A quebra da dominância apical: o que é?

A quebra da dominância apical: o que é?

A quebra da dominância apical induz o aumento de brotações de gemas laterais, com isso leva a um aumento na ramificação e consequentemente maior produtividade.

O principal hormônio vegetal envolvido nesse processo é a citocinina, este hormônio é capaz de fazer essa quebra, mas ela pode ocorrer também através da poda, estimulando o brotamento lateral.

Quer saber mais como isso acontece?

Então vamos lá!

 

A quebra da dominância apical: o que é?

 

A importância das auxinas para os vegetais

Para entendermos, de fato, a importância da quebra da dominância apical, devemos, antes de tudo, compreender o que é esse fenômeno e qual hormônio vegetal é responsável por esse processo fisiológico.

A dominância apical é um fenômeno natural por meio do qual o eixo central da planta se mantém dominante em relação aos ramos laterais, regulando, assim, seu crescimento.

Esse processo ocorre, principalmente, devido à quantidade do hormônio auxina que o meristema do ramo central produz. Esse hormônio, por sua vez, atua inibindo a formação de novos ramos próximos ao eixo principal, garantindo, dessa forma, o crescimento vertical da planta.

 

 

Esse comportamento, no qual as plantas tendem a crescer verticalmente, ocorre principalmente devido à necessidade de luz para assegurar, de fato, a sua sobrevivência.

Além das plantas, fungos, bactérias e até algumas algas também produzem esses hormônios, o que é bastante interessante.

Dentre as diversas atividades fisiológicas das auxinas, a principal é a regulação do crescimento dos vegetais. As células os produzem, principalmente, nos locais onde ocorre crescimento ativo.

Por exemplo, nas células meristemáticas, em folhas jovens, em flores, em frutos e, ainda, nas pontas dos caules e das raízes.

Além disso, dependendo de sua concentração, as auxinas podem exercer diferentes efeitos sobre a planta, sendo um deles o fenômeno conhecido como dominância apical.

Nesse contexto, ao retirarmos as gemas apicais, conseguimos observar que as gemas laterais, por sua vez, saem do estado de dormência, dando origem, assim, a novos ramos, flores e frutos.

A partir dessa constatação, surge, então, o manejo da poda das plantas, que consiste justamente no ato de retirar as gemas apicais para, consequentemente, estimular o desenvolvimento das gemas laterais. Esse processo, amplamente utilizado na agricultura, é conhecido como quebra da dominância apical.

Fungos causadores de doenças em plantas.

 

O que é a quebra da dominância apical?

Como vimos acima, a dominância apical é um processo fisiológico. Onde, o ramo vertical domina o desenvolvimento da planta e sua quebra pode ser dividida em 4 fases:

  1. Formação da gema lateral,
  2. Imposição da inibição do crescimento da gema lateral,
  3. Quebra da dominância apical após a decapitação,
  4. Desenvolvimento da gema.

Logo após a decapitação, que compreende a fase 3, tem-se o início do crescimento das gemas laterais, o qual pode ser promovido com citocininas e inibido com auxinas.

A fase 4, fase de desenvolvimento das gemas laterais, pode ser promovida pela aplicação de giberelina.

A maior concentração de AIA (ácido indol-3-acético) na gema apical inibe o desenvolvimento das gemas laterais, por atuar como um dreno de nutrientes e citocininas para a gema apical.

Além disso, o elevado nível de auxina nas gemas apicais auxilia na manutenção de altos níveis de ABA (ácido abscísico) nas gemas laterais, inibindo o crescimento dessas.

Desse modo, a remoção da gema apical promoveria o aumento de citocininas nas gemas laterais. Promovendo o seu desenvolvimento.

 

Hormônios envolvidos na quebra da dominância apical

Vamos ver a seguir os dois principais hormônios envolvidos nesse processo: as auxinas e citocininas.

As auxinas agem na manutenção da dominância apical, sendo transportada de forma polar. A partir da gema apical suprime o crescimento das gemas axilares.

Já as citocininas agem na quebra da dominância apical, estimula a atividade de divisão celular e o brotamento quando aplicada diretamente às gemas axilares de diversas espécies.

Desse modo, plantas que super expressam citocinina tendem a ser densamente ramificados.

As citocininas regulam o crescimento de caules e raízes e sua aplicação inibe o processo de alongamento de caules e de raízes (interação com a auxina).

Plantas com superprodução de citocininas exibem determinadas características:

  • Os meristemas apicais das partes aéreas apresentam mais folhas;
  • As folhas possuem altos níveis de clorofila, com isso são muito mais verdes;
  • A senescência foliar é retardada;
  • A dominância apical é muito reduzida;
  • As plantas com superprodução de citocinina são atrofiadas, com entrenós muito curtos;
  • O enraizamento de estacas caulinares, assim como a taxa de crescimento da raiz;
  • Caules adventícios podem ser formados a partir das nervuras foliares e pecíolos não lesionados.

As citocininas envolvidas no atraso da senescência podem ser transportadas para as folhas a partir das raízes através do xilema. Juntamente com a corrente transpiratória.

De fato, sua importância no processo de quebra de dominância apical é gigantesco. Então vamos conhecer melhor este hormônio?

 

Plataforma Agropós

 

O que são as citocininas?

As citocininas são hormônios vegetais que regulam a divisão celular e, consequentemente, todo o desenvolvimento da planta.

Os meristemas das raízes, folhas, frutos jovens e sementes em desenvolvimento produzem essas substâncias.

O xilema transporta as citocininas das raízes para a parte aérea, enquanto o floema realiza seu retranslocamento para outras partes da planta.

Esses hormônios também controlam diversos processos fisiológicos, como dominância apical, mobilização de nutrientes, senescência foliar, quebra de dormência em gemas e germinação de sementes.

Embora pesquisadores as tenham descoberto por sua relação com a divisão celular, as citocininas estimulam ou inibem diversos processos fisiológicos, bioquímicos e de desenvolvimento nas plantas.

Principais efeitos da quebra da dominância apical na produção vegetal

Com a quebra da dominância apical, como consequência, tem-se plantas mais ramificadas, com maior número de nós. Os quais podem contribuir para o aumento de componentes de produtividade.

No caso em cultura de grãos como a soja, a citocinina está relacionada ao processo de translocação de solutos e estabelecimento de drenos nas plantas. Apresentando papel essencial durante o processo de enchimento de grãos.

Vale ressaltar que a quebra da dominância apical pode ser utilizada para estimular a ramificação lateral das plantas, afetando diretamente sua arquitetura.

Esse processo oferece maior autonomia no manejo, permitindo moldar a planta para facilitar a adubação, a aplicação de agroquímicos e até mesmo a colheita.

Além disso, a quebra da dominância apical pode ocorrer pelo uso de herbicidas, pela ação de hormônios (como mencionado anteriormente) ou pelo corte do ápice da planta (poda).

De qualquer forma, os produtores devem enxergá-la como uma aliada no manejo, aplicando-a com objetivos bem definidos, seja para modificar a arquitetura da planta ou para aumentar a produtividade.

Escrito por Juliana Medina.

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