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Nematoides: os inimigos invisíveis das lavouras.

Nematoides: os inimigos invisíveis das lavouras.

Você sabia que os nematoides que infectam plantas são reconhecidos como uma das maiores ameaças à agricultura? Que tal conhecer as principais espécies que causam perdas nos cultivos do Brasil?

 

Nematoides: os inimigos invisíveis das lavouras.

 

Nematoides são vermes microscópicos capazes de sobreviver nos mais diversos ambientes. Possuem corpos cilíndricos, não segmentados, que ficam afilados em direção às extremidades. No entanto, algumas fêmeas, em certas fases da vida, podem ter o corpo com formato globoso, de pera, limão ou rim.

Eles retiram seus nutrientes da planta através de uma estrutura em forma de agulha, chamada de estilete, perfurando a célula e sugando seu conteúdo.

A maioria das espécies que infectam as plantas são endoparasitas. Ou seja, elas permanecem no interior raízes na sua fase adulta. Algumas, no entanto, são ectoparasitas, permanecendo no solo.

Todas as culturas são atacadas por pelo menos uma espécie de nematoide. Eles atacam quase todas as partes da planta, incluindo raízes, caules, folhas, frutos e sementes.

Os gêneros de nematoides mais importantes que infectam as plantas são: Heterodera, Pratylenchus, Thylenchulus, Globodera, Radopholus. Há consenso, no entanto, que dentre estes, o mais importante devido a sua distribuição, número de culturas que afeta e prejuízos causados é o Meloidogyne.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Principais nematoides do Brasil

 

Nematoide das galhas: Meloidogyne spp.

Os sintomas do nematoide das galhas na parte aérea incluem murcha, nanismo, deficiência nutricional e nanismo. Mas sãos as raízes que deixam pouca ou nenhuma dúvida. Este nematoide induz a formação de galhas nas raízes das plantas infectadas.

Eles penetram nas raízes e ao alimentar-se induzem a formação de células gigantes. As fêmeas desse nematoide são globosas de colocação branco-leitosa e podem ser observadas no interior dessas galhas.

Quando a incidência deste nematoide é muito alta, falhas nos estandes podem ser observadas. São plantas que morrem em decorrência do ataque do patógeno. Essas falhas ocorrem em reboleiras, geralmente.

 

Nematoide das lesões: Pratylenchus spp.

Populações baixas deste nematoide podem não causar sintomas visíveis na parte aérea. No entanto, populações muito altas podem levar a falhas de estande, deficiência nutricional. Este nematoide, como seu nome indica, causa lesões necróticas nas raízes.

As lesões necróticas causadas por este nematoide, podem também funcionar como porta de entrada para outros patógenos, como fungos apodrecedores.

Este gênero possui mais de 70 espécies e pode infectar mais de 400 espécies vegetais. Dentre estas, várias de importância econômica dentre elas, amendoim, batata, arroz, milho e diversas frutíferas.

 

Fungos causadores de doenças em plantas.

 

Nematoide do cisto – Heterodera glycines

Perdas de 10 a 20% têm sido causadas por este nematoide em campos de soja. Muitas das vezes, como os sintomas podem não ser tão óbvios, essas perdas acabam sendo atribuídas a fatores ambientais ou culturais, aumentado a população do patógeno para os próximos anos.

Os sintomas ocorrem em reboleiras e na parte aérea são caracterizados por redução do porte das plantas, do número de vagens, amarelecimento e baixa produtividade.

As fêmeas do nematoide, em formato de limão e com um pouco mais de 1mm de diâmetro são facilmente vistas do lado de fora de raízes extraídas de plantas doentes.

 

Declínio do citros – Tylenchulus semipenetrans

Embora existam diversas espécies de nematoides que causam doenças em citros, a mais devastadora é Tylenchulus semipenetrans. Ele causa a doença conhecida como declínio do citros, que ocorre em todas as regiões produtoras do mundo e pode levar a perdas de 50 a 90%.

As plantas infectadas exibem um declínio lento, que leva entre 3 a 5 anos em média. Durante este período observa-se a morte de galhos, folhas pequenas e tamanho de frutos reduzido. As raízes da planta tornam-se atrofiadas.

 

Nematoide cavernícola – Radophulus similis

Este é o principal nematoide da cultura da banana, fazendo com que após a infestação áreas de cultivo sejam abandonadas. É um parasita migrador que se alimenta das raízes da planta, formando galerias que enfraquecem a planta. Daí o nome de nematoide cavernícola.

Após a emissão do cacho, a planta perde a sua sustentação e muitas vezes chega a tombar. Altas infestações do nematoide causam ainda rachaduras no pseudocaule da planta, favorecendo o ataque de microrganismos secundários.

 

Coleta e identificação de amostras nematológicas

Um agrônomo/ agricultor experiente pode em algumas das vezes identificar os nematoides fitoparasitas em campo. Na maioria, no entanto, é necessário a realização de coleta de amostras e envio a laboratórios especializados.

A amostra enviada deve ser representativa da área e conter solo e raízes sintomáticos ou galhas, quando for o caso. Elas devem ser mantidas com umidade natural até o momento da avaliação.

Cada amostra deve ser composta de subamostras de solo com as mesmas características, coletadas na profundidade de 10 a 20cm. Para isso, recomenda-se o caminhamento em ziguezague.

 

Manejo de nematoides fitopatogênicos

Após estabelecidos em uma área é impossível erradicar os nematoides. Por isso, todas as medidas adotadas após o estabelecimento visam conviver com o problema.

A amostragem e exame laboratorial podem dizer se os nematoides estão presentes naquela área. Em caso negativo, o manejo integrado dessa praga deve ser focado em evitar a sua introdução. Caso estejam presentes na área, o objetivo é manter a população em baixa densidade durante o cultivo.

 

Controle preventivo

As medidas de controle preventivo incluem utilização de mudas sadias – livres de nematoides, evitar o plantio em épocas favoráveis, evitar o plantio em épocas favoráveis. A limpeza de maquinários e implementos agrícolas também é uma medida recomendada.

 

Rotação de culturas

Cultivar uma cultura que o nematoide não é capaz de se reproduzir é uma boa maneira para controlar algumas espécies.

Com o planejamento adequado, a rotação pode ser combinada com solarização ou pousio, de maneira a reduzir a população de nematoides que atacam raízes.

A rotação de uma cultura não hospedeira por um ou mais anos reduz as populações de nematoides por falta de alimento.

 

Uso de culturas resistentes aos nematoides

Cultivares resistentes são aquelas que conseguem prevenir ou restringir marcantemente a reprodução do nematoide nos seus tecidos.

Existem cultivares resistentes a nematoides para diversas culturas de importância, como cafeeiro, tomateiro, cenoura, soja, batata e cana, visando principalmente a resistência a nematoide das galhas e do cisto.

Cultivares tolerantes são aqueles que mesmo infectados por nematoides, conseguem superar este ataque e produzir uma boa colheita. Essa é uma prática questionável, pois os nematoides continuam a se reproduzir no local e isso poderá comprometer a rotação de culturas, caso implementada.

 

Controle biológico dos nematoides

Existem diversos microrganismos que atuam como predadores ou parasitas de nematoides fitopatogênicos. Esses organismos são chamados de inimigos naturais de nematoides. Dentre estes, os mais utilizados são os fungos e bactérias.

Nos últimos anos, diversos agentes de controle biológico foram registrados para controle biológico de fitonematoides. Alguns controlam muito bem nematoides importantes como o nematoide das galhas, em diversas culturas agronômicas.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Os nematoides têm causado perdas em diversas culturas. No Brasil, o nematoide das galhas, o nematoide do cisto e o nematoide das lesões são os mais importantes, devido aos prejuízos que vem causando na nossa agricultura.

Assim, é de fundamental importância identificar e quantificar estes patógenos em uma área. Isso pode ser feito por meio de uma coleta adequada de amostras e envio para laboratório especializado.

Identificada a causa do problema, é preciso conviver com ele, uma vez que é praticamente impossível eliminar um nematoide de uma área. O manejo integrado de nematoides inclui medidas como a rotação de culturas, resistência genética, controle biológico, dentre outros.

Escrito por Nilmara Caires.

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Broca do café: aprenda como controlar para aumentar a produtividade!

Broca do café: aprenda como controlar para aumentar a produtividade!

A broca do café é considerada uma das pragas de maior impacto econômico para cafeicultura brasileira.

Algumas medidas simples podem ser adotadas pelo produtor para evitar prejuízos e impactos negativos na qualidade do café.

Vamos agora conhecer melhor essa praga e quais medidas podem ser tomadas para seu controle, evitando a queda da produtividade da sua lavoura.

 

Broca do café: aprenda como controlar para aumentar a produtividade!

 

O que é a broca do café?

A broca do café (Hypothenemus hampei) é um besouro, as fêmeas adultas medem aproximadamente 1,7mm de comprimento e 0,7mm de largura, são elas que atacam a coroa do fruto, perfuram os grãos e ali depositam seus ovos.

As larvas que nascem desses ovos se alimentam dos grãos do café, o que os danifica ou destrói completamente.

Essa praga tem sua origem na África, assim como o cultivo do café, sendo observada aqui no Brasil pela primeira vez em 1913 no estado de São Paulo.

Sua disseminação pela regiões cafeeiras do país se deu de maneira bem acelerada se tornando uma das principais pragas que acomete o lavoura de café.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Broca do café: prejuízos na produção

De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as perdas em peso podem chegar a 20% em momentos de alta infestação.

Assim como, havendo também, perda na qualidade devido ao aumento do número de grãos brocados, o que deprecia o produto durante a classificação física.

Essa praga é considerada importante, uma vez que ela ataca os frutos em qualquer estágio de maturação, inclusive grão já seco, causando grandes prejuízos na produtividade da lavoura.

 

Comportamento da broca do café

Primeiramente, a broca sobrevive e se multiplica entre uma safra para outra, nos frutos que ficam na planta ou no solo.

Os machos da broca sobrevivem dentro dos frutos, tendo a função de apenas de fecundar as fêmeas. As fêmeas vivem em torno de 156 dias e ao serem fecundadas saem em busca dos frutos para colocar seus ovos.

 Porém, os frutos na fase que apresentam em torno de 86% de umidade não apresentam condições favoráveis para o desenvolvimento de suas larvas, pois as sementes encontram-se com elevada umidade.

Dessa forma, a fêmea apenas realiza uma marcação nos frutos e após 50 dias quando as condições já estão favoráveis para o desenvolvimento das larvas, as brocas voltam nesse mesmo fruto e realizam a postura.

 

Como monitorar broca do café

Para que o controle da broca seja eficiente, ele deve ser iniciado na época correta, devem ser efetuadas amostragens periódicas dos frutos, nos diversos talhões da lavoura, começando pelas partes mais baixas e úmidas.

Nesse sentido, é recomendável que o monitoramento da broca seja iniciado entre novembro a janeiro, aproximadamente três meses após a grande florada (outubro), quando forem observados nas rosetas os primeiros frutos broqueados.

Esse acompanhamento deve ser realizado até o mês de abril.

O monitoramento da broca pode ser feito por meio da contagem de frutos ou utilizando armadilhas.

É realizada a contagem dos frutos pela avaliação de 20 plantas/hectare, em “zigue-zague”, como demonstrado na figura abaixo.

 

Como monitorar broca-do-café

Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

 

Ao avaliar as plantas, deve-se coletar uma amostra de 100 frutos/planta e realizar a contagem dos grãos brocados e não brocados.

Já no monitoramento por armadilha, deve-se utilizar 1 armadilha/hectare com cairomônio (semioquímicos envolvidos nas interações interespecíficas dos insetos).

O controle será adotado se caso o percentual de frutos brocados exceda a 3%, para o método de contagem.

Já para o método de amostragem por armadilha, ele será feito caso seja verificada uma média de insetos adultos/armadilha superior a 100.

 

Condições que favorecem a praga

A ocorrência de chuva no inverno, os cultivos adensados, baixa incidência de luz e pouco arejamento são condições que favorecem o desenvolvimento dessa praga.

Qualquer manejo que visa à alteração dessas condições será benéfico no controle da broca do café.

Por isso que é de suma importância o conhecimento de um controle eficiente da praga. Agora veremos como realizar esse controle na sua lavoura de café.

 

Controle da broca do café

Atualmente, para o controle da broca do café, o mais utilizado é o controle químico, porém não tem apresentado boa eficiência e vem causando problemas de resistência e desequilíbrio do meio ambiente.

Por isso, a utilização do manejo integrado de pragas (MIP) se torna mais eficiente. Essa é uma estratégia de controle múltiplo que se fundamenta no monitoramento das populações para tomada de decisão adequada.

Dessa forma, a utilização do controle biológico, cultural e químico torna-se uma ferramenta eficaz no controle de pragas nas lavouras cafeeiras.

Vejamos cada uma das maneiras de controle da broca do café separadamente.

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

Controle biológico

O controle biológico é um método de combater pragas agrícolas através da utilização de seus inimigos naturais, que podem ser insetos predadores, parasitoides e microrganismos (fungos, bactérias ou vírus).

Os fungos entomopatogênicos são agentes de controle de inúmeras pragas, como a broca do café.

Dentre os diferentes agentes de controle natural da broca está o fungo Beauveria bassiana, existem vários estudos descrevendo a eficiência desse fungo no combate da broca em campo.

Logo, uma imagem demonstra como o fungo infecta a broca do café.

 

Controle químico convencional

Como o ataque da broca não se distribui uniformemente, recomenda-se o controle apenas para os talhões em que a infestação da praga já tenha atingido 3 a 5%.

Agindo dessa forma, evitam-se gastos desnecessários com mão de obra e inseticida, como também, tem-se uma diminuição dos problemas relacionados ao uso do produto.

Mesmo após a aplicação do inseticida, o monitoramento deve continuar, e quando a infestação alcançar o nível de controle, pulverizar novamente, respeitando o período de carência do produto usado.

Para a execução do controle químico se deve obedecer alguns cuidados, são eles:

  • Usar equipamento de proteção individual (EPI);
  • Utilizar produtos registrados no MAPA;
  • Fazer rotação de princípio ativo;
  • Respeitar a dose recomendada e período de carência.

 

Controle cultural

Considerado o mais eficiente método de controle da broca do café, o controle cultural realizado de forma adequada, consegue alcançar resultado bastante positivo no controle da praga.

Onde podemos destacar as seguintes formas de manejo:

  1. Plantio do cafeeiro em espaçamentos que permitam maior arejamento e penetração de luz, condições essas que são desfavoráveis à praga, além de permitir a circulação de pulverizadores acoplados a tratores.
  2. Eliminação de cafezais velhos e abandonados, nos quais a broca encontra abrigo e se multiplica livremente.
  3. A colheita deve ser sempre iniciada nos talhões que apresentem os cafeeiros mais infestados, a fim de que sejam evitados maiores prejuízos.
  4. Por fim, deve ser realizada de uma colheita bem feita, evitando que fiquem frutos nas plantas e no chão, em que a broca poderá sobreviver na entressafra.

Contudo, deve ser realizado um repasse na lavoura, se necessário, para evitar a sobrevivência dessa praga e que passe para os frutos novos da próxima safra.

 

Controle comportamental

Esse controle se dá por meio de armadilhas alternativas, podendo ser construídas com garrafas pet.

A substância que atrai os insetos pode ser feita com a mistura de 1:3 de etanol e metanol, acrescida de 1% de ácido benzoico.

Para o controle eficiente recomenda-se a utilização de 30 armadilhas por hectare. A substância atraente deve ser substituída a cada duas semanas.

Portanto, esse tipo de controle é mais eficaz a sua utilização em propriedades menores.

 

Plataforma Agropós

 

Importância do controle da broca do café

Nós vimos nesse artigo que a broca do café é considerada uma das pragas de maior impacto econômico para cafeicultura brasileira e de como é importante o manejo adequado da lavoura.

Atualmente, estudos relatam que a maneira mais eficaz de manter a praga da broca do café sob baixa incidência é a utilização de manejo integrado de pragas (MIP), ou seja, estratégia de controle múltiplo que se fundamenta no monitoramento das populações para tomada de decisão adequada.

Dessa forma, espero ter contribuído para aprimorar os resultados no manejo do sua lavoura, assim, conquistando resultados incríveis de produtividade e de qualidade do seu café.

Deixo abaixo um vídeo produzido pelo Sistema FAEMG com as principais informações sobre a broca do café que provoca perdas na produção cafeeira. Assista!

Escrito por Juliana Martins Medina.

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Variedade de cana produz biopesticida natural contra praga

Variedade de cana produz biopesticida natural contra a principal praga da culturaUma variedade de cana do complexo Saccharum, amplamente cultivada nas lavouras do País, quando exposta ao ataque da broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis), produz ácido clorogênico, substância que atua contra o inseto agressor. Foi o que mostrou um estudo realizado em parceria entre a Embrapa e instituições de pesquisa brasileiras e internacionais publicado na revista Industrial Crops & Products, vinculada à ScienceDirect. A broca-da-cana é considerada a principal praga da cultura no Brasil.

Análises metabólicas evidenciaram que a variedade de cana-de-açúcar SP791011, desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e atualmente de domínio público, produziu por conta própria o ácido clorogênico quando atacada pela broca-da-cana. No mesmo ambiente, as plantas da mesma variedade do grupo de controle que não foram submetidas ao ataque da herbívora não apresentaram expressões elevadas do ácido.

Essa substância tem efeito nocivo a pragas de diversas culturas, como milho, café e tomate, afetando seu desenvolvimento e neutralizando seus impactos econômicos nas lavouras. No estudo conduzido com a cana, que envolveu também experimentos com adição de ácido clorogênico na dieta da broca em sua fase de lagarta, a Diatraea saccharalis apresentou desenvolvimento mais rápido na fase de pupa, porém, associado à deformação das asas na fase de mariposa quando exposta a todas as concentrações do ácido.Os pesquisadores destacam que o ácido clorogênico pode ser considerado um biopesticida natural, e sua produção pode ser induzida para desenvolver variedades de cana-de-açúcar mais resistentes à broca-da-cana.

A principal praga da cana brasileira

Diatraea saccharalis, a broca-da-cana-de-açúcar, é uma espécie de mariposa da família Crambidae. Foi descrita por Johan Christian Fabricius em 1794. É nativa do Caribe, da América Central e das partes mais quentes da América do Sul, do sul ao norte da Argentina.

Variedade de cana produz biopesticida natural contra a principal praga da cultura

Fonte: Divulgação Embrapa

A lagarta jovem se alimenta inicialmente das folhas para depois penetrar pelas partes mais moles do colmo (bainha). Ela abre galerias de baixo para cima, que podem ser longitudinais, na maioria das vezes, ou transversais.

A lagarta atinge seu completo desenvolvimento ao completar 40 dias, quando mede 23 milímetros de comprimento. A coloração de seu corpo é amarela-pálida e da cabeça, marrom. A fase de pupa (casulo), que segue a larval, dura de nove a 14 dias e resulta em um adulto que sai pelo orifício deixado pela lagarta. O ciclo inteiro dura de 53 a 60 dias e pode resultar em quatro gerações por ano, distribuídas em outubro e novembro, dezembro e janeiro, fevereiro e abril e em maio e junho. Já a forma adulta é uma mariposa com asas amarelo-palha e com 25 milímetros de envergadura. A fêmea deposita ovos na face inferior das folhas da planta.

Prejuízos

Entre os prejuízos diretos causados pela abertura de galerias estão a perda de peso e morte das gemas, o tombamento pelo vento (se as galerias forem transversais, secamento dos ponteiros, conhecido como “coração morto”), enraizamento aéreo e brotações laterais.

As galerias abertas podem servir de canal de acesso aos fungos Colletotrichum falcatum e Fusarium moniliforme, causadores da podridão vermelha do colmo. Instalados na planta, eles invertem a sacarose, o que diminui a pureza do caldo. Esses são considerados prejuízos indiretos provocados pelo ataque da praga.

https://agropos.com.br/pos-graduacao-em-avancos-no-manejo-integrado-de-pragas/

 

 Conservação e melhoramento

A promissora descoberta deverá servir de base para orientar os programas de melhoramento genético da espécie desenvolvidos pela Embrapa e parceiros. Um dos principais objetivos dos cruzamentos é gerar novas variedades com resistência a pragas importantes.

A variedade objeto do estudo publicado, a SP791011, está entre os 128 acessos do complexo Saccharum mantidos no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Embrapa Tabuleiros Costeiros no campo experimental de Nossa Senhora das Dores, no interior de Sergipe.

De acordo com a pesquisadora Adriane Amaral, curadora do banco, a descoberta é bastante animadora. “A partir desses achados, devemos realizar experimentos com outras variedades do banco, tanto as domesticadas quanto as silvestres, para verificar o comportamento de produção de ácido clorogênico e, possivelmente, ampliar o leque de cruzamentos viáveis”, informa.

Por meio dos cruzamentos, as novas variedades geradas expressam as características presentes nas matrizes cruzadas, como a resistência a pragas específicas, tolerância a seca e altas temperaturas, entre outras.

Variedade de cana produz biopesticida natural contra a principal praga da cultura

Foto: Saulo Coelho

A arca-de-noé da cana

Além da conservação ex situ (plantado em campo), o BAG Cana tem acessos mantidos in vitro (em ambiente de laboratório) por crescimento lento, como forma de manter uma reserva de segurança e material para doações livres de pragas. A conservação é realizada no laboratório de cultura de tecidos da Embrapa Tabuleiros Costeiros, em Aracaju (SE), com uma duplicata mantida na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília (DF).

Atualmente, os 128 acessos do BAG incluem os gêneros Saccharum (espécies: S. officinarumS. spontaneum S. robustum), Erianthus e Miscanthus. Os acessos foram provenientes de coleta no Brasil e importações e intercâmbios com instituições internacionais. As ações de enriquecimento do BAG Cana incluem acessos da Indonésia, Estados Unidos, México, Brasil, Suriname, Fiji, Taiwan, Guiana, Papua Nova Guiné, Taiwan, África do Sul, Barbados, Índia e Paquistão.

Com suporte financeiro da Embrapa e de fontes externas, como a Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec), o BAG tem contribuído com a formação de recursos humanos para a pesquisa em graduação e pós-graduação, além de atender a solicitações de intercâmbio para os programas de melhoramento de cana-de-açúcar públicos e privados, a exemplo da Ridesa/UFAL e da BioVertis/GranBio.

Amostras do BAG do campo também estão em exibição na vitrine de tecnologias implantada no segundo semestre de 2019 na sede da Embrapa Tabuleiros Costeiros, em Aracaju, disponível para visitação em 2020.

https://agropos.com.br/

Fonte: Embrapa

Brasileira descobre substituto de agrotóxico em eucalipto

Brasileira descobre substituto de agrotóxico em eucalipto

Eucalipto-cidró, eucalipto-limão ou eucalipto-cheiroso, estes são alguns dos nomes mais conhecidos para a espécie Corymbia citriodora. É dela que sai o óleo essencial capaz de funcionar como “agrotóxico” natural, segundo a pesquisadora Cátia Libarino, que cursa mestrado em Ciências Florestais na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

Buscando encontrar uma substância natural para combater um fungo específico que ataca a árvore de macadâmia, ela testou três espécies do eucalipto, extraindo seus óleos essenciais e extratos vegetais. Foi na Corymbia citriodora que descobriu a melhor opção.

A maior eficiência para inibir o crescimento do fungo está no óleo essencial da espécie. Ainda que, segundo Cátia, até os extratos vegetais podem ser boas opções para reduzir a severidade de fitopatógenos, isto é, os organismos que causam doenças das plantas. “A facilidade de preparação [desses extratos] utilizando um processador mecânico e sua elevada biodegradabilidade no ambiente torna o processo/produto mais acessível. As folhas frescas em áreas de cultivo pós-colheita ou durante tratos culturais também podem ser aproveitadas para a produção, em média e grande escala, de extratos vegetais”, explicou a pesquisadora.

Leia também:
-> Pesquisa estabelece controle biológico para principal praga exótica do eucalipto
-> O crescimento da exportação de produtos florestais
-> Como a Robótica está Presente no Manejo Agrícola e Florestal?

Replicação

Para o orientador da pesquisa, professor Dalton Longue, até mesmo um pequeno produtor rural poderá aplicar as técnicas que estão em desenvolvimento e ressalta novos usos do cultivo de eucalipto. “Na maioria das vezes, os plantios [de eucaliptos] são planejados apenas para aproveitamento da madeira após o ciclo de crescimento da floresta, desprezando as folhas e seus produtos durante todo o tempo de crescimento. A coleta de folhas e produção de óleos pode ser uma alternativa econômica em vários momentos para uma fazenda florestal”, garante o professor.

Outro ponto interessante é que o óleo essencial da espécie Corymbia citriodora contém citronelal, componente que dá o odor de limão ao óleo de citronela – muito usado como repelente de insetos.

Cultivo orgânico

O cultivo vegetal por meio de controle biológico tem sido propagado como forma de combater o uso exagerado de agrotóxicos e, consequentemente, cuidarmos da saúde humana e do solo. Ana Maria Primavesi, considerada a mãe da agroecologia brasileira, foi uma das pessoas a chamar atenção sobre a necessidade de restabelecer o equilíbrio entre o homem, a natureza e os animais. Adubação verde e controle biológico de “pragas” foram algumas das soluções apontadas por ela ainda nos anos 80. Um pioneirismo exemplar que inspira muitos agricultores até hoje.

Fonte: CicloVivo

Lagartas-do-cartucho resistentes transferem proteína Bt para seus descendentes

Lagartas-do-cartucho resistentes transferem proteína Bt para seus descendentes

Lagarta-do-cartucho, principal praga do milho

Estudos com a espécie Spodoptera frugiperda, a lagarta-do-cartucho, detectaram uma das proteínas Bt encontradas em cultivares transgênicas de milho – a Cry1F – nos ovos dos seus descendentes. Assim, antes mesmo que as lagartas eclodam, os embriões já podem ter sido expostos à proteína se a geração anterior se alimentou do milho Bt. Essa proteína é tóxica ao inseto, no entanto, com sua presença desde a fase de ovos, pode aumentar as chances de selecionar indivíduos resistentes.

“Descobrimos que a exposição da principal praga do milho a uma das proteínas Bt já começa no embrião, o que pode contribuir para a pressão de seleção da resistência”, explica a pesquisadora Simone Martins Mendes, da área de Entomologia da Embrapa Milho e Sorgo (MG). A descoberta, inédita e publicada em setembro na revista científica americana Plos One, pode indicar novos caminhos para entender a rápida seleção da resistência dessa praga às tecnologias transgênicas.

“Em outro trabalho, [publicado em 2016 na revista científica europeiaEntomologia Experimentais et Applicata] mostramos que, em quatro gerações de seleção em laboratório, é possível selecionar lagartas resistentes a essa mesma proteína”, reitera a pesquisadora. “Na verdade, temos acompanhado a velocidade da seleção da resistência dessa espécie de praga às proteínas do Bt expressas no milho transgênico nas condições tropicais de cultivo. Já entendemos que muitos são os fatores que podem contribuir para esse quadro”, adianta Simone Mendes.

artigo publicado na Plos One não é o primeiro trabalho científico que mostra o processo de transmissão da proteína Bt para os ovos de insetos. A pesquisadora Debora Pires Paula, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), detectou anteriormente a proteína Cry1Ac nos ovos de outro lepidóptero, o inseto Chlosyne lacinia, popularmente conhecido como lagarta-do-girassol, após o consumo da proteína pelos parentais, e também em ovos da joaninha predadora Harmonia axyridis. “Contudo, a Spodoptera frugiperda é a principal espécie-alvo da tecnologia Bt no milho que apresentou quebra de resistência à tecnologia para populações coletadas em 2012”, relata a cientista.

O mecanismo de resistência

De acordo com a engenheira agrônoma Camila Souza, autora do estudo que foi tema de dissertação de mestrado no programa de pós-graduação em Entomologia na Universidade Federal de Lavras (Ufla), a resistência a pragas é um dos principais efeitos indesejáveis da expressão de genes cry em culturas Bt e é considerada uma das principais ameaças ao uso sustentável das tecnologias transgênicas.

“As implicações que os processos de transferência da proteína Bt podem ter na evolução da resistência a insetos e até mesmo em organismos não alvo, como nos inimigos naturais, permanecem desconhecidas. Todavia, precisam ser investigadas, pois esses resultados mostram que os organismos não alvo podem ter acesso à proteína tóxica não somente por via direta, por meio de uma presa exposta à proteína, mas também indiretamente, pelos descendentes que ainda não tiveram contato por meio da ingestão da proteína”, demonstra.

A resistência pode ser caracterizada quando uma população de um inseto deixa de ser controlada pela toxina presente na planta transgênica e consegue sobreviver durante todo o ciclo, alimentando-se dessa planta e se reproduzindo. “Naturalmente existem indivíduos nas populações da praga que sobrevivem às proteínas do Bt. Porém, em condições normais, ou seja, sem a exposição constante às plantas transgênicas, a frequência com que esses indivíduos ocorrem é baixa. O processo de seleção da resistência nada mais é que o aumento da frequência de ocorrência desses insetos na população”, explica a pesquisadora Simone Mendes. “No caso do presente estudo, observamos que existe o sequestro da proteína Cry1F da planta Bt para a prole descendente, sendo que essa proteína é transferida dos pais para os ovos”, conclui.

Segundo a autora do estudo, a agrônoma Camila Souza, a alimentação de lagartas com folhas de milho contendo a proteína Cry1F, mesmo que apenas por cinco dias, de acordo com a metodologia utilizada, propiciou o sequestro e a transferência da proteína Bt das plantas para a geração seguinte. “A detecção da proteína Cry1F nos ovos de Spodoptera frugiperda, depois da exposição dos pais à proteína tóxica, confirma que as larvas são capazes de sequestrar a proteína presente nas folhas de milho e transferi-la para a sua prole. Em condições de campo, essa exposição pode ocorrer durante todo o ciclo de desenvolvimento do inseto. Por isso, são necessários estudos para entender todas essas interações no processo de seleção da resistência”, complementa a engenheira-agrônoma.

O trabalho comprovou também que ambos os sexos do inseto têm a capacidade de transmitir a proteína Bt aos descendentes. “Quando ambos os pais foram expostos à proteína, a concentração de Cry1F sequestrada nos ovos foi significativamente maior (quase o dobro) em relação a quando apenas o macho ou a fêmea foram expostos à proteína”, enfatiza Souza.

Importância da área de refúgio é comprovada cientificamente

Após vários ciclos de seleção

Após a seleção

Indivíduos em destaque na cor vermelha: lagartas resistentes à proteína Bt. Na cor azul, suscetíveis

Foram avaliadas populações de lagartas resistentes à proteína Cry1F com ambos os sexos expostos à mesma proteína; lagartas resistentes com apenas o macho exposto à Cry1F; lagartas resistentes com apenas a fêmea exposta; e lagartas suscetíveis não expostas à proteína que serviram como tratamento-controle. Todas as populações avaliadas – resistentes e suscetíveis – foram expostas à proteína no final da fase de desenvolvimento larval. A quantificação da proteína Cry1F nos ovos foi realizada no Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília (DF).

Os resultados mostram que houve diferença significativa em relação à sobrevivência larval quando lagartas resistentes e suscetíveis foram expostas à proteína Cry1F. “Obviamente, a população suscetível apresentou 100% de mortalidade. Contudo, entre as lagartas resistentes, a sobrevivência variou entre 85% e 90%, em média, sendo que os insetos completaram o ciclo de desenvolvimento. Esses resultados mostram que a característica de resistência entre a população resistente foi mantida e que a população suscetível continuou sendo controlada pela proteína Cry1F. Foi verificado também que essa proteína não teve efeito prejudicial na reprodução e longevidade”, explica Camila Souza.

“Nossos resultados contribuem para o entendimento da evolução da resistência e reforçam a importância do uso adequado de áreas de refúgio (veja acima figuras que ilustram a pressão de seleção), uma vez que, quando ambos os sexos resistentes são expostos à proteína, o sequestro e a transferência para os ovos são potencializados”, cita a autora. Refúgio é uma área, dentro da lavoura, onde se planta o milho sem a tecnologia Bt. Seu papel é reduzir a exposição dos insetos-praga ao mecanismo de ação dos transgênicos. Os insetos que nascem na área de refúgio continuam suscetíveis à toxina transgênica e podem se acasalar com os resistentes e, assim, diluir a população de indivíduos que desenvolveram resistência.

“Se imaginarmos a existência das áreas de refúgio em proporção adequada, haveria maior possibilidade de somente um dos pais ser exposto à proteína, reduzindo a exposição embrionária. Além disso, o acasalamento com os indivíduos suscetíveis vindos da área de refúgio teria papel fundamental na redução da exposição dos embriões à proteína de forma prematura. As implicações que esses processos podem ter na evolução da resistência a insetos e no manejo de culturas Bt permanecem desconhecidas, e as consequências da transferência de proteínas Bt precisam ser estudadas”, destaca a pesquisadora.

Como funciona o Bt

Um dos principais problemas surgidos após a ampla adoção do milho Bt foi a seleção de insetos-alvo resistentes às proteínas tóxicas que até então controlavam as principais pragas da cultura, como a lagarta-do-cartucho. O milho Btexpressa uma ou mais proteínas da bactéria Bacillus thuringiensis, que possuem atividade inseticida contra os insetos-alvo.

No Brasil, o primeiro evento de milho transgênico foi liberado para uso comercial pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2008. “Nesses dez anos de utilização da tecnologia transgênica em milho, houve grandes transformações do manejo de praga da cultura”, avalia a pesquisadora Simone Martins Mendes.

Segundo dados de agosto de 2018, da Consultoria Céleres, publicados no documento “20 anos da adoção da biotecnologia agrícola no Brasil: lições aprendidas e novos desafios”, a área plantada com cultivares de milho geneticamente modificado atingiu 107,3 milhões de hectares na última safra, considerando o acumulado entre as safras de verão e de inverno. “A velocidade de adoção do milho transgênico ultrapassou o patamar de 90% da área total da safra de inverno, em apenas dez temporadas de liberação comercial”, informa a consultoria.

“O risco potencial para a evolução da resistência é alto para a lagarta-do-cartucho porque o sistema de produção no Brasil tem sobreposição temporal e espacial do milho Bt. No campo, essas culturas estão expostas à população de Spodoptera frugiperda, sendo que a pressão de seleção é intensa em cada geração da praga, aumentando o risco de seleção de indivíduos resistentes”, diz a agrônoma Camila Fernandes.

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Preservação da tecnologia

Segundo a engenheira-agrônoma, para prolongar a eficácia de culturas Bt é essencial desenvolver uma gestão estratégica para atrasar a evolução da resistência de pragas aos transgênicos. Uma das principais estratégias apontada pela pesquisa é a utilização da chamada alta dose (elevada expressão, nas cultivares, da proteína Bt) juntamente com a adoção da área de refúgio, impedindo a evolução da resistência. Outro método para o manejo da resistência é a introdução de eventos transgênicos piramidados, ou seja, a combinação de diferentes genes em um só híbrido provendo controle independente contra a mesma praga. As proteínas Vip3a20, por exemplo, possuem características importantes como a resistência a insetos em que a proteína Cry já não faz mais efeito.

A execução do trabalho foi viabilizada por meio da parceria de diversas instituições, como a Embrapa Milho e Sorgo, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e a Universidade Federal de Lavras.

Por Embrapa.