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Tecnologia de aplicação para redução de pragas!

Tecnologia de aplicação para redução de pragas!

Com o uso maior de defensivos na produção agrícola, as pragas podem se tornar resistentes, fazendo com que o seu controle seja prejudicado ou até mesmo impossibilitado.

Pragas são todos os agentes invasores do ponto de vista da entomologia (insetos, ácaros, lesmas e caracóis) e da fitopatologia (fungos, bactérias, vírus etc) e também as plantas daninhas.

A resistência dessas pragas acontece quando há o uso indiscriminado de produtos agroquímicos por muito tempo, o que faz com que os agentes se tornem imunes aos seus princípios ativos, criando uma população mais forte e mais difícil de ser controlada.

O problema é que quando uma praga se torna resistente, ela prejudica a produção e aumenta a demanda por um investimento maior em soluções diferentes e eficazes.

A boa notícia é que com a adoção de algumas práticas, há a diminuição da probabilidade de aumento da incidência desses agentes, que é o tema do artigo de hoje.

Para entender melhor como isso é possível, confira, a seguir, algumas ações importantes na prevenção de pragas resistentes!

 

Tecnologia de aplicação para redução de pragas!

 

Aplicação do defensivo agrícola em doses recomendadas

Não há dúvidas que a tecnologia de aplicação de defensivos na produção agrícola reduz o número de pragas, aumentando a produção de uma forma eficiente.

No entanto, um dos problemas causadores da resistências de pragas e doenças nas culturas é o uso de doses exageradas de defensivos já que, ao longo do tempo, ele perde a eficácia a medida que as pragas se tornam mais fortes e imunes.

Para evitar perdas econômicas com o desperdício de produto e melhorar a produção, o indicado é que produtores e profissionais que lidam com a cultura sigam as recomendações de uso do defensivo, evitando o excesso.

Além dos cuidados com a dosagem, é muito importante verificar se os equipamentos de aplicação estão na regulagem correta, permitindo que apenas a dose necessária entre em contato com a superfície da folha.

 

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Rotação do princípio ativo do defensivo

Outro ponto relacionado a tecnologia de aplicação de agroquímicos é o seu uso prolongado de um mesmo princípio ativo. Isso porque, ao longo dos anos, ao escolher apenas um tipo de produto para fazer o controle de determinada praga se inicia o processo de se seleção natural, fazendo com que só os indivíduos mais fortes sobrevivam e reproduzam, criando uma população cada vez mais forte.

Com isso, quando se opta pela alternância ou rotação de princípios ativos do defensivo agrícola, esse processo de seleção se torna mais lento pois passa a ser necessária a adaptação dessas pragas a outro composto pouco utilizado.

 

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Aplicação de defensivos para o manejo integrado de pragas

Uma das formas mais eficazes de reduzir a incidência de pragas resistentes é o Manejo Integrado de Pragas, ou MIP. Essa tecnologia consiste em fazer com que a própria planta exerça uma resistência natural aos agentes patógenos, protegendo organismos benéficos à produção.

No MIP, primeiro deve ser feita a diagnose, ou seja, identificar corretamente a praga, identificar o que favorece a sua proliferação e os pontos críticos de controle.

Em seguida é preciso definir qual método é mais eficaz no controle e por fim, colocá-lo em prática.

 

Mancha de Calonectria

(Foto: Clonar)

 

No sistema de MIP o ideal é conciliar diversos métodos como feromônios, biopesticidas, erradicação dos hospedeiros e adubação equilibrada.

Entretanto, é relevante destacar que a escolha da ação deve levar em conta critérios técnicos, econômicos, sociais e ambientais.

Em geral, a variação das tecnologias e cuidados na aplicação para evitar o aumento da incidência de pragas varia de acordo com a necessidade de cada cultura, extensão do terreno, tipo de praga e condições climáticas.

 

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[PARTE 2] 9 estratégias anti-resistência de fungos a fungicidas são prioridade na agricultura

[PARTE 2] 9 estratégias anti-resistência de fungos a fungicidas são prioridade na agricultura

Como vimos na PARTE 1 (se não leu, clique aqui), a partir da demanda crescente de soluções na agricultura, foram criadas estratégias denominadas anti-resistência de fungos a fungicidas, que são formas de reverter o problema e evitar que a praga se torne mais forte.

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Confira mais algumas formas!

PARTE 2

Não utilizar fungicidas sistêmicos após o surgimento de uma epidemia

Quando uma doença atinge o grau máximo de severidade durante o ciclo de produção de uma cultura, chamada de epidemia, não é recomendado o uso de fungicidas, sobretudo os sistêmicos pois não serão eficientes no controle do problema, aumentam o custo de produção e elevam a pressão pela seleção dos fungos resistentes.

Os fungicidas protetores também devem ser evitados pois dificilmente surtirão efeito diante de uma situação dessa proporção. Nesse tipo de situação, deve-se aguardar o fim do ciclo de produção e o início de uma nova estação de cultivo, principalmente em culturas perenes.

Monitorar áreas de utilização de um produto sistêmico

Monitorar as áreas em que os fungicidas estão sendo empregados antes e depois da aplicação dos produtos é fundamental para o controle das doenças. Assim, quando for notado um aumento da população de fungos resistentes ao princípio ativo do fungicida, ainda haverá tempo para que as estratégias anti-resistência, como manejo de fungicidas e práticas culturais sejam adotadas sem que haja falta ou excesso de uso de fungicidas.

Realizar o manejo integrado de doenças

Devido ao aumento da resistência dos fungos aos fungicidas modernos, o manejo integrado de doenças (MID) surge como uma estratégia anti-resistência eficaz. Essas práticas são desejáveis do ponto de vista econômico, ecológico e também são relevantes para o controle da resistência na agricultura, quando disponíveis. Afinal, em alguns casos, nem todas as medidas de MID podem ser adotadas pelas mais diversas razões.

O manejo integrado de doenças engloba:

    • Monitoramento da intensidade da doença;
    • Condições climáticas (temperatura, umidade relativa, vento, chuva, molhamento foliar etc);
    • Emprego de variedades resistentes a fungos;
    • Controle cultural (medidas sanitárias,rotação de culturas, dentre outros);
    • Controle biológico;
    • Evitar áreas mais suscetíveis à doença.

Utilizar produtos químicos com diferentes mecanismos de ação

A diversidade de fungicidas com diferentes mecanismos de ação é benéfica tanto para o meio ambiente quanto para evitar a resistência pois o uso de um mesmo princípio de ação por longos anos favorece a seleção dos indivíduos mais fortes. O ideal é rotacionar diferentes tipos de fungicidas, tanto sistêmicos como também os protetores que tenham a mesma finalidade mas, com mecanismo de ação diferentes, evitando a evolução da população de fungos.

Reduzir a freqüência de aplicação de fungicidas sistêmicos

Os fungicidas sistêmicos para o controle de uma doença devem ser aplicados apenas nos momentos críticos, ou seja, quando todas as condições são favoráveis para o desenvolvimento do patógeno. Para evitar a resistência aos fungos, o indicado é dar preferência aos fungicidas protetores ou com ação translaminar e também, quando possível, recorrer aos avisos fitossanitários, que são informações e recomendações de manejo de acordo com as condições climáticas da região sempre que possível.

A adoção de estratégias anti-resistência de fungos a fungicidas é algo urgente que se tornou prioridade na produção agrícola. Por isso, quanto antes for detectado o problema e o quanto antes essas medidas forem tomadas, maior a chance de evitar que os fungos se tornem mais fortes e resistentes, diminuindo também o risco de perdas econômicas e ambientais.

 

Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV

9 estratégias anti-resistência de fungos a fungicidas!

9 estratégias anti-resistência de fungos a fungicidas!

9 estratégias anti-resistência de fungos a fungicidas!

Com o aumento da demanda por controle químico de fungos na agricultura, houve também um crescimento do uso de defensivos para aumentar a produção, sem gerar prejuízos. No entanto, caso o uso desses produtos não tenha um controle correto, os fungos podem se tornar resistentes, dificultando a sua erradicação e demandando mais recursos tecnológicos para encontrar soluções eficazes.

A resistência dos fungos ocorre devido a presença de características herdadas ou adquiridas em resposta à aplicação indiscriminada de fungicidas, fazendo com que a pressão pela seleção dos indivíduos mais fortes e insensíveis ao composto aumente. Ou seja, o produto passa a ter sua eficácia reduzida no controle da doença, colocando em risco toda a produção.

A partir da demanda crescente de soluções na agricultura, foram criadas estratégias denominadas anti-resistência de fungos a fungicidas, que são formas de reverter o problema e evitar que a praga se torne mais forte.

Você irá acompanhar algumas delas aqui, confira!

Não utilizar fungicidas específicos isoladamente e em sequência

Uma das causas para o aumento da resistência em fungos é aplicação de um mesmo produto por um longo período, de maneira isolada. Uma das formas de reverter essa situação é realizar misturas (desde que aprovadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) entre um Fungicida com mecanismo de ação específico (FMAE) com fungicida de mecanismo de ação múltipla (FMAM).

 

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Restringir o número de aplicações do fungicida sistêmico

A restrição do número de aplicações do fungicida sistêmico a um mínimo por safra e sua utilização somente quando a cultura demandar, sobretudo em períodos de alto risco de infecção é outra estratégia anti-resistência válida. Com a redução do número de aplicações, a pressão pela seleção dos agentes mais fortes cai e com isso, há uma manutenção do efeito do fungicida por mais tempo.

 

Alternar fungicidas sistêmicos com fungicidas protetores

Fungicidas sistêmicos são aqueles que em que o princípio ativo é absorvido pela planta e é deslocado para as suas outras partes, inibindo o desenvolvimento patógeno. Já os fungicidas protetores devem ser aplicados antes da contaminação da planta pelo fungo, formando uma espécie de barreira de proteção.

Para evitar a resistência, o ideal é que sejam aplicados, de forma alternada os dois tipos, desde que possuam mecanismos de ação diferentes.

 

Manter a dose recomendada pelo fabricante

Não são raros os casos em que produtores diminuem a dose do defensivo em virtude da baixa ocorrência da praga ou, ao contrário, aumenta na intenção de realizar um controle mais efetivo do problema.

Entretanto, nas duas situações, aplicar a dose incorreta pode aumentar a resistência dos fungos. Isso ocorre porque, quando um produto é aprovado, ele já possui indicações exatas, testadas e validadas em campo pelo fabricante. Por essa razão, para que o efeito seja mantido, deve-se manter a dose indicada no rótulo.

 

Não utilizar fungicidas sistêmicos após o surgimento de uma epidemia

Quando uma doença atinge o grau máximo de severidade durante o ciclo de produção de uma cultura, chamada de epidemia, não é recomendado o uso de fungicidas, sobretudo os sistêmicos pois não serão eficientes no controle do problema, aumentam o custo de produção e elevam a pressão pela seleção dos fungos resistentes.

Os fungicidas protetores também devem ser evitados pois dificilmente surtirão efeito diante de uma situação dessa proporção. Nesse tipo de situação, deve-se aguardar o fim do ciclo de produção e o início de uma nova estação de cultivo, principalmente em culturas perenes.

 

Não utilizar fungicidas sistêmicos após o surgimento de uma epidemia

 

 

Monitorar áreas de utilização de um produto sistêmico

Monitorar as áreas em que os fungicidas estão sendo empregados antes e depois da aplicação dos produtos é fundamental para o controle das doenças. Assim, quando for notado um aumento da população de fungos resistentes ao princípio ativo do fungicida, ainda haverá tempo para que as estratégias anti-resistência, como manejo de fungicidas e práticas culturais sejam adotadas sem que haja falta ou excesso de uso de fungicidas.

 

Realizar o manejo integrado de doenças

Devido ao aumento da resistência dos fungos aos fungicidas modernos, o manejo integrado de doenças (MID) surge como uma estratégia anti-resistência eficaz. Essas práticas são desejáveis do ponto de vista econômico, ecológico e também são relevantes para o controle da resistência na agricultura, quando disponíveis. Afinal, em alguns casos, nem todas as medidas de MID podem ser adotadas pelas mais diversas razões.

O manejo integrado de doenças engloba:

  • Monitoramento da intensidade da doença;
  • Condições climáticas (temperatura, umidade relativa, vento, chuva, molhamento foliar etc);
  • Emprego de variedades resistentes a fungos;
  • Controle cultural (medidas sanitárias,rotação de culturas, dentre outros);
  • Controle biológico;
  • Evitar áreas mais suscetíveis à doença.

 

Utilizar produtos químicos com diferentes mecanismos de ação

A diversidade de fungicidas com diferentes mecanismos de ação é benéfica tanto para o meio ambiente quanto para evitar a resistência pois o uso de um mesmo princípio de ação por longos anos favorece a seleção dos indivíduos mais fortes. O ideal é rotacionar diferentes tipos de fungicidas, tanto sistêmicos como também os protetores que tenham a mesma finalidade mas, com mecanismo de ação diferentes, evitando a evolução da população de fungos.

 

Reduzir a freqüência de aplicação de fungicidas sistêmicos

Os fungicidas sistêmicos para o controle de uma doença devem ser aplicados apenas nos momentos críticos, ou seja, quando todas as condições são favoráveis para o desenvolvimento do patógeno. Para evitar a resistência aos fungos, o indicado é dar preferência aos fungicidas protetores ou com ação translaminar e também, quando possível, recorrer aos avisos fitossanitários, que são informações e recomendações de manejo de acordo com as condições climáticas da região sempre que possível.

A adoção de estratégias anti-resistência de fungos a fungicidas é algo urgente que se tornou prioridade na produção agrícola. Por isso, quanto antes for detectado o problema e o quanto antes essas medidas forem tomadas, maior a chance de evitar que os fungos se tornem mais fortes e resistentes, diminuindo também o risco de perdas econômicas e ambientais.

 

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Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV

Rede nacional de pesquisadores desenvolve soluções para aplicação de defensivos na lavoura

Rede nacional de pesquisadores desenvolve soluções para aplicação de defensivos na lavoura

Redução de deriva economiza recursos e reduz impacto ambiental | Imagem: Embrapa – Sindag/ reprodução

Sensores inteligentes, modelos computacionais, avaliação de técnicas e equipamentos de pulverização são alguns dos resultados obtidos pela mais abrangente pesquisa realizada em rede no País sobre aplicação de defensivos agrícolas. O trabalho produziu modelos a serem adotados em diferentes regiões e culturas e gerou um amplo banco de dados sobre a pulverização agrícola nacional. Durante quatro anos, equipes de cientistas se debruçaram sobre o tema para identificar e apontar estratégias e tecnologias aéreas e terrestres para o controle de pragas.

O projeto “Desenvolvimento da aplicação aérea de agrotóxicos como estratégia de controle de pragas agrícolas de interesse nacional” integrou sete centros de pesquisa da Embrapa, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), dez universidades, duas empresas de consultoria e tecnologias de aplicação e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A proposta teve entre seus principais objetivos reduzir a deriva, aplicação que não atinge seu alvo. Para isso, buscou técnicas e equipamentos para melhorar a eficiência da aplicação de defensivos no combate a pragas das principais cadeias produtivas para a segurança alimentar e energética: soja, arroz, laranja e cana-de-açúcar e abrangeu quatro regiões do País: Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. As culturas foram selecionadas de acordo com a importância econômica e social para o País e pelos desafios que representaram para a pesquisa.
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O esforço, que contou com recursos financeiros da Embrapa, do Sindag, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros parceiros, resultou na elaboração de recomendações técnicas, desenvolvimento de novos métodos, sensores e adaptação de tecnologias, tanto para o uso de produtos químicos como biológicos.

A adoção de estratégias como essas contribui para aplicações mais eficientes, com menores impactos de contaminação do meio ambiente e das pessoas, podendo ainda reduzir o percentual de destruição da produção agrícola por ataques de pragas e outros patógenos, estimado entre 10% e 40% no mundo.
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Redução da deriva alcança 79%
O estudo, realizado em culturas de soja e cana-de-açúcar com o uso de atomizadores rotativos, observou que é possível reduzir em 79% – em média – a deriva, com o emprego dos equipamentos adequados e sua regulagem.

De acordo com os pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (SP), Robson Rolland Monticelli Barizon e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), João Paulo Arantes Rodrigues da Cunha, assim é possível manter a alta a eficiência de controle do complexo de lagartas (Anticarsia gemmatalis e Pseudoplusia includens) e de percevejos (Euschistus heros, Nezara viridula e Scaptocoris castanea). Os atomizadores geram níveis menores de deriva em relação aos bicos hidráulicos ajustáveis, comparando-se a eficácia dos tratamentos no combate a essas pragas.

Barizon explica que na ausência desse controle, podem ocorrer grandes prejuízos na produtividade esperada. “Nesse processo, frequentemente é dada maior importância ao produto a ser utilizado, e menor importância à forma de utilização”, relata. “No entanto, para o sucesso da operação, é necessário dominar a forma adequada de aplicação, de modo a garantir que o produto alcance o alvo de forma eficiente, minimizando as perdas e reduzindo a contaminação do ambiente”, recomenda o cientista.

Esse método foi validado em experimentos conduzidos em área comercial de produção de grãos, localizada em Minas Gerais. No Paraná, pesquisadores também estudaram dois sistemas de tecnologia de aplicação de agrotóxicos – terrestre e aérea – para o controle de plantas daninhas, pragas e doenças na cultura da soja. Mais detalhes desse experimento podem ser obtidos nessa matéria.

O pesquisador da Embrapa Soja (PR) Rafael Soares avaliou ainda o impacto e a eficiência do inseticida químico clorantraniliprole, em aplicação aérea e terrestre para o controle da lagarta-falsa-medideira em soja (Chrysodeixis includens). A partir dos resultados obtidos com o estudo realizado no Paraná, Soares observou que as melhores eficiências de controle foram com aplicação tratorizada e aérea com atomizador rotativo.

“É importante destacar que foram avaliadas lagartas de segundo instar, uma fase em que habitualmente as lagartas são mais suscetíveis aos inseticidas”, afirmou o pesquisador. A pesquisa mostrou que praticamente não houve diferença entre o sistema terrestre e o aéreo na aplicação de defensivos para o controle da lagarta. Entretanto, a aplicação terrestre utilizou um volume maior de calda e a aplicação aérea permitiu cobertura de área maior. A eficiência observada no controle de praga foi quase a mesma.

Frota brasileira é a segunda maior do mundo
De acordo com um levantamento do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) realizado pelo engenheiro agrônomo e consultor do Sindag, Eduardo Cordeiro de Araújo, no fim de 2017, a frota de aviões agrícolas do País era de 2.115, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que contava com cerca de 3,6 mil aeronaves. O número mostra um crescimento de 1,5% na comparação com 2016 e mais de 45% na última década.

Segundo o levantamento, o Mato Grosso conta com 464 aeronaves registradas, seguido do Rio Grande do Sul, com 427 aviões, e São Paulo, com 312. O Brasil tem 244 empresas de aviação agrícola, responsáveis por 68% da frota nacional.

Dosagem correta para controle de pragas
O estudo elaborou um novo método para avaliar a quantidade de produto biológico a ser aplicado no controle de cigarrinhas-da-raiz (Mahanarva fimbiolata, M. liturata e M. spectabilis são as espécies atualmente conhecidas) na cana-de-açúcar, uma das principais pragas que se hospeda na base da planta e gera perdas de 30% a 40%, caso não seja reprimida.

A pesquisa observou que tanto a adoção de inseticida biológico como químico são eficientes para o controle dessa praga, ajustando-se apenas a quantidade do fungo Metarhizium anisopliae aplicado. Uma alteração na dosagem de 8kg para 10 kg por hectare de micoinseticida granulado e de 20L para 30L por hectare na formulação líquida trouxeram resultados positivos, com 100% do alvo atingido, além de permitir maiores produtividades.

Embora a formulação granulada do fungo seja uma das mais utilizadas em canaviais do Brasil, não havia até então um método que viabilizasse a quantidade adequada de produto e seu tempo de vida para as bases das plantas de cana quando aplicado por avião agrícola. Para o pesquisador da Embrapa Cerrados (DF) Roberto Teixeira, o resultado inovador é um diferencial para o controle dessa praga na cana-de-açúcar utilizando controle biológico e aviação agrícola (leia a matéria completa sobre esse trabalho).

Modelos dão suporte à decisão
A rede de pesquisa – conduzida no âmbito da Redagro, voltada para aplicação aérea de agrotóxicos – também desenvolveu modelagem matemática avançada para sistemas de injeção direta de produtos químicos. Os cientistas desenvolveram ainda um novo método para avaliar o sistema hidráulico e a queda de pressão nas barras onde estão instalados os bicos de pulverização.

O pesquisador e coordenador da Redagro, Paulo Cruvinel, explica que a Embrapa Instrumentação (SP) desenvolveu métodos e sensores para melhorar a qualidade da aplicação e, consequentemente, minimizar problemas de deriva.

Os cientistas criaram modelos de auxílio à decisão por computador para subsidiar a avaliação de processos de pulverização nas culturas de soja e cana-de-açúcar. O sistema apresenta ao produtor o diâmetro médio das gotas e os ângulos dos bicos pulverizadores que devem ser utilizados.

“Nesse caso, é preciso fornecer ao modelo informações sobre características dos bicos, o produto a ser pulverizado, as condições de pressão e fluxo de operação, a velocidade das aeronaves, sua distância em relação ao alvo e a taxa de aplicação”, detalha Cruvinel.

Para o cientista, a pesquisa em rede é um modo de potencializar as ações, envolvendo diferentes competências. “Essa experiência em rede tem sido bastante enriquecedora e vai contribuir para o desenvolvimento de soluções adequadas para amenizar os problemas da aplicação de defensivos”, diz o professor do Departamento de Tecnologia de Aplicação da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Wellington Pereira Alencar de Carvalho, vice-líder do projeto.

Sensores inteligentes
A parceria entre a Embrapa Instrumentação e a Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) resultou no desenvolvimento de um sensor que permite medir e qualificar as resistências hidráulicas dos bicos pulverizadores, para proporcionar menor custo e maior precisão.

A avaliação do tempo de resposta de um sistema pulverizador também é importante para a qualidade da aplicação. Por isso, também foi desenvolvido um novo sensor de condutividade elétrica, inteligente e customizado para a medida em tempo real dessa resposta. Os sensores inteligentes são dispositivos modernos que podem pré-processar dados medidos, e oferecem informações qualificadas para auxiliar sistemas autônomos nos processos de decisão, inclusive podendo operar em plataforma na Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). Ou seja, o equipamento pode se regular de maneira autônoma a partir de informações desses sensores.

Paulo Cruvinel explica que para o controle das plantas invasoras da cultura da soja, arroz e cana-de-açúcar o tempo de resposta é um fator crítico. “Esse sensor viabiliza esse monitoramento, assim como permite trabalhar com aplicação imediata de correções que venham a garantir os resultados esperados para o controle dessas plantas invasoras”, esclarece.

A pesquisa ainda consolidou, em prova de conceito, o uso de rede de sensores de deriva sem fio. Esse desenvolvimento considerou a possibilidade de se acoplar até 35 unidades de monitoramento de deriva para cobertura de uma área sob aplicação. A informação desses sensores associada às da umidade relativa do ar, velocidade do vento, altura e velocidade do avião poderá auxiliar na definição do mapa de navegação das aeronaves utilizadas para aplicação dos defensivos agrícolas.

Agregação de valor e maior competitividade
Para o pesquisador da Embrapa Clima Temperado (RS) José Martins, a pesquisa na área das tecnologias aéreas da aplicação de agrotóxicos pode agregar valor aos processos agrícolas e proporcionar ganhos de competitividade.

“Esse aspecto pode ser alcançado conjugando os esforços para se obter maior qualidade e eficiência da aplicação em função do atendimento de questões fitotécnicas encontradas nos sistemas agrícolas, em conformidade com a preservação e conservação dos recursos naturais”, diz o pesquisador.

Na avaliação do presidente do Sindag, Júlio Augusto Kampf, o projeto está sendo muito importante para que a ciência auxilie no processo de melhoria do setor de aviação agrícola. O Sindicato já articula com a Embrapa e outras instituições uma nova etapa de pesquisas.

“Devemos cada vez mais incentivar pesquisas focadas em desenvolver o segmento. Com isso, será possível termos operações cada vez mais seguras e eficientes. Espera-se que o projeto possa continuar para gerar conteúdos relevantes”, finaliza Kampf.

Projeto ajuda na geração de dados e políticas sobre pulverização
Para a operação da rede de pesquisa foi desenvolvido um software que utiliza um conjunto de indicadores de compartilhamento, processamento e propagação de informações.

A iniciativa viabilizou a estruturação de processos de gestão envolvendo produtores, empresas de aviação agrícola, centros de pesquisa e ampliação de suas conectividades com a sociedade brasileira. Com isso, abre-se caminho para a geração de um banco nacional de dados sobre o controle de pragas e de apoio à elaboração de políticas públicas, que fortaleçam a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável do agronegócio.

O auditor fiscal federal agropecuário da Coordenação de Mecanização e Aviação Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Luís Gustavo Asp Pacheco acredita que a pulverização aérea tem um papel importante nas fases críticas de desenvolvimento das culturas, quando é necessário fazer aplicações em grandes extensões, em curto espaço de tempo, de forma a diminuir as perdas por pragas ou doenças.

“Entendemos, assim, que o desenvolvimento dessas tecnologias de aplicação aérea contribuirá para aplicações cada vez mais eficientes, com menores riscos de contaminação ao meio ambiente e às pessoas envolvidas na atividade, garantindo a sustentabilidade dessa atividade”, diz.

O auditor lembra ainda que uma das entregas dos estudos é a geração de dados nacionais sobre as pulverizações aéreas, uma vez que hoje são utilizados dados produzidos em outros países.

“Com isso, será possível se trabalhar em uma mudança de paradigma, uma vez que os dados gerados poderão ser utilizados para o embasamento técnico para avaliar a aviação agrícola nacional e responder a várias iniciativas que vêm sendo propostas por alguns Poderes Legislativos Estaduais e Municipais visando limitar ou mesmo coibir as atividades aeroagrícolas”, afirma.

O auditor frisa a necessidade de implantação de programas obrigatórios de boas práticas em quaisquer atividades que envolvam pulverização de agrotóxicos, independentemente do tipo de tecnologia de aplicação empregada, terrestre ou aérea. “Entre essas práticas, a inspeção obrigatória de pulverizadores terrestres é a mais premente”, ressalta.

Para ele, também é necessária a regulamentação visando à obrigatoriedade de cursos específicos para aplicadores profissionais e usuários de agrotóxicos – aéreos e terrestres, com atualização periódica obrigatória, inclusive para os revendedores de agroquímicos. “Algumas normas existentes já tratam do tema, porém, entendemos que é necessário o aprofundamento das discussões com vistas a sua efetiva implementação no meio rural”, conclui.

Fonte: Embrapa – Joana Silva, Breno Rodrigues Lobato, Edilson Pepino Fragalle, Eliana Lima, Lebna Landgraf