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Informações objetivas sobre o conflito entre Árvore e Rede Elétrica

Informações objetivas sobre o conflito entre Árvore e Rede Elétrica

Foi-nos solicitado discorrer sobre experiências que têm dado certo nos trabalhos sobre arborização urbana, mormente nas questões que envolvem o conflito com as redes elétricas.

Temos desenvolvido vários trabalhos sobre esse assunto em diversas cidades, principalmente por intermédio do Centro Mineiro para Conservação da Natureza, o qual assessoramos na área de arborização e paisagismo. Assim, podemos citar trabalhos em Cataguases, João Monlevade, Ponte Nova, dentre muitas outras cidades.

Para ilustração nesse evento, entretanto, escolhemos o trabalho desenvolvido em Belo Horizonte que teve como objetivo específico o estudo econômico de podas e substituições de redes, por ter sido mais completo e mais científico. Assim, queremos deixar claro que os dados apresentados são relativos ao trabalho do Engenheiro Florestal Ednilson dos Santos em sua tese de doutoramento junto ao Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, sob orientação da Professora Rita de Cássia Gonçalves Borges e aconselhamento dos professores Márcio Lopes da Silva e Wantuelfer Gonçalves. O referido trabalho teve o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG e da CAPES.

O engenheiro Ednilson dos Santos ocupa atualmente a função de chefia da Administração Regional Centro-Sul (a ARCS é penas uma pequena parte de Belo Horizonte). Sua experiência, já há algum tempo em arborização urbana, permite-lhe inferências importantíssimas para solução de conflitos entre rede elétrica e arborização urbana. Assim, maiores detalhes podem ser conseguidos em contatos diretos com o autor na Prefeitura de Belo Horizonte.

INFORMAÇÕES

Grande parte do esforço despendido pelos profissionais de arborização urbana hoje em dia, em cidades onde a arborização já existe, está voltada para correções de erros antigos. Esses erros podem ter sido propositais em alguns casos, mas na maioria não o foi, já que nos primeiros plantios de árvores urbanas o homem não tinha, ainda, o conhecimento suficiente para evitar esses erros. Dentre eles, o que mais se sobressai é o conflito entre os serviços aéreos (redes elétricas, iluminação, placas de sinalização etc) e as árvores. Para correção desses erros ou mesmo para o estabelecimento de um plano de manejo e intervenções como um todo, a primeira necessidade do arboricultor é conhecer o seu patrimônio arbóreo. Esse conhecimento é feito com a busca de informações que permitirão a tomada de decisões. Essas informações podem ser buscadas de duas maneiras: por meio de um levantamento ou inventário total; por meio de um inventário parcial por amostragem.

Se medimos todas as árvores, sem exceção, estaremos diante de um levantamento ou inventário total. Quando todos os dados de todas as árvores são armazenados de forma a podermos recuperá-los a qualquer momento estaremos fazendo um cadastramento.

Se medimos apenas parte da população por meio de amostras significativas e inferimos os resultados para toda a população, estamos realizando um inventário parcial.

Seja qual for o processo utilizado, as conclusões a que chegamos sobre como se encontra o patrimônio arbóreo em termos qualitativos e quantitativos podem ser denominadas de diagnóstico da arborização urbana. Esse diagnóstico pode ter objetivos generalizados, mas pode também ser realizado com um objetivo bastante específico (1).

CUSTO DAS INFORMAÇÕES

Informações para diagnosticar as condições de uma arborização urbana têm custos operacionais consideráveis. Assim, o profissional responsável pelo levantamento deverá ser bastante objetivo, coletando apenas informações que possam contribuir no seu diagnóstico. Esse custo poderá ser controlado na escolha das variáveis a serem levantadas, no grau de detalhamento dessas variáveis e na forma de anotação desses dados. Assim, a planilha a ser preenchida deverá requerer o mínimo de escrita possível; as árvores deverão ter medidos apenas os parâmetros essenciais e da maneira mais objetiva possível; a equipe deverá ter treinamento para agilidade na coleta dessas informações (2).

Santos (3), realizando inventário na cidade de Belo Horizonte estabeleceu três métodos de levantamento com objetivo de avaliar seus custos operacionais: inventário por classes; diagnóstico superficial; inventário completo. No inventário por classes a equipe de trabalho foi composta de um anotador e dois medidores e as medidas horizontais, embora tenham sido determinadas com trena, tiveram, juntamente com estimação de medidas verticais, os valores distribuídos em classes.

No diagnóstico superficial, apenas um avaliador estimou a olho nu, sem qualquer instrumento de medição, todos os parâmetros e fez a anotação por classes, como no inventário por classes.

No inventário completo, com equipe igual à do inventário por classes, utilizou-se de trena e régua retrátil, sendo os dados anotados com seus valores exatos.

Como era de se esperar, os tempos gastos foram bastante variáveis, no campo e no escritório (Tabelas 1 e 2).

Fonte: Santos(2000a) op.cit.

 

Fonte: Santos(2000a) op.cit.

Acompanhando os dados relativos ao tempo gasto e levando-se em consideração a formação das  equipes e  dos equipamentos utilizados, os custos, logicamente, foram diferentes (Tabela 3).

Fonte: Santos(2000a) op.cit.

O trabalho apresenta, ainda, uma avaliação expedita no grau de precisão das medidas e, é claro, há diferenças consideráveis em favor dos métodos mais completos. Entretanto, a finalidade dessas medições deverá determinar o grau de precisão requerido e o custo associado que, juntos, determinarão a otimização de todo o processo.

OBJETIVOS DAS INFORMAÇÕES

Os motivos que levam os técnicos a inventariarem ou diagnosticarem a arborização urbana são vários e vão desde o simples conhecimento do parâmetro arbóreo municipal até a formulação de políticas municipais de meio ambiente e qualidade de vida. Entretanto, de permeio entre esses dois extremos existe a necessidade real de manejo desse patrimônio em função, principalmente, de ser ele um patrimônio vivo e, como tal, dinâmico.

Assim, os levantamentos periódicos das condições arbóreas é que determinam as intervenções de fertilização, de poda e de supressão, dentre outras.

Apenas para ilustrar o uso do inventário da arborização para um fim específico, recorremos novamente ao trabalho de Santos (4) que diagnosticou a situação da arborização da Região Administrativa Centro-Sul de Belo Horizonte com a finalidade de comparar, em termos econômicos, a substituição de redes e a poda, intervenção convencionalmente realizada para administrar os conflitos entre a rede e a árvore.

O trabalho de Santos começou por determinar os tipos de rede existentes, ou não, na regional, uma vez que nem todo tipo de rede conflita com a árvore e nem toda árvore conflita com o tipo de rede. Assim, considerando as redes de baixa e média tensão e as diferentes especificações em que elas se encontram (nua, protegida e isolada), estabeleceu-se 16 possibilidades conforme a tabela 4 (5).

Fonte: Santos(2000b) op.cit.

Associados aos diferentes tipos de redes temos os diferentes tipos de árvores para os quais pode haver, ou não, a necessidade de poda. Assim, árvores de pequeno porte sob rede, mesmo que nua, não necessitam poda e, árvores grandes, quando sob redes isoladas ou protegidas não requerem podas ou, se as requerem, estas são em menor intensidade. Diferentes situações então podem ser determinadas e graus variáveis de poda podem ser requeridos. Assim, a tabela 5 ilustra a tipologia de poda adotada pela ARCS para pagamento de serviços de terceiros, relacionando as diferentes intensidades de poda com o porte das árvores.

Fonte: Santos(2000b) op.cit.

O inventário realizado apontou a existência de 55.041 árvores na ARCS, sendo 87% desse total plantadas ao longo de passeios, 8,39% em canteiros separadores de pistas e 4,61% em praças.

Deixando de lado as informações botânicas e de qualidade, cientificamente determinadas no trabalho, ressaltamos que a avaliação de necessidade de podas mostrou que os serviços mais requisitados foram a poda de levantamento de copa (32,9%), de conformação (19,7%), de limpeza (18,4%) e para liberação da iluminação pública (13,2%). Observando-se o relacionamento das árvores com a rede elétrica, chegou-se à conclusão de que apenas 25,42%, ou cerca de 14 mil, estão sob algum tipo de rede nua e têm potencial para atingirem alturas capazes de gerar conflito com a rede.

De maneira resumida, a tabela 6 mostra os parâmetros e custos relacionados à poda da arborização urbana, praticados pela ARCS, considerados os valores de mercado para o período de julho a outubro de 1999. Ressalta-se, entretanto, que a ARCS, em sua última licitação chegou a pagar R$ 46,33 por poda.

Fonte: Santos(2000b) op.cit.

Se, no entanto, o conflito pode ser resolvido intervindo-se na árvore, o mesmo pode ser feito atuando-se na rede. Os custos estimados apresentados a seguir (Tabela 7) foram levantados junto à Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, para  eliminar o uso de qualquer tipo de rede nua (6).

* 1Km = 29 postes. ** Considera a troca de um transformador. Fonte: Santos(2000b) op.cit.

Considerando-se então que apenas 14 mil das 55.041 árvores inventariadas interferem na rede de distribuição, o total de rede a ser substituída para que a necessidade de poda chegue a um nível próximo de zero é de 85,73 Km de média tensão, 2194 Km de baixa tensão e 32,45 Km de média/baixa tensão. Os custos estimados para essa substituição ficaram em torno de R$ 4.712.000,00, considerados os valores unitários, ou de R$ 3.770.000,00 se toda a substituição fosse executada de uma só vez. Isso equivale à execução da poda de todas as 14 mil árvores por um período de 7,3 anos, se executadas pela ARCS uma vez ao ano, ou de 8,4 anos, se considerado o valor pago pela CEMIG para a execução de duas podas por ano.

Do ponto de vista financeiro, a substituição gradativa da rede conforme a necessidade de manutenção é a melhor alternativa. Do ponto de vista ambiental, entretanto, esse processo deve ser acelerado.

 

Leia também:
-> Arborização e Áreas Verdes Urbanas: entenda como funcionam as análises através de índices
-> Paisagismo no Brasil: Habilidades e Habilitação

 

CONCLUSÕES

O conhecimento do patrimônio arbóreo de uma cidade seja por meio de um levantamento, de um inventário parcial ou de um diagnóstico simples é de suma importância para a tomada de decisões técnicas e políticas que influenciarão em intervenções ambientais e na qualidade de vida das pessoas. Esse trabalho tem de ser desenvolvido por equipes competentes que possam aperfeiçoar o processo tanto em termos de custo como em termos técnicos. A determinação dos parâmetros, da metodologia e da equipe pode influenciar nos resultados e esses poderão apontar as soluções para os problemas específicos. Assim, a escolha entre um levantamento, um inventário ou um diagnóstico poderá determinar a qualidade e o custo finais do processo.

REFERÊNCIAS

(1) Para maiores informações sobre tipos de inventário e diagnóstico de arborização pode-se consultar a monografia de Chaves (1996).
(2) Para informações sobre formação de equipes consultar o trabalho de Takahashi (1994).
(3) Trabalho defendido como exigência de qualificação para doutoramento.
(4) Trabalho desenvolvido como tese de doutoramento no Departamento de Engenharia Florestal da Univesidade Federal de Viçosa.
(5) Para maiores detalhes sobre os diferentes tipos de rede recomendamos o trabalho da CEMIG (s/d).
(6) Para maiores detalhes pode ser consultado o trabalho da CEMIG (s/d) op.cit.

 

BIBLIOGRAFIA

1 – CHAVES, P. C. Inventário de arborização urbana. Viçosa: DEF/UFV. 1996. 39p. (Monografia de graduação).

2 – TAKAHASHI, L. Y. Arborização urbana: inventário. In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO  URBANA, 2. 1994. São Luis. Anais… São Luis: SBAU. 1994. 193-198.

3 – SANTOS, E. dos Avaliação comparativa entre três métodos de inventário qualitativo da arborização urbana viária. Viçosa: UFV, 2000a (Exame de qualificação para doutoramento).

4 – SANTOS, E. dos Avaliação quali-quantitativa da arborização e comparação econômica entre a poda e a substituição da rede de distribuição de energia elétrica da Região Administrativa Centro-Sul de Belo Horizonte – MG. Viçosa: UFV, 2000b. (Tese de doutoramento).

5 – CEMIG Poda de árvores e arborização urbana: diretrizes para a adequação ambiental. Belo Horizonte: CEMIG, s/d. (não publicado).

Este trabalho foi apresentado em agosto de 2000 a pedido da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e da CETESB no seminário “OS Aspectos Relativos a Sistemas de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica”, e foi publicado em Urbana Paisagem: palestras e conferências: 2000-2002, em Edição do Autor em 2003.

Arborização e Áreas Verdes Urbanas: entenda como funcionam as análises através de índices

Arborização e Áreas Verdes Urbanas: entenda como funcionam as análises através de índices

O índice nada mais é que a representação com apenas um valor da relação existente entre dois ou mais valores. Assim, a análise levará em consideração números (adimensionais ou não) como valores comparativos. Para o caso de Viçosa, no conceito de arborização urbana, transformam-se os valores apresentados em índices que representam número de árvores por quilômetro de rua ou de calçada com a simples divisão de um valor pelo outro conforme o quadro 1.

Quadro 1 – Uso do número de árvores por quilômetro de calçada como índice comparativo, considerando-se duas calçadas regulares em cada rua.

O índice permite, assim, uma análise mais rápida, pois se vê que 3,25 representa uma distribuição de 13 árvores em 4 quilômetros de calçada, enquanto 0,30 representa uma distribuição de apenas 3 árvores em 10 quilômetros de calçada.

Para a análise no conceito de florestas urbanas substitui-se a medida linear por medida superficial e o número de árvores por cobertura vegetal medida em Km2 ou m2. Os índices encontrados deverão facilitar a comparação entre regiões, bairros ou entre cidades. Eventualmente os valores de área costumam ser substituídos por valores populacionais, partindo-se de uma premissa (contestável) de que 12 m2 de área verde por pessoa seja um parâmetro ideal para comparação. O quadro 2, adaptado de Machado et al (2010) mostra a análise comparativa entre regiões em termos percentuais e cobertura vegetal por habitante.

Quadro 2 – Cobertura vegetal por região administrativa em Teresina – PI.

Na análise do quadro 2 cabe um alerta para a inadequada interpretação quando se utiliza de diversos índices simultaneamente, pois, não necessariamente haverá lógica comparativa entre eles. Vê-se pelo quadro que a maior região em área (Sul) com 70,09 Km2 não é a que apresenta maior cobertura vegetal e nem a que apresenta maior índice de vegetação por habitante. Há que se considerar que o percentual de vegetação em área estará relacionado com ocupação do solo por construção ou, em última análise, com áreas livres de construção, ao passo que o índice de cobertura vegetal por habitante estará relacionado não só com áreas livres de construção como, também, com adensamento verticalizado. Assim, a análise de distribuição da vegetação no ambiente urbano deverá levar em consideração diversos aspectos e a escolha do índice adequado será em função do que se quer provar ou não e do que se quer realizar com o diagnóstico da arborização/florestas.

A figura 1 mostra uma alta densidade construída e populacional. Se uma favela não possui ruas convencionais, que se dirá de calçadas? Não há espaços entre casas e o adensamento populacional por casa é elevadíssimo (famílias com 7, 10 pessoas). Que índice seria mais indicado para ela se não há espaço para árvores?

Figura 1 – A favela como exemplo de alta densidade construtiva horizontale alta densidade populacional.

Já para um condomínio residencial horizontalizado com residências unifamiliares (figura 2) pressupõe-se a existência de ruas amplas com calçadas convencionais e confortáveis, onde é prevista, inclusive, uma arborização. As casas possuem jardins e quintais e o adensamento populacional é facilmente conhecido e controlável (famílias de quatro pessoas em média: casal com dois filhos).

Figura 2 – Condomínio horizontal como exemplo de baixa densidade construtiva e populacional.

Quando a ocupação do solo é verticalizada, seja em área comercial (centro) seja em condomínios verticais (figuras 3 e 4), embora a ocupação do solo construído possa ser organizada com ruas e calçadas convencionais, o que se tem são áreas de pilotis (rodapés de edifício) com uma diminuta área verde a ser dividida por uma imensa população distribuída em diversos andares de moradia. Um adensamento dessa natureza jamais permitirá um índice de área verde adequado por habitante, por mais planejada que seja a ocupação.

Figura 3 – ocupação em centros comerciais. Fonte: Google (2015).

Figura 4 – ocupação por condomínios verticalizados. Fonte: Google (2015).

 

 

 

 

 

 

 

A análise da distribuição de árvores/florestas no ambiente urbano considerando-se as diferentes ocupações de moradia tem implicações diretas na qualidade de vida quer seja na qualidade do ar, no sombreamento ou na impermeabilização do solo. De que adianta determinar índice de distribuição arbórea a posteriori se não se pode alterá-lo?

 

Bibliografia citada:

MACHADO, R. R. B.; PEREIRA, E. C. G.; ANDRADE, L. de H.C. Evolução temporal (2000-2006) da cobertura vegetal na zona urbana do município de Terezina – Piaui – Brasil. REVSBAU, Piracicaba – SP, V.5, N.3, P.97-112, 2010.

Este artigo é um capítulo do livro “DIAGNOSE QUALITATIVA DE FLORESTAS URBANAS”, Edição do Autor, publicado em 2015.

Como reduzir os riscos de incêndios em florestas plantadas?

Como reduzir os riscos de incêndios em florestas plantadas?

O Brasil é um dos principais produtores de celulose, papel e painéis de madeira do mundo, com toda sua matéria prima oriunda das florestas plantadas. Tais florestas, exercem papel relevante nos aspectos econômicos, sociais e ambientais, por que contribui com a balança comercial brasileira, gera emprego e renda em todas as regiões do Brasil e, ainda proporciona a preservação e conservação ambiental, uma vez que as florestas plantadas minimizam a supressão de florestas nativas.

No entanto, para a obtenção destes benefícios para a sociedade, torna-se necessário um planejamento florestal estratégico, no intuito de reduzir os riscos de perda da matéria prima, prevendo-se a proteção dos povoamentos florestais através de planos contra o ataque de pragas e incêndios florestais. A figura do gestor florestal e proprietário de áreas com florestas plantadas deve-se atentar na elaboração e execução de planos de prevenção.

Os incêndios florestais representam um grande fator de risco para os plantios florestais brasileiro, principalmente pelas condições climáticas do País propensas ao início da combustão da biomassa vegetal. A prevenção dos incêndios podem ser uma grande ferramenta para o gestor florestal, tendo em vista que representa o trabalho mais importante de um sistema de controle de incêndios.

A prevenção de incêndios é um conjunto de medidas para a redução de incêndios em florestas plantadas, trazendo inúmeros benefícios para quem a adota.

A importância da gestão e ordenamento florestal

Os incêndios florestais, em sua maioria, podem ter suas causas associadas as condições ambientais adversas (altas temperaturas, baixa umidade do ar, relevo acidentado, dentre outros) e também provocadas pelo homem. Tais agentes apresentam ameaças ao planejamento florestal, diante disso, deve-se estabelecer estratégias no intuito de reduzir os riscos de incêndios, e consequentemente, prejuízos econômicos a produção florestal. Assim, torna-se necessário estabelecer uma série de medidas para prevenção dos incêndios em os povoamentos florestais.

redução de riscos de propagação de incêndios em áreas florestais pode ser conseguida através da implantação das seguintes técnicas preventivas pelo Gestor Florestal:

1) Zoneamento de risco de incêndio

Por mais que não seja entendida como uma técnica, pode contribuir na tomada de decisões e planejamento na prevenção e combate dos incêndios florestais. Tem por finalidade estabelecer zonas de riscos em toda propriedade, devendo ser examinados os seguintes fatores:  as características topográficas, o tipo de cobertura vegetal e a quantidade desta acumulada, a proximidade com povoamentos e estradas, o uso do solo com propriedades confrontantes, a existência de caminhos e aceiros, a disponibilidade de recursos hídricos e o histórico da ocorrência de incêndios no local.

Para o melhor planejamento das ações preventivas, deve-se realizar o zoneamento de risco com base em informações cartográficas, em levantamentos de fisionomia, dados climáticos e históricos de ocorrência de incêndios.


2) Construção e manutenção de aceiros

Podem ser compreendidos como faixas de livre de vegetação, cujo objetivo é quebrar continuidade dos combustíveis é segregar os combustíveis disponíveis para combustão, onde o solo mineral é exposto, distribuídos através da área florestal, de acordo com as necessidades de proteção. Os aceiros podem ser de barreiras naturais, como estradas e curso d’agua, ou construções especificas para impedir ou dificultar a propagação dos incêndios.

Para a construções de aceiros, o gestor florestal deverá conhecer o tipo de material combustível predominante na área, a configuração do terreno da propriedade e as condições meteorológicas esperadas na época de ocorrência de incêndios, para assim, definir sua largura. Esta, não pode ser inferior a 5 m e, em locais de vulnerabilidade, podem chegar a 50 m. Em povoamentos florestais comerciais, uma rede de aceiros devem constituir os plantios, variando sua largura de acordo com a sua importância estratégica.

3) Redução do material combustível

Outra medida preventiva para redução de incêndios é a diminuição de materiais combustíveis nos plantios florestais. Tem por finalidade reduzir a intensidade do fogo e dificultar a sua propagação, reduzindo a disponibilidade do combustível. Dentre os métodos utilizados para a redução dos materiais combustíveis, estão: métodos químicos, mecânicos, pastoreio e a queima controlada. Dentre eles, o mais econômico, porém mais arriscado, é a queima controlada que pode ser realizada no interior na floresta, desde de que as espécies (s) sejam resistentes ao fogo.

4) Torres automatizadas de monitoramento florestal

Outra solução que pode ser adotada pelo gestor florestal no intuito de reduzir ou mesmo evitar a propagação do fogo é o uso de um conjunto de tecnologias integradas em torres automatizadas de monitoramento de incêndios florestais.

No Brasil, tem sido cada vez mais comum o uso desta tecnologia. A empresa brasileira COALTECH, desenvolveu um sistema conhecido por SYSFOREST, que dispensa o uso de torristas ou detecção manual de focos de fumaça/incêndios em florestas plantadas ou áreas nativas, de modo a poupar-se tempo e dinheiro.

A tecnologia oferece uma série de benéficos ao planejamento florestal a curto, médio e longo prazo.

Para quem busca soluções tecnológicas, inovadoras e sustentáveis para prevenção e combate a incêndios florestais em áreas de plantios comerciais florestais, o SYSFOREST é um ótimo produto oferecido atualmente no mercado brasileiro, trazendo um robusto conjunto de especificações técnicas. Trata-se de um sistema completo a bordo em uma torre de vigilância automatizada, contendo uma série de aparatos tecnológicos para identificação de focos de incêndios, como também discrimina as condições do tempo nas áreas florestais.

Dentre as tecnologias acopladas nas torres, destacam-se um conjunto de câmeras, as quais oferecem excelente qualidade de imagem independentemente das condições de iluminação e do tamanho das áreas monitoradas. Além disso, todo o sistema é abastecido por meio da energia solar, captada por uma série de painéis solares acoplado a torre de observação.

É uma ferramenta de grande contribuição para com o planejamento florestal, reduzindo os riscos de incêndios florestais, diminuindo custos operacionais e otimizando a gestão dos recursos florestais da propriedade.

5) Construção de açudes

Podem ser constituídos de simples barragens de terra ao longo de pequenos cursos d’agua, trazendo uma série de benefícios a propriedade florestal para redução de incêndios. Além de serem pontos estratégicos de captação de água para combate aos incêndios, influem beneficamente no microclima local, através do aumento da superfície de evaporação, e consequentemente, da umidade relativa do ar.     



6) Cortinas de segurança

São técnicas que alteram a inflamabilidade do material combustível. Áreas com grandes extensões plantadas com espécies altamente combustíveis, sujeitas a incêndios de copa, o estabelecimento de faixas de espécies menos inflamáveis para reduzir a propagação de possíveis incêndios.

A implantação de vegetação com folhagem menos inflamável, é uma prática eficiente para reduzir a propagação do incêndio, pois dificulta o acesso do fogo às copas, facilitando o combate.

7) Silvicultura preventiva

Trata-se do manejo das plantações de florestas nativas ou plantadas com o propósito de modificar a estrutura do material combustível disponível afim de satisfazer os objetivos da proteção contra incêndios, associando esta ao melhoramento da produção e a qualidade do ambiente.

silvicultura preventiva possui uma série de técnicas que podem ser adotadas a curto, médio e longo prazo. Dentre as técnicas de curto e longo prazo, podem–se mencionar:


– Operações de manejo;

– Ações de ruptura de continuidade interna nas massas florestais;

– Diversificação de espécies;

– Poda de arvores e retirada de vegetação de sub-bosque;

– Redução do material combustível.

As ações a longo prazo adotadas pela silvicultura preventiva devem estar alinhadas as atividades de proteção contra incêndios com as de manejo dos recursos florestais.

Por CentralFlorestal.

‘Cidade das Árvores’ vai orientar população sobre preservação e plantio de espécies adequadas a área urbana no MS

Pós-graduação em Gestão da Arborização Urbana e do Paisagismo

Com o objetivo de orientar a população sobre a importância da preservação e de se plantar árvores adequadas para áreas urbanas foi lançado na manhã desta terça-feira (3), em Campo Grande, o projeto Cidade das Árvores. Iniciativa da TV Morena, conta com a parceria da prefeitura de Campo Grande, da concessionária de energia elétrica, Energisa, e do Ministério Público Estadual (MP-MS).

No lançamento do programa, na sede da TV Morena nesta manhã, o diretor de Marketing da Rede Matogrossense de Comunicação (RMC), Antonio Alves, destacou que o fato de Campo Grande ser a capital mais arborizada do país.
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“Como veículo de comunicação temos noticiado situações envolvendo árvores, como quedas de árvores de grande porte ou os problemas que o uso de uma espécie inadequada pode trazer. Mas queríamos fazer mais, daí nasceu o Cidade das Árvores. Buscamos a parceria com o Poder Público e como a iniciativa privada, para que por meio de uma campanha educativa, possamos dar luz a iniciativas positivas”, explicou.

Antonio Alves adianta que já a partir deste mês de julho e até dezembro, a TV Morena e o portal de notícias da Globo – G1 – farão coberturas das principais ações do projeto, ressaltando a importância da preservação e do plantio de espécies adequadas de árvores.

O prefeito Marquinhos Trad (PSD) ressaltou que a iniciativa é excelente e que o município não poderia deixar de ser parceiro. Ele reiterou o que disse Alves sobre o orgulho de Campo Grande ser a capital mais arborizada do Brasil e que isso, além de melhorar a qualidade de vida da população e embelezar a cidade traz muita responsabilidade.

Trad lembrou que sozinho o município não consegue atender todas as demandas da população, para, por exemplo, fazer a poda de árvores, que pela localização ou estado sanitário, ameaçam imóveis, rede elétrica e vias públicas. O índice é de 96,4%, ou seja, que de cada 100 edificações particulares, 96 possuem árvores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Temos quatro equipes e cerca de 25 homens trabalhando neste serviço, mas é pouco para atender a demanda da cidade. A partir do momento em que assinamos esse convênio, vamos ter condições de ter uma cidade mais arborizada. A cidade é de todos, ninguém consegue administrar sozinho. A participação de empresas, instituições e órgãos é sempre bem vinda”, ressaltou.

Já o presidente da Energisa-MS, Marcelo Vinhaes, revelou que um dos aspectos do programa que mais chamou a atenção da concessionária e a levou a ser parceria da iniciativa foi a questão educacional. “A assinatura desde projeto possibilitando trabalhar a questão da educação, da conscientização, partindo desde as crianças até os adultos, vai possibilitar estarmos fazendo a orientação sobre qual árvore deve ser plantada embaixo da rede, como deve ser feita a poda e ainda os cuidados que se deve ter com uma árvore para que ela não cause transtornos futuramente, porque se a gente se descuida disso, pode ser prejudicial a sociedade. A cidade arborizada é uma coisa fantástica, mas como outros parceiros do programa disseram, demanda responsabilidade”, destacou.

Por sua vez, o procurador-geral do MP-MS, Paulo Passos, comentou que o papel da instituição na parceria vai ser interagir tanto com a iniciativa privada quanto com o Poder Público, nas questões envolvendo a orientação da população e ainda na fiscalização das ações executadas, para que procedimentos, como o corte e as podas das árvores, por exemplo, obedeçam a legislação do município e da União, de modo a assegurar um meio ambiente seguro e saudável para os moradores.

O programa
De acordo com o diretor de Marketing da Rede Matogrossense de Comunicação (RMC), o programa Cidade das Árvores será implementado por meio de três estratégias:

  • Educação ambiental – Durante todo o desenvolvimento da iniciativa serão realizadas ações de educação ambiental com moradores e/ou proprietários de áreas direta ou indiretamente afetadas pelas intervenções de diagnóstico, plantio, manejo das árvores ou interferências com diversos elementos que compõem uma cidade, destacando a rede de distribuição de energia.
  • Plantio – Orientação e plantio de espécies adequadas nas áreas direta ou indiretamente afetadas pelas intervenções;
  • Manejo – Diagnóstico quanto ao estado fitossanitário e manejo das árvores nas áreas direta ou indiretamente afetadas pelas intervenções.

Ele comenta ainda que será elaborado um plano de ação que detalhará todas as medidas que serão implementadas, os responsáveis, prazos, áreas de intervenção, insumos necessários, metodologia de trabalho, estratégias de acompanhamento, monitoramento e avaliação dos resultados.

Fonte: G1 MS