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Pragas agrícolas que mais afetam a agricultura!

Pragas agrícolas que mais afetam a agricultura!

As pragas agrícolas são organismos que reduzem a produção das culturas, seja por atacá-las, por serem transmissores de doenças ou por reduzirem a qualidade dos produtos agrícolas. Neste post você irá conhecer as principais pragas agrícolas e diferentes métodos para seu controle.

Acompanhe, e não fique de fora!

 

Pragas agrícolas que mais afetam a agricultura!

 

Em meio a todo o esforço para manter a plantação saudável e produtiva, as pragas agrícolas surgem como um pesadelo na rotina dos agricultores. Silenciosas no começo, chegam sem despertar suspeita, e quando o produtor nota a presença, muitas vezes, já se espalharam pela plantação.

Conceitualmente, podemos dizer que um inseto se torna uma praga quando ele aumenta em população, ao ponto de ocasionar perturbações no desenvolvimento da lavoura, além de, prejuízos econômicos.

Impulsionados pelo cultivo de monoculturas em grandes extensões, os surtos de ataque de pragas estão cada vez mais frequentes, o que, consequentemente, exige a adoção de estratégias para o controle.

 

Fatores que favorecem o ataque de pragas

Veja os principais fatores que influencia no aparecimento de pragas nas diferentes culturas agrícolas

  • Descaso pelas medidas de controle.
  • Plantio de variedades suscetíveis ao ataque das pragas;
  • Falta de rotação de culturas nos agro ecossistemas;
  • Plantio em regiões ou estações favoráveis ao ataque de pragas;
  • Adoção de plantio direto (geralmente há um aumento de insetos que atacam o sistema radicular das plantas);
  • Adubação desequilibrada (as plantas mal nutridas são mais susceptíveis ao ataque de pragas);
  • Uso inadequado de praguicidas (uso de dosagem, produto, época de aplicação e metodologia inadequados).

 

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Métodos de controle de pragas

Os métodos devem ser selecionados com base em parâmetros técnicos (eficácia), econômicos, que preservam o ambiente. Os principais métodos usados no controle de pragas são:

  • Métodos culturais: emprego de práticas agrícolas normalmente utilizadas no cultivo das plantas objetivando o controle de pragas.
  • O controle biológico: ação de inimigos naturais na manutenção da densidade das pragas em nível inferior àquele que ocorreria na ausência desses inimigos naturais.
  • O controle químico: aplicação de substâncias químicas que causam mortalidade no controle de pragas.
  • Além do controle mecânico: uso de técnicas que possibilitem a eliminação direta das pragas.
  • E o controle físico: consiste no uso de métodos como fogo, drenagem, inundação, temperatura e radiação eletromagnética no controle de pragas.

 

Principais pragas agrícolas

O primeiro passo para proteger sua lavoura do ataque de pragas é conhecer esses agentes. Listamos a seguir os principais inimigos dos agricultores.

 

Lagarta helicoverpa (Helicoverpa armigera)

A lagarta helicoverpa é uma praga emergente, gerando um problema iminente no Brasil desde 2013, quando foram relatados ataques expressivos em soja e algodão.

Atualmente, está presente em todas regiões de cultivos e com potencial de danos em diversas culturas, como soja, algodão, feijão e até mesmo milho.

A identificação da lagarta no campo é dificultada devido à similaridade com outras espécies como Helicoverpa Zea e Heliothis Virescens.

 

Lagarta helicoverpa (Helicoverpa armigera)

 

Danos na cultura

As vias de ingresso da Helicoverpa armigera nas plantas são a parte aérea (flor, folha, gemas, fruto/vagem, estruturas reprodutivas e pontos de crescimento).

Os estágios imaturos alimentam-se em todos os estágios de desenvolvimento da planta, danificando todas as estruturas. As larvas atacam ramos, flores e cápsulas da semente.

 

Controle da praga

Realizar Manejo Integrado de Pragas, utilizar cultivares geneticamente modificadas expressando a toxina Bt, utilizar inseticidas biológicos e químicos, seletivos aos inimigos naturais.

 

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

É considerado a principal praga da cultura do milho no Brasil, ocorrendo em todas as regiões produtoras, tanto nos cultivos de verão como nos de segunda safra (“safrinha”). O inseto está sempre presente a cada ano de cultivo e ataca a planta desde sua emergência até a formação de espigas.

 

Lagarta do cartucho: como essa praga acomete a cultura do milho?

 

Danos na cultura

Folhas raspadas e perfuradas, cartucho destruído e espigas danificadas. Observam-se excreções das lagartas nas plantas, reduzindo a área foliar das plantas. Favorece o ataque de patógenos.

As lagartas perfuram a base da planta, causando o sintoma de “coração morto”. A lagarta ataca preferencialmente o cartucho, destruindo-o, principalmente na fase próxima do florescimento podem causar danos expressivos que se acentuam em períodos de seca.

Os danos são maiores quando o ataque ocorre em plantas com 8 a 10 folhas. As plantas são cortadas rente ao solo, causando falhas.

 

Controle da praga

O controle da lagarta-do-cartucho, quando o ataque é verificado na região da espiga, é difícil pela falta de equipamentos adequados.

Muitas vezes o agricultor é obrigado a utilizar a aplicação aérea ou a aplicação via água de irrigação. Mesmo através dessas modalidades a eficiência é baixa, com a praga instalada na espiga.

 

Pulgões ou afídeos (Hemiptera, Aphididae)

Os pulgões são insetos pequenos (1,5 a 3,0 mm), de corpo mole e piriforme, com antenas longas. O aparelho bucal é do tipo picador-sugador e o desenvolvimento paurometabólico. São altamente prolíficos e reproduzem-se por viviparidade e partenogênese telítoca.

Vivem sobre a planta em colônias formadas por adultos (fêmeas) alados e ápteros e por ninfas de diferentes tamanhos. As formas de disseminação podem voar centenas de quilômetros com auxílio do vento.

 

Pulgão branco: saiba tudo sobre essa praga!

 

Danos na cultura                                                                         

Os pulgões causam declínio rápido da planta, seca dos galhos a partir das extremidades e folhas amareladas. As radicelas apodrecem, folhas e frutos ficam menores e surgem sintomas de deficiência nutricional.

A extensão dos prejuízos causados pelo pulgão às plantas depende da densidade populacional e do estágio de desenvolvimento, vigor e suprimento de água das plantas.

O inseto infesta a face inferior das folhas, mas também podem ser observadas manchas necrosadas na face superior. Devido à intensa sucção de seiva, eles produzem um volume significativo de excrementos que cobrem as folhas inferiores, deixando-as pegajosas ou cobertas com fumagina.

 

Controle da praga

Os pulgões são naturalmente controlados pela ação das chuvas e do inimigos naturais. Na ausência desses agentes, a população pode aumentar em até 10 vezes a cada semana.

Preventivamente, a infestação pode ser evitada por meio da aplicação de inseticidas sistêmicos via tronco ou drench (deve-se dar preferência a esta modalidade de aplicação, que é mais seletiva aos inimigos naturais).

 A pulverização só é recomendada quando ocorrer ataque muito intenso e não houver a presença de inimigos naturais.

 

Tudo o que você precisa saber sobre a mosca branca (Bemisia tabaci)

 

Mosca branca (Aleyrodidae)

É um inseto encontrado nas principais regiões agrícolas do mundo, adaptado especialmente às regiões de clima quente e umidade elevada.

É um inseto polífago, cujos hospedeiros preferenciais são: algodão, brócolis, couve-flor, repolho, abobrinha, melão, chuchu, melancia, pepino, berinjela, fumo, pimenta, tomate, pimentão, soja, uva e algumas plantas ornamentais como o bico-de-papagaio.

 

Mosca branca: conhecendo o inimigo!

 

Danos na cultura

Os danos causados pela mosca branca podem ser diretos ou indiretos. O processo alimentar do inseto se inicia com a penetração intercelular dos estiletes através de tecidos foliares do mesofilo até atingir o floema, onde ocorre a sucção de seiva elaborada, consistindo em um dano direto no vegetal.

Além disto, o inseto pode provocar fitotoxemias pelo seu processo alimentar, com alterações fisiológicas na planta.

 

Controle da praga

Tratamento de sementes com inseticidas carbamatos sistêmicos ou sistêmico granulado no sulco de plantio ou, ainda, pulverizar com fosforados sistêmicos. Uso de armadilhas de cor amarela ajudam a diminuir número de adultos na área.

 

Córos (larvas de besouro)

Corós são larvas de besouros de diversas espécies que atacam gramados e outras culturas em determinadas fases de desenvolvimento.

O padrão de elos na ponta do abdomem destas larvas ajudam na identificação, contudo, a análise dos adultos é necessária para uma identificação exata das espécies.

A irrigação noturna durante a época dos voos dos adultos pode atrair as fêmeas, especialmente se as áreas circunvizinhas estiverem secas. Os adultos também são atraídos para as luzes à noite, o que explica altos níveis de ataque próximos a postes de iluminações ou luminárias de jardins.

 

Córos (larvas de besouro)

 

Danos na cultura

Quando os corós se alimentam das raízes de gramíneas, estas gradualmente ficam mais fracas, amareladas, podendo até morrer, pois a lesão na raiz reduz a capacidade da grama de absorver água, nutrientes e resistir ao stress hídrico.

Na sequência aparecem manchas mais escuras, espalhadas e irregulares no gramado, que aumentam de tamanho ao longo do tempo. Quando o gramado está sofrendo com uma alta infestação ele solta-se facilmente do solo.

A intensidade dos danos depende da espécie e da saúde do gramado. Portanto, um bom programa de irrigação e de fertilidade do solo, entre outras operações de manutenção, ajudam a tolerar ou superar infestações moderadas.

 

Controle da praga

Devido às restrições no uso de inseticidas em áreas urbanas, o controle biológico passa se torna uma ótima opção. Com a utilização de nematoides, bactérias, fungos e parasitoides da ordem Díptera.

 

Percevejo marrom (Euschistus heros)

Os percevejos são uma praga‑chave da cultura de soja vem várias regiões do Brasil, principalmente nas de clima quente.

Predominante nas lavouras de soja no Estado de Mato Grosso, esse inseto pode ocasionar danos irreversíveis à cultura. Pois, para se alimentar, suga diretamente os grãos de soja, o que acarreta redução na produção e na qualidade das sementes.

Os prejuízos resultam da sucção de seiva dos ramos ou hastes e de vagens. Podendo causar prejuízos de até 30% do potencial produtivo. Também injetam toxinas, provocando a “retenção foliar”.

 

Percevejo Marrom

 

Danos na cultura

Atingem as sementes através da introdução do aparelho bucal nos legumes, tornando-os chochos e enrugados, afetando, consequentemente, a produção e a qualidade dos grãos.

Podem, ainda, abrir caminho para doenças fúngicas e causar distúrbios fisiológicos, como a retenção foliar da soja.

Os principais sintomas são produção limitada devido a sucção de seiva dos ramos, hastes e vagens, provavelmente, devido à toxinas que injetam. Vagens marrons e murchas. Queda e apodrecimento das estruturas florais e frutos.

 

Controle da praga

O controle desses insetos deve ser feito utilizando-se produtos em pulverização. Escolhendo-se aqueles mais seletivos aos inimigos naturais e menos tóxicos ao homem. Utilizar produtos de carência curta, principalmente se a produção for destinada ao consumo verde.

 

Manejo integrado de pragas (MIP)

O desafio do agronegócio brasileiro está na difusão de métodos sustentáveis para o manejo de pragas. Trazendo para o dia-a-dia do produtor as inovações tecnológicas e, assim, manter as cadeias produtivas competitivas no mercado.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um conjunto de boas práticas agrícolas que implica no monitoramento da população de insetos e combina métodos e estratégias de controle como cultural, biológico, físico, legislativo, mecânico e químico, visando evitar o dano econômico.

Reconhecer cada tipo de inseto é muito importante para proteger aqueles que são úteis e controlar apenas os que são pragas, quando necessário.

A visita semanal à lavoura para reconhecer e monitorar a quantidade de pragas agrícolas. Em cada parte da planta, permite decidir sobre o controle no momento correto, evitando danos, perdas e prejuízos na produção.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

As pragas listadas aqui são altamente adaptadas ao sistema agrícola. De extrema importância econômica e quase sempre de difícil controle. Para isso é importante planejarmos e fazer o uso correto das ferramentas de MIP disponíveis.

Lembramos que é importante que você faça o MIP na sua lavoura para evitar problemas com relação ao abuso no uso de inseticidas. Para começar esse manejo é importante conhecer o histórico da área e fazer monitoramentos semanais.

Escrito por Michelly Moraes.

Pós-graduação Fitossanidade

Pesquisa estabelece controle biológico para principal praga exótica do eucalipto

Pesquisa estabelece controle biológico para principal praga exótica do eucalipto

Imagem: Francisco Santana/reprodução da Embrapa

O Brasil conta com uma forma de controle biológico para o percevejo-bronzeado, Thaumastocoris peregrinus, praga de origem australiana que causa prejuízos aos plantios de eucalipto. Esse percevejo está presente em todo o território brasileiro, causando problemas especialmente no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
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Após oito anos de pesquisa, foi escolhido o parasitoide Clerucoides noackae, uma vespa de aproximadamente 0,5 mm de comprimento, como agente para uso em controle biológico clássico, que utiliza inimigos naturais da mesma região de origem da praga, oferecendo baixo risco ambiental. O principal desafio da pesquisa foi multiplicar o percevejo em laboratório, uma vez que o parasitoide precisa de seus ovos para se reproduzir.
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“No entanto, devido à inexistência de técnicas para a criação da praga em laboratório, o desenvolvimento de uma metodologia viável tornou-se imprescindível”, explica Leonardo Barbosa, pesquisador da Embrapa Florestas e responsável pela pesquisa sobre criação massal do parasitoide. Para isso, diversos testes sobre a melhor forma de criar a praga foram realizados durante três anos. “Conduzimos estudos sobre bioecologia do percevejo, avaliando o efeito de diferentes espécies de eucaliptos e temperaturas no desenvolvimento da praga”, conta Barbosa.
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A partir disso, foi definida uma técnica de criação da praga que, consequentemente, possibilitou a multiplicação do parasitoide. “Na metodologia proposta, os percevejos são mantidos em laboratório em temperatura e umidade controladas, e alimentados com ramos de eucalipto arranjados em forma de buquê preso em frasco com água. Os ovos de T. peregrinus são obtidos em tiras de papel toalha colocadas sobre os buquês de eucalipto e posteriormente utilizados para criação de C. noackae”, explica o pesquisador.

O parasitoide C. noackae se desenvolve de ovo a adulto dentro do ovo do percevejo, alimentando-se de seu conteúdo. Seu ciclo completo dura entre 15 e 17 dias, e logo após a emergência do inseto, as fêmeas são copuladas e saem em busca de novas posturas do percevejo-bronzeado para colocar seus ovos.

A criação da vespa começou na Embrapa Florestas em 2013 e as liberações têm ocorrido para fins de pesquisa, uma vez que ainda não há registro para utilização comercial no Brasil. Os parasitoides já foram liberados em plantios de eucalipto em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Maranhão, Tocantins, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e até mesmo no Uruguai.

Os produtores também são incentivados a monitorar a presença do percevejo-bronzeado em suas plantações, para tentar identificar sua presença antes que os danos sejam mais severos. O monitoramento da praga é feito com armadilhas adesivas amarelas colocadas no tronco de árvores. As armadilhas devem ser retiradas aproximadamente 30 dias após a identificação da praga.

A introdução de C. noackae no Brasil ocorreu em 2012 por meio do Programa Cooperativo sobre Proteção Florestal (Protef), coordenado pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef), com a participação da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), em Botucatu (SP), Embrapa e empresas do setor florestal.

O coordenador do Protef, Luís Renato Junqueira, explica que o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do programa de controle biológico para o percevejo-bronzeado foi um desafio: “No cenário atual, o Brasil se destaca como benchmarking para o controle biológico dessa praga frente a outros países com importante representatividade florestal, como África do Sul, Argentina, Uruguai, Portugal e Espanha. Esse importante feito é resultado da integração entre universidades, centros de pesquisa e empresas florestais brasileiras, que dedicaram tempo, esforços e recursos”.

Prejuízos ao setor florestal

O percevejo-bronzeado foi introduzido no Brasil em 2008, atingindo plantios de eucalipto, gênero arbóreo mais plantado no País, responsável pelo abastecimento de indústrias de papel e celulose, energia, movelaria, entre outros. As perdas em produtividade devido ao ataque da praga variam dependendo da região, da espécie cultivada e da idade do plantio. Estudos recentes apontaram uma perda média de 14% na produção de madeira após um pico de ataque dessa praga em florestas com três anos de idade. Estimativas de produtores florestais apontam que, somente no Estado de São Paulo, entre 2010 e 2014, o prejuízo causado pelo ataque da praga tenha sido próximo a R$ 280 milhões, considerando-se apenas perdas diretas em incremento anual de madeira e produção final.

Os plantios afetados apresentam sintomas de prateamento, amarelecimento ou bronzeamento das folhas, seguidos de desfolhamento total das árvores, que, além de aumentar o risco de incêndios florestais, pode matar as árvores. Em alguns locais, a infestação do inseto atinge níveis elevados e chega a causar transtornos às comunidades vizinhas aos plantios, uma vez que os insetos podem chegar a residências e espaços públicos.

O setor florestal brasileiro de árvores plantadas tem grande importância econômica e socioambiental. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o setor, com uma área de 7,8 milhões de hectares, é responsável por 91% de toda a madeira produzida para fins industriais no País, além de contribuir para conservação, preservação e recuperação de ambientes naturais. Em 2015, estima-se que 5,6 milhões de hectares foram destinados à conservação e outros 45 mil hectares de áreas degradadas foram recuperados. Os plantios de eucalipto representam 72% da área total de árvores plantadas e apresentaram um crescimento médio anual de 2,8% nos últimos cinco anos.

Fonte: Embrapa – Katia Pichelli

Especialistas discutem inovações no controle dos nematoides

Especialistas discutem inovações no controle dos nematoides

Congresso de Nematologia debateu a ocorrência dos nematoides como um dos principais fatores limitantes de produtividade nas culturas em todo o país. Cerca de 20 representações de estados brasileiros marcaram presença na atividade. | Imagem: Paulo Lanzetta / reprodução Embrapa

Após uma semana de palestras, painéis, apresentação de trabalhos e minicurso dedicados à identificação, manejo, controle e danos causados pelos nematoides, o 35º Congresso Brasileiro de Nematologia (CBN) encerrou com visita técnica a parreirais e pomares de pessegueiros, na última sexta-feira, dia 29. Nesta edição, com o tema Nematoides: problemas emergentes e estratégias de manejo, o principal fórum nacional sobre o assunto reuniu, de 24 a 29 de junho, em Bento Gonçalves/RS, aproximadamente 400 participantes, entre pesquisadores, técnicos, produtores e estudantes.

“Com certeza os nematoides são hoje um dos principais fatores limitantes de produtividade nas culturas em todo o país, apesar de ainda serem subestimados e desconhecidos, além de difícil controle. Se a identificação for errada, o manejo não será eficiente”, pontuou o presidente do 35º CBN, Jerônimo Vieira de Araújo Filho, ao destacar a importância dos encontros anuais promovidos pela Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN).

Segundo sua avaliação, a 35ª edição apresentou vários temas técnicos importantes que abordaram desde ferramentas para o diagnóstico até novas moléculas nematicidas e formas alternativas de controle, como o biológico. Araújo Filho também destacou a importante inclusão das fruteiras de clima temperado e tropical e das grandes culturas, como o arroz e a cana-de-açúcar; fruteiras de clima temperado ainda não haviam sido contempladas nas edições anteriores. “O programa estava bastante direcionado para o Sul, mas integrou todo o país. A apresentação de problemas emergentes, como a ‘soja louca’, ou mesmo as pragas quarentenárias, sempre atraem os profissionais que buscam subsídios em outras regiões e até mesmo em outros países”, avaliou.
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Além das apresentações técnicas e discussões, a interação e o intercâmbio de experiências entre os participantes foi outro ponto ressaltado pelos organizadores. “Muitas vezes um relato dos danos da praga em uma região é mais eficaz e atrai mais a atenção dos participantes do que uma palestra sobre o mesmo tema”, comenta Araújo Filho, destacando esses momentos como um dos pontos positivos do encontro, dada a diversidade da origem dos participantes. Segundo dados da organização, nesta 35a edição, o Congresso contou com a participação de representantes de 20 estados brasileiros (Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins) e de seis países (Argentina, Bélgica, Brasil, Panamá, Paraguai e Estados Unidos).

Outro resultado importante do Congresso foi a identificação e a proposição de melhorias que podem ser lideradas pela SBN, como foi o caso nesta edição da discussão sobre uma possível certificação dos laboratórios, conforme relatado pelo vice-presidente do 35º CBN e pesquisador da Embrapa Clima Temperado, César Bauer. “A partir da apresentação do panorama da situação atual dos laboratórios responsáveis pela identificação de nematoides e dos erros que vêm acontecendo, discutiu-se a criação de um selo de qualidade, pontuou Bauer. Com o selo, busca-se qualificar o serviço de emissão de laudos de identificação de nematoides e, consequentemente, possibilitar a adoção de medidas de controle mais eficazes.

Além de possibilitar a atualização científica, o Congresso oportunizou, com a palestra de encerramento “Empreendedorismo no mundo científico: Brasil e exterior”, apresentada pelo pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Marcos Botton, uma nova perspectiva para os estudantes e profissionais presentes. “Nosso objetivo foi fomentar novas possibilidades, dar uma ‘chacoalhada’ nos participantes, retirando-os de sua zona de conforto”, destacou Araújo Filho. Segundo sua avaliação, a palestra apresentou novas oportunidades ajustadas à realidade atual, tanto para os estudantes como para os profissionais presentes. “Não basta mais formar, é importante fomentar novas possibilidades, caminhos alternativos. Não adianta formar mais 50 doutores e não ter espaço para todo mundo”, concluiu ele.

Premiação
Durante o jantar de confraternização do 35º CBN, na noite do dia 28 de junho, foram anunciados os nomes dos estudantes de graduação e pós-graduação premiados, bem como os vencedores do Concurso de fotografias. Confira alista premiados com fotos:

Graduação (Prêmio Anário Jaehn)

  • Angélica Sanches Melo – Reação de trigo mourisco a Meloidogyne javanica.
  • Danilo Calixto da Silva – Flutuação populacional do nematoide reniforme em sucessão e rotação de culturas na soja.
  • Leidiane Pinheiro dos Santos – Interação de nematicidas químicos e biológicos na cultura de fitonematoides

Pós-graduação (Prêmio Dimitry Tihohod)

  • Juliane V.C.L. Silva – Uso da terra e variáveis climáticas estruturam a comunidade de nematoides na Caatinga.
  • Angélica Miamoto –Suscetibilidade de Macrotyloma axillare cv Java a Meloidogyne javanica e interação histopatológica
  • Raycenne Rosa Leite – Biologia Comparada de Meloidogyne graminicola em Oryza sativa e O.glumaepatula

O 35º Congresso Brasileiro de Nematologia foi uma realização da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), em parceria com a Embrapa e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A próxima edição acontecerá em 2019, em Caldas Novas Goiás e contará com o apoio na organização doProfessor Fernando Godinho do Instituto Federal Goiano, Irataí-GO.

Fonte: Viviane Zanella | Embrapa

‘Cidade das Árvores’ vai orientar população sobre preservação e plantio de espécies adequadas a área urbana no MS

Pós-graduação em Gestão da Arborização Urbana e do Paisagismo

Com o objetivo de orientar a população sobre a importância da preservação e de se plantar árvores adequadas para áreas urbanas foi lançado na manhã desta terça-feira (3), em Campo Grande, o projeto Cidade das Árvores. Iniciativa da TV Morena, conta com a parceria da prefeitura de Campo Grande, da concessionária de energia elétrica, Energisa, e do Ministério Público Estadual (MP-MS).

No lançamento do programa, na sede da TV Morena nesta manhã, o diretor de Marketing da Rede Matogrossense de Comunicação (RMC), Antonio Alves, destacou que o fato de Campo Grande ser a capital mais arborizada do país.
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“Como veículo de comunicação temos noticiado situações envolvendo árvores, como quedas de árvores de grande porte ou os problemas que o uso de uma espécie inadequada pode trazer. Mas queríamos fazer mais, daí nasceu o Cidade das Árvores. Buscamos a parceria com o Poder Público e como a iniciativa privada, para que por meio de uma campanha educativa, possamos dar luz a iniciativas positivas”, explicou.

Antonio Alves adianta que já a partir deste mês de julho e até dezembro, a TV Morena e o portal de notícias da Globo – G1 – farão coberturas das principais ações do projeto, ressaltando a importância da preservação e do plantio de espécies adequadas de árvores.

O prefeito Marquinhos Trad (PSD) ressaltou que a iniciativa é excelente e que o município não poderia deixar de ser parceiro. Ele reiterou o que disse Alves sobre o orgulho de Campo Grande ser a capital mais arborizada do Brasil e que isso, além de melhorar a qualidade de vida da população e embelezar a cidade traz muita responsabilidade.

Trad lembrou que sozinho o município não consegue atender todas as demandas da população, para, por exemplo, fazer a poda de árvores, que pela localização ou estado sanitário, ameaçam imóveis, rede elétrica e vias públicas. O índice é de 96,4%, ou seja, que de cada 100 edificações particulares, 96 possuem árvores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Temos quatro equipes e cerca de 25 homens trabalhando neste serviço, mas é pouco para atender a demanda da cidade. A partir do momento em que assinamos esse convênio, vamos ter condições de ter uma cidade mais arborizada. A cidade é de todos, ninguém consegue administrar sozinho. A participação de empresas, instituições e órgãos é sempre bem vinda”, ressaltou.

Já o presidente da Energisa-MS, Marcelo Vinhaes, revelou que um dos aspectos do programa que mais chamou a atenção da concessionária e a levou a ser parceria da iniciativa foi a questão educacional. “A assinatura desde projeto possibilitando trabalhar a questão da educação, da conscientização, partindo desde as crianças até os adultos, vai possibilitar estarmos fazendo a orientação sobre qual árvore deve ser plantada embaixo da rede, como deve ser feita a poda e ainda os cuidados que se deve ter com uma árvore para que ela não cause transtornos futuramente, porque se a gente se descuida disso, pode ser prejudicial a sociedade. A cidade arborizada é uma coisa fantástica, mas como outros parceiros do programa disseram, demanda responsabilidade”, destacou.

Por sua vez, o procurador-geral do MP-MS, Paulo Passos, comentou que o papel da instituição na parceria vai ser interagir tanto com a iniciativa privada quanto com o Poder Público, nas questões envolvendo a orientação da população e ainda na fiscalização das ações executadas, para que procedimentos, como o corte e as podas das árvores, por exemplo, obedeçam a legislação do município e da União, de modo a assegurar um meio ambiente seguro e saudável para os moradores.

O programa
De acordo com o diretor de Marketing da Rede Matogrossense de Comunicação (RMC), o programa Cidade das Árvores será implementado por meio de três estratégias:

  • Educação ambiental – Durante todo o desenvolvimento da iniciativa serão realizadas ações de educação ambiental com moradores e/ou proprietários de áreas direta ou indiretamente afetadas pelas intervenções de diagnóstico, plantio, manejo das árvores ou interferências com diversos elementos que compõem uma cidade, destacando a rede de distribuição de energia.
  • Plantio – Orientação e plantio de espécies adequadas nas áreas direta ou indiretamente afetadas pelas intervenções;
  • Manejo – Diagnóstico quanto ao estado fitossanitário e manejo das árvores nas áreas direta ou indiretamente afetadas pelas intervenções.

Ele comenta ainda que será elaborado um plano de ação que detalhará todas as medidas que serão implementadas, os responsáveis, prazos, áreas de intervenção, insumos necessários, metodologia de trabalho, estratégias de acompanhamento, monitoramento e avaliação dos resultados.

Fonte: G1 MS

Rede nacional de pesquisadores desenvolve soluções para aplicação de defensivos na lavoura

Rede nacional de pesquisadores desenvolve soluções para aplicação de defensivos na lavoura

Redução de deriva economiza recursos e reduz impacto ambiental | Imagem: Embrapa – Sindag/ reprodução

Sensores inteligentes, modelos computacionais, avaliação de técnicas e equipamentos de pulverização são alguns dos resultados obtidos pela mais abrangente pesquisa realizada em rede no País sobre aplicação de defensivos agrícolas. O trabalho produziu modelos a serem adotados em diferentes regiões e culturas e gerou um amplo banco de dados sobre a pulverização agrícola nacional. Durante quatro anos, equipes de cientistas se debruçaram sobre o tema para identificar e apontar estratégias e tecnologias aéreas e terrestres para o controle de pragas.

O projeto “Desenvolvimento da aplicação aérea de agrotóxicos como estratégia de controle de pragas agrícolas de interesse nacional” integrou sete centros de pesquisa da Embrapa, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), dez universidades, duas empresas de consultoria e tecnologias de aplicação e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A proposta teve entre seus principais objetivos reduzir a deriva, aplicação que não atinge seu alvo. Para isso, buscou técnicas e equipamentos para melhorar a eficiência da aplicação de defensivos no combate a pragas das principais cadeias produtivas para a segurança alimentar e energética: soja, arroz, laranja e cana-de-açúcar e abrangeu quatro regiões do País: Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. As culturas foram selecionadas de acordo com a importância econômica e social para o País e pelos desafios que representaram para a pesquisa.
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Pós-graduação lato sensu a distância em Avanços no Manejo Integrado de Pragas em Culturas Agrícolas e Florestais
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O esforço, que contou com recursos financeiros da Embrapa, do Sindag, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros parceiros, resultou na elaboração de recomendações técnicas, desenvolvimento de novos métodos, sensores e adaptação de tecnologias, tanto para o uso de produtos químicos como biológicos.

A adoção de estratégias como essas contribui para aplicações mais eficientes, com menores impactos de contaminação do meio ambiente e das pessoas, podendo ainda reduzir o percentual de destruição da produção agrícola por ataques de pragas e outros patógenos, estimado entre 10% e 40% no mundo.
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Saiba tudo sobre a aplicação de defensivos agrícolas na pós-graduação da AgroPós: leia mais no site do curso
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Redução da deriva alcança 79%
O estudo, realizado em culturas de soja e cana-de-açúcar com o uso de atomizadores rotativos, observou que é possível reduzir em 79% – em média – a deriva, com o emprego dos equipamentos adequados e sua regulagem.

De acordo com os pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (SP), Robson Rolland Monticelli Barizon e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), João Paulo Arantes Rodrigues da Cunha, assim é possível manter a alta a eficiência de controle do complexo de lagartas (Anticarsia gemmatalis e Pseudoplusia includens) e de percevejos (Euschistus heros, Nezara viridula e Scaptocoris castanea). Os atomizadores geram níveis menores de deriva em relação aos bicos hidráulicos ajustáveis, comparando-se a eficácia dos tratamentos no combate a essas pragas.

Barizon explica que na ausência desse controle, podem ocorrer grandes prejuízos na produtividade esperada. “Nesse processo, frequentemente é dada maior importância ao produto a ser utilizado, e menor importância à forma de utilização”, relata. “No entanto, para o sucesso da operação, é necessário dominar a forma adequada de aplicação, de modo a garantir que o produto alcance o alvo de forma eficiente, minimizando as perdas e reduzindo a contaminação do ambiente”, recomenda o cientista.

Esse método foi validado em experimentos conduzidos em área comercial de produção de grãos, localizada em Minas Gerais. No Paraná, pesquisadores também estudaram dois sistemas de tecnologia de aplicação de agrotóxicos – terrestre e aérea – para o controle de plantas daninhas, pragas e doenças na cultura da soja. Mais detalhes desse experimento podem ser obtidos nessa matéria.

O pesquisador da Embrapa Soja (PR) Rafael Soares avaliou ainda o impacto e a eficiência do inseticida químico clorantraniliprole, em aplicação aérea e terrestre para o controle da lagarta-falsa-medideira em soja (Chrysodeixis includens). A partir dos resultados obtidos com o estudo realizado no Paraná, Soares observou que as melhores eficiências de controle foram com aplicação tratorizada e aérea com atomizador rotativo.

“É importante destacar que foram avaliadas lagartas de segundo instar, uma fase em que habitualmente as lagartas são mais suscetíveis aos inseticidas”, afirmou o pesquisador. A pesquisa mostrou que praticamente não houve diferença entre o sistema terrestre e o aéreo na aplicação de defensivos para o controle da lagarta. Entretanto, a aplicação terrestre utilizou um volume maior de calda e a aplicação aérea permitiu cobertura de área maior. A eficiência observada no controle de praga foi quase a mesma.

Frota brasileira é a segunda maior do mundo
De acordo com um levantamento do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) realizado pelo engenheiro agrônomo e consultor do Sindag, Eduardo Cordeiro de Araújo, no fim de 2017, a frota de aviões agrícolas do País era de 2.115, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que contava com cerca de 3,6 mil aeronaves. O número mostra um crescimento de 1,5% na comparação com 2016 e mais de 45% na última década.

Segundo o levantamento, o Mato Grosso conta com 464 aeronaves registradas, seguido do Rio Grande do Sul, com 427 aviões, e São Paulo, com 312. O Brasil tem 244 empresas de aviação agrícola, responsáveis por 68% da frota nacional.

Dosagem correta para controle de pragas
O estudo elaborou um novo método para avaliar a quantidade de produto biológico a ser aplicado no controle de cigarrinhas-da-raiz (Mahanarva fimbiolata, M. liturata e M. spectabilis são as espécies atualmente conhecidas) na cana-de-açúcar, uma das principais pragas que se hospeda na base da planta e gera perdas de 30% a 40%, caso não seja reprimida.

A pesquisa observou que tanto a adoção de inseticida biológico como químico são eficientes para o controle dessa praga, ajustando-se apenas a quantidade do fungo Metarhizium anisopliae aplicado. Uma alteração na dosagem de 8kg para 10 kg por hectare de micoinseticida granulado e de 20L para 30L por hectare na formulação líquida trouxeram resultados positivos, com 100% do alvo atingido, além de permitir maiores produtividades.

Embora a formulação granulada do fungo seja uma das mais utilizadas em canaviais do Brasil, não havia até então um método que viabilizasse a quantidade adequada de produto e seu tempo de vida para as bases das plantas de cana quando aplicado por avião agrícola. Para o pesquisador da Embrapa Cerrados (DF) Roberto Teixeira, o resultado inovador é um diferencial para o controle dessa praga na cana-de-açúcar utilizando controle biológico e aviação agrícola (leia a matéria completa sobre esse trabalho).

Modelos dão suporte à decisão
A rede de pesquisa – conduzida no âmbito da Redagro, voltada para aplicação aérea de agrotóxicos – também desenvolveu modelagem matemática avançada para sistemas de injeção direta de produtos químicos. Os cientistas desenvolveram ainda um novo método para avaliar o sistema hidráulico e a queda de pressão nas barras onde estão instalados os bicos de pulverização.

O pesquisador e coordenador da Redagro, Paulo Cruvinel, explica que a Embrapa Instrumentação (SP) desenvolveu métodos e sensores para melhorar a qualidade da aplicação e, consequentemente, minimizar problemas de deriva.

Os cientistas criaram modelos de auxílio à decisão por computador para subsidiar a avaliação de processos de pulverização nas culturas de soja e cana-de-açúcar. O sistema apresenta ao produtor o diâmetro médio das gotas e os ângulos dos bicos pulverizadores que devem ser utilizados.

“Nesse caso, é preciso fornecer ao modelo informações sobre características dos bicos, o produto a ser pulverizado, as condições de pressão e fluxo de operação, a velocidade das aeronaves, sua distância em relação ao alvo e a taxa de aplicação”, detalha Cruvinel.

Para o cientista, a pesquisa em rede é um modo de potencializar as ações, envolvendo diferentes competências. “Essa experiência em rede tem sido bastante enriquecedora e vai contribuir para o desenvolvimento de soluções adequadas para amenizar os problemas da aplicação de defensivos”, diz o professor do Departamento de Tecnologia de Aplicação da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Wellington Pereira Alencar de Carvalho, vice-líder do projeto.

Sensores inteligentes
A parceria entre a Embrapa Instrumentação e a Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) resultou no desenvolvimento de um sensor que permite medir e qualificar as resistências hidráulicas dos bicos pulverizadores, para proporcionar menor custo e maior precisão.

A avaliação do tempo de resposta de um sistema pulverizador também é importante para a qualidade da aplicação. Por isso, também foi desenvolvido um novo sensor de condutividade elétrica, inteligente e customizado para a medida em tempo real dessa resposta. Os sensores inteligentes são dispositivos modernos que podem pré-processar dados medidos, e oferecem informações qualificadas para auxiliar sistemas autônomos nos processos de decisão, inclusive podendo operar em plataforma na Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). Ou seja, o equipamento pode se regular de maneira autônoma a partir de informações desses sensores.

Paulo Cruvinel explica que para o controle das plantas invasoras da cultura da soja, arroz e cana-de-açúcar o tempo de resposta é um fator crítico. “Esse sensor viabiliza esse monitoramento, assim como permite trabalhar com aplicação imediata de correções que venham a garantir os resultados esperados para o controle dessas plantas invasoras”, esclarece.

A pesquisa ainda consolidou, em prova de conceito, o uso de rede de sensores de deriva sem fio. Esse desenvolvimento considerou a possibilidade de se acoplar até 35 unidades de monitoramento de deriva para cobertura de uma área sob aplicação. A informação desses sensores associada às da umidade relativa do ar, velocidade do vento, altura e velocidade do avião poderá auxiliar na definição do mapa de navegação das aeronaves utilizadas para aplicação dos defensivos agrícolas.

Agregação de valor e maior competitividade
Para o pesquisador da Embrapa Clima Temperado (RS) José Martins, a pesquisa na área das tecnologias aéreas da aplicação de agrotóxicos pode agregar valor aos processos agrícolas e proporcionar ganhos de competitividade.

“Esse aspecto pode ser alcançado conjugando os esforços para se obter maior qualidade e eficiência da aplicação em função do atendimento de questões fitotécnicas encontradas nos sistemas agrícolas, em conformidade com a preservação e conservação dos recursos naturais”, diz o pesquisador.

Na avaliação do presidente do Sindag, Júlio Augusto Kampf, o projeto está sendo muito importante para que a ciência auxilie no processo de melhoria do setor de aviação agrícola. O Sindicato já articula com a Embrapa e outras instituições uma nova etapa de pesquisas.

“Devemos cada vez mais incentivar pesquisas focadas em desenvolver o segmento. Com isso, será possível termos operações cada vez mais seguras e eficientes. Espera-se que o projeto possa continuar para gerar conteúdos relevantes”, finaliza Kampf.

Projeto ajuda na geração de dados e políticas sobre pulverização
Para a operação da rede de pesquisa foi desenvolvido um software que utiliza um conjunto de indicadores de compartilhamento, processamento e propagação de informações.

A iniciativa viabilizou a estruturação de processos de gestão envolvendo produtores, empresas de aviação agrícola, centros de pesquisa e ampliação de suas conectividades com a sociedade brasileira. Com isso, abre-se caminho para a geração de um banco nacional de dados sobre o controle de pragas e de apoio à elaboração de políticas públicas, que fortaleçam a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável do agronegócio.

O auditor fiscal federal agropecuário da Coordenação de Mecanização e Aviação Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Luís Gustavo Asp Pacheco acredita que a pulverização aérea tem um papel importante nas fases críticas de desenvolvimento das culturas, quando é necessário fazer aplicações em grandes extensões, em curto espaço de tempo, de forma a diminuir as perdas por pragas ou doenças.

“Entendemos, assim, que o desenvolvimento dessas tecnologias de aplicação aérea contribuirá para aplicações cada vez mais eficientes, com menores riscos de contaminação ao meio ambiente e às pessoas envolvidas na atividade, garantindo a sustentabilidade dessa atividade”, diz.

O auditor lembra ainda que uma das entregas dos estudos é a geração de dados nacionais sobre as pulverizações aéreas, uma vez que hoje são utilizados dados produzidos em outros países.

“Com isso, será possível se trabalhar em uma mudança de paradigma, uma vez que os dados gerados poderão ser utilizados para o embasamento técnico para avaliar a aviação agrícola nacional e responder a várias iniciativas que vêm sendo propostas por alguns Poderes Legislativos Estaduais e Municipais visando limitar ou mesmo coibir as atividades aeroagrícolas”, afirma.

O auditor frisa a necessidade de implantação de programas obrigatórios de boas práticas em quaisquer atividades que envolvam pulverização de agrotóxicos, independentemente do tipo de tecnologia de aplicação empregada, terrestre ou aérea. “Entre essas práticas, a inspeção obrigatória de pulverizadores terrestres é a mais premente”, ressalta.

Para ele, também é necessária a regulamentação visando à obrigatoriedade de cursos específicos para aplicadores profissionais e usuários de agrotóxicos – aéreos e terrestres, com atualização periódica obrigatória, inclusive para os revendedores de agroquímicos. “Algumas normas existentes já tratam do tema, porém, entendemos que é necessário o aprofundamento das discussões com vistas a sua efetiva implementação no meio rural”, conclui.

Fonte: Embrapa – Joana Silva, Breno Rodrigues Lobato, Edilson Pepino Fragalle, Eliana Lima, Lebna Landgraf