As pragas da cana-de-açúcar podem causar sérios prejuízos, ocasionando até mesmo a perda da lavoura, por isso é de extrema importância realizar o monitoramento e controle dessas pragas. Neste artigo vamos discutir sobre as principais pragas e as diferentes formas de controle.
Não fique de fora, acompanhe!
A cana-de-açúcar é conhecida como cultura que utiliza baixos níveis de defensivos, porém ela sofre com incidência de algumas pragas que se não forem corretamente manejadas podem ocasionar prejuízos econômicos a produção canavieira.
A cana-de-açúcar é um dos principais cultivos do Brasil, e a presença de pragas é uma realidade nos canaviais. Conhecer as pragas e o momento de sua ocorrência é essencial para o sucesso do controle e ganho de produtividade.
Os danos causados pelas pragas reduzem a produção agrícola e afeta a qualidade da matéria-prima a ser industrializada, reduzindo, também, o rendimento dos processos de produção de açúcar e álcool.
Neste artigo vamos citar as principais pragas dos canaviais e os danos causados, além de mostrar os tipos de controle e como realizá-los.
As principais pragas da cana-de-açúcar
As principais pragas da cana-de-açúcar são;
1. Broca da cana-de-açúcar – (Diatraea saccharalis)
2. Broca gigante (Castnia licus)
3. Cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata)
4. Cupim da cana-de-açucar
5. Formigas saúva (Atta capiguara)
6. Besouros (Migdolus fryanus)
7. Bicudo da cana-de-açúcar (Sphenophorus levis)
Abaixo destacamos mais informações como identificação, cuidados e manejo:
Broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis)
É a principal praga da cana-de-açúcar as brocas, cientificamente chamadas de Diatraea saccharalis, são larvas de mariposa, e a mais conhecida entre os produtores.
Pode ocorrer em todo o estádio de desenvolvimento e causa prejuízos em seu estágio de larva (lagarta), que se alimenta inicialmente das folhas.
Em estágio mais avançado de desenvolvimento, o inseto penetra no colmo da planta pelas partes mais moles e faz galerias.
Devido a decorrência de sua ampla distribuição pelo país, atingindo as principais regiões produtoras: São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás.
E também pela gravidade de seus danos: para uma produtividade de 80 toneladas por hectare, as perdas ocasionadas pela broca para cada 1% de intensidade de infestação são de 616 quilos de cana, 28 quilos de açúcar e 16 litros de álcool, aproximadamente.
Principais danos
A broca da cana-de-açúcar causa diversos prejuízos, sendo a perda de peso do material um dos impactos mais significativos. Além disso, o tombamento da planta ocorre devido ao broqueamento transversal do colmo, comprometendo a estabilidade da cultura.
Outro dano importante é o chamado “coração morto”, sintoma observado em plantas jovens. Como consequência, os ponteiros secam, prejudicando o desenvolvimento da lavoura. Além disso, observa-se o enraizamento aéreo e a formação de brotação lateral, o que afeta diretamente o crescimento da cana.
Ademais, o orifício deixado pela broca serve como porta de entrada para fungos patogênicos, como Colletotrichum falcatum e Fusarium moniliforme. Como resultado, ocorre a podridão vermelha, uma doença que impacta diretamente a produção de açúcar e etanol, reduzindo a qualidade da colheita.
Manejo da broca da cana-de-açúcar
Para controlar essa praga, recomenda-se o uso de manejo químico e biológico. No controle biológico, o principal agente utilizado é a Cotesia flavipes, uma pequena vespa que atua naturalmente na redução da população da broca.
Por outro lado, no manejo químico, o inseticida Ampligo é uma alternativa eficiente. Isso ocorre porque esse produto é comprovadamente seletivo, ou seja, não impacta de forma significativa o número e a diversidade das populações de inimigos naturais da broca, como a Cotesia flavipes. Dessa maneira, é possível manter um equilíbrio no ecossistema da lavoura.
Broca gigante (Castnia licus)
Os insetos adultos dessa espécie possuem uma coloração escura, quase preta. Além disso, apresentam manchas brancas na região apical, acompanhadas de uma faixa transversal branca na asa anterior. Já a asa posterior conta com manchas avermelhadas e uma faixa transversal mais larga, o que facilita sua identificação.
A oviposição ocorre, preferencialmente, em touceiras velhas, no meio de detritos e caules cortados. Inicialmente, os ovos apresentam coloração rosada. No entanto, com o tempo, eles passam a verde-azeitona e, posteriormente, adquirem um tom alaranjado.
Após a eclosão, as lagartas surgem com coloração branca e pintas pardas no pronoto. Além disso, o período larval pode variar entre 2 e 10 meses, apresentando 5 ínstares ao longo do desenvolvimento.
Principais danos
As lagartas dessa praga causam danos severos ao abrirem galerias verticais no colmo. Em muitos casos, chegam a destruí-lo completamente, o que acarreta prejuízos significativos à lavoura.
Além disso, as galerias causam o conhecido “coração morto”, prejudicando a brotação e comprometendo o poder germinativo da cana. Como consequência, a planta se torna mais vulnerável ao aparecimento de podridões, agravando ainda mais as perdas na produção.
Manejo da broca gigante
Para o manejo da broca-gigante utilizam-se inimigos naturais, manejo cultural e semioquímicos. Essa combinação de métodos, quando bem aplicados, é eficiente, duradoura e seletiva. Mesmo assim, o método mecânico catação manual de lagartas e pupas ainda é utilizado.
Cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata)
Atualmente, a cigarrinha das raízes está presente em diversas regiões, com elevadas populações no Centro-Sul e em alguns Estados do Nordeste do País, causando danos severos à produtividade e à qualidade da matéria-prima.
O nome da praga está ligado ao seu hábito alimentar: quando jovens, se alimentam das raízes e radicelas das plantas de cana; entretanto, os danos são causados tanto pelas ninfas quanto pelas formas adultas.
O clima apresenta grande influência na dinâmica populacional dessa praga, pois com o início da estação chuvosa ocorre a eclosão dos ovos, aumentando o número de indivíduos.
O ciclo biológico da cigarrinha das raízes apresenta duração média de 60 dias, o que possibilita a presença de cerca de três gerações da praga a cada safra.
A espécie é encontrada com mais facilidade na cana soca, porém, em regiões com alta pressão populacional ou em áreas próximas às pastagens, pode-se encontrar a espécie até mesmo em cana planta.
Principais danos
- Redução de fotossíntese e produtividade;
- Deterioração do colmo pela perfuração das cigarrinhas; morte dos perfilhos, murchamento do colmo e morte da planta;
- A Redução da qualidade do açúcar;
- Redução da pureza do caldo e aumento dos contaminantes.
Manejo da cigarrinha-das-raízes
Estratégia de controle da cigarrinha-da-raiz
O controle da cigarrinha-da-raiz deve começar com o monitoramento da praga, que precisa ser realizado logo no início do período chuvoso. Além disso, esse acompanhamento deve continuar durante todo o período de infestação, permitindo avaliar tanto a evolução quanto a eficácia das estratégias de controle.
Para o manejo, recomenda-se o uso do controle biológico, através do fungo Metarhizium anisopliae, que atua diretamente no controle das ninfas e adultos. Dessa forma, é possível reduzir a população da praga sem comprometer o equilíbrio do ecossistema da lavoura.
A aplicação do fungo deve ocorrer quando as populações atingirem níveis acima de três ninfas por metro linear. Por esse motivo, o monitoramento precisa ser constante, garantindo a aplicação no momento mais adequado e evitando danos significativos à lavoura.
Cupim da cana-de-açúcar
Os cupins da cana-de-açúcar são insetos sociais que vivem em colônias altamente organizadas. Embora algumas espécies sejam prejudiciais à cultura, a maioria delas não apresenta agressividade e, pelo contrário, pode trazer benefícios ao solo.
Mesmo assim, quando há infestações severas, os cupins podem causar perdas significativas. Dessa maneira, ocorrem falhas na brotação das soqueiras e há uma redução na longevidade do canavial, impactando diretamente a produtividade.
As perdas podem alcançar até 10 toneladas de cana por hectare ao ano. Além disso, essa praga contribui para o envelhecimento precoce do canavial, tornando necessária a adoção de estratégias eficientes de manejo.
Principais danos
Os danos mais expressivos ocorrem na fase inicial da cultura, quando os cupins atacam os toletes recém-plantados. Como consequência, as gemas são danificadas, comprometendo a germinação das plantas e provocando falhas na lavoura.
Além disso, a redução no estande inicial pode comprometer o desenvolvimento uniforme da plantação. Dessa forma, a produtividade pode ser diretamente afetada, tornando essencial a adoção de medidas preventivas e de monitoramento contínuo.
Manejo dos cupins
A recomendação é que, no momento de implantação da cultura, o produtor utilize inseticidas adequados no sulco de plantio, evitando que os cupins ataquem os toletes recém-plantados, danificando as gemas e trazendo falhas na germinação.
Aconselha-se que, antes de entrar com ferramentas de controle do cupim, deve-se, primeiramente, verificar a necessidade das mesmas, considerando e analisando diversos fatores, como a porcentagem de touceiras atacadas.
É recomendável aplicar o controle químico em locais em que ocorre 40% ou mais de infestação em touceiras quando presentes espécies mais agressivas.
Formigas saúva Atta capiguara
As formigas causam desfolhamento, reduzindo a área foliar das plantas por longos períodos e causando atraso e definhamento da cultura. Tem ocorrência praticamente o ano todo.
Saúva Atta capiguara constitui uma séria praga em sistemas agrosilvopastoris. Os ninhos são grandes e formados por várias câmaras. São insetos sociais, com várias castas.
Principais danos
Os prejuízos causados pelas formigas cortadeiras são consideráveis. Atacam quase todas as culturas, cortando folhas e ramos tenros, podendo destruir completamente as plantas.
As formigas operárias causam grande desfolha principalmente em plantas jovens, sendo consideradas pragas secundárias em culturas estabelecidas.
Manejo das formigas
O controle das formigas deve ser realizado assim que forem detectadas no canavial. Para isso, é fundamental utilizar estratégias adequadas, como inseticidas em formulação com pó seco, iscas tóxicas ou inseticidas aplicados via termonebulização. Dessa maneira, é possível evitar que a infestação se espalhe e cause prejuízos à lavoura.
Besouros Migdolus fryanus
No estágio de larva, o besouro Migdolus fryanus ataca o sistema radicular da cana. Como consequência, ocorrem falhas na brotação das soqueiras, morte em reboleiras e necessidade de reforma precoce do canavial.
Além disso, essa fase dura no mínimo dois anos, podendo chegar a três. Durante esse período, as larvas permanecem no solo e podem ser encontradas a até cinco metros de profundidade. Como todo o ciclo é subterrâneo, os adultos emergem apenas durante as “revoadas”.
Manejo do besouro Migdolus fryanus
Os melhores resultados no controle desse besouro são obtidos com a aplicação de inseticidas durante o preparo do solo. Para isso, recomenda-se realizá-la em conjunto com a subsolagem (subsolador-aplicador) ou a aração (arado de aiveca com aplicador de inseticida).
Além disso, a época seca é o momento mais adequado para a aplicação, pois é quando há maior ocorrência de larvas nas camadas superficiais do solo. Dessa forma, o controle se torna mais eficiente.
Bicudo da cana-de-açúcar
O bicudo da cana, Sphenophorus levis, é um besouro que, na fase larval, causa danos significativos aos colmos em desenvolvimento. Isso ocorre porque as larvas escavam galerias, comprometendo o stand da cultura e reduzindo a produtividade.
Além disso, essa praga reduz a longevidade dos canaviais, que muitas vezes não passam do segundo corte. A disseminação ocorre, principalmente, pelo trânsito de mudas, sendo essa a hipótese mais provável para explicar a rápida expansão da área infestada. Como o inseto praticamente não voa e seu deslocamento é lento, o transporte de mudas contaminadas facilita sua propagação.
Manejo do besouro Sphenophorus levis
Para controlar essa praga, o método mais eficiente é o manejo cultural. Primeiramente, recomenda-se a destruição antecipada das soqueiras com o uso de um erradicador específico.
Além disso, a área deve ser mantida livre de plantas hospedeiras da praga, reduzindo as chances de reinfestação. O próximo plantio, por sua vez, deve ser realizado o mais tarde possível, garantindo um ambiente desfavorável ao desenvolvimento do inseto.
Por fim, as mudas utilizadas no plantio devem estar isentas da praga. Para isso, é essencial que sejam provenientes de áreas não infestadas, evitando assim a disseminação do besouro para novas regiões.
Conclusão
Em meio a todo o esforço para manter os canaviais saudáveis e produtivos, as pragas da cana-de-açúcar surgem como um verdadeiro pesadelo na rotina dos agricultores.
Inicialmente, elas aparecem de forma silenciosa, sem despertar suspeitas. No entanto, quando o produtor percebe sua presença, muitas vezes já se espalharam por toda a plantação.
Além disso, as principais pragas da cana-de-açúcar mencionadas anteriormente são altamente adaptadas ao sistema agrícola. Por esse motivo, possuem grande importância econômica e, na maioria das vezes, apresentam um controle bastante difícil.
Portanto, caso ocorra um ataque dessas pragas em sua lavoura, é essencial realizar um monitoramento constante e aplicar o manejo adequado. Além disso, em caso de dúvidas, recomenda-se procurar um especialista da área para garantir a melhor estratégia de controle.
Escrito por Michelly Moraes.