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O que são microrganismos? Veja a importância no solo!

O que são microrganismos? Veja a importância no solo!

O solo é considerado o ecossistema mais biodiverso do planeta, em razão da grande quantidade e diversidade de microrganismos. Estima-se que, em apenas 1 colher de chá de solo, possam existir mais de 50 bilhões de microrganismos. Esses seres podem favorecer, entre outras coisas, a resistência, produtividade e qualidade das culturas agrícolas. Mas o que são microrganismos?

 

O que são microrganismos? Veja a importância no solo!

 

A saúde do solo, essencial para um bom cultivo, depende diretamente da quantidade de microrganismos ali presentes.

É através desses pequenos seres vivos que a terra ganha suas propriedades produtoras, deixando de ser um composto de rocha para se tornar o solo fértil que poderá ser utilizado.

Os microrganismos sempre estiveram presentes e são, em sua maioria, seres que vivem em contato direto com a terra e que, por fazerem daquele ambiente seu habitat.

Acabam influenciando de maneira positiva na qualidade do solo daquele espaço.

 

 

O que são os microrganismos?

Os microrganismos são seres extremamente pequenos! Para se ter ideia, alguns deles possuem uma célula ou nenhuma. Isso mesmo, nenhuma!

Por conta do tamanho, são invisíveis à olho nu e só podem ser vistos com a ajuda do microscópio. São eles: vírus, bactérias, protozoários, fungos e vermes. Que apesar de pequenos são capazes de causar doenças gravíssimas para todos os humanos e demais seres vivos.

Todo ser que vive em nosso planeta possui microrganismos e a gente já te adianta que nem todos os são maléficos para a vida humana. Hoje vamos abordar sobre os microrganismos no solo, vamos lá?

 

Qual é a importância dos microrganismos?

Os microrganismos do solo são uma parte indispensável dos agroecossistemas. Sendo responsáveis por desempenhar diversas funções importantes que vão desde participação na ciclagem de nutrientes à promoção do crescimento das plantas.

Avalia-se que 97% de todos os microrganismos conhecidos sejam benéficos a outros organismos, como as plantas, formando um verdadeiro exército do bem que auxilia o agricultor no manejo das lavouras.

 

Os diferentes tipos de microrganismos no solo

Os microrganismos podem ser divididos entre diversos seres vivos, desde bactérias e fungos, até algas. Cada solo possui suas principais características e a forte presença dos microrganismos, faz com que o uso de produtos químicos seja facilmente dispensável. Uma vez que o equilíbrio do solo é atingido de forma natural.

Dentre os principais grupos de microrganismos do solo, algumas espécies têm se destacado frente ao potencial dos seus benefícios no meio agrícola, como:

  • Bradyrhizobium japonicum;
  • Bacillus amyloliquefaciens;
  • Trichoderma harzianum;
  • Metarhizium anisopliae;
  • Azospirillum brasilense;
  • Paenibacillus ;
  • Bacillus megaterium;
  • Bacillus aryabhattai;
  • Beauveria bassiana;
  • Bacillus subtilis;

 

Benefícios de fungos e bactérias para a lavoura

Embora não sejam vistos, fungos e bactérias sustentam toda a vida que pulsa no solo. Nesse sentido, um solo vivo e saudável é indispensável para uma lavoura produtiva. Com as condições que podem garantir a expressão de todo o potencial do plantel cultivado.

Por essa razão, é tão importante que essa comunidade se mantenha ativa e receba condições de continuar oferecendo os benefícios que as plantas não dispensam. Veja a seguir o que o produtor e a lavoura ganham com o trabalho de fungos e bactérias no solo.

 

Promovem a reciclagem da matéria orgânica

O primeiro aspecto do trabalho de fungos e bactérias no solo é a atuação deles como decompositores. Durante o processo de reciclagem, há uma fase intermediária na qual a matéria orgânica sob ação desses microrganismos se transforma em húmus.

O húmus é o principal responsável pela qualidade de frescor e umidade do solo. Essencial para um bom desenvolvimento do sistema radicular. Além de manter as temperaturas mais amenas, apresenta grande capacidade de retenção de umidade. Evitando que a água do solo se disperse ou evapore.

 

Disponibilizam nutrientes para as plantas

Pela decomposição da matéria orgânica, fungos e bactérias degradam a matéria orgânica até a liberação de seus componentes minerais que constituem os nutrientes indispensáveis às plantas.

 A liberação de minerais representa a fase final do processo de decomposição, isto é, a missão cumprida daqueles microrganismos no processo de reciclagem.

Existem ainda outras formas pelas quais esses grandes parceiros do solo e das plantas facilitam o acesso a nutrientes: são as parcerias tecnicamente denominadas de simbiose.

 

Participam de simbiose com as plantas

Simbioses são relações entre seres vivos do tipo ganha-ganha, isto é, todos saem ganhando com a relação. Uma das simbioses entre bactérias e plantas mais exaustivamente estudadas é a da fixação do nitrogênio do ar: as plantas abrigam as bactérias em suas raízes e recebem nitrogênio em troca.

Embora cerca de 78% do ar seja constituído por nitrogênio, a forma gasosa (N2) em que esse elemento se encontra não é absorvida pelas plantas. O que as bactérias fazem é pegar esse nitrogênio gasoso e transformá-lo em amônia (NH3), forma que a lavoura utiliza e agradece.

 

Funcionam como indicadores da qualidade do solo

A biomassa microbiana (conjunto dos microrganismos do solo) é um dos principais indicadores microbiológicos de qualidade do solo.

Assim, as porções vivas da matéria orgânica do solo (bactérias, fungos e outros microrganismos) são, além de tudo, um importante reserva de nutrientes capazes de se tornarem disponíveis às plantas devido à sua rápida reciclagem.

Como é bastante dinâmica e facilmente influenciada pelas formas de uso e manejo do solo, ou qualquer outro distúrbio ocasionado. Sua avaliação permite qualificar as condições do solo. Por essa razão, constituem excelentes indicadores da qualidade da saúde do solo.

 

Solos no Brasil

 

Recuperar solos degradados

Fungos e bactérias têm eficácia na recuperação de solos degradados. Mesmo em áreas de solo completamente exposto. A presença de fungos e bactérias permite uma revegetação mais acelerada, viabilizando sua recuperação.

A atuação dos microrganismos no solo facilita a disponibilidade de água, nitrogênio e fósforo para as plantas. Trabalhos de fitotecnia e seleção de estirpes permitem definir os melhores microrganismos para cada lavoura.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Portanto, podemos concluir que os microrganismos do solo são essenciais para a nutrição de plantas e devem sempre ser preservados pelo agricultor. Com a escolha adequadas de práticas de manejo dos sistemas agrícolas, usando fertilizantes adequados e que favoreçam a saúde da microbiota do solo.

Em caso de dúvidas, é importante consultar um especialista da área, que irá te orientar de forma segura. Gostou de nosso artigo? Compartilhe e comente!

Escrito por Michelly Moraes.

Microrganismos compõem o sistema imunológico do solo e impactam a saúde das plantas

Microrganismos compõem o sistema imunológico do solo e impactam a saúde das plantas

Novas descobertas sobre a relação da composição e o funcionamento de comunidades microbianas complexas do solo durante a interação com a planta revelaram que os microrganismos do solo são fundamentais, uma vez que, dentre as diversas funções desempenhadas pelo microbioma – conjunto de microrganismo do solo, estão o efeito na fisiologia e metabolismo da planta, a aquisição de nutrientes, a tolerância contra estresses abióticos – tolerância ao frio ou a seca, além de proteção contra patógenos.

Conforme o chefe de P&D da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), Rodrigo Mendes, que estuda o uso de técnicas avançadas de biologia molecular no esclarecimento de mecanismos envolvidos na supressão específica de doenças do solo, “o conjunto desses benefícios resultam no crescimento e desenvolvimento de plantas de forma produtiva e saudável”.

A comunidade microbiana do solo interage com a planta, ajuda na aquisição de nutrientes para seu crescimento  – fixam nitrogênio, disponibilizam nutrientes do solo como fósforo, entre outros, age na tolerância contra a seca, presença de substâncias tóxicas entre outras, além de proteger contra o ataque de doenças.

Para o pesquisador, em busca de uma agricultura sustentável, os microbiomas podem desempenhar um papel importante, já que no caso da proteção de plantas contra doenças causadas por patógenos de solo, os solos supressivos, que suprimem o aparecimento de populações de patógenos, são um exemplo de como o entendimento dessa proteção representa uma possibilidade na redução do uso de pesticidas.

Se houver um surto de alguma doença na planta, a biota do solo pode desenvolver mecanismos que barrem essa doença, normalmente aumentando a população de determinados microrganismos antagônicos.

Se for implementado um cultivo de outras plantas que não sejam susceptíveis ao ataque daquela doença por várias safras, e depois voltar a cultivá-la, a proteção volta a se manifestar, agindo mesmo como se o solo tivesse desenvolvido uma “vacina” contra aquele patógeno.

Da mesma forma que o sistema imunológico humano é dividido em imunidade natural (resposta imune inata) e imunidade adaptativa (resposta imune adquirida), os solos supressivos compartilham de características semelhantes. Também existem dois tipos de supressão de doenças de solo – a supressão geral, baseada na atividade microbiológica e a competição do microbioma do solo, universal a todos os solos e a supressão específica, atribuída pela ação de microrganismos específicos do microbioma contra um determinado patógeno.

Rodrigo explica que a supressão específica age como uma vacina. Ela é induzida após um surto da doença em campos cultivados sucessivamente por uma mesma cultura. Com o estabelecimento da supressão específica, mesmo se mantendo a planta hospedeira suscetível na presença do patógeno do solo, o nível da doença é drasticamente reduzido, já que quando a planta não tem imunidade para aquela doença, pode ser colocado um microrganismo ou um conjunto de microrganismos que tornarão este solo capaz de inibi-lo naquela cultura.

“É interessante notar que se em um novo ciclo for introduzida uma cultura que não é hospedeira da doença, a supressão específica pode se dissipar, mas retorna rapidamente quando a cultura hospedeira da doença é reintroduzida no mesmo campo”, diz o pesquisador. Assim, a supressão geral de solos (imunidade já existente) é uma resposta rápida e não específica que oferece a primeira linha de defesa do hospedeiro contra a invasão de um patógeno.

Por outro lado, a supressão específica de doenças do solo e a resposta imune adquirida em humanos precisam de uma exposição prévia ao patógeno, específica a um agente infeccioso e é ativado pelo contato com o patógeno despertando a memória do sistema de defesa. No caso das plantas, a defesa é mantida pelo enriquecimento e ativação de membros específicos do microbioma que antagonizam o patógeno.

O uso de técnicas avançadas de biologia molecular busca explicar mecanismos envolvidos na supressão específica de doenças de solo. No primeiro contato do patógeno com a planta, ocorre a liberação de metabólitos que provocam reações na planta e no microbioma que ocupa a rizosfera, que é a região onde o solo tem contato direto com o sistema radicular da planta.

A interação complexa entre o patógeno, a planta e o microbioma resulta na reestruturação do microbioma da rizosfera e na ativação de funções que blindam o sistema radicular contra a invasão do patógeno.

Esse fenômeno de supressão específica, descrito em várias regiões do mundo em diferentes culturas ,sugere que pode existir uma abordagem universal para engenheirar microbiomas de solos supressivos com a finalidade de diminuir a dependência de pesticidas.
Similarmente ao uso de vacinas em humanos, a resposta imune adquirida de solos pode ser explorada para o desenvolvimento de estratégias para manipular o microbioma dos solos em benefício da saúde das plantas. “Essa mudança de abordagem pode contribuir para a segurança alimentar”, acredita o pesquisador.

Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente

Por: Embrapa