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Maio registra maior taxa de desmatamento da história na Amazônia

Maio registra maior taxa de desmatamento da história na Amazônia

No último mês, chamaram a atenção informações divulgadas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e confirmadas pelo governo federal, de que o ano de 2018 registrou os maiores números de desmatamento na região amazônica de toda a história. E essa tendência se acentuou em 2019, com os dados mais recentes mostrando, para os primeiros 15 dias de maio, que o desmatamento em maio tem sido o dobro do registrado no mesmo período de 2018. O Ambiente é Nosso Meio, com Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP e do Projeto Temático Fapesp – Governança Ambiental da Macrometrópole Paulista, traz um panorama sobre a situação, escute aqui.

Desde 2003, o desmatamento na Amazônia apresentava uma clara redução, o que continuou até 2011, explica o professor Côrtes. Desde então, ele voltou a crescer. Este ano, houve uma diminuição no número de multas e, ao mesmo tempo, um aumento significativo no desmatamento. “Até metade de maio, o Ibama emitiu 35% menos multas que no mesmo período do ano passado. Em 2018, foram emitidas 1.290 multas e, este ano, 850”, relata o professor, e acrescenta: “No ICMBio, a situação também é similar. Entre 1º de janeiro e 15 de maio foram aplicadas, praticamente, metade das multas que no mesmo período em 2018”.

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O Estado de S. Paulo constatou que, no ICMBio, 354 autos de infração estão aguardando homologação do presidente do órgão para serem cobrados. Ou seja, são multas emitidas por agentes que estão paradas por ineficiência burocrática. O valor das cobranças pendentes soma R$ 146 milhões. Quando procurado, o Ministério do Meio Ambiente não se manifestou. Para Côrtes, esse cenário representa, na prática, um incentivo ao desmatamento. As multas foram reduzidas e, quando emitidas, não há cobrança.

Fonte: CicloVivo

 

Genótipo e Fenótipo e a Interação no Melhoramento de Plantas!

Genótipo e Fenótipo

 

Conhecer a interação entre o genótipo e fenótipo no ambiente é fundamental para o sucesso do programa. A relação dos genótipos com os ambientes abrange todos os tipos de organismos vivos (plantas, humanos, bactérias).

A disponibilidade de terras altamente produtivas para o estabelecimento de cultivos está reduzindo cada vez mais em todo o mundo, em virtude da competição com a agricultura, urbanização e uso da água.

Assim, há a expansão dos plantios agronômicos e florestais para novas áreas, as quais são geralmente alvo de perturbações de caráter climático, edáfico e biótico (BRAWNER et al., 2013).

Nesse sentido, cultivos são implantados em locais que possuem condições ambientais distintas, levando a respostas diferenciadas e performances inconsistentes dos materiais genéticos.

Com isso, há a necessidade da realização de estudos de interação G x A para subsidiar os programas de melhoramento florestal (Hardner et al., 2011).

O genótipo é a constituição genética total de um organismo, ou seja, é a sequência de nucleotídeos do DNA.

Já o fenótipo é a expressão de uma característica, que depende do genótipo e do ambiente, que são as circunstâncias ao redor de um organismo ou grupo de organismos e que afetam o seu crescimento e desenvolvimento.

A interação é baseada na ação que se estabelece entre eles, seja ela recíproca ou de um sobre o outro.

 

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Importância da interação genótipo e fenótipo

A importância da interação para o melhorista está na identificação do melhor genótipo para cada ambiente específico.

O teste da interação do genótipo com o ambiente pode demandar tempo e dinheiro no programa de melhoramento.

Dessa forma, seu trabalho deve ser cuidadoso, porque um genótipo pode não ser adequado para um ambiente, mas pode ter desempenho satisfatório em outro.

Dentro desse contexto, a simples identificação de interação G x A per se não proporciona informações completas e exatas sobre o comportamento de cada genótipo frente às variações ambientais, sendo necessário o conhecimento da magnitude dessa interação.

Para isso, análises de adaptabilidade e estabilidade genotípica devem ser realizadas, tornando possível a identificação de cultivares com comportamento previsível e que sejam responsivos às variações ambientais, em condições específicas ou amplas (Matheson; Cotterill, 1990; Cruz; Regazzi, 1994; Nunes et al., 2002; Hardner et al., 2010; Hardner et al., 2011).

 

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Caracterização da interação

A interação G x A é caracterizada como o desempenho inconsistente de diferentes materiais genéticos em distintos ambientes/sítios de uma rede experimental (Pswarayi et al., 1997; Osorio et al., 2001).

Em que, quando a interação G x A é significativa, o melhorista determina zonas de recomendação de clones diferentes para cada tipo de sítio ou seleciona genótipos que apresentam desempenho satisfatório em todos os ambientes (Osorio et al., 2001).

Dessa forma, a presença de interação G x A constitui-se em um dos maiores problemas na recomendação de genótipos superiores, por reduzir a taxa de progresso num programa de melhoramento de qualquer espécie (Muneri; Raymond, 2000).

 

Genótipo e Fenótipo

 

Tipos de interação genótipo e fenótipo

As interações podem ser simples ou cruzadas. A interação simples, também chamada de quantitativa, acontece quando há mudança na magnitude de performance dos genótipos, mas seu ordenamento permanece inalterado em diferentes ambientes. Assim, indicam que as populações são geneticamente heterogêneas e os ambientes homogêneos, ou vice-versa.

Já a interação cruzada, também conhecida como qualitativa, em que há respostas diferenciadas dos genótipos nos diferentes ambientes, alterando a classificação, sendo importante para manutenção da variabilidade genética e na adaptação de espécies. Pode ocorrer ausência de interação quando as condições ambientais não alteram o comportamento dos genótipos, afetando o comportamento deles de maneira igual.

Objetivando classificar os tipos de interação de acordo com as magnitudes das diferenças entre genótipos e entre ambientes, Dunlop (1962) sugeriu quatro tipos de interações:

  • (a) “grande x grande” é o tipo de interação em que as diferenças entre os genótipos, assim como as diferenças entre os ambientes, são relativamente grandes;
  • (b) “grande x pequeno” se caracteriza quando as diferenças entre os genótipos são relativamente grandes (por exemplo, espécies ou procedências), enquanto os ambientes pouco diferem;
  • (c) “pequeno x grande” é o tipo de interação onde os genótipos possuem baixo grau de diferenciação (famílias ou clones), enquanto os ambientes são consideravelmente distintos (por exemplo áreas marcadas por histórico de fertilização diferentes);
  • (d) “pequeno x pequeno” é o tipo de interação em que os genótipos são similares (famílias e clones) e os ambientes pouco diferem, podendo ser repetições em blocos dentro de um sítio. Dessa forma, tais diferentes situações poderão fazer parte de um programa de melhoramento dependendo da fase em que ele se encontra.

Considerando o objetivo do melhoramento em obter genótipos produtivos e de qualidade, geralmente, a interação G x A não é desejável, por inviabilizar o desenvolvimento de uma única unidade de recomendação de clones.

 

Pós-Graduação em Melhoramento Genético Agronômico

 

Efeitos da interação genótipo e fenótipo

Com isso, Vencovsky e Barriga (1992) citam alternativas para atenuar os efeitos dessa interação:

  • (1) identificar genótipos específicos para cada ambiente;
  • (2) promover subdivisões de uma área heterogênea em sub-regiões mais uniformes, de modo que os genótipos não interajam significativamente com os ambientes;
  • (3) identificar genótipos com maior estabilidade fenotípica.

De acordo com Ramalho et al. (1993) e Cruz e Regazzi (1994), na maioria das vezes, a opção mais utilizada é a (2), seguida pela opção (1) dentro da (2). O item (3) requer análises mais aprofundadas sobre o desempenho genotípico, com base nos parâmetros adaptabilidade e estabilidade, pelos quais se torna possível a identificação de cultivares de comportamento previsível e que sejam responsivos às variações ambientais, em condições específicas ou amplas.

 

Métodos de Melhoramento Genético Florestal

O Diagnóstico Ambiental e as Áreas de Influência

O Diagnóstico Ambiental e as Áreas de Influência

 

Uma das principais questões levantadas na realização do processo de Avaliação de Impactos Ambientais, assim como na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental EIA/RIMA, é o estabelecimento das áreas de influência, ou seja, as áreas onde são esperados os impactos diretos e indiretos decorrentes sobretudo da instalação e operação do empreendimento. Entre outros aspectos, essa delimitação define a abrangência do diagnóstico ambiental (meio físico, biótico e socioeconômico), os custos para a elaboração do EIA/Rima, as medidas de mitigação, monitoramento e compensação ambiental, bem como o prognóstico ambiental.

 

Os âmbitos da área de influência

Usualmente, e tal como prevê a legislação, a área de influência é delimitada em três âmbitos: Área de Influência Indireta, Área de Influência Direta e Área Diretamente Afetada.

Área de Influência Indireta corresponde a áreas onde os efeitos são induzidos pelas ações de implantação e operação do empreendimento, como consequência de uma ação específica do mesmo ou de um conjunto de ações interdependente e não como consequência de uma ação específica do mesmo.

Área de Influência Direta abrange áreas circunvizinhas a área de implantação do projeto que poderão ser atingidas pelos impactos potenciais diretos da implantação e operação do empreendimento, em vista da rede de relações físicas, bióticas, sociais, econômicas e culturais estabelecidas.

Considera-se a Área Diretamente Afetada, a área necessária para a implantação do empreendimento, incluindo suas estruturas de apoio, vias de acesso privativas que precisarão ser construídas, ampliadas ou reformadas, bem como todas as demais operações unitárias associadas exclusivamente à infraestrutura do projeto, ou seja, de uso privativo do empreendimento.

Essas configurações territoriais, na verdade, são sínteses de rebatimentos de impactos que podem ocorrer nos meios físico, biótico, socioeconômico, cultural e institucional. Mais que isso, há situações em que uma dada área de influência, por exemplo a Área de Influência Indireta, se diferencia para cada meio na ambiência local e/ou regional, desenhando contornos próprios, tendo-se dessa forma mais que três áreas que se superpõem.

Partindo-se do princípio de que um estudo ambiental deve convergir para a análise de impactos ambientais e sendo o diagnóstico ambiental a sua base, a definição da área de influência do empreendimento deverá permitir uma análise interpretativa específica de parâmetros físicos, bióticos e antrópicos afetados direta ou indiretamente pelas ações de implantação e operação do empreendimento.

A delimitação das áreas de influência tem particular relevância num EIA/Rima, por exemplo, tanto que a Resolução Conama 01/86 a incluiu entre suas diretrizes gerais para fins de elaboração dos estudos prévios. Essa delimitação não pode ter como único referencial as obras de infraestrutura definitivas projetadas, mas sim a abrangência espacial provável de todos os impactos significativos decorrentes das intervenções no ambiente, em todas as fases do projeto.

 

Qual é a diferença entre área de influência e área de estudo?

É importante diferenciar o conceito de “áreas de influência” de “área de estudo”.

A área de estudo é definida como a região onde serão realizados os estudos de diagnóstico ambiental que subsidiarão a Avaliação de Impactos Ambientais. É na área de estudo onde são desenvolvidos os estudos para caracterização da situação atual dos diferentes fatores ambientais em cada meio.

A área de influência é definida somente após a avaliação dos impactos, tendo sua abrangência determinada de acordo com o poder de transformação dos impactos identificados nos meios físico, biótico e social.

 

Diagnóstico ambiental: meio físico, biótico e socioeconômico

A área de influência é considerada de modo diferenciado de acordo com o meio em que está sendo analisado e pelo aspecto ou fator ambiental.

O meio físico e biótico é tratado por muitos estudos de forma conjunta, sendo considerados como meio natural, principalmente, devido às relações intrínsecas que esses meios guardam na formação de ecossistemas e dos processos naturais. Já o meio socioeconômico ou antrópico apresenta, na maioria dos casos, áreas de influência diferentes, já que é levado em conta as interferências ocasionadas a toda população envolvida.

O meio físico contempla: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas.

Já o meio biológico e os ecossistemas naturais devem abranger: a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente;

Para o meio socioeconômico devemos considerar o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.

Para cada impacto negativo identificado, deverão ser propostas medidas e programas ambientais que visem sua mitigação, controle ou compensação. De forma contrária, os impactos positivos devem ser estimulados e ampliados. São os programas ambientais que nortearão as ações desenvolvidas para proteger o meio ambiente e a comunidade dessas modificações, sendo essenciais nos Estudos de Impacto Ambiental e para a manutenção da qualidade ambiental do ecossistema e da população afetados.

Fonte: Mata Nativa

Microrganismos compõem o sistema imunológico do solo e impactam a saúde das plantas

Microrganismos compõem o sistema imunológico do solo e impactam a saúde das plantas

Novas descobertas sobre a relação da composição e o funcionamento de comunidades microbianas complexas do solo durante a interação com a planta revelaram que os microrganismos do solo são fundamentais, uma vez que, dentre as diversas funções desempenhadas pelo microbioma – conjunto de microrganismo do solo, estão o efeito na fisiologia e metabolismo da planta, a aquisição de nutrientes, a tolerância contra estresses abióticos – tolerância ao frio ou a seca, além de proteção contra patógenos.

Conforme o chefe de P&D da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), Rodrigo Mendes, que estuda o uso de técnicas avançadas de biologia molecular no esclarecimento de mecanismos envolvidos na supressão específica de doenças do solo, “o conjunto desses benefícios resultam no crescimento e desenvolvimento de plantas de forma produtiva e saudável”.

A comunidade microbiana do solo interage com a planta, ajuda na aquisição de nutrientes para seu crescimento  – fixam nitrogênio, disponibilizam nutrientes do solo como fósforo, entre outros, age na tolerância contra a seca, presença de substâncias tóxicas entre outras, além de proteger contra o ataque de doenças.

Para o pesquisador, em busca de uma agricultura sustentável, os microbiomas podem desempenhar um papel importante, já que no caso da proteção de plantas contra doenças causadas por patógenos de solo, os solos supressivos, que suprimem o aparecimento de populações de patógenos, são um exemplo de como o entendimento dessa proteção representa uma possibilidade na redução do uso de pesticidas.

Se houver um surto de alguma doença na planta, a biota do solo pode desenvolver mecanismos que barrem essa doença, normalmente aumentando a população de determinados microrganismos antagônicos.

Se for implementado um cultivo de outras plantas que não sejam susceptíveis ao ataque daquela doença por várias safras, e depois voltar a cultivá-la, a proteção volta a se manifestar, agindo mesmo como se o solo tivesse desenvolvido uma “vacina” contra aquele patógeno.

Da mesma forma que o sistema imunológico humano é dividido em imunidade natural (resposta imune inata) e imunidade adaptativa (resposta imune adquirida), os solos supressivos compartilham de características semelhantes. Também existem dois tipos de supressão de doenças de solo – a supressão geral, baseada na atividade microbiológica e a competição do microbioma do solo, universal a todos os solos e a supressão específica, atribuída pela ação de microrganismos específicos do microbioma contra um determinado patógeno.

Rodrigo explica que a supressão específica age como uma vacina. Ela é induzida após um surto da doença em campos cultivados sucessivamente por uma mesma cultura. Com o estabelecimento da supressão específica, mesmo se mantendo a planta hospedeira suscetível na presença do patógeno do solo, o nível da doença é drasticamente reduzido, já que quando a planta não tem imunidade para aquela doença, pode ser colocado um microrganismo ou um conjunto de microrganismos que tornarão este solo capaz de inibi-lo naquela cultura.

“É interessante notar que se em um novo ciclo for introduzida uma cultura que não é hospedeira da doença, a supressão específica pode se dissipar, mas retorna rapidamente quando a cultura hospedeira da doença é reintroduzida no mesmo campo”, diz o pesquisador. Assim, a supressão geral de solos (imunidade já existente) é uma resposta rápida e não específica que oferece a primeira linha de defesa do hospedeiro contra a invasão de um patógeno.

Por outro lado, a supressão específica de doenças do solo e a resposta imune adquirida em humanos precisam de uma exposição prévia ao patógeno, específica a um agente infeccioso e é ativado pelo contato com o patógeno despertando a memória do sistema de defesa. No caso das plantas, a defesa é mantida pelo enriquecimento e ativação de membros específicos do microbioma que antagonizam o patógeno.

O uso de técnicas avançadas de biologia molecular busca explicar mecanismos envolvidos na supressão específica de doenças de solo. No primeiro contato do patógeno com a planta, ocorre a liberação de metabólitos que provocam reações na planta e no microbioma que ocupa a rizosfera, que é a região onde o solo tem contato direto com o sistema radicular da planta.

A interação complexa entre o patógeno, a planta e o microbioma resulta na reestruturação do microbioma da rizosfera e na ativação de funções que blindam o sistema radicular contra a invasão do patógeno.

Esse fenômeno de supressão específica, descrito em várias regiões do mundo em diferentes culturas ,sugere que pode existir uma abordagem universal para engenheirar microbiomas de solos supressivos com a finalidade de diminuir a dependência de pesticidas.
Similarmente ao uso de vacinas em humanos, a resposta imune adquirida de solos pode ser explorada para o desenvolvimento de estratégias para manipular o microbioma dos solos em benefício da saúde das plantas. “Essa mudança de abordagem pode contribuir para a segurança alimentar”, acredita o pesquisador.

Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente

Por: Embrapa

Águas cristalinas de Bonito são tomadas por lama

Águas cristalinas de Bonito são tomadas por lama

Foto: Rio Formoso/Semagro

Desde o final do ano passado, reportagens vem trazendo à tona o drama ambiental que está acontecendo em Bonito, destino que mais atrai turistas no Mato Grosso do Sul. O lugar que é famoso por suas águas cristalinas tem agora um dos seus rios, o Rio da Prata, ameaçado por um turbilhão de lama que não se sabe ao certo de onde vem. Tudo indica, no entanto, que só a confluência de fatores explica a situação.

Em novembro de 2018, o Rio da Prata ganhou um tom marrom-escuro. Naquele mês, segundo reportagem do UOL, a Polícia Ambiental do estado afirmou que a lama era oriunda do cultivo de soja da região. Após fortes chuvas, os sedimentos teriam escorrido até o rio. Inclusive, a secretaria do meio ambiente notificou duas fazendas que não haviam feito barreiras de contenção adequadas -, ambas suspeitas de serem responsáveis pela lama.

Na noite do último domingo (7), o programa Fantástico exibiu uma reportagem onde mostra que o caso está longe de ter uma solução e é muito mais grave do que uma situação isolada. As condições dos rios no entorno de Bonito estão preocupantes e eles têm ficado turvos com mais frequência nos últimos anos. Não só uma, mas uma série de intervenções humanas vêm ocorrendo na região.

Possíveis causas

Segundo apuração do programa dominical, drenos foram escavados por agricultores para escoar áreas alagadas, dando lugar ao plantio. Aliás, o Ministério Público afirma que somente um agricultor possui 46 quilômetros de drenos em sua propriedade, sendo mais da metade sem licença ambiental. O produtor em questão foi multado em mais de R$ 10 milhões. Existe ainda uma discussão se a área seria ou não de preservação permanente, a chamada APP, mas o caso ainda corre na Justiça.

Outro problema, é a falta de normas sobre o uso do solo. Somente no último mês de março é que o estado, por meio de decreto, estipulou que “as ações mecanizadas de preparo do solo nas propriedades rurais localizadas nos municípios de Bonito e Jardim apresentem à Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) um projeto técnico de manejo e conservação do solo e água antes de serem executados”.

Ainda foi apontado que novas estradas de terra abertas, algumas construídas na beira de rios, estão mais movimentadas. Elas também podem contribuir para o lamaçal que está virando as águas de Bonito.

A última matéria no site da prefeitura de Bonito sobre questões ambientais traz a história de uma fazenda que quer captar ilegalmente águas do Rio Formoso, outro rio importante da região, veja aqui. Após a exibição do caso no Fantástico nenhum órgão oficial se pronunciou.

Fonte: CicloVivo