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Plantas inseticidas: o que são, vantagens e desvantagens!

Plantas inseticidas: o que são, vantagens e desvantagens!

Plantas Inseticidas

Com a crescente demanda pela produção de alimentos em larga escala, diminuindo os custos e o risco de prejuízos, a utilização dos defensivos se tornou cada vez mais necessária. Um dos tipos de produtos utilizados para o combate de pragas são os inseticidas, que podem ser de origem sintética, biológica ou natural e tem como principal objetivo, causar a morte ou inibir a ação de insetos que ofereçam riscos para a plantação.

O problema é que, devido ao uso excessivo e incorreto desses produtos, houve uma acumulação de substâncias tóxicas em alimentos, aumento da contaminação do solo e da água e a seleção de pragas resistentes. Por essa razão, tem surgido o interesse em substâncias com menor potencial de risco ao meio ambiente como as plantas inseticidas.

Na matéria, será abordado o que são essas plantas, como é o seu mecanismo de ação, suas vantagens e desvantagens. Confira!

 

O que são plantas inseticidas?

 

O uso de inseticidas derivados de plantas para o controle de pragas na produção agrícola já é feito há pelo menos 2 mil anos. No Brasil, durante o século 20, houve uma grande produção desses produtos fazendo com que o país virasse um exportador reconhecido em âmbito mundial. Entretanto, com o avanço dos inseticidas sintéticos,  os produtos de origem botânica foram aos poucos sendo deixados de lado.

A retomada do interesse e das pesquisas em relação às plantas inseticidas ocorreu devido a busca por alternativas menos agressivas ao meio ambiente, aos alimentos, a saúde e que também evitasse o aparecimento da resistência das pragas aos defensivos.

As plantas inseticidas são plantas que possuem algum tipo de ação que atrai, repele, inibe a ação ou até mesmo causar a morte de insetos-praga. Nesse sentido, existem ainda os  inseticidas de origem botânica que são compostos resultantes do metabolismo secundário das plantas que fazem parte da própria defesa contra insetos herbívoros.

Os princípios ativos podem estar presentes em toda planta ou parte dela e também por meio da obtenção de compostos com uma ou mais substâncias. Algumas das principais substâncias são piretrinas, rotenona, nicotina, cevadina, veratridina, rianodina, quassinoides, azadiractina e biopesticidas voláteis.

 

Como é o mecanismo de ação?

 

As plantas inseticidas podem afetar a fisiologia dos insetos a partir de mecanismos de ação que atacam receptores diferentes. A ação de um inseticida de origem botânica pode ser:

  • atraente, quando a planta possui substâncias que atraem o insetos, indicado aos predadores naturais a localização de larvas;
  • repelente, naturalmente afasta o inseto da área onde há a presença da planta;
  • deterrente, ou seja, atuam adiando ou inibindo a alimentação do inseto, levando a morte por inanição;
  • tóxico, afetam o sistema nervoso da praga, causando como hiperatividade,convulsões, tremores, podem agir como inibidores da acetilcolinesterase e levar a morte;
  • análogos hormonais de insetos agem impedindo o crescimento dos insetos a partir da interferência nas glândulas endócrinas;

O uso de plantas no combate das pragas apresenta inúmeras vantagens, mas também, alguns pontos negativos. Saiba quais são a seguir!

 

Quais são as vantagens e desvantagens do uso de plantas inseticidas?

 

Inseticidas naturais

Vantagens

 

Degradação acelerada

Por possuírem degradação rápida, principalmente quando há presença de luminosidade adequada, umidade do ar elevada e alta frequência de chuvas, esses produtos ficam menos tempo no meio ambiente, o que reduz os impactos na natureza.

Baixa toxicidade a mamíferos

A maior parte das plantas inseticidas possuem baixa toxicidade a mamíferos. Isso significa que, com o uso adequado, não prejudicam a saúde do homem, outros mamíferos e nem das abelhas;

Baixa fitotoxicidade 

Apresenta baixa toxicidade pois não causam danos a outras plantas.

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Ação rápida

Esses inseticidas podem matar o inseto ou parar sua atuação, de acordo com o mecanismo de ação de cada planta, imediatamente após o uso, o que faz dele uma boa opção para quem tem urgência no combate à praga.

Seletividade

Causam menos danos a insetos e ácaros benéficos devido ao seu baixo efeito residual e pela rápida degradação.

 

Desvantagens

 

Degradação acelerada

A rápida degradação que é uma vantagem, também pode ser considerada uma vantagem pois exige um maior número de aplicações para obter o controle total da praga.

Toxicidade a outros organismos

Apesar de baixo, alguns inseticidas de origem botânica podem apresentar risco de serem tóxicos aos peixes e outros insetos não-alvo.

Falta de disponibilidade no mercado

As plantas inseticidas e os defensivos que delas se originam não estão disponíveis comercialmente ou possuem um custo mais elevado em relação aos defensivos de origem sintética, o que muitas vezes inviabiliza o seu uso.

Falta de comprovação da eficácia

Ainda são poucos os estudos sobre plantas inseticidas. Por isso, nem sempre é possível ter a certeza que seu uso será eficaz para a produção agrícola.

Antes de iniciar o controle de pragas utilizando as plantas inseticidas é preciso ter em mente que, isoladamente, seu efeito é menor. Essa estratégia deve fazer parte de um manejo integrado de pragas, visando o controle de todas as variáveis que podem estar afetando a produção agrícola.

 

Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV

Aplicativo faz análise financeira e socioambiental de sistemas agroflorestais

Aplicativo faz análise financeira e socioambiental de sistemas agroflorestais

Produtores rurais que cultivam sistemas agroflorestais (SAFs) – formas de produção que auxiliam na redução do desmatamento e na promoção do reflorestamento em diferentes ecossistemas – contam agora com um aplicativo para auxiliar na gestão financeira e socioambiental de suas atividades: o AnaliSAFs. O aplicativo é um sistema digital que realiza análise financeira e socioambiental de sistemas agroflorestais. O objetivo é auxiliar produtores rurais, técnicos extensionistas, pesquisadores e manejadores de SAFs no aprimoramento de suas técnicas e melhoria dos resultados produtivos, sociais e ambientais de seus plantios.

“Os sistemas agroflorestais lidam com diversos tipos de cultivos na mesma área e praticamente ao mesmo tempo. Portanto, o planejamento e a constante análise são fundamentais para o sucesso do empreendimento”, explica Marcelo Arco Verde, da Embrapa Florestas, pesquisador responsável pelo módulo de análise financeira. “Uma ferramenta que auxilie nesse acompanhamento e a fazer simulações é de fundamental importância”, explica.

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Como funciona?

O AnaliSAFs funciona em duas plataformas: em dispositivos Android, como celulares e tablets, e em computadores. A inserção dos dados pode ser feita diretamente no campo, mesmo em locais sem acesso à internet. O aplicativo armazena os dados e, quando é possível o acesso à internet, as informações são enviadas ao sistema. No computador, o usuário tem acesso aos dados coletados e à análise financeira. A ferramenta auxilia também no planejamento e na fase de acompanhamento devido à sua praticidade na obtenção dos dados parciais.

São abordadas informações sobre todas as atividades e operações necessárias para cada cultura do SAF, como custos de mão de obra e insumos, além da taxa de juros. Para cada cultivo do SAF, seja ele de curto, médio ou longo prazo, o usuário pode inserir dados individualizados. Com isso, o sistema disponibiliza uma análise financeira que possibilita ao usuário saber o impacto de cada item nos custos e receitas da produção agroflorestal.

“É possível, também, fazer simulações e projeções com análise de cenários”, explica Arco Verde. “Dessa forma, o usuário pode analisar as implicações de cada escolha feita na condução do seu sistema agroflorestal, compor cenários diferentes para cada cultura e ter a análise do SAF como um todo”, completa.

Já a análise socioambiental pode ser feita em campo mesmo e, por meio de gráficos radiais, o usuário pode analisar in loco as condições da área que está sendo trabalhada, de forma integrada. São seis grupos categorizados de perguntas que avaliam o grau de acesso que os agricultores têm a diferentes tipos de recursos: humanos; sociais e políticos; físicos; financeiros e comercialização; produtivos e resiliência ambiental; além de um grupo específico a respeito dos sistemas de produção, sua composição e manejo.

No total, são analisados 40 indicadores para, com isso, ter um retrato da situação do produtor rural em aspectos sociais e ambientais. “A partir dos resultados gerados, é possível auxiliar o produtor agroflorestal no aprimoramento e replanejamento da sua produção agroflorestal”, afirma Andrew Miccolis, coordenador nacional do Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal – ICRAF, na sigla em inglês, responsável por esse módulo.

“Com isso, avaliamos as vulnerabilidades e potencialidades para auxiliar no planejamento e desenho de um sistema que se encaixe naquele contexto ou, então, para avaliar um sistema já existente e analisar os principais pontos que podem ser melhorados, com SAFs que se encaixem no perfil social e ambiental daquele contexto específico”, completa Miccolis.

Thais Ferreira Maier, especialista em restauração florestal na The Nature Conservancy (TNC Brasil), que trabalhou no desenvolvimento e validação da ferramenta, analisa que o acesso aos dispositivos móveis já é uma realidade para muitos produtores e técnicos extensionistas e que o aplicativo vai justamente dar o suporte pela facilidade com que foi criado. “Se, por exemplo, o produtor comercializou algum produto que está trabalhando na propriedade, ele já pode fazer o registro dessa informação, off-line mesmo. O mesmo acontece com os custos. Isso é sincronizado e faz parte, depois, de uma análise do aplicativo”, explica Maier.

O processo de construção do aplicativo levou um ano e a validação foi feita com produtores de SAFs em São Félix do Xingu, no Pará. Segundo a produtora rural Valcilene dos Santos Primo, “fazer análise financeira é importante porque você se ‘autoeduca’: sabe no que tem que ser investido, em quanto tempo vai ter retorno, e no que não vale a pena investir”. Ela implantou há três anos e meio um SAF com cacau, açaí, jatobá, mogno africano, banana, acerola, gulosa e maracujá.

Não adianta fazer o trabalho de forma desregrada, trabalhar de qualquer forma, isso não é legal porque pode dar muito prejuízo. A rentabilidade e o lucro têm que ser levados em conta. É preciso que a gente se eduque em relação a isso para não se desgastar tanto lá na lavoura. O desgaste físico é muito grande. e então, para ganhar tempo tem que se educar sim”, reflete a produtora.

O aplicativo é uma junção da planilha AmazonSaf, desenvolvida pela Embrapa, e do sistema PlantSAFs, do ICRAF, e foi desenvolvido por meio de uma parceria entre a TNC, ICRAF, Embrapa e International Union for Conservation of Nature (IUCN). Segundo Rodrigo Mauro Freire, vice-coordenador da estratégia de restauração da TNC Brasil e coordenador do projeto Cacau Floresta, “a TNC encampou essa iniciativa para fomentar o desenvolvimento e o aprimoramento de sistemas agroflorestais sucessionais na lógica de criar alternativas ao desmatamento ou à conversão de áreas naturais pela geração de renda”.

Para ele, essa é uma forma de proporcionar um melhor manejo dos recursos naturais e também de promover a restauração florestal via sistemas agroflorestais, fazendo uso das espécies nativas com agregação de renda.

O desenvolvimento do AnaliSAFs foi feito pela Terras App Solutions, empresa especializada no desenvolvimento de aplicativos que conectam pessoas e produzem dados para a tomada de decisão rumo a uma produção responsável e sustentável, tendo trabalhado em outras soluções como por exemplo o MapBiomas.

Levantamento inédito de dados

Ao acessar o aplicativo, os usuários concordam em disponibilizar seus dados para uso em pesquisas e levantamento de informações. “Saberemos, por exemplo, que regiões e estados estão acessando mais, quais espécies estão sendo mais trabalhadas, como isso está se refletindo financeiramente e também nos aspectos socioambientais. Será um passo muito importante para quem trabalha com SAFs”, explica Maier.

“Essa pode ser uma revolução nos dados sobre SAFs no Brasil, já que não existe uma base ou mesmo um levantamento nesse sentido no País”, anima-se Arco Verde. Futuramente, a análise desses dados poderá subsidiar a formulação de políticas públicas e até mesmo o direcionamento de pesquisas e treinamentos em determinadas regiões do País que se mostrem mais carentes ou com baixo desempenho na geração de renda e impacto ambiental com SAFs.

Rodrigo Freire, da TNC, explica que “um aspecto importante é que esse aplicativo pode ser fortemente vinculado à pesquisa e à inovação, pois pode e deve contribuir para o aprofundamento das análises de sistemas agroflorestais”.

Marcelo Arco Verde explica que a planilha AmazonSaf continuará existindo e será constantemente atualizada, pois cumpre outras funções que o aplicativo ainda não atende. “Nossa intenção é sempre aprimorar as ferramentas aos produtores rurais. Os SAFs têm uma capacidade fantástica de expansão no País, mas precisam ser feitos com planejamento e muita análise”, alerta.

Capacitação

Para uso do sistema, o site disponibiliza tutoriais, vídeos e manual sobre como utilizar o AnaliSAFs. Programas de treinamento também devem ser incorporados às atividades da TNC, Embrapa e Icraf.

Para acessar o AnaliSAFs, clique aqui.

Serviço:
O AnaliSAFs foi lançado nesta quarta-feira, 29/08, às 11h30, ao fim do minicurso “Análise da Viabilidade Financeira de Sistemas Agroflorestais”, ministrado pelo pesquisador Marcelo Arco Verde, da Embrapa Florestas, durante o Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (CBSAF), que aconteceu de 27 a 31 de agosto, em Aracaju/SE.

Notícia por Embrapa

Tecnologia de aplicação para redução de pragas!

Tecnologia de aplicação para redução de pragas!

Com o uso maior de defensivos na produção agrícola, as pragas podem se tornar resistentes, fazendo com que o seu controle seja prejudicado ou até mesmo impossibilitado.

Pragas são todos os agentes invasores do ponto de vista da entomologia (insetos, ácaros, lesmas e caracóis) e da fitopatologia (fungos, bactérias, vírus etc) e também as plantas daninhas.

A resistência dessas pragas acontece quando há o uso indiscriminado de produtos agroquímicos por muito tempo, o que faz com que os agentes se tornem imunes aos seus princípios ativos, criando uma população mais forte e mais difícil de ser controlada.

O problema é que quando uma praga se torna resistente, ela prejudica a produção e aumenta a demanda por um investimento maior em soluções diferentes e eficazes.

A boa notícia é que com a adoção de algumas práticas, há a diminuição da probabilidade de aumento da incidência desses agentes, que é o tema do artigo de hoje.

Para entender melhor como isso é possível, confira, a seguir, algumas ações importantes na prevenção de pragas resistentes!

 

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Aplicação do defensivo agrícola em doses recomendadas

Não há dúvidas que a tecnologia de aplicação de defensivos na produção agrícola reduz o número de pragas, aumentando a produção de uma forma eficiente.

No entanto, um dos problemas causadores da resistências de pragas e doenças nas culturas é o uso de doses exageradas de defensivos já que, ao longo do tempo, ele perde a eficácia a medida que as pragas se tornam mais fortes e imunes.

Para evitar perdas econômicas com o desperdício de produto e melhorar a produção, o indicado é que produtores e profissionais que lidam com a cultura sigam as recomendações de uso do defensivo, evitando o excesso.

Além dos cuidados com a dosagem, é muito importante verificar se os equipamentos de aplicação estão na regulagem correta, permitindo que apenas a dose necessária entre em contato com a superfície da folha.

 

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Rotação do princípio ativo do defensivo

Outro ponto relacionado a tecnologia de aplicação de agroquímicos é o seu uso prolongado de um mesmo princípio ativo. Isso porque, ao longo dos anos, ao escolher apenas um tipo de produto para fazer o controle de determinada praga se inicia o processo de se seleção natural, fazendo com que só os indivíduos mais fortes sobrevivam e reproduzam, criando uma população cada vez mais forte.

Com isso, quando se opta pela alternância ou rotação de princípios ativos do defensivo agrícola, esse processo de seleção se torna mais lento pois passa a ser necessária a adaptação dessas pragas a outro composto pouco utilizado.

 

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Aplicação de defensivos para o manejo integrado de pragas

Uma das formas mais eficazes de reduzir a incidência de pragas resistentes é o Manejo Integrado de Pragas, ou MIP. Essa tecnologia consiste em fazer com que a própria planta exerça uma resistência natural aos agentes patógenos, protegendo organismos benéficos à produção.

No MIP, primeiro deve ser feita a diagnose, ou seja, identificar corretamente a praga, identificar o que favorece a sua proliferação e os pontos críticos de controle.

Em seguida é preciso definir qual método é mais eficaz no controle e por fim, colocá-lo em prática.

 

Mancha de Calonectria

(Foto: Clonar)

 

No sistema de MIP o ideal é conciliar diversos métodos como feromônios, biopesticidas, erradicação dos hospedeiros e adubação equilibrada.

Entretanto, é relevante destacar que a escolha da ação deve levar em conta critérios técnicos, econômicos, sociais e ambientais.

Em geral, a variação das tecnologias e cuidados na aplicação para evitar o aumento da incidência de pragas varia de acordo com a necessidade de cada cultura, extensão do terreno, tipo de praga e condições climáticas.

 

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Pesquisa da Unesp usa fungos da Antártica para combater doenças da agricultura

Pesquisa da Unesp usa fungos da Antártica para combater doenças da agricultura

Pesquisadores de Rio Claro (SP) conseguiram bons resultados contra bactérias que atacam citros, maracujá e tomate.

Plantio de maracujá (Foto: Giselda Person)

Uma pesquisa da realizada na Unesp de Rio Claro (SP) comprovou que fungos coletados na Antártica podem combater doenças causadas por bactérias do gênero Xanthomonas na agricultura.

A pesquisa testou os fungos com sucesso para as bactérias Xanthomonas citri, Xanthomonas euvesicatoria e Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae que causam o cancro cítrico, mancha bacteriana no tomate e bacteriose no maracujá, respectivamente. Há ainda estudos para doenças da mandioca e cana-de-açúcar.

A professora Daiane Cristina Sass, da Unesp de Rio Claro, investiga a ação de fungos contra bactérias que atacam a agricultura. (Foto: Arquivo pessoal)

“Esses organismos se desenvolvem em ambientes inóspitos e extremos, com poucos nutrientes, grande irradiação solar UV, frio excessivo e nós acreditamos que eles poderiam produzir compostos diferentes do que já é habitual justamente por estar em ambiente diferente”, a a professora Daiane Cristina Sass, coordenadora do projeto que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Segundo a pesquisadora, alguns fungos foram eficientes para várias culturas, outros atuaram em apenas uma das bactérias testadas.

 

 

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Cancro cítrico

Cancro cítrico prejudicou pomar de laranjas em Matão (Foto: Thayna Cunha/ G1)

No caso do cancro cítrico, a equipe do departamento de Laboratório de Bioprodutos e Microbiologia testou 86 fungos que foram coletados no solo e no mar da Antártica entre 2013 e 2015. Desses, 29 deles tiveram ação comprovada contra Xanthomonas citri que causa a doença que atingiu 13% dos pomares de citros do estado de São Paulo, no ano passado.

A doença causa lesões nos frutos de laranja, limão e tangerina, prejudicando a sua aparência e as vendas no mercado in natura. Como não tem cura, os produtores utilizam pulverização de produtos à base de cobre para minimizar os seus efeitos.

“O principal método de combate ao cancro cítrico é a aplicação nos pomares de compostos de cobre. O lado negativo é que, mesmo em quantidades pequenas, com o uso prolongado o cobre pode se acumular nos frutos, no solo e nas águas, acabando por contaminar todo o meio ambiente. É por isso que buscamos novos compostos que sejam menos agressivos ao meio ambiente e menos prejudiciais ao ser humano”, afirma a professora Daiane Cristina Sass, coordenadora do projeto.

Alta eficiência

Grupo de pesquisa do Laboratório de Bioprodutos e Microbiologia. (Foto: Divulgação)

Em testes em laboratório, alguns extratos dos fungos chegaram a inibir em 98% a proliferação da bactéria. Agora, os pesquisadores querem descobrir os compostos que são responsáveis pela ação antibacteriana e assim deixá-los mais eficientes.

“No extrato temos vários compostos. Nós estamos isolando esses produtos, purificando para tirar o composto [responsável pelo controle da bactéria] do extrato e, provavelmente, ele terá uma atividade ainda maior”, afirmou Daiane.

De acordo com a pesquisadora, essa fase da pesquisa deve demorar um ano e meio, aproximadamente. Paralelamente, a equipe está realizando testes toxicológicos em células humanas. O mesmo também deverá ser feito para testar a toxidade dos fungos em insetos, como abelhas.

Os pesquisadores esperam patentear os compostos identificados e que eles sejam disponibilizados no mercado de defensivos agrícolas.

Fungos da Antártica

Fungos estavam em sedimentos retirados da Antártica durante as expedições do projeto Proantar. (Foto: Arquivo pessoal/ Lara Sette)

Os fungos testados fazem parte de um banco com mais de 1,5 mil fungos isolados de amostras de solo e de sedimentos marinhos coletados ao longo de quatro expedições do projeto Proantar.

Dos fungos estudados, 33 fungos foram isolados a partir de amostras coletadas em solo abaixo de madeira podre. Outros 53 vieram das águas da baía do Almirantado, na Ilha Rei George. Todos foram coletados pela equipe da professora Lara Durães Sette.

 

 

 

 

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Professora Lara Sette em coleta de sedimentos na Antártica. (Foto: Arquivo pessoal/ Lara Sette)

“A Antártica ainda é um ambiente que propicia a gente obter novas espécies de fungos ainda não conhecidos pela ciência e temos alguns grupos que a gente vê que são associados a ambientes marinhos e ambientes frios”, explicou a professora que trabalha com a prospecção de enzimas adaptadas ao frio.

Além da agricultura, as aplicações desses fungos de ambiente gelado estão sendo estudadas também na indústria alimentícia e degradação de poluentes ambientais.