio arbóreo de uma cidade seja por meio de um levantamento, de um inventário parcial ou de um diagnóstico simples é de suma importância para a tomada de decisões técnicas e políticas que influenciarão em intervenções ambientais e na qualidade de vida das pessoas. Esse trabalho tem de ser desenvolvido por equipes competentes que possam aperfeiçoar o processo tanto em termos de custo como em termos técnicos. A determinação dos parâmetros, da metodologia e da equipe pode influenciar nos resultados e esses poderão apontar as soluções para os problemas específicos. Assim, a escolha entre um levantamento, um inventário ou um diagnóstico poderá determinar a qualidade e o custo finais do processo.

REFERÊNCIAS

(1) Para maiores informações sobre tipos de inventário e diagnóstico de arborização pode-se consultar a monografia de Chaves (1996).
(2) Para informações sobre formação de equipes consultar o trabalho de Takahashi (1994).
(3) Trabalho defendido como exigência de qualificação para doutoramento.
(4) Trabalho desenvolvido como tese de doutoramento no Departamento de Engenharia Florestal da Univesidade Federal de Viçosa.
(5) Para maiores detalhes sobre os diferentes tipos de rede recomendamos o trabalho da CEMIG (s/d).
(6) Para maiores detalhes pode ser consultado o trabalho da CEMIG (s/d) op.cit.

 

BIBLIOGRAFIA

1 – CHAVES, P. C. Inventário de arborização urbana. Viçosa: DEF/UFV. 1996. 39p. (Monografia de graduação).

2 – TAKAHASHI, L. Y. Arborização urbana: inventário. In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO  URBANA, 2. 1994. São Luis. Anais… São Luis: SBAU. 1994. 193-198.

3 – SANTOS, E. dos Avaliação comparativa entre três métodos de inventário qualitativo da arborização urbana viária. Viçosa: UFV, 2000a (Exame de qualificação para doutoramento).

4 – SANTOS, E. dos Avaliação quali-quantitativa da arborização e comparação econômica entre a poda e a substituição da rede de distribuição de energia elétrica da Região Administrativa Centro-Sul de Belo Horizonte – MG. Viçosa: UFV, 2000b. (Tese de doutoramento).

5 – CEMIG Poda de árvores e arborização urbana: diretrizes para a adequação ambiental. Belo Horizonte: CEMIG, s/d. (não publicado).

Este trabalho foi apresentado em agosto de 2000 a pedido da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e da CETESB no seminário “OS Aspectos Relativos a Sistemas de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica”, e foi publicado em Urbana Paisagem: palestras e conferências: 2000-2002, em Edição do Autor em 2003.

Arborização e Áreas Verdes Urbanas: entenda como funcionam as análises através de índices

Arborização e Áreas Verdes Urbanas: entenda como funcionam as análises através de índices

O índice nada mais é que a representação com apenas um valor da relação existente entre dois ou mais valores. Assim, a análise levará em consideração números (adimensionais ou não) como valores comparativos. Para o caso de Viçosa, no conceito de arborização urbana, transformam-se os valores apresentados em índices que representam número de árvores por quilômetro de rua ou de calçada com a simples divisão de um valor pelo outro conforme o quadro 1.

Quadro 1 – Uso do número de árvores por quilômetro de calçada como índice comparativo, considerando-se duas calçadas regulares em cada rua.

O índice permite, assim, uma análise mais rápida, pois se vê que 3,25 representa uma distribuição de 13 árvores em 4 quilômetros de calçada, enquanto 0,30 representa uma distribuição de apenas 3 árvores em 10 quilômetros de calçada.

Para a análise no conceito de florestas urbanas substitui-se a medida linear por medida superficial e o número de árvores por cobertura vegetal medida em Km2 ou m2. Os índices encontrados deverão facilitar a comparação entre regiões, bairros ou entre cidades. Eventualmente os valores de área costumam ser substituídos por valores populacionais, partindo-se de uma premissa (contestável) de que 12 m2 de área verde por pessoa seja um parâmetro ideal para comparação. O quadro 2, adaptado de Machado et al (2010) mostra a análise comparativa entre regiões em termos percentuais e cobertura vegetal por habitante.

Quadro 2 – Cobertura vegetal por região administrativa em Teresina – PI.

Na análise do quadro 2 cabe um alerta para a inadequada interpretação quando se utiliza de diversos índices simultaneamente, pois, não necessariamente haverá lógica comparativa entre eles. Vê-se pelo quadro que a maior região em área (Sul) com 70,09 Km2 não é a que apresenta maior cobertura vegetal e nem a que apresenta maior índice de vegetação por habitante. Há que se considerar que o percentual de vegetação em área estará relacionado com ocupação do solo por construção ou, em última análise, com áreas livres de construção, ao passo que o índice de cobertura vegetal por habitante estará relacionado não só com áreas livres de construção como, também, com adensamento verticalizado. Assim, a análise de distribuição da vegetação no ambiente urbano deverá levar em consideração diversos aspectos e a escolha do índice adequado será em função do que se quer provar ou não e do que se quer realizar com o diagnóstico da arborização/florestas.

A figura 1 mostra uma alta densidade construída e populacional. Se uma favela não possui ruas convencionais, que se dirá de calçadas? Não há espaços entre casas e o adensamento populacional por casa é elevadíssimo (famílias com 7, 10 pessoas). Que índice seria mais indicado para ela se não há espaço para árvores?

Figura 1 – A favela como exemplo de alta densidade construtiva horizontale alta densidade populacional.

Já para um condomínio residencial horizontalizado com residências unifamiliares (figura 2) pressupõe-se a existência de ruas amplas com calçadas convencionais e confortáveis, onde é prevista, inclusive, uma arborização. As casas possuem jardins e quintais e o adensamento populacional é facilmente conhecido e controlável (famílias de quatro pessoas em média: casal com dois filhos).

Figura 2 – Condomínio horizontal como exemplo de baixa densidade construtiva e populacional.

Quando a ocupação do solo é verticalizada, seja em área comercial (centro) seja em condomínios verticais (figuras 3 e 4), embora a ocupação do solo construído possa ser organizada com ruas e calçadas convencionais, o que se tem são áreas de pilotis (rodapés de edifício) com uma diminuta área verde a ser dividida por uma imensa população distribuída em diversos andares de moradia. Um adensamento dessa natureza jamais permitirá um índice de área verde adequado por habitante, por mais planejada que seja a ocupação.

Figura 3 – ocupação em centros comerciais. Fonte: Google (2015).

Figura 4 – ocupação por condomínios verticalizados. Fonte: Google (2015).

 

 

 

 

 

 

 

A análise da distribuição de árvores/florestas no ambiente urbano considerando-se as diferentes ocupações de moradia tem implicações diretas na qualidade de vida quer seja na qualidade do ar, no sombreamento ou na impermeabilização do solo. De que adianta determinar índice de distribuição arbórea a posteriori se não se pode alterá-lo?

 

Bibliografia citada:

MACHADO, R. R. B.; PEREIRA, E. C. G.; ANDRADE, L. de H.C. Evolução temporal (2000-2006) da cobertura vegetal na zona urbana do município de Terezina – Piaui – Brasil. REVSBAU, Piracicaba – SP, V.5, N.3, P.97-112, 2010.

Este artigo é um capítulo do livro “DIAGNOSE QUALITATIVA DE FLORESTAS URBANAS”, Edição do Autor, publicado em 2015.