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Lagartas-do-cartucho resistentes transferem proteína Bt para seus descendentes

Lagartas-do-cartucho resistentes transferem proteína Bt para seus descendentes

Lagarta-do-cartucho, principal praga do milho

Estudos com a espécie Spodoptera frugiperda, a lagarta-do-cartucho, detectaram uma das proteínas Bt encontradas em cultivares transgênicas de milho – a Cry1F – nos ovos dos seus descendentes. Assim, antes mesmo que as lagartas eclodam, os embriões já podem ter sido expostos à proteína se a geração anterior se alimentou do milho Bt. Essa proteína é tóxica ao inseto, no entanto, com sua presença desde a fase de ovos, pode aumentar as chances de selecionar indivíduos resistentes.

“Descobrimos que a exposição da principal praga do milho a uma das proteínas Bt já começa no embrião, o que pode contribuir para a pressão de seleção da resistência”, explica a pesquisadora Simone Martins Mendes, da área de Entomologia da Embrapa Milho e Sorgo (MG). A descoberta, inédita e publicada em setembro na revista científica americana Plos One, pode indicar novos caminhos para entender a rápida seleção da resistência dessa praga às tecnologias transgênicas.

“Em outro trabalho, [publicado em 2016 na revista científica europeiaEntomologia Experimentais et Applicata] mostramos que, em quatro gerações de seleção em laboratório, é possível selecionar lagartas resistentes a essa mesma proteína”, reitera a pesquisadora. “Na verdade, temos acompanhado a velocidade da seleção da resistência dessa espécie de praga às proteínas do Bt expressas no milho transgênico nas condições tropicais de cultivo. Já entendemos que muitos são os fatores que podem contribuir para esse quadro”, adianta Simone Mendes.

artigo publicado na Plos One não é o primeiro trabalho científico que mostra o processo de transmissão da proteína Bt para os ovos de insetos. A pesquisadora Debora Pires Paula, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), detectou anteriormente a proteína Cry1Ac nos ovos de outro lepidóptero, o inseto Chlosyne lacinia, popularmente conhecido como lagarta-do-girassol, após o consumo da proteína pelos parentais, e também em ovos da joaninha predadora Harmonia axyridis. “Contudo, a Spodoptera frugiperda é a principal espécie-alvo da tecnologia Bt no milho que apresentou quebra de resistência à tecnologia para populações coletadas em 2012”, relata a cientista.

O mecanismo de resistência

De acordo com a engenheira agrônoma Camila Souza, autora do estudo que foi tema de dissertação de mestrado no programa de pós-graduação em Entomologia na Universidade Federal de Lavras (Ufla), a resistência a pragas é um dos principais efeitos indesejáveis da expressão de genes cry em culturas Bt e é considerada uma das principais ameaças ao uso sustentável das tecnologias transgênicas.

“As implicações que os processos de transferência da proteína Bt podem ter na evolução da resistência a insetos e até mesmo em organismos não alvo, como nos inimigos naturais, permanecem desconhecidas. Todavia, precisam ser investigadas, pois esses resultados mostram que os organismos não alvo podem ter acesso à proteína tóxica não somente por via direta, por meio de uma presa exposta à proteína, mas também indiretamente, pelos descendentes que ainda não tiveram contato por meio da ingestão da proteína”, demonstra.

A resistência pode ser caracterizada quando uma população de um inseto deixa de ser controlada pela toxina presente na planta transgênica e consegue sobreviver durante todo o ciclo, alimentando-se dessa planta e se reproduzindo. “Naturalmente existem indivíduos nas populações da praga que sobrevivem às proteínas do Bt. Porém, em condições normais, ou seja, sem a exposição constante às plantas transgênicas, a frequência com que esses indivíduos ocorrem é baixa. O processo de seleção da resistência nada mais é que o aumento da frequência de ocorrência desses insetos na população”, explica a pesquisadora Simone Mendes. “No caso do presente estudo, observamos que existe o sequestro da proteína Cry1F da planta Bt para a prole descendente, sendo que essa proteína é transferida dos pais para os ovos”, conclui.

Segundo a autora do estudo, a agrônoma Camila Souza, a alimentação de lagartas com folhas de milho contendo a proteína Cry1F, mesmo que apenas por cinco dias, de acordo com a metodologia utilizada, propiciou o sequestro e a transferência da proteína Bt das plantas para a geração seguinte. “A detecção da proteína Cry1F nos ovos de Spodoptera frugiperda, depois da exposição dos pais à proteína tóxica, confirma que as larvas são capazes de sequestrar a proteína presente nas folhas de milho e transferi-la para a sua prole. Em condições de campo, essa exposição pode ocorrer durante todo o ciclo de desenvolvimento do inseto. Por isso, são necessários estudos para entender todas essas interações no processo de seleção da resistência”, complementa a engenheira-agrônoma.

O trabalho comprovou também que ambos os sexos do inseto têm a capacidade de transmitir a proteína Bt aos descendentes. “Quando ambos os pais foram expostos à proteína, a concentração de Cry1F sequestrada nos ovos foi significativamente maior (quase o dobro) em relação a quando apenas o macho ou a fêmea foram expostos à proteína”, enfatiza Souza.

Importância da área de refúgio é comprovada cientificamente

Após vários ciclos de seleção

Após a seleção

Indivíduos em destaque na cor vermelha: lagartas resistentes à proteína Bt. Na cor azul, suscetíveis

Foram avaliadas populações de lagartas resistentes à proteína Cry1F com ambos os sexos expostos à mesma proteína; lagartas resistentes com apenas o macho exposto à Cry1F; lagartas resistentes com apenas a fêmea exposta; e lagartas suscetíveis não expostas à proteína que serviram como tratamento-controle. Todas as populações avaliadas – resistentes e suscetíveis – foram expostas à proteína no final da fase de desenvolvimento larval. A quantificação da proteína Cry1F nos ovos foi realizada no Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília (DF).

Os resultados mostram que houve diferença significativa em relação à sobrevivência larval quando lagartas resistentes e suscetíveis foram expostas à proteína Cry1F. “Obviamente, a população suscetível apresentou 100% de mortalidade. Contudo, entre as lagartas resistentes, a sobrevivência variou entre 85% e 90%, em média, sendo que os insetos completaram o ciclo de desenvolvimento. Esses resultados mostram que a característica de resistência entre a população resistente foi mantida e que a população suscetível continuou sendo controlada pela proteína Cry1F. Foi verificado também que essa proteína não teve efeito prejudicial na reprodução e longevidade”, explica Camila Souza.

“Nossos resultados contribuem para o entendimento da evolução da resistência e reforçam a importância do uso adequado de áreas de refúgio (veja acima figuras que ilustram a pressão de seleção), uma vez que, quando ambos os sexos resistentes são expostos à proteína, o sequestro e a transferência para os ovos são potencializados”, cita a autora. Refúgio é uma área, dentro da lavoura, onde se planta o milho sem a tecnologia Bt. Seu papel é reduzir a exposição dos insetos-praga ao mecanismo de ação dos transgênicos. Os insetos que nascem na área de refúgio continuam suscetíveis à toxina transgênica e podem se acasalar com os resistentes e, assim, diluir a população de indivíduos que desenvolveram resistência.

“Se imaginarmos a existência das áreas de refúgio em proporção adequada, haveria maior possibilidade de somente um dos pais ser exposto à proteína, reduzindo a exposição embrionária. Além disso, o acasalamento com os indivíduos suscetíveis vindos da área de refúgio teria papel fundamental na redução da exposição dos embriões à proteína de forma prematura. As implicações que esses processos podem ter na evolução da resistência a insetos e no manejo de culturas Bt permanecem desconhecidas, e as consequências da transferência de proteínas Bt precisam ser estudadas”, destaca a pesquisadora.

Como funciona o Bt

Um dos principais problemas surgidos após a ampla adoção do milho Bt foi a seleção de insetos-alvo resistentes às proteínas tóxicas que até então controlavam as principais pragas da cultura, como a lagarta-do-cartucho. O milho Btexpressa uma ou mais proteínas da bactéria Bacillus thuringiensis, que possuem atividade inseticida contra os insetos-alvo.

No Brasil, o primeiro evento de milho transgênico foi liberado para uso comercial pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2008. “Nesses dez anos de utilização da tecnologia transgênica em milho, houve grandes transformações do manejo de praga da cultura”, avalia a pesquisadora Simone Martins Mendes.

Segundo dados de agosto de 2018, da Consultoria Céleres, publicados no documento “20 anos da adoção da biotecnologia agrícola no Brasil: lições aprendidas e novos desafios”, a área plantada com cultivares de milho geneticamente modificado atingiu 107,3 milhões de hectares na última safra, considerando o acumulado entre as safras de verão e de inverno. “A velocidade de adoção do milho transgênico ultrapassou o patamar de 90% da área total da safra de inverno, em apenas dez temporadas de liberação comercial”, informa a consultoria.

“O risco potencial para a evolução da resistência é alto para a lagarta-do-cartucho porque o sistema de produção no Brasil tem sobreposição temporal e espacial do milho Bt. No campo, essas culturas estão expostas à população de Spodoptera frugiperda, sendo que a pressão de seleção é intensa em cada geração da praga, aumentando o risco de seleção de indivíduos resistentes”, diz a agrônoma Camila Fernandes.

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Preservação da tecnologia

Segundo a engenheira-agrônoma, para prolongar a eficácia de culturas Bt é essencial desenvolver uma gestão estratégica para atrasar a evolução da resistência de pragas aos transgênicos. Uma das principais estratégias apontada pela pesquisa é a utilização da chamada alta dose (elevada expressão, nas cultivares, da proteína Bt) juntamente com a adoção da área de refúgio, impedindo a evolução da resistência. Outro método para o manejo da resistência é a introdução de eventos transgênicos piramidados, ou seja, a combinação de diferentes genes em um só híbrido provendo controle independente contra a mesma praga. As proteínas Vip3a20, por exemplo, possuem características importantes como a resistência a insetos em que a proteína Cry já não faz mais efeito.

A execução do trabalho foi viabilizada por meio da parceria de diversas instituições, como a Embrapa Milho e Sorgo, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e a Universidade Federal de Lavras.

Por Embrapa.

Análises de riscos de pragas quarentenárias

Análises de riscos de pragas quarentenárias

As transformações no modo de de produção agrícola estão exigindo mais competitividade, o que implica em redução dos custos e aumento da qualidade e da quantidade dos produtos oferecidos. Em vista disso, o comércio internacional de produtos agrícolas aumentou significativamente, o que representou um novo cenário para economia e para a agricultura.

Entretanto, produtos que entram no país podem conter as chamadas pragas quarentenárias, que, por não serem nativas no Brasil, demandam cuidados extras. Por essa razão, o MAPA (Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento) em parceria com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) pôs em prática as Normas Internacionais de Medidas Fitossanitárias cujo o objetivo é permitir o comércio internacional de forma segura e exercendo o controle de pragas.

Uma das formas de prevenir a ação das pragas quarentenárias é realizar a Análise de Risco de Pragas. Saiba como funciona ao longo da matéria!

O que são pragas quarentenárias?

Uma praga quarentenária é um organismo (inseto, bactéria, fungo, vírus, nematoide ou planta invasora) que, mesmo estando em controle permanente em outros países ou regiões, exerce ameaça a economia e ao controle de patógeno no país ou região exposta. Isso acontece pois as pragas quarentenárias são exóticas ao local,ou seja, não há forma de controle em uso para combatê-la, constituindo um risco para a economia.

Essas pragas são transportadas com o auxílio humano, meios de transporte, trânsito de animais, frutos ou sementes infectadas.
As pragas quarentenárias podem apresentar duas categorias:

A1: pragas exóticas que não estão presentes no país importador;
A2: apresentam importância econômica potencial pois está presente no país, mas possui disseminação localizada e está submetida a um programa de controle .

Para que o surgimento dessas pragas quarentenárias passem por um controle eficiente, o MAPA atualiza de acordo com a demanda uma lista com os todos os organismos no Diário Oficial da União para que as medidas cabíveis sejam tomadas. O principal objetivo é evitar a proliferação e afetar a produção agrícola do Brasil.

Isso é importante para evitar que esses agentes entrem no país, caso sejam do tipo A1 ou sejam controladas, no caso do tipo A2. Nesse sentido, a lista do Mapa é dividida em duas partes: a primeira delas é a relação das pragas exóticas e que não estão presentes e a segunda é sobre as que têm ocorrência no país, mas sob controle. Com isso, é possível estabelecer estratégias em relação às mercadorias que entram no país pelas fronteiras, portos e aeroportos., erradicando e monitorando as plantas e produtos.

O que é Análise de Risco de Pragas?

A Análise de Risco de Pragas (ARP) pode ser compreendida como um processo que avalia do ponto de vista biológico ou outra evidência com caráter científico e econômico para determinar se um organismo pode ser considerado praga, e em caso positivo, se ela deve ser regulamentada, qual a sua intensidade e quais as ações fitossanitárias devem ser tomadas visando seu controle.

Nesse sentido, a Análise de Riscos de Pragas Quarentenárias, incluindo análise de riscos ambientais e também de organismos vivos modificados fornece direcionamento para determinar se o patógeno é uma praga quarentenária e o estabelecimento de formas de manejo. De uma forma geral, a ARP é feita para identificar o tipo de praga, suas vias de ingresso, os riscos que oferece, áreas ameaçadas e opções para o manejo do risco.

Quais são as fases da ARP para pragas quarentenárias?

Para a realização da Análise de Risco de Pragas, são estabelecidas 3 fases fundamentais. Saiba quais são essas etapas a seguir!

Fase 1 ou Início

Uma ARP é requerida quando há uma situação propensa como por exemplo, uma via de ingresso que necessita de medidas fitossanitárias, quando há o reconhecimento de uma nova praga, revisão de medidas de controle ou mesmo para verificar se um novo organismo é uma praga. Também pode ocorrer em virtude da solicitação da importação de um novo produto ou de uma nova área de origem.

Nessa fase 1, além da identificação das pragas associada ao produto, é preciso definir qual a área será feita a ARP, verificar se uma análise semelhante já foi feita e qual a sua validade. A conclusão desse primeiro momento se dá com a identificação da praga, via de ingresso e área afetada e o apontamento de quais medidas de controle podem ser tomadas.

Fase 2

Na fase 2 é feita a avaliação de riscos das pragas. Essa etapa consiste em fazer a categorização, avaliação da probabilidade de introdução e disseminação e também a avaliação das consequências biológicas e econômicas potenciais, incluindo os impactos ambientais.

Esse processo vai identificar quais as pragas identificadas na etapa anterior se encaixam na definição de praga quarentenária. Para isso, são considerados os seguintes aspectos: identidade, forma de disseminação, presença na área da ARP, status regulatório, sua bioecologia, potencial de estabelecimento. Em caso de verificação de praga quarentenária, a ARP deve prosseguir.

Fase 3

Essa é a fase de conclusão. Nessa etapa, as informações obtidas vão servir de base para a realização do manejo de risco de pragas, além de determinar quais medidas são necessárias e em qual a intensidade devem ser aplicadas.

É importante lembrar que o risco de entrada de pragas durante a importação nunca é nulo. Por essa razão, as medidas de controle devem atingir o grau de segurança necessário para evitar prejuízos.

Todas as fases da análise de risco de pragas quarentenárias são importantes para prevenção de doenças e também para a manutenção da qualidade da produção agrícola brasileira, garantindo lucro e reduzindo o impacto ambiental.

 

Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV

Impacto Das Mudanças Climáticas No Controle De Pragas

Impacto Das Mudanças Climáticas No Controle De Pragas

A produção agrícola é uma atividade que depende de diversos fatores, dentre os quais, se destaca o clima. Por esse motivo, as mudanças climáticas podem afetar a agricultura a partir de diferentes aspectos como o aumento da ocorrência de eventos extremos, modificação das estações, aumento ou diminuição das chuvas, aumento da temperatura média e também a temperatura do ar, além da modificação na ocorrência e na gravidade da a presença de pragas do cultivo.

Todos esses eventos provocam mudanças na forma de lidar com as pragas podendo significar, caso não seja feito o controle correto, perdas significativas na produção de diversos produtos, colocando em risco a economia e, principalmente, a segurança alimentar dos brasileiros.

Quer saber mais sobre o efeito das mudanças climática no controle de pragas? Leia até o final! Hoje vamos falar um pouco mais sobre esse fenômeno, de que forma impacta nas pragas, qual o efeito para o consumidor final e ainda, quais são os caminhos possíveis para lidar com a situação. Confira!

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Mudanças climáticas

As mudanças climáticas vem ocorrendo devido ao aumento da emissão de CO2 (Gás carbônico) na atmosfera oriundo de fenômenos naturais e também a partir da atividade humana ao longo dos séculos.

O clima pode ser entendido como um conjunto de condições da atmosfera característico de uma região. Dessa forma, quando o clima está de acordo com os padrões de determinada área, o ecossistema flui naturalmente e as chuvas, temperatura e também a umidade relativa do ar não sofrem grandes alterações possibilitando o cultivo de produtos de maneira mais previsível.

Entretanto, quando se nota uma mudança em alguma dessas condições, como aumento da temperatura, excesso ou escassez de chuva, a população, a fauna e a flora local passam a sofrer com essas consequências.

Tal cenário, sobretudo em relação à vegetação, ocorre em virtude da necessidade de que as plantas têm de fatores como solo, luz solar, água e calor em níveis adequados. Por isso, quando há uma mudança climática, a produção nas propriedades rurais pode ficar comprometida.

Mais do que isso, essas transformações, sobretudo as que dizem respeito ao aumento da temperatura e as diferenças na umidade contribuem para uma maior proliferação de insetos, doenças, ervas daninhas e outras pragas nocivas à cultura.

Incidência de pragas

Como vimos, um dos efeitos das mudanças climáticas na agricultura é alteração do surgimento de pragas e, consequentemente, do seu manejo. Essas alterações podem ter efeito direto ou indireto tanto sobre a cultura quanto ao patógeno ou ainda sobre ambos.

Essa situação pode gerar um zoneamento agroclimático da planta ou da praga, que é um dos efeitos diretos. Com isso, novas doenças podem surgir em determinadas regiões e outras perder a importância, caso a planta não possa mais ser cultivada na área devido às transformações no clima.

Outro ponto que pode sofrer alterações é a distribuição temporal uma vez que alguns agentes infecciosos, principalmente os que atacam folhas, apresentam variações quanto ao surgimento ou severidade em determinadas épocas do ano, de acordo com as condições meteorológicas.

Ou seja, se uma praga é comum em épocas de temperatura mais elevadas em uma dada região, com o aumento do calor, esse elemento tende a ser mais comum, gerando um desequilíbrio. Outro caso em que se pode verificar tal processo é quando há a diminuição da ocorrência de chuvas, que gera uma menor dispersão de patógenos.

No que diz respeito aos efeitos indiretos cabe citar a relação de outros organismos com a praga e a cultura. As doenças que requerem a ação de um outro vetor, como insetos, por exemplo, também podem ter mudanças quanto a transformação geográfica ou temporal já que o aumento da temperatura ou a maior ocorrência de secas pode levar esse vetor para outra área, que até então não era comum.

Impactos para o consumidor

Os impactos das mudanças climáticas na agricultura e no controle de pragas podem impossibilitar o cultivo de alguns produtos em determinadas regiões, dependendo da época do ano.

Com isso, há um grande perda na agricultura e consequentemente na mesa do brasileiro devido ao aumento de preços, produtos com baixa qualidade e até mesmo a escassez de alguns tipos de alimentos, de acordo com as estações do ano.

Possíveis caminhos

Com as condições do clima adversas, corre-se o risco de o produtor, na ânsia por eliminar a praga e salvar a produção, intensificar o uso de defensivos para o controle das pragas. Entretanto, essa medida, a longo prazo, pode gerar mais desequilíbrio na natureza e criar patógenos mais resistentes.

Diante desse cenário de incerteza em relação às condições climáticas futuras, uma das medidas a serem adotadas é intensificar o manejo integrado focando em monitoramento, manejo de resistência à defensivos e seletividade de inimigos naturais.

Outra medida possível é apostar no melhoramento vegetal, aliando as técnicas de biologia molecular para que haja um aprimoramento do potencial das plantas em relação à resistência e adaptação ao clima.

Com isso, nota-se uma necessidade de que produtores, cooperativas, engenheiros agrônomos e florestais estejam cientes dos riscos e incluam as consequência das mudanças climáticas no planejamento agrícola.

 

 

Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV

[PARTE 2] Plantas inseticidas: o que são, como agem, vantagens e desvantagens

[PARTE 2] Plantas inseticidas: o que são, como agem, vantagens e desvantagens

Na PARTE 1 da matéria (se não leu, clique aqui), vimos o que são plantas inseticidas e como são seus mecanismos de ação.

O uso de plantas no combate das pragas apresenta inúmeras vantagens, mas também, alguns pontos negativos. Saiba quais são a seguir!

Quais são as vantagens e desvantagens do uso de plantas inseticidas?

Vantagens

Degradação acelerada

Por possuírem degradação rápida, principalmente quando há presença de luminosidade adequada, umidade do ar elevada e alta frequência de chuvas, esses produtos ficam menos tempo no meio ambiente, o que reduz os impactos na natureza.

Baixa toxicidade a mamíferos

A maior parte das plantas inseticidas possuem baixa toxicidade a mamíferos. Isso significa que, com o uso adequado, não prejudicam a saúde do homem, outros mamíferos e nem das abelhas;

Baixa fitotoxicidade 

Apresenta baixa toxicidade pois não causam danos a outras plantas.

Ação rápida

Esses inseticidas podem matar o inseto ou parar sua atuação, de acordo com o mecanismo de ação de cada planta, imediatamente após o uso, o que faz dele uma boa opção para quem tem urgência no combate à praga.

Seletividade

Causam menos danos a insetos e ácaros benéficos devido ao seu baixo efeito residual e pela rápida degradação.

Desvantagens

Degradação acelerada

A rápida degradação que é uma vantagem, também pode ser considerada uma vantagem pois exige um maior número de aplicações para obter o controle total da praga.

Toxicidade a outros organismos

Apesar de baixo, alguns inseticidas de origem botânica podem apresentar risco de serem tóxicos aos peixes e outros insetos não-alvo.

Falta de disponibilidade no mercado

As plantas inseticidas e os defensivos que delas se originam não estão disponíveis comercialmente ou possuem um custo mais elevado em relação aos defensivos de origem sintética, o que muitas vezes inviabiliza o seu uso.

Falta de comprovação da eficácia

Ainda são poucos os estudos sobre plantas inseticidas. Por isso, nem sempre é possível ter a certeza que seu uso será eficaz para a produção agrícola.

Antes de iniciar o controle de pragas utilizando as plantas inseticidas é preciso ter em mente que, isoladamente, seu efeito é menor. Essa estratégia deve fazer parte de um manejo integrado de pragas, visando o controle de todas as variáveis que podem estar afetando a produção agrícola.

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Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV

Plantas inseticidas: o que são, vantagens e desvantagens!

Plantas inseticidas: o que são, vantagens e desvantagens!

Plantas Inseticidas

Com a crescente demanda pela produção de alimentos em larga escala, diminuindo os custos e o risco de prejuízos, a utilização dos defensivos se tornou cada vez mais necessária. Um dos tipos de produtos utilizados para o combate de pragas são os inseticidas, que podem ser de origem sintética, biológica ou natural e tem como principal objetivo, causar a morte ou inibir a ação de insetos que ofereçam riscos para a plantação.

O problema é que, devido ao uso excessivo e incorreto desses produtos, houve uma acumulação de substâncias tóxicas em alimentos, aumento da contaminação do solo e da água e a seleção de pragas resistentes. Por essa razão, tem surgido o interesse em substâncias com menor potencial de risco ao meio ambiente como as plantas inseticidas.

Na matéria, será abordado o que são essas plantas, como é o seu mecanismo de ação, suas vantagens e desvantagens. Confira!

 

O que são plantas inseticidas?

 

O uso de inseticidas derivados de plantas para o controle de pragas na produção agrícola já é feito há pelo menos 2 mil anos. No Brasil, durante o século 20, houve uma grande produção desses produtos fazendo com que o país virasse um exportador reconhecido em âmbito mundial. Entretanto, com o avanço dos inseticidas sintéticos,  os produtos de origem botânica foram aos poucos sendo deixados de lado.

A retomada do interesse e das pesquisas em relação às plantas inseticidas ocorreu devido a busca por alternativas menos agressivas ao meio ambiente, aos alimentos, a saúde e que também evitasse o aparecimento da resistência das pragas aos defensivos.

As plantas inseticidas são plantas que possuem algum tipo de ação que atrai, repele, inibe a ação ou até mesmo causar a morte de insetos-praga. Nesse sentido, existem ainda os  inseticidas de origem botânica que são compostos resultantes do metabolismo secundário das plantas que fazem parte da própria defesa contra insetos herbívoros.

Os princípios ativos podem estar presentes em toda planta ou parte dela e também por meio da obtenção de compostos com uma ou mais substâncias. Algumas das principais substâncias são piretrinas, rotenona, nicotina, cevadina, veratridina, rianodina, quassinoides, azadiractina e biopesticidas voláteis.

 

Como é o mecanismo de ação?

 

As plantas inseticidas podem afetar a fisiologia dos insetos a partir de mecanismos de ação que atacam receptores diferentes. A ação de um inseticida de origem botânica pode ser:

  • atraente, quando a planta possui substâncias que atraem o insetos, indicado aos predadores naturais a localização de larvas;
  • repelente, naturalmente afasta o inseto da área onde há a presença da planta;
  • deterrente, ou seja, atuam adiando ou inibindo a alimentação do inseto, levando a morte por inanição;
  • tóxico, afetam o sistema nervoso da praga, causando como hiperatividade,convulsões, tremores, podem agir como inibidores da acetilcolinesterase e levar a morte;
  • análogos hormonais de insetos agem impedindo o crescimento dos insetos a partir da interferência nas glândulas endócrinas;

O uso de plantas no combate das pragas apresenta inúmeras vantagens, mas também, alguns pontos negativos. Saiba quais são a seguir!

 

Quais são as vantagens e desvantagens do uso de plantas inseticidas?

 

Inseticidas naturais

Vantagens

 

Degradação acelerada

Por possuírem degradação rápida, principalmente quando há presença de luminosidade adequada, umidade do ar elevada e alta frequência de chuvas, esses produtos ficam menos tempo no meio ambiente, o que reduz os impactos na natureza.

Baixa toxicidade a mamíferos

A maior parte das plantas inseticidas possuem baixa toxicidade a mamíferos. Isso significa que, com o uso adequado, não prejudicam a saúde do homem, outros mamíferos e nem das abelhas;

Baixa fitotoxicidade 

Apresenta baixa toxicidade pois não causam danos a outras plantas.

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Ação rápida

Esses inseticidas podem matar o inseto ou parar sua atuação, de acordo com o mecanismo de ação de cada planta, imediatamente após o uso, o que faz dele uma boa opção para quem tem urgência no combate à praga.

Seletividade

Causam menos danos a insetos e ácaros benéficos devido ao seu baixo efeito residual e pela rápida degradação.

 

Desvantagens

 

Degradação acelerada

A rápida degradação que é uma vantagem, também pode ser considerada uma vantagem pois exige um maior número de aplicações para obter o controle total da praga.

Toxicidade a outros organismos

Apesar de baixo, alguns inseticidas de origem botânica podem apresentar risco de serem tóxicos aos peixes e outros insetos não-alvo.

Falta de disponibilidade no mercado

As plantas inseticidas e os defensivos que delas se originam não estão disponíveis comercialmente ou possuem um custo mais elevado em relação aos defensivos de origem sintética, o que muitas vezes inviabiliza o seu uso.

Falta de comprovação da eficácia

Ainda são poucos os estudos sobre plantas inseticidas. Por isso, nem sempre é possível ter a certeza que seu uso será eficaz para a produção agrícola.

Antes de iniciar o controle de pragas utilizando as plantas inseticidas é preciso ter em mente que, isoladamente, seu efeito é menor. Essa estratégia deve fazer parte de um manejo integrado de pragas, visando o controle de todas as variáveis que podem estar afetando a produção agrícola.

 

Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV